Mundo Corporativo: Bertier Ribeiro-Neto, da UME, explica como empreender com tecnologia e supervisão humana

Bastidores da entrevista online com CTO da UME Foto: Priscila Gubiotti/CBN

“A minha visão é sempre muita tecnologia com supervisão do humano.”
Bertier Ribeiro-Neto

Empreender começa menos pelo plano de negócios e mais por um incômodo real: “O que que te incomoda? Qual o problema que você gostaria de resolver? Por que que você gostaria de resolver esse problema?” A partir dessa provocação, Bertier Ribeiro-Neto, CTO da UME, conecta a prática do empreendedorismo ao uso criterioso de tecnologia para resolver dores concretas de clientes. Esse foi um dos temas sobre os quais conversamos no Mundo Corporativo.

Tecnologia que resolve problemas (com gente no circuito)

Para Bertier, automatizar decisões é útil, mas não basta: “O resultado não é verídico, o resultado não é final, o processo precisa de supervisão.” Ele descreve a operação da UME no varejo — concessão de crédito no ponto de venda em minutos — como um arranjo que combina dados públicos, relacionamento do cliente com o lojista, informações de renda e um “motor de crédito”, isto é, “um núcleo de inteligência artificial que combina todos esses sinais e toma uma decisão de forma automatizada”.

Mesmo assim, o critério é manter controle humano sobre o que o modelo decide: “A gente treina o modelo, coloca o modelo no ar, faz uma série de testes e a gente pergunta: ‘O modelo tá tomando decisão boa ou não?’ Quando o modelo toma decisão ruim, como é que a gente para o modelo e passa a decisão para um agente humano?”

Essa postura, diz ele, vale para qualquer empreendimento que adote IA: não aplicar tecnologia “de forma cega”, mas medir impacto e qualidade continuamente. “O propósito não é usar a tecnologia. O propósito é resolver um problema que aflige o seu cliente.”

Siga o cliente, o resto é consequência

A bússola de produto segue uma regra simples aprendida nos tempos de Google: “Follow the user. All else is a consequence.” Em português: “Siga o usuário, o resto é consequência.” No contexto da UME, isso significa observar necessidades diferentes por segmento (da “super compra” de uma geladeira ao crédito atrelado a um celular com garantia via bloqueio remoto) e desenvolver produtos que façam sentido no momento da decisão.

Ao falar com quem quer empreender, Bertier volta ao princípio: antes de crescer, encontre a solução que melhora a experiência de quem usa. “Você vai criar uma solução para aquele caso de uso, se a solução for boa, as pessoas vão adotar a solução, o resto é consequência.”

Escala com estabilidade e métricas

Os desafios atuais combinam crescimento e qualidade. “Estabilidade é muito importante… o sistema não pode cair.” Em paralelo, medir resultado passa a ser obrigatório: produtividade, capacidade de atendimento “com o mesmo time” e, sobretudo, a experiência do cliente e do varejista. Se a qualidade piora, “tem um problema”.

Ao olhar adiante, a aposta é que “o futuro do crédito não está mais nos bancos… está nas empresas que têm relacionamento direto com o consumidor”. Daí iniciativas como ferramentas de CRM para que o varejista “se comunique com o cliente do crédito” e refine sua visão sobre recorrência e preferências de compra.

Assista ao Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

Mundo Corporativo: Ana Fontes explica como transformar habilidades em negócios viáveis

Ana Fontes dá entrevista no estúdio de podcast da CBN. Foto: Priscila Gubiotti/CBN

“Propósito não paga os boletos do mês”

Ana Fontes, RME

Começar um negócio a partir do que você já sabe fazer e validar se há gente disposta a pagar por isso é a linha mestra do empreendedorismo defendida por Ana Fontes. Fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), que conecta diariamente 3 milhões de mulheres em diferentes plataformas, ela descreve um caminho prático: combinar competências pessoais com demandas reais do mercado, criar diferenciais e buscar apoio em comunidade, mentoria e formação contínua. É sobre isso que ela fala na entrevista ao programa Mundo Corporativo.

Ana recorda sua própria trajetória, da carreira executiva ao blog que deu origem à RME, para reforçar a orientação inicial a quem deseja empreender: “Use as suas habilidades para pensar no seu próximo negócio ou para pensar no seu negócio. É a primeira coisa que eu falo.” A partir daí, vem o teste de realidade: “Procure uma oportunidade de negócio, que é a parte mais dura. […] Você tem que combinar as duas coisas, a sua habilidade que você tem com alguma coisa que as pessoas queiram comprar.”

Do propósito à validação de demanda

A combinação entre vocação e problema resolvido no mundo concreto passa, segundo ela, por abandonar romantizações. “A maioria das pessoas fala assim: ‘Ah, empreende com o seu propósito, que vai dar tudo certo’. Nem sempre. […] Propósito não paga os boletos do mês.” Na prática, isso significa investigar necessidades do bairro, da cidade, do setor; observar o que já existe; e decidir como entregar algo diferente — do tempo de atendimento ao formato do serviço.

