Avalanche Tricolor: nem a Imortalidade salva!

Grêmio 0x0 CSA

Copa do Brasil – Arena Grêmio, Porto Alegre RS

Foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

É difícil até escolher por onde começar diante de um fracasso tão retumbante. Cair na Copa do Brasil na terceira fase não foi a primeira vez, mas é raro. Agora, ser eliminado sem vencer nenhum dos adversários é algo para não esquecer tão cedo. E todos os três times que enfrentamos eram, no máximo, da Série C.

Faço um mea culpa: me deixei levar pelo entusiasmo quando conquistamos as vagas nas duas primeiras fases com gols heróicos, marcados nos últimos minutos ou nos acréscimos, e, em seguida, superando os adversários nos pênaltis. Me iludi com a ideia de que aquelas classificações expressavam a Imortalidade que nos consagrou. Errei. Não eram sinais da nossa resiliência, mas da nossa fragilidade.

A derrota para um time da Série C, em casa, depois de termos sofrido a virada no jogo de ida, escancara mais um episódio da temporada deprimente. No Campeonato Gaúcho, desperdiçamos o Octa. No Brasileiro, estamos na 17a. posição da tabela, naquela zona que você sabe qual é. Na Sul-Americana, mesmo enfrentando equipes de pouca expressão em seus países, só conseguiremos avançar disputando os play-offs — uma espécie de repescagem.

Em campo, os ajustes recentes no posicionamento dos jogadores deram alguma esperança de que alcançaríamos maior consistência defensiva, mas seguimos sofrendo gols desnecessários. Falta criatividade no meio-campo, e os atacantes seguem à míngua, esperando por uma chance que quase nunca chega.

Como se não bastasse toda essa fragilidade, ainda somos obrigados a assistir aos descalabros cometidos pela arbitragem. Ontem, mais uma vez, fomos claramente prejudicados com a anulação do gol que nos daria a chance de decidir nos pênaltis. Nos foi roubado até o direito a mais uma classificação no estilo “me engana que eu gosto”.

Já disse — e escrevi — que me recuso a decretar a falência da esperança, mas está cada vez mais difícil preservá-la. Que venha logo a parada para o Mundial de Clubes, e que Mano Menezes tenha tempo para colocar a cabeça dos jogadores no lugar. A cabeça — e o pé, é claro.

Avalanche Tricolor: o desafio de Mano e Felipão

CSA 3×2 Grêmio
Copa do Brasil – Rei Pelé, Maceió (AL)

Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari terão muito trabalho pela frente. A tarefa da dupla de velhos conhecidos do torcedor gremista vai além do posicionamento tático em campo. A impressão é que os jogadores perderam completamente a autoestima — e isso impacta de forma contundente a confiança nas decisões tomadas durante as partidas.

Na noite de hoje, mesmo considerando que jogamos fora de casa e diante de uma torcida ensandecida, é impossível ignorar que enfrentamos um time da Série C. Nas fases anteriores da Copa do Brasil, nossas classificações também foram sofridas contra adversários distantes da elite do futebol brasileiro.

É preciso reconhecer que vivemos um novo momento. Mano chegou há pouco mais de uma semana. Felipão desembarcou de madrugada em Maceió para iniciar seu trabalho na coordenação técnica. O elenco mal teve tempo para treinar e assimilar as ideias do treinador. O ajuste acontece durante os jogos.

Com boa vontade, é possível identificar mudanças de comportamento e posicionamento em campo, em comparação ao que víamos sob o comando de Quinteros. Ainda assim, seguem evidentes — e fatais — as falhas de marcação e a dificuldade de afastar a bola da nossa área. A todo momento, o adversário ameaça nosso gol. E, de tanto insistir, acaba sendo recompensado. Desta vez, nem o empate conseguimos manter, mesmo após termos virado o placar.

Alguns jogadores parecem receosos ao receber a bola. Têm medo de arriscar jogadas mais ousadas e hesitam na escolha dos passes que podem levar ao ataque. Quando pressionados, sofrem para afastar o perigo e cometem faltas desnecessárias, como se esse fosse o único recurso para frear o adversário.

