O Touro Bandido transando com as vaquinhas da Cow Parade, por obra do artista Eduardo Srur, causou discussão na cidade e aqui no Blog (dê uma olhada nos comentários ao post “Touro protesta contra Cow Parade“). Provocado e sempre disposto a discussão saudável, Srur aceitou escrever para o Blog mensagem que reproduzo a seguir:
Senhores, o Touro foi esculpido durante sete dias, é bem colorido e proporcional a vaca. Trata-se de uma representação da lei da natureza, algo que acontece no campo todos os dias. Quem não costuma ir ao campo, recomendo que vá mais. Sobre a intervenção em obra alheia devo dizer que eu mesmo tive alguns trabalhos modificados pela cidade e seus habitantes e resulta sempre surpreendente as mudanças. Acho que é uma condição de quem desafia o espaço público como plataforma de trabalho. Não são as mesmas regras do espaço institucional de museus e galerias. Posso citar, como exemplo, a transformação dos “Caiaques_2004” no rio Pinheiros quando toneladas de lixo se juntaram a composição do trabalho. Ou a “Âncora_2004”, instalada no Monumento as Bandeiras sem autorização e que a polícia ameaçou prender quem a tocasse. Com a obra “Sobrevivência_2008”, dos coletes salva-vidas nas estátuas, vi um garoto nadando na praça Ramos de Azevedo com a bóia instalada no cavalo. Ora, na história da arte, é recorrente a apropriação por artistas para criar um novo significado. No caso do touro, não houve nenhum dano físico na vaca pois não era esta a intenção. O touro precisava da vaca (e tinha que ser da Cow Parade) para existir. E a vaca também precisava do touro para deixar de ser estéril. A questão do trabalho tenta ir além do objeto.