A RME, diz Ana, opera em duas frentes: uma empresa com causa e o Instituto RME, organização sem fins lucrativos voltada a mulheres em situação de vulnerabilidade. O desenho dos programas inclui capacitação (liderança, negociação, finanças e gestão), mentoria entre pares, organização em grupos e microdoações diretas. O efeito desse arranjo aparece em histórias como a de uma empreendedora de Belém que, após formação e R$ 2.000 recebidos, comprou um carrinho de sorvete usado e aumentou o faturamento em 60% — aliviando o peso físico do trabalho e abrindo novas frentes de venda em eventos.

No financiamento, entram parcerias com marcas interessadas no impacto social do S do ESG. Programas incluem, por exemplo, o uso de inteligência artificial para melhorar a gestão dos negócios. Para quem está começando, Ana recomenda aproveitar a oferta de cursos gratuitos (RME, Sebrae e outras organizações) e buscar orientação prática: “Empreender você tem que aprender.” E isso inclui um passo que economiza “tempo, dinheiro e dor de cabeça”: mentoria.

Diversidade como motor de inovação

A presença de mulheres em espaços de decisão, afirma, tem relação direta com inovação e desempenho. “Sim, a gente precisa estar nesses espaços, não para ter o poder pelo poder, mas porque a nossa voz precisa ser ouvida, porque as mulheres têm ideias interessantes e porque as pesquisas mostram que espaços mais diversos são espaços mais inovadores.” Hoje, lembra Ana, as mulheres ainda são minoria nas altas lideranças, no Judiciário e na política — cenário que empobrece o debate e limita a capacidade de fazer diferente.

Quando compara motivações, ela diz observar respostas distintas entre gêneros nas pesquisas da rede: homens tendem a apontar “ganhar dinheiro” como objetivo imediato; mulheres costumam citar a vontade de “mudar o mundo”. O avanço, no entanto, depende de unir as duas coisas: sustentabilidade econômica e transformação social.

Na ponta, o conselho final volta ao básico: olhar para problemas concretos e estruturar o negócio com método. “Antigamente, tinha uma visão de que empreender é só você abrir um negócio que ia dar certo. Hoje não, empreender você tem que aprender.”

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Mundo Corporativo: N5X surge para dar segurança ao mercado livre de energia, diz Dri Barbosa

Reprodução do vídeo do Mundo Corporativo com Dri Barbosa

“A coisa mais importante acho que é a clareza da onde você quer chegar. Como que você enxerga a construção do futuro.”

Dri Barbosa, N5X

O setor de energia no Brasil está em transformação e, com ele, surgem novas oportunidades de negócios, empregos e inovação. O mercado livre de energia, que permite que consumidores escolham de quem comprar eletricidade, vem ganhando espaço, alterando dinâmicas tradicionais e atraindo profissionais de diferentes perfis. Nesse cenário, empresas buscam se adaptar a um setor mais digitalizado e eficiente. Este foi o tema da entrevista com Dri Barbosa, CEO da N5X, no programa Mundo Corporativo.

A revolução do mercado livre de energia

A abertura do mercado livre de energia ampliou as possibilidades para empresas e consumidores. Segundo Dri Barbosa, “ele é um setor que tá em transformação, novas empresas estão chegando, estão chegando também profissionais de outros setores com um perfil mais digital”. Esse movimento tem gerado um aumento na liquidez do setor e acelerado a digitalização das negociações.

A N5X surgiu justamente para atender essa nova dinâmica. A empresa, uma joint venture entre a B3 e o Grupo EX, propõe uma solução para tornar as transações energéticas mais seguras e eficientes. “Hoje, as negociações nesse mercado são 100% bilaterais e os participantes ficam muito limitados ao risco de crédito”, explica Barbosa. A ideia é que a plataforma centralize gestão de riscos, aumentando a confiabilidade das operações.

Inovação e adaptação: pilares para o futuro

Para Dri Barbosa, a agilidade é essencial nesse novo mercado. “As coisas mudam muito rápido, a gente precisa se adaptar de maneira muito rápida, então facilidade de aprendizado e curiosidade são aspectos cruciais para essa primeira formação de time dentro das empresas.”

A liderança nesse cenário exige uma combinação de conhecimento técnico e visão estratégica. A CEO da N5X reforça que é essencial montar equipes complementares e diversificadas para criar soluções inovadoras. “A gente precisa trazer um time que seja muito complementar e único para construir esse futuro.”

O mercado livre de energia no Brasil ainda tem desafios pela frente, incluindo a necessidade de maior regulação e de infraestrutura para absorver a expansão do setor. No entanto, Barbosa acredita que a direção está clara: “Construir mercados junto com o mercado”, destacando a importância da colaboração entre os diferentes agentes do setor.