Resgatar a confiança do elenco e dar um mínimo de organização tática ao time são os grandes desafios de Mano e Felipão. Resta-nos, mais uma vez, acreditar que a história e a experiência de ambos sejam suficientes para superar as limitações que o Grêmio tem apresentado nesta temporada.

Avalanche Tricolor: de sofrência em sofrência, lá se vão as férias

Athletic-MG 3 (7) x (8) 3 Grêmio
Copa do Brasil – São João del-Rei (MG)

Gandro defende a última cobrança. FOTO: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA

Torcer para o Grêmio é não viver um dia de sossego. Nem nas férias. A semana de descanso, aqui pelo litoral de Alagoas, tem sido uma sofrência só — considerando que nossa conversa nesta Avalanche é sobre futebol, claro. Depois do sábado em que vimos o caminho para o octacampeonato ficar mais distante, fomos a São João del-Rei, a 1.600 quilômetros de Porto Alegre, e por pouco não nos despedimos precocemente de nossas viagens na Copa do Brasil.

O jogo desta noite, que assisti na tela do computador, aproveitando a luz de uma lua cheia que brilhava no céu alagoano, foi completamente maluco. Tomamos um gol muito cedo, em um lance que tem se tornado rotineiro na vida do gremista. O empate veio no cabeceio de Braithwaite, que já havia sinalizado problemas físicos e aguardava a substituição. A virada surgiu de um improvável lance de gol, no qual a falha do goleiro adversário foi de dar dó. Quando imaginávamos coisa melhor, tivemos mais um jogador expulso ainda no primeiro tempo. Desta vez, o autor da atabalhoada foi Luan Cândido.

A volta do intervalo nos reservaria mais uma dose de sofrimento. Sob forte pressão, cedemos o empate muito cedo, quase sofremos a virada e passamos o restante da partida tentando manter a bola o mais distante possível do nosso gol. Foi numa dessas tentativas que Arezo soube aproveitar a escapada entre os zagueiros, encobriu o goleiro e concluiu para as redes, nos dando uma improvável (e parcial) vitória. Quando os locutores (e nós, torcedores) já se empolgavam com narrativas e hipérboles sobre a imortalidade tricolor, fomos surpreendidos com um gol contra de João Lucas, que levou a decisão da vaga para os pênaltis.

É verdade que, nesta temporada, já havíamos conquistado duas classificações — no Gauchão e na Copa do Brasil — vencendo nos pênaltis. O drama é que Thiago Volpi, o goleiro que nos proporcionou essas vitórias, defendendo cobranças adversárias e marcando seus gols, estava assistindo a tudo do banco. Caberia a Gabriel Gandro repetir o feito. Foram necessárias oito cobranças de cada lado até que, finalmente, ele se destacasse com a defesa final que nos levou à terceira fase da Copa do Brasil.

A melhor notícia da noite — além da classificação, lógico — foi que o Grêmio finalmente voltou a ter bons cobradores de pênaltis. Quem sabe não nos serão úteis no sábado, quando precisaremos, mais uma vez, que o mito da Imortalidade se expresse. Sim, porque antes de minhas férias se encerrarem vem mais sofrência por aí.

Avalanche Tricolor: no limite do desespero

São Raimundo 1 (1) x (4) 1 Grêmio
Copa do Brasil – Canarinho, Boa Vista, RR

Volpi, o protagonista. Foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

A partida era contra o vice-campeão estadual de Roraima. O estádio acanhado, de gramado irregular, tinha espaço para cerca de 5 mil torcedores — lembrava mais um campo de várzea do que um palco para um gigante do futebol brasileiro. Em campo, o desequilíbrio era evidente no papel: qualquer jogador gremista que pisou no gramado ganha, ao fim de um ano, mais do que toda a folha salarial do adversário. Mas isso não bastou para dar ao Grêmio superioridade enquanto a bola rolava.

O time produziu pouco no ataque, sofreu com a falta de entrosamento e saiu atrás no placar, castigado por um contra-ataque no segundo tempo. Por muito pouco, não voltou para Porto Alegre com um vexame na bagagem, após cruzar quase 10 mil quilômetros de distância. Uma eliminação precoce na primeira rodada da Copa do Brasil seria um golpe duro para a autoestima do torcedor e para as expectativas na temporada de 2025.

