Mundo Corporativo: Alana Leguth, da KondZilla, reforça o valor da autenticidade na comunicação

Alana Leguth em entrevista ao Mundo Corportivo Foto: Letícia Valente

“Se você não fizer o seu produto se destacar de alguma forma, ele vai ser só mais um lá na estante e a estante é bem grande.”

Alana Leguth, Kondzilla

No cenário do funk e nas comunidades das favelas brasileiras, o desafio de comunicar-se com diversos públicos é enorme, mas essencial. Alana Leguth, cofundadora da KondZilla, holding de entretenimento de renome mundial, partilhou sua experiência e estratégias no programa Mundo Corporativo, da CBN. A entrevista revela a trajetória de uma empresa que começou em um quarto no litoral paulista e se transformou em uma potência global de entretenimento.

A KondZilla, que conta com mais de 67 milhões de inscritos no YouTube, ilustra como identificar e abraçar oportunidades, mesmo sem conhecimento prévio, pode levar ao sucesso. “Conforme foram aparecendo as demandas, a gente foi aproveitando as oportunidades, mesmo que a gente não soubesse fazer. A gente aprendia a fazer”, explica Alana. Esse espírito empreendedor permitiu que a empresa se expandisse e se consolidasse no mercado.

Alana e seu marido, Konrad Dantas, criaram a KondZilla em 2011, quando ainda moravam no Guarujá, litoral paulista. Ela formou-se em farmácia, mas não seguiu carreira, pois decidiu apoiar Konrad desde o início do empreendimento.

A autenticidade na comunicação

A autenticidade é um elemento central na estratégia de comunicação da KondZilla. Alana destaca que a conexão verdadeira com o público é essencial: “Se você não souber se comunicar com esse público pode soar forçado, pode soar de forma pejorativa.” A KondZilla se estabeleceu como uma autoridade no meio por entender e respeitar a cultura da favela, comunicando-se de maneira natural e autêntica.

A força dessa comunicação se manifesta em diversas áreas. No mundo da moda, por exemplo, as tendências muitas vezes nascem nas favelas. Segundo Alana, um caso típico desse fenômeno são os chinelos Kenner, populares entre os jovens de favela do Rio de Janeiro e que influenciam a moda mainstream. Essa conexão com o público jovem de classes C e D mostra o potencial econômico que muitas vezes é subestimado.

Dar voz às mulheres do funk

Alana também é a criadora do selo HERvolution, um projeto dedicado a fortalecer a voz feminina na indústria musical. A iniciativa surgiu de uma percepção de desigualdade: “A mesma atenção que era dada aos artistas homens não era dada às artistas mulheres.” O HERvolution oferece oportunidades para artistas mulheres gravarem e distribuírem suas músicas, sem necessidade de contrato de agenciamento.

A trajetória da KondZilla e de Alana Leguth é uma inspiração de como a inovação, autenticidade e capacidade de aproveitar oportunidades podem transformar desafios em grandes sucessos. A experiência dela e de sua equipe oferece valiosas lições para empresas e indivíduos que desejam se destacar no mercado e se comunicar eficazmente com diversos públicos.

Assista ao Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

A tristeza que se expressa nas mortes da Paraisópolis

 

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Foi triste a segunda-feira. Uma extensão da tristeza de domingo quando as informações da morte de jovens em uma festa na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo começaram a chegar. A segunda foi ainda mais triste porque a morte deflagrou uma série de comentários absurdos, desrespeitosos e desumanos. E essas reações me entristecem porque revelam como está partida a nossa cidade. A nossa sociedade.

 

Há duas versões sendo apresentadas.

 

A polícia diz que foi atacada por uma dupla que estava em uma moto, que fugiu em direção a festa e aproveitou-se do aglomerado de pessoas para transformá-las em escudos humanos. A equipe da Força Tática, que foi reforçar a ação, chegou no local e foi agredida com pedradas e garrafadas. Nenhum policial fez disparos com arma de fogo. Usaram apenas munições químicas para dispersão.

 

Os frequentadores do baile disseram que os policias bloquearam as duas saídas do local. Houve correria. A polícia disparou com armas de fogo e bala de borracha. Arremessou bombas de gás e usou sprays de pimenta contra a multidão. Agrediram com garrafadas, cassetetes, pontapés e tapas pessoas já imobilizadas.

 

É bem possível que as duas tenham vestígios da realidade. Somente a investigação será capaz de descobrir. Mas teríamos de acreditar no rigor desse trabalho.

 

O incontestável, no meu entender, é que a tentativa de dispersão das três mil pessoas que participavam no Baile da 17, seja pelo motivo que for, foi um descalabro. E a Polícia Militar tinha obrigação de saber disso.

 

As polícias militar e civil, assim como as forças de segurança pública constituídas, têm o privilégio da força e da violência, garantido e observado pela Constituição. E por tê-lo precisam agir, acima de tudo, com responsabilidade, prudência e inteligência. Jamais podem extrapolar esse direito sob o risco do descontrole social.

 

Ao mesmo tempo, transformar em criminosos todos os frequentadores do baile funk, que desde o início dos anos 2.000 se realiza naquele espaço ao ar livre, levando multidões aos fins de semana, é uma demência que expressa bem como estamos socialmente doentes. Ideia que se fortalece quando tentam relativizar as mortes como muitos buscaram fazer enquanto questionavam a existência desses eventos e a presença da juventude naquele local — como se proibir qualquer uma daquelas manifestações fosse o suficiente em regiões onde a única ação do Estado, quando existe, é a da polícia.

 

Querer que se apure e se puna os responsáveis é o mínimo, diante dessa situação. Não parece, porém, que haja muita gente interessada em encontrar a resposta certa. Pois todos querem apenas confirmar suas convicções. Garantir sua razão. Apontar o dedo e repetir: “eu avisei!”. E jogar a culpa para o lado de lá.