Ouça o Mundo Corporativo

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Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

Conte Sua História de São Paulo: virei notícia de jornal

Por Christina de Jesus Rebello

Ouvinte da CBN

Nasci em 25 de dezembro de 1933, na Avenida Rebouças, 1238. Vi a cidade crescer. Na minha infância, quase não havia carros, mas, mesmo assim, fui atropelada aos 5 anos, na esquina da Rebouças com a Oscar Freire, um episódio que até saiu no jornal. Nosso transporte era o bonde, e o Hospital das Clínicas era apenas um enorme terreno pertencente a uma família portuguesa.

Estudei no Grupo Escolar Godofredo Furtado, no Colégio Pais Leme, onde hoje está o Banco Safra, e fiz Magistério no Colégio Piratininga, na Avenida Angélica. Na infância, adorava visitar o Parque Trianon para ver o bicho-preguiça. Caçula de quatro irmãos, minhas irmãs mais velhas faziam todas as minhas vontades.

Com 20 anos, vivi as comemorações do Quarto Centenário de São Paulo e a inauguração do Parque Ibirapuera. Fui a pé com meu pai, da Avenida Rebouças até o parque, como era comum na época. Frequentei a Colmeia Instituição a Serviço da Juventude, onde participei de atividades e bailes.

Fui comerciante no local onde nasci. Primeiro, com a Avicultura Nossa Senhora Auxiliadora, depois com o Mundo Encantado dos Vasos. Na época, ser mulher e tocar um comércio era para poucas.

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Christina de Jesus Rebello é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Escreva seu texto agora e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Mundo Corporativo: Vinícius Mendes, da Besouro, prega a transformação social por meio do empreendedorismo

Vinicius Mendes em foto de Priscila Gubiotti

“Não bastava trabalhar, não bastava ter boa vontade de correr e ter uma boa ideia; e, sim, também, de educação.”

Vinícius Mendes, Besouro de Fomento Social

Imagine começar um negócio do zero antes mesmo de ter uma ideia do que você pode oferecer ou criar. Esse é o desafio que Vinícius Mendes lança às pessoas que vivem nas comunidades mais carentes do país, a partir do trabalho que realiza na Besouro de Fomento Social, empresa que reúne um instituto sem fins lucrativos e uma agência que busca o lucro, criada, em Porto Alegre, em 2009. No programa Mundo Corporativo da CBN, ele compartilha como transcendeu as dificuldades iniciais para impulsionar outros a empreender, revelando que o sucesso vai além da mera inovação ou esforço – é fundamentalmente ancorado na educação.

A educação como alicerce para o empreendedorismo

Vinícius Mendes enfatiza que, para realmente prosperar e transformar uma ideia em um empreendimento de sucesso, é essencial possuir não apenas a visão ou o ímpeto, mas uma sólida compreensão dos fundamentos de negócios e uma educação empreendedora.

“O empreendedor tem muita chance de dar certo, tem riscos, mas tem muita chance mais rápido de dar certo”. 

Ele ilustra essa perspectiva com sua trajetória, desde as primeiras experiências vendendo crepes na frente de escolas, passando pela criação de uma empresa de eventos, até a fundação da Besouro de Fomento Social. Sua história é um testemunho da transformação que a educação empreendedora pode engendrar, especialmente em comunidades vulneráveis.

O empreendedorismo como vetor de transformação social

A atuação da Besouro no campo da educação empreendedora visa, sobretudo, capacitar indivíduos em situação de vulnerabilidade social, oferecendo-lhes as ferramentas necessárias para identificar oportunidades de mercado e transformá-las em negócios sustentáveis. A pesquisa realizada por Mendes, tanto na Rocinha quanto em favelas da Argentina, revelou que o conhecimento específico em gestão de negócios e estratégias de mercado é crucial para o sucesso empreendedor, mesmo (ou especialmente) em contextos de recursos limitados.

“Não tenho dúvida de que o empreendedorismo já faz a diferença no nosso país e fará ainda mais quando estas pessoas compreenderem o poder que têm delas serem empresárias e empreendedoras”. 

A Besouro de Fomento Social desenvolveu uma metodologia que considera as particularidades de cada indivíduo e comunidade, focando na criação de oportunidades reais de negócios que podem gerar renda sustentável e, consequentemente, promover o desenvolvimento local.

A abordagem da Besouro, ao capacitar pessoas a partir de suas próprias casas e realidades, demonstra que o empreendedorismo pode ser um caminho viável para a autonomia financeira e o empoderamento. Vinícius reflete sobre o impacto dessa capacitação na vida das pessoas, destacando que a educação empreendedora não apenas alimenta sonhos, mas os torna tangíveis e realizáveis.

“O empreendedor tem muita chance de dar certo, tem riscos, mas tem muita chance mais rápido de dar certo. Quando a gente expõe isso para quem precisa o hiperfoco toma conta e a chance de dar certo é enorme”. 

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O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você ouve, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves, Priscila Gubiotti e Letícia Valente.