Foi só nos acréscimos, aos 47 do segundo tempo, já com um jogador a menos depois da expulsão de Edmilson, que o Grêmio conseguiu acertar o gol. E a bola entrou. Cristian Oliveira, o uruguaio recém-chegado, matou no peito após a sobra de um escanteio, bateu firme e colocou no ângulo, sem chances para o goleiro. Mesmo considerando as diferenças técnicas, financeiras e estruturais entre os dois times, arrisco dizer que a mística da imortalidade se insinuava ali.

Mas a classificação ainda exigiria mais um teste para os nervos. O novo regulamento da Copa do Brasil determina que, nas fases iniciais, um empate leva a decisão para os pênaltis. Foi quando, enfim, a superioridade gremista apareceu.

Braithwaite, Jemerson e Arezo converteram com segurança. O São Raimundo desperdiçou a primeira cobrança chutando para fora. Depois, Thiago Volpi brilhou: defendeu a terceira batida e assumiu a responsabilidade na última cobrança. Bateu com categoria, definiu a classificação e evitou um fiasco.

Diante do que se desenhava ao longo da partida, a se comemorar o fato de o Grêmio não ter desistido em nenhum momento. Teve jogadores com frieza para converter os pênaltis e um goleiro que não apenas defendeu, mas decidiu. Foi mais sofrido do que deveria, mas o alívio final lembrou que, no futebol, por vezes, a glória nasce no limite do desespero. “É a Copa do Brasil”, disse Volpi com um sorriso no rosto.

Avalanche Tricolor: uma ‘dushi’ vitória na Copa do Brasil

Grêmio 3×1 Operário PR

Copa do Brasil – Centenário, Caxias do Sul-RS

O azul do mar em Curaçao para lembrar do Grêmio Foto: Mílton Jung

Às vezes, parece português. Em outras, espanhol. Se o ouvido for sensível perceberá a leve sonoridade francesa e a forte influência holandesa. Essa mistura de sotaques e origens forma a língua local de Curaçao, onde passo parte de minhas férias. O papiamento é o idioma oficial e resultado desse caldeirão cultural que se transformou a ilha autônoma que faz parte do Reino dos Países Baixos. Dizem os estudiosos que o “papear” se iniciou nas conversas dos escravizados que foram forçados a passar por aqui. 

Foi em meio a um papo e outro que acompanhei a vitória do Grêmio, na Copa do Brasil. Infelizmente, meu calendário de férias não estava sintonizado com o da CBF que trouxe esse jogo atrasado da competição para a manhã de um domingo. Assim, o azul que me havia sido reservado era o do mar do Caribe que é estonteante. No caso, os vários azuis, porque se expressam em uma variedade de tonalidades, conforme a profundidade, a região e a luz do sol. Quando todos esses fatores jogam em conjunto, o resultado é incrível.

Do azul que nos cabe nesta Avalanche, o do Grêmio, soube pela descrição e pelos comentários que, mesmo diante do susto do empate, ainda no primeiro tempo, e alguns lances arriscados, dominou a partida e impôs sua autoridade. Fiquei com a impressão de que, além de nos classificar à próxima etapa da Copa do Brasil, o jogo serviu para desanuviar o ambiente ruim gerado pelos maus resultados do Campeonato Brasileiro. Ao menos é o que espero.

Os gols de Pavón e Galdino foram importantes para melhorar a imagem dos dois atacantes diante da torcida. Enquanto o de Gustavo Nunes, para reafirmar a relevância do jovem que tem se transformado no principal jogador do Grêmio na temporada. A partida valeu, também, para conter a pressão sobre Soteldo, criticado pelo atraso no retorno da Copa América. O venezuelano deu assistência e ajudou bastante nas jogadas ofensivas.

’Dushi’ foi a palavra que encontrei no dicionário do papiamento que melhor define o resultado desta disputa de vaga às oitavas de final. Não tem uma tradução muito clara. Pode ser sobre algo bom ou doce. É usada em diversas situações sempre com caráter positivo. Haja vista que o apelido de Curaçao é Dushi Korsou. E o que poderia ser mais positivo para nós tricolores do que uma vitória nesta altura do campeonato (no caso, da Copa do Brasil).

