Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: por que o IBGE é um aliado estratégico das marcas

Sem os dados do IBGE, marcas e empresas correm o risco de navegar no escuro. Essa é a principal mensagem do comentário de Jaime Troiano e Cecília Russo no quadro Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, no Jornal da CBN. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, conhecido por retratar o país com rigor e profundidade, fornece subsídios cruciais para entender o perfil da população e planejar ações com base em quem realmente somos.

Jaime Troiano lembra que o Censo, realizado a cada dez anos, não é uma simples pesquisa, mas “um retrato completo” da sociedade brasileira. “Quando queremos conhecer o perfil da população de uma região para calcular como posso fazer uma amostragem dessa população, os dados do Censo têm um papel fundamental”, afirmou. Na última edição do Censo, por exemplo, descobriu-se que o ritmo de crescimento dos evangélicos, embora ainda presente, foi mais lento do que o esperado, com o grupo representando 26,9% da população, diante de 56,7% de católicos. Cecília Russo reforça que essas informações são imprescindíveis para os estudos que realizam com marcas e veículos de comunicação. “Sem eles, é como navegar no escuro”, resume.

Cecília chama atenção para um dado que causou surpresa: apenas 1% da população se declarou umbandista ou candomblecista, número que, segundo ela, pode estar subnotificado. “Num país em que 54% da população é negra, o número 1% é difícil de engolir”, disse. Ela explica o fato com base em frase que ouviu do professor Matheus Pestana: A subnotificação é explicada pelo preconceito em admitir que frequenta essas religiões. Cecília aproveita para reforçar uma lição que todo profissional de marketing e branding têm de considerar: é preciso ler os números com viés interpretativo e não apenas usá-los friamente, sem pensamento crítico.

A marca do Sua Marca

Consultar o IBGE é uma prática que deve ser incorporada por todos os profissionais que atuam com marketing, comunicação e desenvolvimento de marcas. É por meio dos dados que se toma decisão com base em realidade — e não em suposições. Como destacou Cecília, “os resultados que o IBGE produz alimentam os projetos de empresas e marcas”.

Ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, logo após às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN. A apresentação é de Jaime Troiano e Cecília Russo.

Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: como as marcas atravessam o tempo com relevância

Photo by Andrea Piacquadio on Pexels.com

Manter-se relevante ao longo de décadas é um desafio que poucas marcas conseguem superar. Esse foi o tema do comentário de Jaime Troiano e Cecília Russo no quadro Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, no Jornal da CBN. Com base em uma metodologia desenvolvida e aplicada há mais de 30 anos, os especialistas analisaram como algumas marcas conseguem atravessar o tempo e se manter no topo.

O estudo Marcas Mais, em parceria com o jornal O Estado de São Paulo avalia o grau de envolvimento emocional e funcional que as marcas estabelecem com seus consumidores. A metodologia, descrita como pioneira e única no Brasil, busca identificar as práticas consistentes que fazem com que essas marcas não apenas sobrevivam, mas se mantenham relevantes e ocupem as primeiras posições nos rankings anuais. “Imaginem vocês o que significa manter uma relação de envolvimento, afeto e preferência por tanto tempo!”, destacou Jaime Troiano. Ele comparou o processo, que acompanhou mais de 500 marcas ao longo de três décadas, a uma arqueologia do branding, explicando que poucas marcas conseguem manter esse nível de conexão ao longo dos anos.

Os quatro pilares do sucesso

Cecília Russo explicou os critérios principais que sustentam as marcas mais fortes do estudo. Esses pilares são fundamentais para entender por que algumas empresas se destacam em mercados tão competitivos:

  1. Consistência: “Elas não abandonam seu passado para traçar o futuro. Preservam o essencial na busca do novo.”
  2. Humildade: “Elas ouvem sempre a voz das ruas, o que o mercado e as pessoas estão dizendo, seja bom ou ruim.”
  3. Qualidade: “Não há marca forte que resista a produto ruim.” Cecília ainda citou uma frase do publicitário Washington Olivetto: “O pior que pode acontecer a um produto ruim é ter uma propaganda boa. É dinheiro jogado fora.”
  4. Comunicação contínua: “Mesmo sem grandes investimentos, elas alimentam o diálogo com os consumidores e nunca deixam de se fazer ouvir.”

Jaime também destacou que as marcas analisadas não apenas atravessaram períodos de crise, como a pandemia, mas saíram fortalecidas por conta da capacidade de manterem uma comunicação ativa e próxima dos consumidores.

A marca do Sua Marca

Os quatro pilares apresentados — consistência, humildade, qualidade e comunicação contínua —demonstram que marcas sólidas não dependem apenas de campanhas pontuais, mas de práticas contínuas e estruturadas. Esse é o diferencial que as mantém no topo, ano após ano.

Ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, logo após às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN. A apresentação é de Jaime Troiano e Cecília Russo.

