Mundo Corporativo: “empresas sustentáveis, são mais rentáveis:”, diz Fabio Alperowitch, da Fama, pioneiro na agenda ESG

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“Muitas empresas acham que mudar o logotipo no mês de junho para um arco-íris ou se posicionar em relação a um ou outro tema, já seja o suficiente. Quando na verdade, a gente está longe disso. Então, vejo muito bons exemplos, sim; mas ainda muito circunscritos a determinadas empresas”.

Fabio Alperowitch, Fama Investimentos

O que sua empresa estava fazendo em 1993? Sustentabilidade já era assunto na roda de conversa da diretoria? As ações, produtos e serviços consideravam o impacto que causavam no meio-ambiente? Ok, ok! Você pode dizer que naquela época — se é que a sua empresa já existia —- ainda era “tudo mato” no que se refere ao tema da preservação, escassez de recursos e responsabilidade ambiental, social e corporativa. Não dá pra negar, porém, que muita gente já estava preocupada com o futuro do planeta.,

Para refrescar a sua memória, o país acabara de sair da Eco 92, a primeira  Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que reuniu 178 chefes de governo, uma quantidade incrível de estudiosos e curiosos, divulgou pesquisas e metodologias de preservação e teve uma cobertura jornalística internacional —- ou seja, todos nós havíamos sido alertados de forma contundente sobre o que se avizinhava, os perigos que estávamos causando ao planeta, a necessidade de revisão no modo de produção e os impactos na qualidade de vida (na nossa qualidade de vida). Quem teve ouvido e coração, entendeu o recado.

Fabio Alperowitch e mais 19 amigos, parece, foram sensibilizados por esse debate. Em 1993, com cada um colocando sobre a mesa US$ 500, formaram um fundo de investimento para ser gerenciado por ele e Mauricio Levi, que tinham acabado de fundar a Fama Investimentos. Quando os dois criaram a empresa, assinaram um compromisso com 10 mandamentos, dentre os quais, o de não investir em empresas que ferissem seus princípios.

“Eu acho que a gente precisa desconstruir a imagem de que o ESG seja algo novo. Os fundamentos e pilares do ESG já existem há muito tempo. A primeira vez que foi utilizada a palavra sustentabilidade, e de uma maneira formal, foi no século XVIII, mas o mundo corporativo e o mercado financeiros tiveram muito distantes dessa pauta até muito pouco tempo”.

Na entrevista ao programa Mundo Corporativo ESG, Fabio Alperowitch revelou uma certa ambiguidade de sentimentos diante do assunto da governança ambiental, social e corporativa. Assim como revela entusiasmo pela trabalho que desenvolve — até hoje, se mantém à frente da Fama, fiel a seus princípios e promotor da causa —, também se faz reticente quanto ao envolvimento das empresas no assunto:

“No Brasil, ainda predomina uma dicotomia falaciosa de que empresas e investidores entendem que existem dois caminhos antagônicos, no sentido de, ou você é responsável ou você é rentável — o que não é verdadeiro. É exatamente o contrário: as empresas mais rentáveis, também são as mais responsáveis. Então, o caminho da responsabilidade traz também rentabilidade”.

Não dá para negar que o envolvimento das empresas na agenda ESG —- pelo amor ou pela dor — aumentou. Os números da Fama mostram isso: hoje R$ 2,8 bilhões estão sob gestão num fundo de ações, em que apenas empresas que passam pela rigidez dos critérios de governança são aceitas. Ainda é pouco e a maioria do aporte financeiro que está no fundo vem do exterior, de investidores que confiam na seleção de ativos feita pelos gestores. A despeito desse interesse, nem sempre genuíno, Alperowitch lamenta a pouca evolução alcançada:

“Os grandes indicadores ambientais e sociais, apesar de tudo que a gente tem ouvido sobre ESG, não estão melhorando … e os poucos que melhoram são a passos bastante tímidos. O mundo não está emitindo menos gases de efeito estufa; a diversidade está melhorando de forma muito periférica; a gente não está reduzindo a desigualdade social;  não está melhorando o nível de acidentes do trabalho”

Aos que ainda não perceberam que o mundo mudou e as exigências e necessidades são outras —- sendo a gestão sustentável em todas as suas dimensões o único caminho viável —-, Alperowitch alerta para a transformação que está por vir com a chegada da Geração Z no mercado de consumo. Há tendência de uma redução e uma revisão na maneira de consumir, com compras sendo feitas baseadas nos valores que pautam esses jovens:

“Ela (Geração Z) não vai comprar produtos de empresas que estejam na cadeia do desmatamento ou que, na sua cadeia de suprimentos, tenham empresas que violam direitos humanos, como trabalho análogo à escravidão ou trabalho infantil; ou que façam testes em animais e, assim, excessivamente; ou que sejam de combustíveis fósseis”. 

