Por Abigail Costa
Depois de dezoito anos de empresa, o chefe chama o funcionário e diz:
– Você não tem o perfil da empresa.
Esta frase normalmente vem acompanhada:
– “Você está demitido”!
E fim. Para a empresa o problema está resolvido. Para o ex-empregado o problema começa aí.
Em conversas com diretores de recursos humanos, o “fora do perfil” significa que a pessoa não evoluiu, não acompanhou o crescimento da empresa.
De acordo com esses profissionais do RH também pode ser uma redução de custos.
Sai um velho de casa e de idade que ganha X+Y e entra em seu lugar um novo de profissão e alguns bons anos a menos ganhando – Y.
Seja lá qual tenha sido o motivo é justo que a empresa faça a troca quando achar necessária.
O injusto é não cobrar o funcionário durante anos, é não incentivá-lo a uma reciclagem, é não traçar um plano de carreira.
Claro que qualquer um, demitido depois de tantos anos de serviços prestados a empresa, tem o direito de pensar que até ontem ele era produtivo, hoje não mais. E ainda, por que ninguém nunca reclamou antes ?
Sinceramente na maioria dos casos penso que o diretor, chefe, seja lá quem esteja mandando, esses, deveriam mudar a frase que tem sido usada como uma muleta.
É humilhante quando alguém conta que foi dispensado assim. É uma sensação de pensar que tudo que foi feito estava errado.
Longe da ingenuidade em achar que a empresa deve funcionar como casas de assistência social. Não é isso.
Mais doloroso que o motivo para cortar as relações trabalhistas entre patrão e empregado depois de dezoito anos de convivência, é a mentira.
A verdade é mais humana.
Abigail Costa é jornalista, escreve no Blog do Mílton Jung às quintas e já sobreviveu a um sem número de chefes, diretores e departamentos de RH