A inteligência artificial no divã: o risco à autonomia e à critividade do profissional

Imagem criada no Dall-E

Fui surpreendido recentemente com a fala de alguns alunos de uma turma de psicologia que alegaram não conhecer o ChatGPT. Não é que nunca tenham usado. Não sabiam o que era! Menos ainda tinham ideia do potencial desta ferramenta de Inteligência Artificial. Fui rasteiro na minha “pesquisa” e, portanto, não sei com clareza os motivos que levam esses futuros profissionais a desdenhar esse conhecimento. Com o devido cuidado para não ser tomado pelo Efeito Bolha, me impressiona que pessoas que já estejam no ensino superior ainda não tenham tido contato com essa revolução tecnológica que estamos assistindo desde a popularização da IA, há pouco mais de um ano. 

Se ainda temos uma camada considerável da população sem acesso ao acessível ChatGPT e seus primos-irmãos, imagino que boa parte de nós — os da Bolha — ainda use os recursos de IA de forma infantil. A quantidade de possibilidades que essas ferramentas nos oferecem para elaboração de texto, análise de pesquisa, desenvolvimento de projetos ou criação de produtos e procedimentos é inalcançável. Todo dia, você que tenha um pouco de interesse no assunto, encontrará uma nova solução de IA.

Dos riscos que corremos, assim como acontece com todas as demais tecnologias à disposição, um deles é o deslumbramento e a hiper-dependência. As IAs generativas facilitam uma série de atividades como a elaboração de um texto sobre qualquer assunto que você se propuser a escrever (ou copiar). Porém, se você, refém desse nosso cérebro que está sempre em busca de atalhos para facilitar a sua vida, entregar apenas à IA essa tarefa, sem interferência e referências, corre perigo enorme de ver sua criatividade definhar, com a perda da capacidade de refletir e desenvolver pensamento crítico, que são as habilidades que nos oferecem vantagens competitivas. 

Um estudo recente que investiga equipes de trabalho e a Inteligência Artificial (IA), principalmente o uso do ChatGPT, esclarece realidades que tanto surpreendem quanto instruem. Este estudo, conduzido por Kian Gohar, CEO da GeoLab, e Jeremy Utley, da Universidade de Stanford, revela nuances importantes sobre a aplicação da IA em processos criativos de resolução de problemas nas organizações.

Colaboradores de quatro empresas, duas na Europa e duas nos Estados Unidos, foram divididos em equipes para enfrentar desafios empresariais específicos. Alguns grupos contaram com a assistência do ChatGPT, enquanto outros abordaram os problemas sem qualquer apoio da IA. O objetivo? Avaliar o impacto prático da IA generativa na geração de ideias e solução de problemas em equipe.

Os resultados, porém, foram modestos. Enquanto as equipes assistidas pela IA demonstraram um aumento significativo na confiança em suas habilidades de resolução de problemas – um salto de 21% –, as ideias geradas, em média, superaram apenas ligeiramente aquelas criadas pelos grupos de controle, com um modesto aumento de 8% no volume de ideias. Mais intrigante ainda foi o fato de que, embora as ideias geradas com a ajuda da IA tendessem a ser menos ruins, elas não eram necessariamente mais inovadoras ou criativas.

O foco aqui, segundo Gohar, não reside na capacidade da tecnologia, mas na abordagem e utilização desta tecnologia. A experiência demonstrou que a incorporação eficaz da IA em processos criativos requer uma redefinição do fluxo de trabalho e o desenvolvimento de novas competências. As equipes que se saíram melhor foram aquelas que trataram a IA não como um oráculo infalível, mas como um parceiro numa conversa contínua, explorando e aprofundando as ideias através de interações com a ferramenta.

Dentre as recomendações para maximizar o potencial da IA, destacam-se a necessidade de definir com precisão o problema a ser resolvido, dedicar tempo à discussão de ideias antes de consultar a IA, e treinar rigorosamente a ferramenta com informações detalhadas e específicas do contexto em questão. Além disso, a importância de manter um diálogo crítico e construtivo com a IA, desafiando-a e refinando as sugestões oferecidas, foi uma lição valiosa.

Joe Riesberg, vice-presidente sênior da EMC Insurance, uma das organizações participantes, reforça essa visão, destacando a importância de questionar e desafiar a IA para extrair respostas mais criativas e úteis. Sua experiência pessoal reflete um aprendizado crucial: a interação eficaz com a IA requer uma postura ativa, questionadora e, por vezes, crítica.

De volta a surpresa pelo desconhecimento de parcela dos estudantes de psicologia: volto a eles para lembrar que, enquanto muitos não se interessaram por essa tecnologia disruptiva, outros tantos engatinham ao explorá-la, e alguns se preocupam com a perda de autonomia ou criatividade, já temos profissionais bastante avançados nesse mercado.

Um dos usos frequentes entre os “vanguardistas do divã”  é a combinação do ChatGPT com ferramentas de análise de linguagem. A partir de textos escritos por pacientes, revelam-se aspectos significativos do estado emocional ou de processos cognitivos do paciente, auxiliando na formulação de abordagens terapêuticas mais direcionadas. 

É possível ainda criar cenários detalhados e realistas que podem ser utilizados em terapias baseadas em simulação. Isso é particularmente útil em abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), onde a exposição simulada a certas situações pode ajudar os pacientes a desenvolver estratégias de enfrentamento mais eficazes.