Mundo Corporativo: Sérgio Zimerman, da Petz, revela as transformações e o futuro do mercado pet no Brasil

Séregio Zimerman em entrevista ao Mundo Corporativo Foto: Priscila Gubiotti

“Se alguém acha que isso é uma onda, está absolutamente equivocado. Isso aqui, na verdade, é o início de uma grande mudança em como tratar o pet”

Sérgio Zimerman, PETZ

O mercado pet no Brasil é um universo em constante expansão, representando um dos cinco maiores do mundo. E o que explica esse poder é o amor que os brasileiros têm pelos animais de estimação, na opinião de Sérgio Zimerman, CEO e fundador da Petz. À frente da maior rede de lojas do setor no país, ele destacou ainda a tendência crescente da humanização desses animais, que hoje são vistos como membros da família.

Em entrevista ao Mundo Corporativo, da CBN, Sérgio Zimerman compartilhou sua jornada de empresário e falou da importância de se adaptar às mudanças do mercado e às necessidades dos consumidores. Ao refletir sobre a evolução do setor nos últimos 20 anos, Sérgio lembra que as pessoas passaram a entender que o cachorro não era mais o animal para ficar no quintal latindo e espantando as pessoas que se atrevessem a chegar perto. Os pets começaram a frequentar outras dependências da casa e estão na cama do quarto. 

“As crianças que nasceram nos últimos 10, 20 anos são crianças que estão vendo a naturalidade do pet indo para o restaurante, indo para o hotel, sendo tratado com todos os cuidados veterinários e cuidados de higiene. Essas crianças vão casar, vão ter filhos e, seguramente, essa memória afetiva vai retroalimentar esse movimento da humanização do pet”. 

O empresário lembra da primeira experiência profissional quando teve um fusca roubado e com o cheque do seguro decidiu comprar uma fantasia de palhaço para ele e para a namorada. Foi quando começou a trabalhar com animador de festas infantis. Depois do personagem divertido se aventurou nas barraquinhas de cachorro quente, pipoca e algodão doce, trabalhou em uma adega e no setor de atacado de alimentos e perfumaria. Foi, então, que teve o “privilégio de falir”:

“Eu digo o privilégio no sentido do aprendizado. É privilégio porque eu escolhi que fosse um privilégio ver aquele insucesso se transformado numa fonte de aprendizado, numa fonte de reflexões para que no próximo negócio eu pudesse usar. E esse próximo negócio veio ,foi justamente o mercado pet”.

Hoje, a Rede Petz tem cerca de 250 lojas no Brasil e 40% das suas vendas são online, modelo que cresceu de forma exponencial durante a pandemia e segue se expandindo. O mercado de produtos para cachorros ainda é o maior, porém o de gatos tem se destacado de forma considerável, constatou Sérgio Zimerman. 

Dentre os pontos cruciais para o sucesso da rede de lojas, o empresário fala da importância de se saber contratar profissionais de qualidade:

“Um dos grandes aprendizados de vida empresarial que eu tive foi que para crescer e tornar o que a Petz ficou, eu precisei ter a clareza de contratar gente muito melhor que eu,”

Falando sobre a evolução do negócio, Sérgio comenta sobre a necessidade de adaptar-se às demandas do consumidor. Ele observa que a indústria pet tem evoluído com alimentos de melhor qualidade, refletindo o cuidado dos tutores com a longevidade e a saúde de seus animais. 

“Hoje, os pets vivem notoriamente melhor e mais”

Sobre o desafio de gerenciar diferentes aspectos do negócio pet, Zimmerman destaca a importância de ter uma equipe competente e diversificada

“Eu tive algum mérito nessa história [foi] saber contratar pessoas que flagrantemente eram melhores do que eu no que se propunham a fazer,” explica ele.

A entrevista também aborda os desafios enfrentados pelo setor pet e pelo varejo em geral, incluindo questões tributárias e a concorrência com plataformas internacionais. Sérgio destaca a importância de políticas que apoiem empresas locais, em vez de favorecerem importações que não geram empregos ou impostos no Brasil.

Finalizando, o empresário oferece um conselho valioso para aspirantes a empreendedores no setor pet: 

“Se você pensar em ter um negócio, primeiro responda a seguinte pergunta: por que eu, como consumidor, compraria no seu comércio ou no nosso prestador de serviço? Se você não conseguir dar uma boa resposta para isso, não gaste o seu dinheiro.”

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Mundo Corporativo: André Duek desvenda a potência empreendedora

Bastidor da gravação com André Duek, foto de Priscila Gubiotti

Que é possível, sim, começar de uma maneira simples, com pouco dinheiro, com risco calculado, com bom planejamento. E, logicamente, ter a paciência para entender que o processo é longo..

André Duek, empresário

Empreendedorismo vai além de simplesmente iniciar um negócio; é uma jornada de transformação pessoal e profissional. Este é o cerne da “potência empreendedora”, um conceito trazido à tona pelo empresário André Duek. Segundo Duek, essa potência é uma força inata presente em cada um, que pode ser despertada e cultivada para alcançar o sucesso, independentemente das origens ou recursos disponíveis.

“Você não precisa ter estudado numa escola de primeira linha ou ter nascido num berço esplêndido para vencer na vida”.