Ao não olhar de maneira estratégica e de longo prazo, as empresas também perderão em engajamento e produtividade, diz Alperowitch. Colaboradores de talento serão desperdiçados, porque não estão interessados apenas no salário que cai na conta. Querem saber se a empresa é antirracista, se combate a homofobia, se investe na diversidade e se está lutando contra os efeitos da mudança climática. Para ilustrar essa verdade, recomenda-se que se olhe com carinho para estudo desenvolvido por  Robert Eccler, ex-professor da Universidade de Harvard, que aos 70 anos é uma referência mundial no tema. Ao analisar por 18 anos, 180 empresas de 90 subsetores da economia, nos Estados Unidos, a conclusão foi de que as empresas sustentáveis tiveram performance muito melhor do que as outras:

“Esse estudo foi feito entre 1993 e 2009 quando não se falava em ESG, não se precificava as externalidades, por exemplo as empresas não tinham que pagar a taxa de carbono, a Geração Z ainda não existia e etc. Então, eventualmente se a gente repetir esse mesmo estudo daqui pra frente, eu imagino que o resultado seja ainda mais favorável para as empresas responsáveis”.

Antes de você assistir ao vídeo com a entrevista completa do Fabio Alperowitch, no Mundo Corporativo ESG: você lembra onde estava sua empresa em 1993? Eu, já estava por aqui, em São Paulo; trabalhava na TV Cultura e, por curiosidade, a pauta da sustentabilidade era frequente em especial pelo trabalho do conceito de jornalismo público que desenvolvíamos na redação. E, sim, naquela época não falávamos de ESG ainda.

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas, 11 horas da manhã, no canal da CBN no Youtube, no Facebook e no site da CBN. Colaboram com o programa: Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Débora Gonçalves e Vinícius Passarelli.

Mundo Corporativo: Danilo Talanskas, ex-Ge HealthCare, defende que a ética é a base do ESG

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‘Uma empresa que sempre teve um comportamento ético não depende do selo ESG. Vai simplesmente confirmar alguma coisa que já vinha sendo feita”

Danilo Talanskas, consultor de empresas

“Qual o valor da nota que o senhor quer?”. A pergunta que demonstra o interesse do vendedor em atender as necessidades de seu cliente, também revela conduta ética que se normaliza nas relações de trabalho. Na hora de abastecer o carro, pagar a refeição ou comprar um produto para a empresa, o colaborador acrescenta 10, 20, 50 reais a mais. O fornecedor não vê mal nenhum em aceitar o pedido, até porque sabe que assim vai garantir a fidelidade do cliente. O que não se considera é que tanto um como o outro demonstram uma flexibilidade ética preocupante, especialmente em um momento em que assistimos às empresas querendo se posicionar na agenda ESG — sigla que traduzida para o português significa ambiental, social e governança.

A relação da ética com a governança ambiental, social e corporativa foi o tema da entrevista do consultor Danilo Talanskas, no terceiro episódio do Mundo Corporativo ESG. Danilo comandou a Otis South America, Rockwell Automation do Brasil e GE Healthcare; hoje é consultor de empresas e lançou, recentemente, o livro “Lições de guerra, vencendo as batalhas de sua carreira”(Afigitis).

“A ética é a escolha que você vai fazer diante dos diversos desafios e dilemas que temos dentro da área corporativa. Sem dúvida. eles são muitos e você os tem desde o início da carreira”.

Consciente de que dúvidas sobre que comportamento adotar podem surgir nos diversos estágios da vida profissional, Danilo se lembra de uma lição aprendida em treinamentos sobre conformidade dos quais participou na época em que comandava a Ge Healthcare: 

“Se você tiver uma dúvida, se você não souber bem o passo que você vai dar, se não houve uma instrução específica, pense: como você se sentiria se essa sua decisão fosse publicada na primeira página do jornal de amanhã”.

Para que essa conduta faça parte da cultura da empresa —- e somente assim será possível cumprir a agenda ESG —-, Danilo lembra da necessidade de as lideranças estarem comprometidas com o tema, que precisam dar o exemplo diante dos dilemas éticos que surjam.

“A minha experiência é de que a total transparência é sempre o melhor caminho, mas ela começa quando a a empresa, o negócio, é transparente nos seus objetivos … Isso ajuda nos bons momentos e ajuda nos maus momentos a compreensão do negócio e o engajamento em busca das soluções”.

