Conte Sua História de São Paulo: da quermesse no Limão aos sabores da culinária dos imigrantes

Ligia Baruque

Ouvinte da CBN

Foto: Daniel Fucs Flickr

Meus pais se conheceram em São Paulo, no bairro do Limão, numa quermesse em 1950. Estranham a palavra quermesse? Sim, naquela época festa junina era chamada de quermesse !

Meu pai, descendente de libaneses,  era  de Monte Mór, interior de São Paulo.  Veio trabalhar na capital na primeira fábrica da Ford que começava a produção de caminhões na Barra Funda. Minha mãe, nascida em Bernardino de Campos, também do interior, trabalhava como tecelã numa fábrica têxtil, no Limão

A música que embalou o namoro e o casamento deles foi Três Apitos, de Noel Rosa, que começa com o verso: 

Quando o apito 

Da fábrica de tecidos

Vem ferir os meus ouvidos 

Eu me lembro de você…

Eu nasci no Limão, na casa da minha avó, na zona norte, e fui morar na Vila Prudente, na zona leste. Era onde ficava a fábrica da Ford, que acabara de ser construída, em 1953. Atualmente, no local tem o Shopping da Mooca.

Depois mudamos para Pinheiros, na zona oeste, próximo da Cidade Universitária, onde me formei em Farmácia e Bioquímica, no ano de 1982. A USP naquela época era aberta às pessoas que, assim como os carros e ônibus, entravam e saíam sem controle pelos portões. Hoje, em todas as entradas há guaritas e o acesso é restrito, facilitado apenas a quem trabalha ou estuda na universidade — sinal dos tempos.

Independentemente disso, a USP segue sendo o centro de estudos mais importante de São Paulo, uma referência de ensino para estudantes e professores de todas as partes do mundo.

Agora moro na Vila Mariana, na zona sul. 

Como podem perceber, vivi em todas as regiões, de leste a oeste, de norte a sul. Nos meus 60 anos de vida, acompanhei a despedida dos bondes da Consolação — fiz a última viagem de bonde com a minha avó. Assisti à chegada do metrô, a abertura de avenidas, o começo da construção do Minhocão, e o aumento no número de carros. 

Apesar de a cada dia o trânsito ficar pior, amo esta cidade, construída por imigrantes, que deixaram em cada espaço um pedacinho da sua cultura mesclada com a dos paulistanos. Uma mistura servida à mesa com sabores da culinária italiana, espanhola, alemã, indiana, judaica e, claro, com aqueles pratos da comida libanesa, que vieram juntos com os parentes de meu pai.

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Lígia Baruque é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Escreva o seu texto agora e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite meu blog miltonjung.com.br e o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

A 100 passos de um sonho: bom para olhar e saborear

 

Por Biba Mello

 

FILME DA SEMANA:
“A 100 Passos de Um Sonho ”
Um filme de Lasse Hallström.
Gênero: Comédia Romântica
País:USA

 

 

Um restaurante indiano espalhafatoso abre em frente, ou melhor, a 100 passos de um renomado restaurante françês com estrela Michelin. Xenofobia, culinária e amor são alguns assustos que permeiam o filme.

 

Por que ver: Chamado de “raso”por vários críticos, este filme me cativou do início ao fim, exatamente por sua ingenuidade e beleza, tanto na direção de arte de cenário como gatronômica. Achei que é um filme bacana para toda a família. Ora bolas, ele não se propõe a discutir política, este é apenas um pano de fundo para dar sentido aos conflitos da fita. E a atuação do ator Om Puri, que faz o personagem do Papa Kadam me fez lembrar do meu avô…Agora me emocionei…E a espetacular Helen Mirren faz a Madame Mallory, e está maravilhosa como sempre.

 

Como ver: Eu assisti voando…Desta vez devo confessar que peguei uma aeronave modernérrima da American Airlines. A comida estava farta, o que combinou com o filme, apesar de não estar muito saborosa, mas isto é esperado em aviões… Você pode assistir com todos, menos com os críticos de cinema. Eles detestaram o filme e vão te aborrecer. Não se furte de se deixar levar pela história leve produzida por Spilberg e Oprah Winfrey.

 

Quando não ver: veja sempre.Menos com críticos de cinema como mencionadado acima.

 

Biba Mello, diretora de cinema, blogger e apaixonada por assuntos femininos. E comilona…Rsrsrsrsrs.