Essas percepções foram compartilhadas por Duek durante entrevista ao programa Mundo Corporativo da rádio CBN. A conversa se desenrolou em torno de sua vasta experiência em empreendedorismo, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e de sua jornada desde os primeiros passos nas empresas de moda da família até se tornar um influente empresário e autor.

O sucesso anterior pode atrapalhar o empreendedor

Em sua fala, Duek realça a importância da resiliência e da adaptação às circunstâncias, reforçando que o caminho para o sucesso empresarial não é linear e está repleto de aprendizados. 

“O processo é longo e se você tiver paciência, estudar mais do que todo mundo, trabalhar mais do que todo mundo, as oportunidades surgem”.

Duek também reflete sobre os erros e desafios enfrentados em sua trajetória. Ele menciona que os obstáculos e falhas não devem ser vistos como barreiras intransponíveis, mas como etapas fundamentais para o crescimento.  

Um sucesso anterior acaba atrapalhando você a começar um novo negócio Por quê? Porque você já tem a predisposição de achar que porque você fez alguma coisa certa que qualquer coisa que você vai fazer vai dar certo, também. Isso não é uma verdade. Então, eu paguei para aprender e foi uma lição muito dura, mas me ajudou bastante a depois a consertar e não deixar acontecer novamente.

Uma abordagem mista para empreender com sucesso

Entre os conselhos dados a aspirantes a empreendedores, Duek enfatiza a importância de uma pesquisa e planejamento sólidos, bem como a necessidade de equilibrar emoção e razão nas decisões de negócios. Ele sugere uma abordagem mista, combinando as qualidades criativas e emocionais brasileiras com a praticidade e foco dos métodos americanos.

A entrevista com André Duek no Mundo Corporativo desdobra uma visão profunda sobre o empreendedorismo, destacando a “potência empreendedora” como um motor para a realização pessoal e sucesso profissional. Suas palavras não apenas iluminam o caminho para os aspirantes a empreendedores, mas também ressoam com qualquer um que busque transformar desafios em degraus para o sucesso.

Assista ao vídeo completo do Mundo Corporativo

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Mundo Corporativo: Luciano Amaral, da Benx Incorporadora, e as três características do empreendedor

Gravação do Mundo Corporativo com Luciano Amaral, da Benx Foto: Priscila Gubiotti

“Tem gente que gosta e continua sendo engenheiro de obra e acho espetacular, mas eu eu não queria ser um engenheiro de obra para sempre. Eu gostaria de ser um empreendedor e apareceu uma oportunidade para eu vir para São Paulo”

Luciano Amaral, CEO da Benx

Um metrô cruzou o caminho do campo de golfe que seria a maior atração do empreendimento imobiliário; um embargo judicial interrompeu o negócio que seria um dos maiores do setor na América Latina; e dois anos de pandemia criaram uma série de barreiras para o empreendimento avançar. Foi em meio a essa sequência de desafios que Luciano Amaral, CEO da Benx Incorporadora, testou sua resiliência e habilidade de empreendedor, em São Paulo, onde está à frente da construção do Parque Global, em uma área de 218 mil metros quadrados, na zona sul da cidade. Ele foi entrevistado do programa Mundo Corporativo, na série sobre empreendedorismo.

Luciano Amaral iniciou sua carreira como engenheiro civil, formado pela Universidade Federal da Bahia, e chegou a São Paulo em 1991 com o desejo de se tornar um empreendedor. Antes disso, dentre outras iniciativas, aceitou o convite para liderar uma companhia que se transformou na maior empresa de tratamentos de resíduos industriais do Brasil, a Essencis Soluções Ambientais, hoje uma das três maiores do mercado. 

Ao ser perguntado sobre os desafios de empreender em diferentes setores, Luciano ressaltou que, apesar das particularidades de cada área, características como resiliência, perseverança e criatividade são fundamentais para qualquer empreendedor, independentemente do campo de atuação.

“Temos que pensar fora da caixa, o empreendedor é uma pessoa que ele tem que estar sempre se reinventando eu acho que essa é uma característica muito grande do empreendedor. Ele tá sempre tentando enxergar lá na frente para que ele possa ter sucesso, pode possa empreender com sucesso, você tem que realmente pensar fora da Caixa”. 

Integração de Sustentabilidade nos Negócios

Com sua experiência no setor ambiental, o CEO da Benx Incorporadora, explicou como a preocupação com o meio ambiente influenciou suas decisões na área imobiliária. Ele destacou a importância de avaliar os terrenos do ponto de vista ambiental, bem como a implementação de práticas sustentáveis nas obras e na gestão de resíduos. Essas ações reduzem o desperdício e combatem uma máxima do setor: a cada três prédio um é jogado fora. Além disso, ele mencionou o trabalho da empresa em certificar ambientalmente seus empreendimentos, visando atender a demandas de investidores internacionais que valorizam a sustentabilidade.