Avalanche Tricolor: vaga adiada para a Arena

Operário-PR 0x0 Grêmio

Copa do Brasil – Germano Krüger, Ponta Grossa/PR

Galdino tenta mais um ataque em foto de Dido/GrêmioFBPA

Em jogo de futebol escasso, as palavras escasseiam, também. Pouco se tem a dizer de uma partida em que o placar ficou em zero a zero. E a perfomance foi apenas a suficiente para deixar a decisão da vaga para a  Arena, em 22 de maio. 

Nesta estreia de Copa do Brasil, que tanto gostamos, assistimos a raros rompantes de futebol. Um tentativa aqui, outra acolá. De gol desperdiçado quase nada a lamentar. Talvez naquele ataque ao fim do primeiro tempo em que Diego Costa serviu Cristaldo dentro da área. De resto, pouca inspiração.

A boa da noite foi ver o esforço de Galdino pela direita. Mesmo que contestado, jogou acima do esperado. Já havia demonstrado sua utilidade no esquema gremista na vitória pela Libertadores. Hoje, foi além. Aproveitou o espaço que tinha, fez boas jogadas, driblou e tentou tabelar com seus companheiros. 

Os torcedores gostaríamos de sair de Ponta Grossa com a vitória tranquilizadora, sem dúvida. Especialmente aqueles que tiveram de pagar R$ 350,00 para assistir ao jogo no estádio. Mas a impressão que ficou é que havia um contentamento do time em fazer um jogo seguro e ciente de que a decisão da vaga à próxima fase da Copa será mesmo diante da torcida, na Arena.

Avalanche Tricolor: a culpa é do Grêmio

Flamengo 1×0 Grêmio

Copa do Brasil – Maracanã, RJ/RJ

Suárez em destaque na foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

O ano era para ser mediano. No Brasileiro, estar no meio da tabela, no máximo na primeira página como costumamos nos referir aos que aparecem entre os dez primeiros classificados, seria suficiente. Na Copa do Brasil, cada etapa vencida seria bem-vinda — no mínimo, um pouco mais de dinheiro para pagar as contas. 

Foi então que o Grêmio decidiu trazer Luis Suárez — o terceiro maior goleador do mundo em atividade. O cara fez três na primeira partida. E a cada jogo revelava uma qualidade técnica para a qual não estávamos preparados — e entre nós muitos dos nossos jogadores. Seguiu marcando gols, dando assistência para os seus companheiros, e proporcionando jogadas de uma inteligência acima do normal. Sua camisa 9 virou orgulho imortal!

Bastaria Suárez para o ano já ser considerado acima da média. Mas teimamos em vencer o Campeonato Gaúcho — o que, convenhamos, “virou goleada”. Novos jogadores se juntaram ao grupo. Os “abominados” foram embora a conta gotas, sem muito trauma. O elenco ganhou qualidade apesar de restrito. Nem mesmo uma sequência de lesões que nos tirou alguns dos melhores, impediu que o time encontrasse soluções para superar seus adversários.

Na Copa do Brasil, vencemos jogos nos minutos finais. Viramos resultados fora de casa. Tiramos da cartola gols que nos permitiram ir para o tira-teima dos pênaltis. E chegamos à semifinal, a despeito dos prognósticos.

Em paralelo, os favoritos marcavam passo e nós, passo a passo, nos aproximamos do G4 do Campeonato Brasileiro. Entramos no seleto grupo da elite do Brasileiro e por lá ficamos. Mesmo com um jogo a menos do que os principais adversários, estamos agora em terceiro e disputando a vice-liderança. 

Nem sempre o jogo foi bonito. Nem sempre jogamos bem. Nem sempre havia espetáculo. Às vezes, uma derrota ou um empate azedo tentavam nos empurrar a crueza da realidade, como se questionando nossa condição no campeonato. Os demais resultados mesmo assim teimavam em nos iludir. Nos fazer acreditar. 

A partida dessa noite de quarta foi a síntese da temporada até aqui. 

