Santos 3 x 1 Grêmio
Copa do Brasil – Vila Belmiro
Vi Pelé jogar, ao vivo, uma única vez, no fim dos anos 60. Não tinha mais do que cinco anos de idade e fui ao estádio grudado na mão de meu pai, ansioso para assistir ao maior jogador de futebol do mundo. Da minha casa ao Olímpico, o caminho era curto e precisava passar por uma ruela de areia, com esgoto correndo dos dois lados.
Lembro pouca coisa daquele dia. O estádio cheio, um alambrado dividindo as arquibancadas da pista que circunda o gramado e eu driblando o corpo das muitas pessoas que estavam em pé na minha frente para enxergar Pelé. Arrisco dizer que minha memória guarda a imagem dele conduzindo a bola no meio de campo. Mais não sei dizer.
Mas eu vi Pelé jogar. E ninguém será igual a ele.
Hoje à noite, meu Grêmio enfrentou um grande adversário. Que não tem mais Pelé, mas tem Ganso, um craque que por seu equilíbrio é capaz de desequilibrar qualquer partida. E o fez no único momento em que sua marcação esteve desatenta. Assim são os jogadores excepcionais.
O futebol jogado pelo Grêmio, em especial no primeiro tempo, esteve a altura do que se esperava para esta partida. E encheu os olhos do torcedor. Demonstrou segurança e maturidade, foi eficiente na marcação, não deixou o adversário jogar, fez a bola passar de pé em pé com velocidade e chegou várias vezes ao gol.
Cada roubada de bola e saída para o ataque me davam orgulho de torcer por um time como este. Faziam aumentar minha esperança em uma temporada que apenas se inicia. Abria meus olhos para o jogo de qualidade que somos capazes de executar, e para o quanto podemos evoluir ainda este ano.
Porém, o Santos tinha Ganso e isto faz diferença.
Ganso não é nem nunca será Pelé. Mas é um atleta que vale a pena assistir em campo, mesmo quando enfrenta nosso time do coração.