Desafios de Empreender em Grandes Cidades

Luciano abordou o cenário de empreendedorismo em grandes cidades e destacou que, embora muitas vezes pareça haver pouco espaço para construção, ainda existem oportunidades. Ele enfatizou que o maior desafio é o custo, especialmente devido à alta taxa de juros e à falta de mecanização no setor de construção. O empresário mencionou a importância de inovar e buscar soluções fora do convencional para enfrentar esses desafios.

O Projeto Parque Global

O maior empreendimento que já liderou é o Projeto Parque Global, ao lado da Marginal Tietê, que pode ser visto como uma espécie de bairro novo, com cinco torres residenciais de alto padrão, um shopping center, um centro médico e hospitalar, hotel, escola bilíngue e um edifício de apartamentos de médio padrão para locação. O Parque Global é um empreendimento de oito anos com um Valor Geral de Venda previsto de 12 bilhões de reais. Foi esse projeto que lhe impôs o maior desafio da carreira até aqui, pois teve de devolver o dinheiro a todas as pessoas que tinham investido em imóveis, diante da necessidade de interromper o empreendimento que foi embargado pela Justiça, em agosto de 2014, principalmente por problemas ambientais e urbanísticos.

Após os imbróglios jurídicos terem sido resolvidos, Luciano mais uma vez foi testado em sua determinação empreendedora. Ao contrário do que defendiam sócios estrangeiros, decidiu fazer um relançamento mais suntuoso do que o lançamento original, construiu um estande de vendas que tem espaços de exposição de arte, adega para degustação de vinho entre outros atrativos —- ou experiência como ele acentua. Mais do que isso, Luciano se comprometeu a trazer de volta ao menos 30 dos compradores anteriores. Disse que já dobrou essa meta. 

Cuidado com os Colaboradores e Liderança Inspiradora

Os empreendimentos imobiliários não são feitos de prédios, mas de pessoas. É o que Luciano deixa evidente na preocupação que diz ter em relação aos colaboradores da empresa, aos parceiros de negócios e aos clientes.  Ele explicou como a empresa criou um comitê de Recursos Humanos para se concentrar no bem-estar e no desenvolvimento dos funcionários. E também ressaltou a importância de ser um líder inspirador e adaptar-se às expectativas das diferentes gerações no ambiente de trabalho.

“Eu quero sempre estar com esse foco de inspiração, e de cuidar de pessoas.Ter pessoas, hoje, é um dos maiores desafios da liderança”.

Assista à entrevista ao Mundo Corporativo

A entrevista completa do Mundo Corporativo, com Luciano Amaral, CEO da Benx Incorporadora, faz parte da série sobre empreendedorismo e está disponível no YouTube. O Mundo Corporativo tem as participações de Renato Barcellos, Letícia Valente, Rafael Furugen e Priscilla Gubiotti.

Mundo Corporativo: Patrícia Chacon, CEO da Liberty Seguros, destaca o papel do empreendedorismo na transformação da indústria do seguro

Foto de Pricila Gubiotti

“Somos uma companhia de mais de 100 anos e mais de 3 milhões de clientes, mas o DNA é empreendedor porque a gente entende que  tem que reinventar nosso negócio a cada ciclo para atender aquele cliente que está mudando”.

Patrícia Chacon, Liberty Seguros

Construir uma visão empreendedora nas suas equipes de trabalho é uma das soluções que grandes empresas têm encontrado no sentido de dar maior autonomia aos colaboradores. Aplicado esse mesmo conceito na relação com os parceiros de negócio, cria-se um ambiente de colaboração e compartilhamento de conhecimento. É no que acredita Patrícia Chacon, CEO da Liberty Seguros, entrevistada do terceiro episódio da série sobre empreendedorismo, no programa Mundo Corporativo, da CBN.

Na nossa conversa, Patrícia detalhou a importância da parceria com os corretores, o papel do empreendedorismo na transformação da indústria de seguros e como a visão empreendedora está sendo incorporada dentro da própria empresa. Esse olhar tem forte ligação com a história da própria executiva que saiu de Quito, no Equador, aos sete anos e foi estudar nos Estados Unidos, onde se formou em Economia. Ainda durante o curso superior, Patrícia foi para Gana, na África, atuar em projetos de empreendedorismo feminino ajudando as microempreendoras a se desenvolverem. Ao se formar, retornou ao Equador e trabalhou em projetos de apoio a pequenos agricultores para capacitá-los nas negociações com grandes empresas, o que se transformou em inspiração para ela quando assumiu cargo executivo na Liberty.

Parceria com corretores

Patrícia destacou que os corretores desempenham um papel crucial na distribuição dos seguros da Liberty Seguros, e a relação vai além de apenas parceria comercial. A empresa não apenas compartilha produtos, mas também colabora na criação de soluções personalizadas, baseadas em tendências e necessidades identificadas pelos corretores. Essa co-criação resultou em produtos como a marca de seguro “Aliro”, com valores mais baixos, a medida que os corretores percebiam que havia dificuldades financeiras que impediam os clientes de renovar ou fazer um novo seguro. A marca foi lançada em conjunto com os corretores e alcançou grande sucesso:

“A Aliro já vendeu na Liberty mais de 1 milhão de apólices e 50% dos clientes não tinham seguro antes”

Empreendedorismo como transformação

Para a CEO da Liberty Seguros o empreendedorismo, que hoje faz parte da essência da empresa com mais de 100 anos, envolve constantemente resolver as necessidades dos clientes e a capacidade de reinventar o negócio para atender às mudanças do mercado. Ela compartilhou exemplos de como a empresa se adaptou rapidamente a desafios, como a inflação, usando a metodologia ágil para capturar tendências e reagir de maneira eficaz.