A postura do nosso time no lotado Maracanã e contra uma equipe milionária e protegida deu a entender que havia chances de uma virada histórica. Suárez e seus companheiros estavam mais próximos e mais intensos do que no primeiro jogo da semifinal. Chegou-se à frente do gol. Reduziu-se parte dos riscos do ataque adversário. E quando não se tinha sucesso na marcação, Grando foi grande novamente com defesas importantes. 

O Grêmio nos fazia acreditar mais uma vez. Até que a bola bateu na mão de nosso zagueiro e o árbitro entendeu que era pênalti —- apesar de termos tido lances semelhantes a nosso favor, nesta mesma Copa do Brasil, e o VAR e o juiz terem interpretado de forma contrária. Contrária ao Grêmio. 

Era a realidade se impondo. Não bastava jogar acima do esperado, não bastava superar seus próprios limites. Precisava ser maior do que tudo e de todos. Não conseguimos. Sentimo-nos frustrados. E a culpa deste sentimento é, única e exclusivamente, do Grêmio. Porque o Grêmio sempre nos faz acreditar. Sempre tenta ser mais. Sempre está no jogo. 

Independentemente do que a realidade queira escancarar para nós, Grêmio, eu sempre acreditarei!

Avalanche Tricolor: alucinações de um torcedor

Grêmio 0x2 Flamengo

Copa do Brasil – Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

Reprodução de ClicRBS, foto de André Avila/Agência RBS

Um a zero no primeiro; dois a zero, no segundo tempo. E Grando resolve na cobrança de pênaltis. O roteiro para mais uma virada histórica do Imortal, no Rio de Janeiro, já está escrito no coração do torcedor gremista — aquele que lotou a Arena e cantou e cantou e cantou mesmo após o apito final de uma partida em que perdemos por dois gols de diferença e tivemos de jogar mais de meia hora com um jogador a menos contra o time mais rico e poderoso do Brasil. 

Para quem ainda precisa de mais uma pitada de alucinação, pouco antes de o jogo se iniciar, leio no ex-Twitter de Edu Cesar, titular e editor do @PapodeBola, uma frase clássica de Armindo Antonio Ranzolin, um dos maiores narradores esportivos que o rádio gaúcho já teve: eu disse que acreditassem, eu pedi que acreditassem, eu nunca deixei de acreditar” — o grito do locutor foi proferido ao fim do título da Libertadores da América, em 1983, e virou estrofe de música dos Engenheiros do Hawaii.

Quem me convence de que deparar com essa lembrança em um tuíte (ou agora se chama “xiste”?) sem pretensão, escrito sei lá por qual motivo, não seja um sinal dos céus para apaziguar o coração angustiado deste torcedor que lhe escreve, caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche. 

Acabo de ver meu time ser derrotado em casa,  sair atrás na decisão da vaga à final da Copa do Brasil e perder seu principal zagueiro e capitão, Kannemann, por “duplo” cartão amarelo — aplicado por um árbitro que foi pouco criterioso na distribuição das punições —, no início do segundo tempo, o que lhe tira da próxima partida, no Maracanã. Tudo isso acontecendo em uma noite na qual o futebol gremista pouco apareceu, com exceção dos 20 primeiros minutos de jogo quando Suarez tentou mais uma vez aquele gol antológico à longa distância e Villasanti desperdiçou um gol frente a frente do goleiro quando o placar ainda estava zerado. 

A persistirem os sintomas de alucinação desta Avalanche, pode começar a levantar uma estátua para Gabriel Grando, porque iremos agradecer muito a ele por ter defendido um pênalti ainda no primeiro tempo do jogo de hoje. Será graças aquela defesa que nos habilitaremos a cometer mais um desvario no futebol brasileiro, nos classificando à final contra todos os prognósticos e crenças.

Avalanche Tricolor: o Grêmio de Grando é Grande!