Dentre as batalhas corporativa que Danilo Talanskas descreve está a resistência que os profissionais devem ter diante de vantagens que possam ser oferecidas de maneira ilegal. Ele explica que talvez se deixe de fechar alguns contratos por não se aceitar negociações ilícitas, mas que, a longo prazo, os resultados aparecerão:

“O mais importante é saber que a gente não pratica atos éticos pelos resultados e sim pelos princípios. Então, sendo fiel aos seus princípios, você sempre terá portas abertas”.

Assista ao vídeo completo do Mundo Corporativo ESG com o consultor de empresas Danilo Talanskas:

Mundo Corporativo: é preciso simplificar a comunicação na estratégia ESG, diz Alex Carreteiro, da PepsiCO Brasil

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“Eu acho que a gestão tem que ser humanista, tem que ser feita com amor e com respeito ao próximo, e ao fazer isso a gente põe o limite muito alto; não, tem não tem limites de fato” 

Alex Carreteiro, CEO PepsiCo Brasil

Com agrônomos acompanhando o cultivo da batata, certificando e orientando os agricultores para melhorias contínuas no campo, e uma logística que permite que o produto saia da plantação para o pacote em dois dias a PepsiCo Brasil tem conseguido avançar no tema da sustentabilidade. Em 2019, foi apontada como referência na Agricultura de Nova Geração com 100% das batatas produzidas de forma sustentável. Isso foi possível,  a partir de trabalho desenvolvido em parceria com 120 agricultores que assumiram o compromisso de cumprir 175 requisitos para viabilizar o programa de agricultura sustentável. 

O caso dos snacks de batatas Lay’s é contado por Alex Carreteiro, CEO da PepsiCo Brasil, uma das maiores indústrias de alimentos e bebidas do mundo, no segundo episódio do programa Mundo Corporativo ESG. Na entrevista, o executivo falou da transformação estratégica batizada de PepsiCo Positive, lançada em 2021, que se baseia em três pilares: agricultura positiva, cadeia de valor positiva e escolhas positivas:

“O consumidor está cada vez mais consciente e exigente nesses temas. Então, esse avanço tem sido muito impulsionado pelas empresas, mas também pelos consumidores. A diferença está na forma de comunicar ou na forma de agir”.

Dentro desta visão de que havia necessidade de a empresa se comunicar de maneira mais simples e melhor com os consumidores para que identifiquem as ações que, em alguns casos, já faziam parte do processo de produção, a PepsiCO passou a colocar no mercado embalagens de seus produtos com a foto dos agricultores que são os responsáveis pelo plantio e cultivo dos grãos, que são ingredientes dos produtos vendidos pela empresa. 

“A maneira de comunicar tem sido também muito importante. Porque muitas vezes, a gente já fazia; agora estamos acelerando da agricultura sustentável para a regenerativa; e a a gente quer trazer isso para o consumidor”.

Em outro dos pilares que fazem parte da transformação estratégica da empresa, a cadeia de valor positiva, há preocupação em relação ao consumo de água, ao transporte das mercadores e as embalagens usadas nos produtos fabricados pela PepsiCo, segundo Alex. No caso da água, um exemplo é a fábrica de Itu em que todo o volume de água necessário para o seu funcionamento é reutilizado, zerando o desperdício, em uma técnica que será, em breve, estendida à fábrica de Curitiba. Há investimento, ainda, em material reciclado a partir das embalagens:

“Cada vez mais, eu diria, a cadeia de valor é relevante para criar uma economia circular e poder reutilizar essas embalagens de volta; e ter um mínimo de desperdício para ter uma emissão de carbono zero, que é a nossa ambição até 2040”. 

Na área social, uma dos programas destacados por Alex é o de equidade racial que surgiu a partir de um dos grupos de afinidade que atuam na empresa com o objetivo de promover a diversidade. Esse programa inspirou a criação do MOVER — Movimento de Equidade Racial — que reúne 47 empresas, muitas delas concorrentes, que juntas têm cerca de um milhão de colaboradores:

“O que queremos é impactar três milhões de negros até 2030 e dez mil líderes negros”. 

Para conhecer como funcionam os programas de governança ambiental, social e corporativa, da PepsiCO Brasil, assista ao vídeo completo da entrevista com Alex Carreteiro:

O Mundo Corporativo ESG tem a colaboração de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Débora Gonçalves e Rafael Furugen.

