Conte Sua História de São Paulo: O bar automático

 

No Conte Sua História de São Paulo, Oliver Gomes da Cunha, natural de Botucatu, interior paulista. Veio morar na capital, em 1940, para fazer a faculdade. A história que você vai ouvir agora faz parte do acerto do Museu da Pessoa:

Ouça o texto de Oliver Gomes da Cunha que foi ao ar no CBN SP, sonorizado por Cláudio Antonio


Quando chegamos aqui em São Paulo – meu pai me trouxe -, nos hospedamos no Hotel do Este, que era ali na Rua Boa Vista. Era um dos melhores hotéis de São Paulo. Dali fomos à faculdade tirar informações. Era a Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo. São Paulo era uma coisa estranha para mim, por causa do movimento que havia na época. Eu fiz o vestibular, acabei me classificando e fui morar com uma tia que morava no Brás, na Rua Oiapoque.

Comecei a viver São Paulo. Tomava bonde para vir à cidade, era um deslumbramento. Para conhecer a cidade tinha um bonde chamado 17 que saía do Brás, ia para o Largo do Arouche, dava uma volta enorme, passava pela Avenida São João, entrava na Consolação, dava uma volta enorme, e era um grande passeio. Eu me lembro de umas coisas interessantes na época.

Havia em São Paulo um bar chamado Bar Automático, não sei se ouviram falar nisso. O Bar Automático era um bar que tinha na Avenida São João, ali no primeiro quarteirão entre a Libero Badaró e o Anhangabaú. A gente colocava um níquel e caía um sanduíche, não tinha garçom, não tinha ninguém. Você botava uma moeda, o sanduíche descia o degrau, você pegava o sanduíche, punha a moeda noutro lugar, jorrava um copo de refrigerante. Quantas e quantas vezes esse foi o meu jantar, porque eu tinha que ir pra aula e não dava tempo. Então eu ia no Bar Automático, que custava barato, e gastava pouco. Eu vivia de mesada.

Outra boa recordação que eu tenho nessa época, já na fase de estudante, era o Bar Pingüim. O Bar Pinguim era situado em frente ao Correio, mas do lado da descida da São João, perto de onde tem a Praça Antônio Prado. Na esquina tinha um bar chamado Bar Pingüim, que era da Antarctica, e a gente ia beber chope, sentava lá e ficava bebendo até esborrachar. Foram coisas que ficaram na época. Em frente ao Bar Pingüim era o Correio, tinha evidentemente uma urbanização. A gente fazia uma brincadeira: os estudantes todos saíam da faculdade e iam tomar chope no Bar Pinguim. A gente fazia apostava para ver quem bebia mais chope sem precisar ir ao banheiro. Nosso companheiro ganhou a aposta, só que quando levantou ele estava todo molhado!

Este texto está publicado no site do Museu da Pessoa. Vá até lá e registre mais um capítulo da nossa cidade. Ou então, agende uma entrevista com o Pessoal do Museu, pelo telefone 2144-7150.