Grêmio 1×1 Bahia

Copa do Brasil – Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

jogadores vibram com Grando após classificação em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

O Grêmio de Lara, o Craque Imortal

É o Grêmio de Mazarópi, o Campeão Mundial;

É o Grêmio de Danrlei, Sempre Eterno Danrlei;

É o Grêmio de Corbo, Goleiro do Meu Gauchão;

É o Grêmio de Leão, Campeão Brasileiro;

É o Grêmio de Manga e suas defesas incríveis;

É, sim, o Grêmio de Picasso, com quem tanto sofri e virei fã;

É o Grêmio de Galato, da Batalha dos Aflitos;

É o Grêmio de Marcelo Grohe, nossa Paixão;

E agora, é, também, o Grêmio de Gabriel Grando, o Grande!!!

Avalanche Tricolor: não dá pra elogiar!

Bahia 1×1 Grêmio

Copa do Brasil – Arena Fonte Nova, Salvador/BA

Bitello e Reinaldo iniciam jogada que resulta no gol de Cuiabano Foto: LucasUebel/GrêmioFBPA

Calma! Não se precipite! O título que abre esta Avalanche não se refere ao Grêmio que conquistou mais um bom resultado no desenlace da primeira partida das quartas de final da Copa do Brasil. É uma referência a conversa que tive com você, caro e cada vez mais raro leitor, sobre minha experiência com a internet durante meus períodos de férias ou, para ser mais preciso, minhas aventuras para assistir ao Grêmio onde quer que eu estivesse.

Hoje, com toda a tecnologia disponível, 5G no celular, banda larga de alta velocidade e outras traquitanas que nos colocam em contato com qualquer (ou quase) parte do mundo, ainda encontramos barreiras que nos afastam do prazer de um jogo de futebol. Chuvas e raios registrados há alguns dias aqui em Ansedonia, litoral do Tirreno, onde aproveito minhas férias, teriam atingido o sinal de internet da casa — a operadora promete resolver tudo nesta quarta-feira. Além disso, aqui no alto da montanha  o celular teima em navegar no velho e lento 3G, o que torna impossível assistir a imagens ao vivo. 

Diante desses problemas da tecnologia e de a partida ter se iniciado às duas da madrugada, hora local, pouco me restou a fazer a não ser driblar a ansiedade, fechar os olhos, dormir e esperar por boas notícias na manhã seguinte.

Claro que não tive sucesso. Assim como algumas das nossas tentativas de ataque, ontem à noite, no Brasil, fui desarmado pelo adversário —  a inquietação. De tempos em tempos, acordava e acessava o celular para saber o que estava acontecendo lá na Bahia. 

Acordei algumas vezes ainda no primeiro tempo e o placar permanecia no 0 a 0, o que para mim já estaria de bom tamanho, considerando que a vaga será decidida na nossa Arena. Como minha fonte de informação era o “placar em tempo real” do Google, não soube da ausência de Luis Suárez, que sentiu dores enquanto fazia o aquecimento pré-jogo. Nem sofri com os constantes chutes a gol do adversário.

Por uma generosidade de Morfeu, após ser informado que tínhamos ido para o intervalo no 0 a 0, o sono se estendeu por mais tempo e só fui acordar quando tudo já estava resolvido — sem o sofrimento de assistir ao gol do adversário nos primeiros minutos da segunda etapa e a pressão de um time embalado pela torcida nem o prazer de comemorar mais um resultado positivo conquistado nos acréscimos. 

Restou-me conferir os melhores momentos da partida que sequer foram tantos — ao menos na ótica do editor do vídeo do GE. E vibrar —- acredite, comemorei no “videotape” — com o gol de Cuiabano que concluiu nas redes, em lance que lembrou o da vitória de domingo. Uma chegada forte pela esquerda, um passe preciso de Bitello, o deslocamento de Reinaldo em direção a linha de fundo e o cruzamento dentro da pequena área. No jogo passado foi Ferreirinha quem fez as vezes de Reinaldo e Gustavo Martins as de Cuiabano. Bitello seguiu sendo Bitello.

Este Grêmio que estamos assistindo conecta muito bem a experiência e a juventude, o talento e a intensidade, a paciência e a raça que nos impedem de desistir enquanto houver um sinal de esperança. Claro que a medida que essa conexão estiver funcionando pouco importa meu sinal de internet — mas que o pessoal da TI resolva logo os problemas por aqui porque tem mais decisão nas próximas semanas.