Mundo Corporativo: em estratégia ESG, Heineken proporciona conta de luz mais barata ao consumidor, explica Mauro Homem

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“Sustentabilidade não é sobre o seu tamanho ou sobre sua capacidade de investimento; é muito mais sobre a sua intenção e o quanto o genuíno você está indo nessa direção”

Mauro Homem, Heineken

As empresas têm percebido que não alcançarão o sucesso que esperam sem terem relevância significativa nas áreas ambiental, social e de governança. A despeito de seu tamanho ou finalidade, cada uma cria sua própria estratégia para expressar esse compromisso, adaptando-a a seus processos de produção e ao segmento que representa. A Heineken, segunda maior cervejaria do mundo, por exemplo, definiu três  blocos de atuação e, um deles, está diretamente ligado ao impacto que os produtos que leva ao mercado tem na saúde do consumidor. Assim, está entre suas prioridades desenvolver campanhas pelo consumo equilibrado e responsável de álcool. 

Na estreia da série Mundo Corporativo ESG —- em que destacaremos nos próximos meses ações em favor da governança ambiental, social e corporativa —, Mauro Homem, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da Heineken, explicou como o tema evoluiu ao longo dos anos dentro da empresa, deixando de focar apenas nas questões ambientais:

“A gente sabe que uma empresa que produz cerveja naturalmente tem que lidar com questões relacionadas ao consumo de álcool. Isso é uma grande preocupação; e a Heineken é vanguardista nessas discussões de consumo equilibrado. Ainda mais agora, desde o advento da Heineken 0.0 e do portfólio  de menor teor alcoólico, também”.

Na área social, o foco está na diversidade e inclusão com incentivo para a maior participação de mulheres e negros, em especial em postos de liderança. Além das quatro paredes, a Heineken também age no sentido de atender pessoas em situação de vulnerabilidade, através do Instituto Heineken Brasil. São três os públicos atendidos: os ambulantes. os catadores de material reciclável e os jovens.

“No caso dos jovens em posição de vulnerabilidade, temos dois grandes olhares: o primeiro, é a relação saudável e equilibrada com o álcool, para que esse jovem não vá para o consumo nocivo; e o segundo é a geração de empregos”.

Do ponto de vista ambiental, que faz parte do tripé estratégico da cervejaria, o impacto começa dentro da própria empresa, com implantação de sistemas mais eficientes de gestão hídrica, por exemplo. Em outro programa que se iniciou com bares e restaurantes e agora se estende ao cliente final, a Heineken criou uma plataforma que conecta geradores de energia limpa e os consumidores, oferecendo energia mais barata. Isso mesmo que você leu: ao se cadastrar no programa, além de consumir energia renovável, o custo da sua conta de luz vai diminuir. 

Mauro explica que a geração distribuída é mais eficiente por ter menos perda técnica, e uma incidência de impostos diferenciada, podendo gerar redução de 15 a 20% no valor da  conta de luz para os consumidores. O cadastro, de graça, deve ser feito no site Heineken Energia Verde. Infelizmente, nem todas as concessionárias de energia elétrica permitem essa substituição por fontes renováveis. Mas, já podem se beneficiar do programa, os moradores dos estados de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina, algumas cidades do Rio Grande do Sul, Distrito Federal e São Paulo —- neste caso apenas nas cidades atendidas pela CPFL Paulista.

“O potencial é enorme. Nossa ambição e chegar em pelo menos 50% de todos os nossos bares e restaurantes, quase um milhão de pontos de venda no Brasil. E é um volume muito grande de clientes, também. Mas poderíamos chegar a pelo menos 50% até 2030”

A transformação que as empresas tiveram de encarar diante do conceito ESG — sigla de Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança) — provocou mudanças na forma de os profissionais atuarem, gerou novos desafios e abriu oportunidades. O próprio Mauro viu sua carreira ser influenciada por essa nova visão, quando a sustentabilidade deixou de ser apenas uma preocupação ambiental. Ele fez gestão ambiental na USP, em Piracicaba, interior de São Paulo  —- em lugar de seguir a trilha mais consolidada da engenharia ou direito, como imaginavam pessoas próximas. Buscou outras formações na área de administração e iniciou-se na carreira profissional, na Danone. Lá atuou pela primeira vez na área ambiental e, depois, foi cuidar de relações governamentais.