Entre riscos e possibilidades, minha sugestão: desdenhar das oportunidades em virtude dos perigos ou do medo do desconhecido é muito mais nocivo à sua formação profissional. Nessa encruzilhada entre a inovação tecnológica e o genuíno potencial humano, está a chave para uma nova era de descobertas e crescimento profissional: não é a ferramenta que define nosso futuro, mas a maneira como escolhemos usá-la. E a inteligência artificial será tão melhor quanto for a inteligência humana.

Foi graças ao The Shift que tive acesso ao estudo publicado na Harvard Business Review que me inspirou a escrever esse texto.

A difícil arte de não ser perfeita

Abigail Costa

@abigailcosta

Foto de Ramakant Sharda

Esse assunto vira e mexe está nos meus pensamentos, nas sessões de terapia, nas conversas com os amigos mais pacientes. Ninguém nunca de disse de forma direta: “você tem que ser ótima para ser aceita!”. Mas eu, sim, já disse para mim mesma várias vezes. Não com todas essas palavras “VOCÊ TEM QUE SER ÓTIMA” — talvez com quase todas.

Percebi  essa autopressão quando resolvi voltar à faculdade para um MBA,  anos atrás. Era pra ser um curso leve, gostoso, diferente: Gestão do Luxo, com duração de dois anos. Em três meses, os primeiros sintomas apareceram de forma tão dura e doída que fui parar no pronto-socorro. As dores no estômago eram persistentes tanto quanto a vontade em ser a melhor aluna do curso. 

Depois de muitas conversas com o Gastro e alguns dias de internação no hospital, me lembro do Dr Arthur Ricca ter sentado ao meu lado na cama e dito” “você não tem nada além de uma gastrite xexelenta; para de querer ser perfeita e vai cuidar da sua cabeça!”. 1×0 para o médico. Não entendi nada, mas fiquei feliz em não ter algo grave. Terminei o MBA com nota máxima e muitas cartelas de ansiolíticos.

Passados anos desse episódio, volto outra vez às cadeiras da faculdade para uma segunda graduação. Mal sabia que retornaria ao inferno já no primeiro mês de estudo.

São cinco anos para o curso de Psicologia, e logo percebi que novos sintomas estavam se instalando — insônia, aperto no peito e um medo terrível de ser desmascarada. Do quê? De não ser boa o suficiente!

Por causa dos meus cabelos grisalhos, já no primeiro dia de aula, de passagem no corredor, alguém me perguntou, você é professora? Bastou para ascender todas as luzes do “preciso ser perfeita”. Todas as disciplinas eram minuciosamente transcritas para o caderno (sim, eu gravava as aulas), além das anotações em sala de aula — inclusive, os suspiros dos professores… vai que eles sinalizavam alguma palavra não dita.

Me recordo de ter terminado um dia com as costas travadas. Fui parar na maca de uma massagista brilhante que não precisou de muita conversa para que ela me perguntasse: “por que você quer competir com você mesma? Qual a necessidade disso?”.

De novo tinha consciência do abismo em que eu despencava em queda livre mas não tinha a mínima ideia de como acessar o manual do paraquedas e voltar ao curso normal do voo.

Veio o isolamento social e o que estava ruim, degringolou. Pensava e dizia: “Não preciso provar nada pra ninguém!”. Ok! Mas ninguém me cobrava nada. O problema é que não conseguia ser eu mesma, tinha que ser a melhor, tinha de usar um personagem e personagem representa, é cansativo. Nesse meio tempo, conversava com amigos mais próximos ou não, com irmãs e terapeutas e descobri que essa necessidade de perfeição não vinha só com os  estudos, era no trabalho, em casa, na vida!

Pra começar, precisei de ajuda para reconhecer essa tarefa impossível de querer estar sempre em primeiro, da necessidade em sempre ser a primeira. Verdade que a parte mais fácil é reconhecer, aceitar — na prática tem sido um dia de cada vez. E confesso que embora seja difícil chega a ser engraçado. 

Agora, por exemplo, faço uma pós-graduação em Gerontologia (a ciência que estuda o envelhecimento). Não vou esconder que ainda transcrevo minhas aulas para o caderno. Estou melhorando, já não gravo mais! Pois bem, em um daqueles testes odiosos de “assinale a opção incorreta”, não prestei atenção e errei uma questão.  Fiquei sem a nota 10. Quando percebi ali o gatilho para desencadear um sofrimento e acabar com a minha tarde de férias, falei em voz alta (eu tenho essa mania): “Big, por favor, deixa disso, é só uma avaliação! Isso é perfeccionismo!”. 

Ao falar comigo mesmo, voltei para o meu “só por hoje”.  Sou boa! Só por hoje, eu não preciso ser perfeita!

E você? É perfeita? 

Abigail Costa é jornalista, tem MBA em Gestão de Luxo, é estudante de Psicologia na FMU, faz pós-graduação em Gerontologia, no Hospital Albert Einstein, e escreve como colaboradora a convite do Blog do Mílton Jung.

Mundo Corporativo: José Carlos Teixeira Moreira e a importância de saber falar outras culturas

“Sabe que hoje mais importante do que falar outras línguas é falar outras culturas?”

José Carlos Teixeira Moreira

A diversidade cultural brasileira influencia nas relações de negócio e precisa ser considerada para que a busca de resultados não seja frustrada. Negociar no Ceará é diferente do negociar no Rio Grande do Sul, construir relações com os clientes na Bahia não é o mesmo que construir em Minas Gerais. A distância é tamanha que até soluções criadas com esmero podem ser um fracasso se atropelarem os rituais culturais de cada uma das regiões.

