Por Milton Ferretti Jung
Vivendo e aprendendo é um dos ditados populares mais antigos dos muitos que conheço. Permitam-me que lhe faça um pequena modificação: lendo e aprendendo. Foi lendo um texto de Fabrício Carpinejar, cronista do jornal Zero Hora, que tomei conhecimento de um fato que me deixou muito revoltado, qual não seja o do descarte de “animais de estimação” (leia-se cães) em rodovias do Rio Grande do Sul, especialmente na freeway, que liga Porto Alegre, de onde escrevo, a uma série de praias do Rio Grande do Sul. Sou hoje um cachorreiro sem cão (coloquei “animais de estimação” entre aspas porque foi como estava no subtítulo da matéria do jornal) Tento me consolar desta carência com minha gata Micky. Os felinos, ao contrário dos cachorros, são interesseiros por natureza e não se submetem à vontade do seus donos. Logo, não são substitutos à altura para apreciadores de cães. Quem não tem cão, caça com gato, reza outro conhecido ditado.
Possuí vários cães, entre eles uma cadela dálmata, uns dois sem raça definida, um irrequieto daschund e, finalmente, um sheepdog que, como lembra o seu prenome – sheep – parece um ovelha. Sobrevivi a todos, mas tenho mais saudade do último, que fui obrigado a doar para uma empregada doméstica. Sejam eles como foram, cada um com suas peculiaridades, sempre os tratei com carinho. Hoje, distraio-me com os animais de estimação dos meus filhos. Até aproveito para passear com Malu, uma lhasa que adora crianças e, em especial, meninos que andam de skate.
Mesmo que não apreciasse cães, jamais me passaria pela cabeça lhes fazer mal. Que péssima índole têm esses cretinos que levam os seus a uma rodovia qualquer, onde os abandonam bem longe de suas casas. O resultado dessa prática hedionda é que 32% dos atropelamentos de cães ocorreram só no trecho Porto-Alegre-Gravataí,segundo a concessionária Concepa. Em boa hora e visando a evitar que o descarte prossiga, a Secretaria Especial dos Direitos dos Animais da Prefeitura da capital gaúcha e a Concepa iniciam no dia 7 de janeiro, no pedágio de Gravataí, campanha de conscientização contra o abandono de animais. Nesta época, a prática criminosa se intensifica uma vez que muita gente viaja para o litoral. Convém lembrar a quem pensa que pode se livrar dos “animais de estimação” (?) sem enfrentar problemas, que existe Lei Federal prevendo detenção por um ano e multa para os que maltratam bichos.
Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)