A sustentabilidade —- já com essa visão mais ampla em que o social e a governança se alinhavam às preocupações ambientais —- voltou à carreira de Mauro na Heineken, para onde se transferiu há quatro anos. Antes da vice-presidência que ocupa, atuou com a comunicação corporativa:

“Eu acho que os profissionais precisam buscar cada vez mais essa conexão com os problemas do mundo exterior e traduzir isso em oportunidades também por um ambiente corporativo. Então, acho que é nesse sentido que os profissionais têm tido cada vez mais oportunidades. É nisso que eu vejo as carreiras mais próximas na área de sustentabilidade, também”.

Assista ao primeiro episódio da série Mundo Corporativo ESG com Mauro Homem, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da Heineken:

O Mundo Corporativo ESG tem a colaboração de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Débora Gonçalves e Rafael Furugen.

Mundo Corporativo: Ricardo Triana, do PMI, apresenta 6 megatendências que vão impactar o planejamento do seu negócio e da sua carreira

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“Projetos são tão fundamentais na vida que é melhor preparar a que tenha conhecimento e habilidade para que se faça as coisas acontecerem e não fique apenas na ideia”

Ricardo Triana, PMI

Por acreditar na ideia de que qualquer coisa que acontece, acontece através de projetos e para que as coisas aconteçam de forma efetiva precisamos estar preparados, pesquisadores do PMI — Project Management Institute identificaram seis megatendências que impactam o futuro dos negócios. De acordo com Ricardo Triana, diretor-geral do instituto que reúne gestores de projetos do mundo todo, olhar os negócios, os investimentos e a preparação dos profissionais, a partir dos resultados dessa pesquisa, permitirá que organizações públicas e privadas reajam melhor diante dos desafios que surgirão no mercado.

“… coisas como a nuances demográfica ou a crise climática — você pode estar preparado ou não —, mas isso vai impactar a forma como você decide seus investimentos, como você prepara seu pessoal e atrai talentos”.

A seguir, listo as seis megatendências apresentadas pelo PMI com comentários que o Ricardo Triana fez durante entrevista ao Mundo Corporativo.

Disrupção digital — “é prioritário entender como Inteligência Artificial, como o Machine Learning,  etc, como essas coisas vão acontecer aqui. E não estou falando em entrar em web, não estou falando em criar um aplicativo. Estou falando de criar esse novo ecossistema de  trabalho e entender como funciona, porque não é o problema de definir algo que vai acontecer em dois anos, vai ser agora”.

Crise climática — “80% das empresas (no Brasil) usam material reciclável, quando normalmente, no mundo, a média é 67%; mas isso só não muda a crise climática. Você tem de começar a dizer, quando estou fazendo um investimento, quando estou fazendo uma planta, quando estou fazendo um projeto, como eu estou apoiando a redução da crise climática”.

Movimentos civis, cívicos e de igualdade — “85% das organizações estão acelerando seus programas de diversidade porque já perceberam que têm de fazer alguma coisa e isso não aconteceu por acaso, aconteceu porque existe uma pressão da sociedade para fazer isso … Quando (as pessoas) não são escutadas, existe uma pressão que impacta a economia”. 

Mudanças demográficas — “… temos mais pessoas velinhas que ficaram no trabalho e também temos mais jovens que estão entrando no mercado de trabalho. Temos que procurar como fazer que eles estejam compartilhando, sendo efetivos, transferindo o conhecimento, ter certeza de que esse conhecimento que as pessoas que têm mais experiência, mais anos na organização não está se perdendo. 

Escassez de mão de obra — “ … porque isso (mudanças demográficas)  também tem muito a ver com a escassez de mão de obra, porque quanto mais as pessoas ficam no mercado, maior a possibilidade de elas começarem a procurar outras oportunidades. Se não fizerem a transferência efetiva de conhecimento, se não estivermos preparando os jovens para darem resultando no dia um e não esperando por um plano de crescimento, de treinamento, etc, não serão efetivos os resultados”.

Mudanças econômicas — “Dos maiores medos que temos na América Latina, em particular no Brasil, é a economia … Um dos setores mais impactados (na pandemia) foi o de manufatura porque a cadeia de suprimentos foi impactada … 15% dos fabricantes de alguma peça de celular, tecnologia, etc, tiveram que interromper sua produção. O que você deveria estar pensando é como eu me preparo para que isso aconteça sem perder a globalização”.

Para se aprofundar em cada uma dessas megatendência e refletir melhor sobre como podemos estar preparados e planejar nossos próximos passos, na organização e na própria carreira profissional, assista à entrevista completa com Ricardo Triana ao Mundo Corporativo e aproveite as informações que estão disponíveis no site do PMI.

O Mundo Corporativo tem produção de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Débora Gonçalves e Rafael Furugen.