O que o sono faz pelo seu bem-estar

Entre todos os pilares do bem-estar, o sono é o que mais me inquieta. Minha rotina começa às 4h15 da manhã, e não há despertador que convença o corpo de que acordar tão cedo é algo natural. Talvez por isso eu esteja sempre à procura de novas explicações que me ajudem a entender como lidar melhor com esse descanso tão necessário, e tão desafiador, para quem vive entre programas de rádio, entrevistas, leituras e outras tarefas essenciais (?) como assistir ao meu time de futebol jogar até tarde da noite..

O que a ciência revela apenas reforça essa inquietação. Não se trata apenas de dormir um certo número de horas; trata-se da qualidade do percurso que o cérebro faz durante a noite. Estudos mostram que noites interrompidas, sejam por insônia, apneia ou despertares frequentes, aumentam o risco de demência e comprometem funções como memória, atenção e velocidade de raciocínio anos mais tarde.

Duas fases, em particular, cumprem um papel decisivo nessa história: o sono profundo e o sono REM. No primeiro, o cérebro regula hormônios, organiza o metabolismo e ativa seu sistema de “lavagem interna”, removendo resíduos como as proteínas associadas ao Alzheimer. No segundo, processa emoções, consolida lembranças e ajusta os circuitos que usamos para aprender e tomar decisões.

Quando essas etapas falham, o desgaste aparece. Pesquisas de longo prazo mostram que a falta crônica dessas fases acelera a atrofia de áreas ligadas à memória — um declínio semelhante ao observado nos estágios iniciais do Alzheimer. Não se sabe ao certo se a privação de sono causa a demência ou se as duas condições se alimentam mutuamente. O que os cientistas afirmam, com segurança, é que o sono ruim cobra um preço.

O desafio, para quem acorda antes do sol, é encontrar algum equilíbrio. Sete horas por noite é a recomendação mais clara, porque permite ao cérebro completar ciclos suficientes para se recuperar. Exercícios físicos, aprender algo novo e manter horários consistentes também ajudam a aprofundar o descanso. No fim das contas, o melhor termômetro é simples: como me sinto ao despertar? E quanto tempo demoro para adormecer de novo quando a noite é interrompida?

Continuo ajustando essa equação, ciente de que dormir bem não é luxo — é manutenção preventiva. Quando o cérebro consegue apagar a luz, reorganizar a casa e limpar o que não serve, a vida clareia. Mesmo para quem madruga.

Mundo Corporativo: Carlos Humberto, da Diaspora.Black, discute afroturismo e inclusão

“Quando você vai a um lugar, come uma determinada comida, esse sabor jamais sai da sua memória. Esse lugar jamais sai de dentro de você.” 

Carlos Humberto, Diaspora.Black

O turismo é mais do que uma viagem de lazer. É uma ferramenta pedagógica capaz de transformar percepções, enriquecer repertórios culturais e romper barreiras sociais. Foi a partir dessa ideia que Carlos Humberto, CEO da Diaspora.Black, decidiu criar uma startup de impacto social que conecta a história e a memória da população negra ao desenvolvimento de negócios. O tema foi discutido na entrevista concedida ao programa Mundo Corporativo, apresentado por Mílton Jung.

Uma jornada que começa na infância

Carlos Humberto compartilhou que sua primeira experiência empreendedora ocorreu aos 11 anos, organizando excursões para a praia na Baixada Fluminense. “Eu fui um dos organizadores do movimento dos farofeiros, mesmo sem perceber que isso já era empreender”, afirmou. Décadas depois, a vivência se conectaria a uma nova oportunidade: transformar episódios de racismo enfrentados em viagens e na própria casa em um modelo de negócios voltado ao afroturismo.

A Diaspora.Black promove experiências que vão desde caminhadas em comunidades quilombolas até pacotes turísticos em capitais africanas e brasileiras, como Salvador. “A falta de representação da história e cultura negra no mercado de turismo é um vazio que decidimos preencher”, explicou. A iniciativa também abrange treinamentos corporativos para fomentar diversidade e inclusão. Segundo Carlos, “não basta ter uma ideia ou conhecimento de negócios, é preciso saber exatamente o que se quer trabalhar”.

Educação como ponte para a inclusão

Além do turismo, a Diaspora.Black desenvolve certificações corporativas que utilizam ferramentas tecnológicas, como gamificação, para promover aprendizado. A metodologia é composta por vídeo-aulas curtas, quizzes e certificações que ajudam a medir mudanças no comportamento dos participantes. “É possível mensurar como as pessoas mudam sua visão, atitude e comportamento a partir do aprendizado adquirido”, ressaltou.

Carlos também destacou que preconceitos muitas vezes são fruto da falta de informação. “A sociedade bugou nos anos 2000, mas as novas gerações já trazem um repertório mais diverso e exigem que as empresas atualizem seu software”, disse, ao enfatizar a necessidade de combater preconceitos por meio de conhecimento e educação.

Assista ao Mundo Corporativo

Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast.

Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

O poder de um passo

Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Imagem criada no Dall-E

“Um passo…”

… pode mudar tudo.

Te assusta? Te incentiva? Como isso ressoa em você?

“Um passo pode mudar tudo.”

Se esse ‘tudo’ for bom – se o lugar onde você está agora te agrada muito – essa frase gera muito medo: de perder algo precioso e não encontrar nada que seja melhor que isso que já se tem.

Se esse ‘tudo’ for ruim – se o lugar onde você está é frio ou doloroso – essa frase gera esperança: de conquistar uma experiência de mais luz, colorido, satisfação!

A angústia de dar um passo é a angústia da decisão – nossa, como é desafiador. A mente fica num vai e vem: “E se der errado? E se eu sentir falta de tal coisa? Se eu perder tal pessoa? Mas eu quero tanto conseguir aquilo… vai que dá?! Mas… e se não der?!”

Decisão – um passo, dois passos, caminhar… é assim que a vida acontece, não é?! Existe vida sem movimento? Existem novos acontecimentos, novas oportunidades, novas sensações e conquistas… sem dar um passo, sem sair do lugar onde se está?!

Água estagnada apodrece, corpo parado adoece, vida sem movimento… é vida morta.

Assusta, incentiva… e dá medo e dá desejo…

“Um passo pode mudar tudo.”

Te desejo passos, mudanças.

Te desejo vida viva!

A Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve a convite do Blog do Mílton Jung.