Ônibus para a zona rural, carros mais confortáveis para os passageiros e prontos para circular em corredores segregados. As fabricantes de carroceria precisam estar prontas para atender o mercado como você pode ver na terceira reportagem desta série
Por Adamo Bazani
O Projeto Padron, sobre o qual falamos no texto anterior, fez com que o Brasil se aperfeiçoasse na fabricação de ônibus e permitiu que a indústria nacional alcançasse o prestígio mundial que tem atualmente. O país é dos maiores exportadores do mundo de veículos preparados para circular em corredores segregados, conhecidos por BRTs – Bus Rapid Transit.
Estes modelos são exportados, principalmente, para a América Latina. São brasileiros, por exemplo, os ônibus do sistema BRT Metrobus do México, Transantiago do Chile, e o Transmilênio da Colômbia. Roberto Ferreira, da Fabus, que nos acompanha nestes artigos, explica:
“Temos tecnologia, basta investimento público nas vias para priorizar o transporte por ônibus rápido com pistas modernas, com pontos de ultrapassagem nas paradas, estações que proporcionam embarque no nível do ônibus e pagamento antecipado. Basta que o poder público invista mais neste tipo de transporte com eficiência semelhante a do Metro e com custo até dez vezes menor por quilômetro construído”.
Nem sempre, porém, vanguarda e tecnologia andaram a bordo dos ônibus produzidos no Brasil, lembra Roberto. Por aqui rodavam veículos que não eram mais aproveitados na Europa, onde ficava a maior parte das sedes dos fabricantes.
“As montadoras ganhavam. Traziam para o Brasil o que era novidade aqui e conseguiam vender o que lá seria sucata, produto depreciado”.
Para enfrentar esta realidade, Roberto conta que uma das principais preocupações dele na diretoria da Fabus era dialogar com as montadoras.
“Toda vez que tinha uma novidade aqui, vinda por meio de matrizes de ferramental de outros países ou mesmo desenvolvida no Brasil, eu procurava saber como seria a configuração do chassi e se seria possível encarroçá-lo dentro da realidade dos fabricantes e a realidade dos transportadores. Nossos engenheiros conversavam com os engenheiros dos chassis e, felizmente, todas nossas observações eram atendidas. Às vezes a configuração do chassi não permitiria que alguns instrumentos da carroceria seriam dispostos de uma maneira melhor, mais prática, barata e eficiente. Mas as montadoras acatavam nossas observações e nós as delas. Costumo dizer que a fabricação de ônibus é como um casamento. Há o chassi sendo fabricado de um lado e a carroceria do outro. Tem de haver sinergia nos projetos, no namoro, para que esse casamento dê certo”.
Roberto ensina que para esta sinergia ter resultado positivo é preciso, também, ouvir os donos das empresas de ônibus. São eles que vivem as dificuldades do dia a dia. O produto tem de corresponder a sua realidade econômica e operacional.
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