Metodologia ágil e cultura empreendedora

A implementação da metodologia ágil na Liberty Seguros começou com treinamento intensivo da liderança. Patrícia explicou que o processo envolveu a criação de equipes multifuncionais, chamadas de “squads”, que têm autonomia para definir metas e soluções, com a liderança dando suporte e removendo barreiras. Essa abordagem, embora desafiadora, permitiu uma maior agilidade na adaptação às mudanças do mercado.

Visão empreendedora interna

A visão empreendedora não se limita aos corretores, mas também é aplicada internamente, de acordo com Patrícia. Ela ressaltou que os colaboradores são incentivados a ter essa mentalidade empreendedora, identificando desafios e oportunidades de negócios, e contribuindo para a inovação da empresa. A liderança fornece direção clara e metas, enquanto os times empoderados trabalham juntos para encontrar soluções e impulsionar o crescimento.

“A gente tem assim a grande satisfação de, em 2022, termos sido nomeadas como uma das dez melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Isso é motivo de muito orgulho para nós porque veio com o resultado financeiro, também. Então, acho que uma combinação que faz sentido”.

Em dez anos, a seguradora triplicou o seu tamanho passando de um faturamento de R$ 1 bilhão para R$ 3,3 bilhões — resultado registrado no primeiro semestre deste ano. O lucro líquido cresceu 15 vezes e está em R$ 320 milhões, o que, segundo Patrícia, permite que a empresa invista até R$ 100 milhões em tecnologia, o que tende a trazer mais benefícios aos corretores e clientes.

Iniciativas para empoderamento

A Liberty Seguros também implementou iniciativas para apoiar o crescimento dos corretores e seus negócios. Patrícia mencionou a importância de fornecer conhecimento e ferramentas, como treinamentos sobre tendências digitais e tecnologias de marketing. A empresa desenvolveu ferramentas que permitem aos corretores venderem nas mídias sociais e até mesmo oferecer cotações de seguros de vida através de links no WhatsApp.

Diversidade e empoderamento feminino

A presença de uma mulher no comando da empresa inspirou ações afirmativas como o programa “Mulheres Seguras”, iniciado em 2015. A intenção é apoiar as mulheres no mercado de seguros, incentivando o empreendedorismo e a liderança. A CEO ressaltou a importância de ter mais mulheres em posições de destaque, servindo como inspiração para outras e contribuindo para a evolução do mercado.

Uma dos desafios do “Mulheres Seguras” foi mudar uma realidade identificada em diversos estudos de que mulheres gostam menos de entrar em negociações o que impacta nos resultados que buscam. 

“Estudos mostram que (a mulher) quando começa numa negociação começa pedindo 30% a menos. A gente começou a apresentar fatos para as corretoras de como elas podiam quebrar um pouco dessas barreiras. O “Mulheres Seguras” foi crescendo e a gente impactou já mais de 5 milhões de pessoas com eventos e conteúdo”.

Outro aspecto destacado por Patrícia é que 45% do corpo executivo da Liberty é formado por mulheres que ocupam cargos de liderança em áreas como tecnologia, talento e assistência. Além disso, ela diz ter orgulho em saber que existem grupos de homens que são aliados neste projeto de fortalecimento feminino.

Você assiste a seguir à entrevista completa com Patrícia Chacon, CEO da Liberty Seguros. Toda quarta-feira, o Mundo Corporativo apresenta, ao vivo, no canal da CBN no YouTube, um entrevista inédita. Colaboram com o programa Renato Barcellos, Letícia Veloso, Priscila Gubiotti e Rafael Furugen. 

Mundo Corporativo: Alder Lima, da Metamazon, constrói oportunidades e vira referência no empreendedorismo negro

 “Em São Paulo, me encontrei. Eu pude entender o que significa carregar o peso de ser um homem gay e o peso de ser um homem preto no país empreendendo. Eu podia  olhar para o lado e ver várias pessoas iguais a mim”.

Alder Lima, Metamazon Solutions

Que a vida do empreendedor é difícil no Brasil, todos sabemos. E muitas dessas histórias já foram contadas no próprio Mundo Corporativo, programa que apresento na CBN. O desafio de ser um empreendedor negro e gay, porém, torna tudo mais complicado e precisa ser superado com coragem e resiliência. É o que faz Alder Lima, fundador e CEO da Metamazon Solutions, uma startup que alia a tecnologia à construção e venda de imóveis. Conversei com ele na série de entrevistas sobre empreendedorismo quando contou de sua trajetória, das barreiras para montar o próprio negócio, do preconceito que se expressa cotidianamente no Brasil e de que como foi capaz de, a despeito de tudo isso, seguir em frente e servir de referência para outras pessoas negras e LGBTQIA+ dispostas a empreender.