Cansado de ouvir empresários reclamarem da cultura de alguns estados, José Carlos Teixeira Moreira, presidente da Escola de Marketing Industrial, decidiu ir a campo para entender a forma de pensar, de sentir e de reagir do brasileiro. Há cerca de dez anos, realizou mais de 14 mil entrevistas, em todos os estados, no interior e na capital, nos setores de indústria, serviços e comércio. Usou o método da teoria da dimensão cultural, publicado nos anos de 1980 pelo psicólogo holandês Geert Hofstede —- que se transformou em um parceiro de estudos e desenvolvimento de pesquisa.

Em entrevista ao programa Mundo Corporativo, José Carlos Teixeira Moreira explicou os aspectos culturais que pautam os negócios no Brasil e divulgou dados que sempre foram de domínio privado da Escola de Marketing Industrial —- parte do resultado desta pesquisa, você acessa nas telas disponíveis aqui no blog:

“Lembre-se de uma coisa: nenhuma cultura é ruim. Cultura é o jeito que eu vivo, o jeito que eu trabalho, é o jeito que eu morro … Se você respeita a cultura e usa os rituais que naquela cultura expressam o valor, você tem muito sucesso”

As empresas têm culturas próprias; e seus colaboradores, também. Tudo isso, somado e misturado com a cultura de uma região, cria um coquetel de informação que precisa ser muito bem compreendido dentro das dimensões que afetam a construção de valor entre empresas, das quais cinco fazem parte da metodologia de Hofstede:

  1. distância hierárquica
  2. individualismo/coletivismo
  3. masculinidade/feminilidade
  4. controle da incerteza
  5. orientação para o longo prazo

Para o estudo no Brasil, mais três dimensões foram analisadas:

  1. Fluxo: estabilidade x mudança
  2. Ansiedade: harmonia x tensão
  3. Autonomia: sujeição x protagonismo

Diante de tantas informações que podem ser coletadas, José Carlos recomenda que se invista um bom tempo para conhecer o seu parceiro de negócios em lugar de ficar refém de números expostos em relatórios. Ou, pior ainda, de preconceitos culturais que tornam intoleráveis as relações. 

“No Pólo Industrial de Camaçari, toda a gestão era de paulista, não podia colocar um baiano na gestão por conta desses arquétipos, desses rótulos. Tenho a impressão de que a riqueza da diversidade ainda não foi explorada como devia nos negócios”.

Um exemplo de diferenças culturais entre estados, citado na entrevista, é a que se percebe entre Paraná e Rio de Janeiro. Enquanto no estado do sul do país, tem-se uma visão de longo prazo, no Rio o que interessa é o aqui e o agora. É possível vender uma turbina —- que exige muito tempo de produção, construção e instalação —- nos dois estados, mas o negociador tem de oferecer informações que mostrem os ganhos imediatos para o empresário fluminense para convencê-lo de fechar o contrato.

“Sabe qual é o efeito adicional? Você passa a gostar mais das pessoas. Porque permite que você tenha o estranhamento amoroso. quando você vê que a pessoa tem cultura diferente e o valor é o mesmo.  Estranhamento amoroso é assim: é uma distância amorosa que não permite que eu seja tão familiar,  porque  a familiaridade impede de eu ver o outro. Eu vejo eu no outro. E como ele não é igual, eu brigo com ele o tempo todo”

Assista à entrevista de José Carlos Teixeira Moreira ao Mundo Corporativo, em 2017: “atenção ao óbvio da sua empresa

Assista à entrevista com José Carlos Teixeira Moreira ao Mundo Corporativo, em 2019: “a arte de clientar e apreçar”

O Mundo Corporativo pode ser assistido ao vivo, às quartas-feiras, às 11 da manhã, no canal da CBN no Youtube, no Facebook e no site. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativa. E esta também em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Juliana Prado, Bruno Teixeira, Matheus Meirelles e Débora Gonçalves.

Consumidores odeiam o atendimento por robôs, mostra pesquisa que indica caminhos para melhor servir

Por Carlos Magno Gibrail

Image by Gerd Altmann from Pixabay

 

Nos primórdios dos estudos organizacionais já se dizia que um cliente bem atendido difundia preciosamente aos amigos a satisfação com a marca ao relatar a ocorrência. O cliente mal atendido propagava a experiência ruim 10 vezes mais. Hoje, pela capacidade da mídia social essa propagação é potencializada. Com os avanços da era digital, os produtos e serviços se sofisticaram e se multiplicaram gerando expectativas aos consumidores maiores que as do mundo analógico.

A importância de possuir um Atendimento ao Cliente eficiente e pertinente ao conceito da marca é essencial.  Por isso é louvável que o Grupo Sercom fornecedor de serviços e plataformas tecnológicas de atendimento ao cliente, tenha encomendado ao Instituto de Pesquisa Qualibest um trabalho sobre a avaliação dos atendimentos nos vários sistemas existentes.

A pesquisa foi realizada entre 10 e 16 de março, nas vésperas da pandemia se alastrar entre nós. Participaram 1.081 pessoas, 58% mulheres, e a faixa etária correspondeu a 57% de pessoas entre 25 a 34 anos. Por região, Sudeste com 52%, Nordeste 31%, Centro-oeste 32%, Norte 4%.  

A segunda parte da pesquisa com a intenção de identificar mudanças que a pandemia poderia ter influenciado foi realizada no mês de setembro quando observou-se que a diferença não foi significativa. Apenas no item sobre a evolução da automatização aqueles que acreditam que falarão exclusivamente com robôs em cinco anos passaram de 57% para 66% —- acréscimo de 9 pontos percentuais. O estudo concluiu que os consumidores preferem interagir com pessoas do que com robôs —- a despeito de acreditarem que esses vão predominar gradativamente.

Aí está um quadro contraditório que caberá às empresas, cada vez mais empenhadas em conquistar e fidelizar consumidores, resolver. Com certeza um desafio extremamente compensador.

A pesquisa é um dos recursos ao sinalizar preferências e resistências geradas pelas mudanças da nova era. Nesse caso, de início indicou que o atendimento por robô com telefone é “odiado” por 41% das pessoas enquanto 39% “não gostam”. Ao mesmo tempo, o Atendimento Humano por telefone é preferido por 43% das pessoas, as demais por Chat, por WhatsApp ou por Telegram. 

No caso do uso do SAC, independentemente do motivo, a preferência é 51% pelo Chat, 49% pelo WhatsApp, 47% pelo e-mail e 43% pelo telefone.

Para resolver um problema, o telefone é preferido por 40% dos entrevistados, para cancelamento por 39%, e para reclamação por 36%.

Para comprar um produto, a melhor opção é o site da empresa, assim como para rastrear um pedido, e para fazer um elogio. 

Os setores mais demandados de SAC foram a telefonia 72%, os Bancos 57%, a TV a cabo 43%   e o e-commerce 36%.

Na busca do SAC o intolerável é a espera, e a satisfação é a rapidez.

As recomendações dos pesquisados: 94%, sugerem mais agilidade, atendimento humanizado, funcionários mais bem preparados e aprimoramento de robôs.

Eis aí um punhado de itens que, atendidos, poderão revolucionar e diferenciar qualquer negócio da nossa era digital.  

Carlos Magno Gibrail é consultor, autor do livro “Arquitetura do Varejo”, mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.   

O segredo da longevidade

Por Simone Domingues

@simonedominguespsicologa

Image by Mabel Amber from Pixabay
Image by Mabel Amber from Pixabay

“Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossivel ser feliz sozinho”

Antonio Carlos Jobim

Se a gente conseguisse ver um filme da nossa vida até a velhice, quais seriam nossas escolhas? O que faríamos para ter uma vida mais longa, com saúde e bem estar? Diante dessa pergunta muitos responderiam sobre hábitos saudáveis de alimentação, atividade física, dinheiro e controle dos fatores de risco cardiovascular. Diversas pesquisas mostram que esses fatores são importantes no processo, porém, um estudo que vem sendo realizado há quase oito décadas, por pesquisadores de Harvard (orginalmente Study of Adult Development), aponta para um indicador  fundamental para a felicidade e longevidade: manter bons relacionamentos.

Inicialmente, o estudo acompanhou 268 rapazes estudantes da Universidade de Harvard e 456 moradores de bairros pobres de Boston, ao longo da vida, monitorando seu estado mental, físico e emocional.  Os participantes do estudo responderam, por décadas, questionários sobre sua família, seu trabalho e sua vida social. Além disso, participavam periodicamente de check-ups médicos, incluindo análise de amostras de sangue e investigação do funcionamento cerebral.  

A pesquisa que ainda continua e está na segunda geração, agora contando com mulheres e homens, filhos dos primeiros participantes, apresenta diversos dados interessantes, como o fato do alcoolismo ser um dos fatores que antecederam a quadros de depressão e a principal causa de divórcio entre os participantes. O alcoolismo associado ao tabagismo foi o maior responsável pelo aumento da incidência de doenças e de morte precoce. Entretanto, para os pesquisadores, foi surpreendente a associação obtida no estudo entre envelhecimento saudável e bons relacionamentos.

Manter relacionamentos saudáveis significa ter alguém em quem confiar. Significa estabelecer bons vínculos e se manter conectado com familiares, amigos e com a comunidade. Segundo dados da pesquisa, manter bons relacionamentos torna as pessoas mais felizes, fisicamente mais saudáveis e aumenta a longevidade. Por outro lado, pessoas mais solitárias do que gostariam, apresentam níveis mais baixos de felicidade, piora da saúde após a meia idade e vivem menos dos que aqueles que não estão sozinhos.

A percepção de solidão pode ocorrer mesmo quando se está numa multidão ou num relacionamento duradouro, portanto, se sentir sozinho não envolve o número de pessoas que se tem ao redor, mas a qualidade dos relacionamentos. Relacionamentos saudáveis são aqueles que envolvem afeto, segurança, que nos permitem ser quem somos, oferecendo aos outros a mesma  oportunidade de serem o que são.

Agora, como passar por dificuldades na vida — problemas financeiros, perda de emprego ou outros tantas problemas — sem ter atitudes que nos afastem, nos isolem dos amigos, da família e da pessoa amada?

A resposta sinaliza para o conhecido “amar não basta, é preciso demonstrar”. Ou seja, diante das durezas da vida, a capacidade de gerenciar as emoções e o estresse permitindo que a gente se mantenha próximo, contando com aqueles com os quais nos relacionamos e que também podem contar conosco, parece fazer a diferença. 

Manter bons relacionamentos vai exigir investimento: de tempo, de atitudes, de disposição. Infelizmente, numa sociedade competitiva, onde somos treinados para produzir e acumular coisas, muitas vezes nossas prioridades estão na carreira, no sucesso e no dinheiro… e deixamos de cultivar momentos com as pessoas a quem queremos bem.

Às vezes uma disputa de jogos com os filhos, uma mensagem para um amigo, um jantar olho no olho com a pessoa amada — e sem tela do celular para espiar a rede social –- é revigorante e fortalece as relações.

Martin Seligman, professor de psicologia na Universidade da Pensilvânia, destaca que poucas coisas positivas são solitárias e faz um questionamento pertinente: quando foi a última vez em que você gargalhou escandalosamente? Qual a última vez em que sentiu uma alegria indescritível? Quando foi a última vez em que se sentiu muito orgulhoso de uma realização? 

Seligman sugere que possivelmente todas essas situações aconteceram em torno de outras pessoas, que são antídotos para os momentos ruins da vida e a fórmula mais confiável para os bons momentos.

Possivelmente, algumas pessoas não se importam com a solidão, muitas vezes até preferem estarem sozinhas, mas considerando como o riso fica fácil quando estamos com pessoas queridas e somando-se os dados da pesquisa de Harvard, não sei se é impossível ser feliz sozinho, como propôs Tom Jobim, mas pelo menos parece mais leve e prazeroso se a gente estiver bem acompanhado.

Saiba mais sobre saúde mental e comportamento no canal 10porcentomais

Simone Domingues é Psicóloga especialista em Neuropsicologia, tem Pós-Doutorado em Neurociências pela Universidade de Lille/França, é uma das autoras do perfil @dezporcentomais no Instagram. Escreveu este artigo a convite do Blog do Mílton Jung

O destino das lojas de shopping no pós-pandemia

Por Carlos Magno Gibrail

Comércio fechado durante pandemia (Foto: Pixabay)

A busca pela resposta certa à pergunta abaixo tem aparecido em palestras, artigos, seminários e em toda sorte de mídia social — até em improvisadas pesquisas. Então, antes de seguir em frente, vote na nossa enquete:

O que nós pensamos?

Nessa equação, deve-se levar em consideração o preço da locação das lojas e a possibilidade de termos um novo perfil de clientes. Acreditamos que realmente os shoppings têm custos elevados e o consumidor poderá apresentar um novo comportamento. Isso não significa que, com certeza, as lojas migrarão para as ruas.

Primeiro, porque os altos custos dos shoppings são condizentes com os perfis da demanda. E, segundo, porque o novo comportamento do consumidor provavelmente não abrirá mão do conforto e da segurança que as ruas não fornecem. Se o consumidor não aderir, nada mudará nesse sentido.

Stern, sócio da consultoria McMillanDoolittle (foto: divulgação)

Vai mudar possivelmente de acordo com o que se ouviu no Global Retail Show 2020, quando Neil Stern, sócio sênior na consultoria do varejo McMillanDoolittle, dos Estados Unidos, afirmou que o e-commerce será o responsável pela mudança do varejo, na medida em que a loja física necessitará de um produto de “valor extremo”, de “conveniência extrema” e de “experiência extrema” para atrair o consumidor.

Você pode assistir às palestras gratuitas no Global Retail Show 2020 que se iniciou dia 15 de setembro, terça-feira, e vai até o dia 19, sábado.

Entretanto, é importante observar que não é possível no cenário de hoje, onde vemos a pandemia afetando todos e tudo, desenvolver um método de projeção consistente para o futuro, pois não há histórico. De outro lado, não é possível projetar como os shoppings reagirão a eventual situação de êxodo dos consumidores quer para as ruas quer para a internet. Pelo que sabemos, ainda não foi realizada pesquisa ou trabalho científico sobre essa importante matéria.

Uma época que vale lembrar em termos de projeção do futuro é a década de 1960, pródiga em previsões. Especificamente o ano de 1967, quando foram produzidos três trabalhos significativos e com grande repercussão: 

“O Novo Estado Industrial” de John Kennet Galbraith, que previu a tecnoburocracia, que alavancaria a corrupção quando o público e o privado passassem a negociar.

“O Desafio Americano” de Jean-jacques Servan-schreiber, que previu o domínio americano diante da incapacidade europeia de se unir, e a indecisão sobre o papel da Ásia.

“O Ano 2000” de Herman Kahn e Anthony J. Wiener, do Hudson Institute, que, baseado em projeções econômicas e sociais, apresenta as configurações prováveis que o mundo poderia ter, possibilitando um possível controle da história. No prefácio, Roberto Campos chama a atenção pela futura e preocupante taxa de empregabilidade do Brasil.

Convém lembrar, que dois anos depois o astronauta americano Neil Armstrong pisou na lua, e em Bethel, cidade do estado de Nova York, realizou-se o Festival de Woodstock, revolucionando a música, os costumes, e descortinando a segmentação de mercado. 

Aqui entre nós ainda não apareceu nenhum estudo que tivesse as condições de credibilidade necessárias. Enquanto isso, as lojas poderiam escolher as áreas em evidência, para se completar ou atualizar, sabendo que a velocidade das mudanças será sempre aumentada: digitalização, inteligência artificial, qualificação extrema, e a maior omnicanalidade possível.

Carlos Magno Gibrail é consultor, autor do livro “Arquitetura do Varejo”, mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.  

Como apresentar uma aula pelo rádio e ganhar a audiência do seu aluno

O rádio é transformado em sala de aula na pandemia (Foto: Pixabay)

 

Tem em Osório, no Rio Grande do Sul; tem em Pindamonhangaba, em São Paulo; tem em Mulungu; no Ceará; e tem também em Ruy Barbosa, na Bahia. Tem aula sendo apresentada no rádio em várias partes do Brasil, desde que as escolas fecharam devido ao risco de contaminação dos alunos com a pandemia.

Sem a tecnologia mais avançada à disposição, sem sinal de internet na região e sem celulares na mão, alunos recebem o conteúdo possível sintonizando emissoras locais ou comunitárias. Prefeituras, professores e gestores de educação tiveram de se adaptar diante das carências de cada região. Com o material didático e uma dose grande de resiliência os alunos tentam absorver o conhecimento através de um veículo no qual a maioria só ouvia música.

Com a preocupação de reduzir o prejuízo no aprendizado desses jovens —- e mesmo de adultos que se alfabetizam no EJA —-, o Núcleo de Estudos de Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) elaborou um guia para que os professores tirem proveito dos recursos que o rádio oferece.

São 10 dicas que podem ajudar o professor, beneficiar os alunos e fornecer a você, que imagina um dia trabalhar com o veículo, na área da educação ou não, um conhecimento básico sobre como transmitir da melhor forma a mensagem pelo rádio. São dicas para situação de emergência, porque o rádio pode ser ainda mais bem explorado. Mas deixemos esses outros recursos para quando a situação se acalmar.

O guia leva a assinatura dos professores Luiz Artur Ferraretto, doutor em comunicação e dos maiores entusiastas do rádio que conheço, e Fernando Morgado, mestre em economia criativa. O trabalho se inicia inspirado por frase de Edgar Roquette-Pinto, pai da radiodifusão brasileira, criador da primeira emissora no Brasil:

“Ensine quem souber, o que souber, a quem não souber”

Com “Dez passos para o ensino emergencial no rádio em tempos de Covid-19”, o NER trata de elementos que estão ao alcance dos educadores, e não cai na tentação de querer ensinar o professor a dar aula, mesmo que algumas das dicas a seguir sejam muito úteis para o dia a dia na escola —- quando isso se tornar possível novamente.

O trabalho completo vale a pena ser baixado. O arquivo está disponível no site do Núcleo de Ensino de Rádio. A seguir, um resumo de cada passo e a minha recomendação: faça essa caminhada junto com o seu aluno:

1 — Conheça como funciona o rádio

“Do final do século passado até a atualidade, o rádio não mudou e, ao mesmo tempo, mudou muito”. Muitas mudanças no campo da tecnologia e transmissão do sinal; e a perseverança na ideia de que a relação apresentador e ouvinte ou professor e aluno se baseia em um diálogo que se altera “entre uma espécie de palestra e algo próximo de bate-papo”. Nessa conversa, um desafio para quem precisa da atenção do aluno “o caráter sonoro da mensagem permite que o ouvinte realize outra atividade em paralelo à escuta”.

2 — Não tenha medo de falar ao microfone

Todo mundo estranha quando ouve sua voz pela primeira vez em uma gravação. Não se preocupe. É apenas a falta de costume de ouvir a si mesmo. Seus alunos já o conhecem pela voz e vocabulário que usa. O NER chama atenção para que ninguém se intimide por não ter aquilo que se consagrou no passado como voz de locutor de rádio: “falar claramente é muito mais importante do que possuir um vozeirão”. 

Outra sugestão que entendo ser relevante. Sua fala vai além da sua voz, inclui gestos, expressões e postura, portanto “se na sala de aula e no dia a dia você gesticula, faça o mesmo ao falar em rádio”. A palavra ganha vida.

3 — Não fale sozinho

Formem duplas ou trios de professores, assim o que seria um monólogo vira conversa e a mensagem chega mais agradável ao ouvinte. Um recurso pode ser a entrevista com pessoas que ajudem a ilustrar a temática abordada.

4 — Bata papo com a turma

“Como fazem os comunicadores, vocês precisam fingir que conversam com o seu público, criando uma espécie de bate-papo imaginário com alunas e alunos” e para que isso funcione é preciso conhecer bem o público para o qual se destina o conteúdo.

5 — Explore o ambiente dos alunos

Como já dito, no rádio você disputa a atenção do ouvinte com outros estímulos que estão à sua volta. Entre no cotidiano do seu aluno. Use expressões tais como: “você que está escutando a gente em sua casa, cuidando do irmãozinho menor enquanto a mãe foi para o trabalho …” etc

6 — Vá direto ao assunto

A mensagem no rádio é altamente fugaz ou volátil, lembra o guia. Então, vá direto ao assunto, descrevendo-o com começo, meio e fim. Se me permitem os autores do texto, dou meu pitaco: “seja simples, direto e objetivo” — é o mantra da boa comunicação.

7 — Ensine em módulos

A transmissão no rádio é a simulação de uma conversa. Não se trata de um bate-papo de mesa de bar. Precisa ser uma comunicação planejada, não necessariamente escrita —- recomenda-se que não o seja. Faça um roteiro dos temas e separe o conteúdo em blocos de 5 a 10 minutos, crie novos estímulos e volte ao assunto em seguida para manter a atenção do aluno.

 

8 —  Pare e pense

A cada passo é necessário analisar o que foi realizado e quais os resultados obtidos. Faça uma autoavaliação do lado de quem emitiu o conteúdo.

9 — Seja redundante

Com bom senso, é claro. No começo da aula explique o que será tratado e, no meio do caminho, retome alguns pontos de forma resumida. Sempre que tiver alguma informação que precisa ficar na memória do ouvinte, não se reprima: repita a sentença.

10 — Comece tudo de novo

A cada novo programa como a cada nova aula, saiba que você vai precisar recomeçar. Se os passos anteriores foram dados com sensates, o recomeça será apenas uma consequência, ensina o guia.

Bom programa, ótima aula e se cuide!

Observatório avalia desempenho dos vereadores de São Paulo

 

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Um desafio das organizações sociais é a criação de critérios objetivos para monitorar a qualidade do trabalho legislativo, especialmente quando o foco é a cidade, ou seja, a câmara municipal e os vereadores. Em São Paulo, tenho assistido a esse esforço desde os primeiros rankings publicados pela ONG Voto Consciente —- que deixaram de ser realizados pela falta de concordância nos elementos que se deve levar em consideração no momento da avaliação.

 

Semana passada, foi a vez do Observatório Social do Brasil — São Paulo, que apresentou os primeiros dados levantados pelo projeto Monitoramento do Legislativo, criado pelos professores Humberto Dantas e Luciana Yeung. A metodologia desenvolvida pelo Observatório —- ou pelos observadores —- indica se o legislador cumpre sua função a partir de quatro eixos:

 

Promovedor, quando exerce seu papel de legislar

 

Cooperador, quando aprova temas de interesse da Prefeitura favoráveis à cidade

 

Fiscalizador, quando fiscaliza o Poder Executivo

 

Transparente, quando permite que o cidadão tenha atuação e proximidade com o parlamento.

 

O ideal é que o vereador atue bem nas quatro áreas, propondo leis, votando projetos de interesse da cidade, cobrando informações da prefeitura e oferecendo suas informações ao cidadão.

 

De forma geral, a Câmara de São Paulo, nos dois primeiros anos desta legislatura, teve melhor desempenho nas funções fiscalizadora e de transparência—- mesmo que não tendo atingido a área de excelência na pesquisa. O pior resultado ficou na execução de seu papel de promovedor, curiosamente a função talvez que o cidadão mais reconheça no vereador.

 

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Em 2018, 47% das propostas se enquadraram como sendo de baixo impacto, que são projetos que se referem a datas comemorativas, homenagens e nomes de rua. Um padrão nos legislativos municipais em todo o Brasil.

 

Poucas propostas tiveram como objetivo a transparência e o combate à corrupção, foi o que constatou o levantamento. Poucas mesmo: apenas 17 no caso de transparência, apenas 26, no combate à corrupção.

 

No somatório de projetos apresentados, independentemente da complexidade, houve uma queda pela metade no número de projetos apresentados entre o primeiro (1.638 projetos) e o segundo ano (885 projetos) do mandato. Uma explicação possível: no primeiro ano de legislatura, os vereadores, especialmente os novatos, apresentam uma quantidade enorme de projetos de lei que serão discutidos e votados (ou não) ao longo dos quatro anos —- o que levaria a redução no ritmo de proposições no restante do mandato.

 

A apresentação de dados na semana passada foi marcada por discussão com especialistas e interessados no tema, além de ter contado com a presença de apenas dois dos 55 vereadores de São Paulo: José Police Neto e Soninha Francine. E eis aqui mais uma coisa que não me surpreende em todo este tempo que acompanho a política municipal. Geralmente são sempre os mesmos parlamentares que aceitam participar dessas discussões sobre a qualificação do legislativo. É uma pena, pois a colaboração dos demais vereadores ajudaria e muito a melhorar o desempenho da Casa e, especialmente, a inspirar o cidadão no acompanhamento do trabalho legislativo — o que me parece não é do interesse da maioria deles.

 

Diante das discussões realizadas, o Observatório anuncia, em seu site, que decidiu complementar a apresentação com elementos de análise dos números levantados pela equipe mas que apresentará o estudo completo ainda neste mês e outubro.

 

Vale muito olhar com cuidado esse trabalho. Ano que vem, tem eleição municipal. E esses vereadores que aí estão vão correr atrás do seu voto. Será que eles merecem? Você decide.