Desafio: empreendedor negro e gay no setor de tecnologia 

A jornada de Alder como empreendedor se inicia em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, onde começou vendendo cocada nas ruas para ajudar sua família. Passou por Minas, Acre e Fortaleza, onde mora atualmente. Foi em São Paulo, porém, que encontrou ambiente propício para desenvolver sua ideia inovadora no campo da tecnologia — um setor em que a diversidade ainda é limitada, principalmente em cargos de liderança.

A falta de negros à frente de empresas de tecnologia leva a situações que servem para reforçar ainda mais o preconceito estrutural que existe na sociedade. Os softwares, processos e algoritmos são criados a partir de vieses raciais. É esse mecanismo que, por exemplo, impede reconhecimento facial de pessoas negras em determinados serviços ou distorce o resultado nos programs de buscas de informação:

“Enquanto a gente não tiver pessoas pretas nesses cargos de liderança, o algoritmo não contribuirá para pessoas pretas. Então, pessoas pretas precisam também estar envolvidas em projetos como esses para que a gente tenha menos chance de ser impactado dessa forma. É muito profundo! É importante ocupar espaço!” 

O empreendedorismo negro, de acordo com Alder, vai além de ideias de negócios; é um movimento para mudar realidades e quebrar paradigmas. Ele ressaltou a importância de estudar e se capacitar para se destacar em qualquer área, especialmente quando se trata de empreendedorismo. Alder também enfatizou o papel crucial da coragem na jornada empreendedora, lembrando a todos que enfrentar os medos é essencial para atingir os objetivos. Destacou projetos como o Afro Cubo, desenvolvido dentro do programa de incubadoras de startups do Itaú, que o apoiou na construção da Metamazon Solutions. 

“A gente não consegue fazer nada sozinho e para você tirar uma ideia do papel, você precisa ter essas pessoas que já passaram por isso. E sabem como funciona esse sistema. Então, ninguém consegue fazer nada sozinho. Precisa realmente de ajuda de pessoas qualificadas”.

Diversidade nas empresas: da conscientização à ação

Alder abordou o tema da diversidade no ambiente corporativo, observando que a conscientização sobre sua importância tem crescido, mas ainda há muito a ser feito. Ele mencionou o papel de instituições como o Pacto de Promoção Equidade Racial, e ações afirmativas para impulsionar a inclusão de pessoas negras em posições de liderança. Alder também falou da necessidade de empresas desenvolverem governança e estratégias para tornar as equipes mais diversas e representativas da população do país.

A experiência dele mostra bem o impacto que a diversidade oferece na ambição das pessoas negras ou que sofrem pelos demais tipos de preconceito. Conta que foi criado por seus pais em um ambiente que naturalizava aquela condição de “vassalo”. Ainda hoje, percebe o estranhamento das pessoas pelo espaço que ocupa. Como se não fosse um direito oferecer soluções, por exemplo, para o público A e B no setor de construção de prédios e venda de imóveis:

“Causa impacto porque você costuma ver que a maioria das pessoas pretas nessas construtoras estão no papel braçal, não no papel de liderança. Ontem fizeram uma pergunta: quantos donos de construtoras incorporadoras pretas você conhece? Eu particularmente, Alder Lima, nunca vi uma pessoalmente”. 

A jornada empreendedora: estudo, coragem e inovação

Alder enfatizou que a jornada empreendedora requer mais do que boas ideias: exige estudo, coragem e ação. Ele incentivou os aspirantes a empreendedores a buscar conhecimento, capacitar-se e enfrentar seus medos. Contando sua própria experiência, demonstrou a importância de ousar, fazer diferente e inovar.  Alder também compartilhou os detalhes de sua startup, a Metamazon Solutions, que opera no setor da construção civil. Ele explicou que a empresa busca transformar a maneira como os empreendimentos imobiliários são apresentados aos clientes, usando realidade virtual e inteligência artificial para proporcionar experiências imersivas e econômicas para os construtores e compradores.

“Fazer diferente hoje é você olhar o mercado, ver o que ninguém tá fazendo e você ter ousadia de buscar lacunas dentro desse espaço para você pensar: poxa, aqui existe um nicho de trabalho que eu posso fazer a diferença”.

A entrevista com Alder Lima ofereceu uma visão valiosa sobre o empreendedorismo negro, a importância da diversidade nas empresas e os elementos essenciais para construir um negócio de sucesso. Sua história de resiliência e inovação serve como um lembrete inspirador de que o empreendedorismo é uma ferramenta poderosa para a mudança e o progresso.

Assista à entrevista completa com Alder Lima, da Metamazon Solutions, no Mundo Corporativo, que tem as colaborações de Renato Barcellos, Letícia Valente, Priscila Gubiotti e Rafael Furugen: