Grêmio 2 (0) x 1 (1) Inter
Gaúcho – Olímpico Monumental
Um guri de meia com os punhos cerrados e os braços esticados canta o hino do Grêmio sobre o travessão da goleira que fica do lado do campo em que está a torcida Da Geral. Ele acabara de jogar sua terceira partida vestindo a camisa do Imortal Tricolor consagrando um sonho de criança e se sagrando Campeão Gaúcho. Neuton – que aceita ser chamado Nilton – já havia comemorado roubadas de bola, gesticulado com raiva chutes para a lateral e feito a torcida vibrar com uma escapada pela linha de fundo e um cruzamento que lhe renderam o escanteio e o nocaute ao adversário.
Incorporou naquele momento minha vontade neste domingo. Estar lá no alto, cantar com todo gás e perder a voz com o grito de campeão. Muitas vezes foi isso mesmo que fiz, pulei ao lado de todos os torcedores, o suor escorreu pelos cabelos – era um tempo em que eles eram fartos -, a garganta parecia explodir junto com a emoção e cantei o hino repetidas vezes sem jamais cansar.
Comemorei como um torcedor alucinado na arquibancada até o fim da minha adolescência, mas festejei também na época em que repórter de campo me ofereciam a chance de participar da jornada final, como na foto que aparece neste post, feita em 1987. Fui campeão, ainda, narrando pela televisão a decisão da Copa do Brasil, em 2001. E nestes anos todos que estou em São Paulo, diante da TV, sentado – às vezes, em pé – no sofá de casa, vibrei com gritos contidos para não assustar a vizinhança.
Por isso, me emocionei ao ver a felicidade de Neuton na imagem fechada da televisão. Poderia ter me fixado na alegria de Jonas e na brincadeira de Hugo, na corrida pelo gramado de Leandro, na satisfação do primeiro título do capião Vitor, no sorriso do atacante Borges.
Mas em um futebol de jogadores ciganos que perambulam de um clube para o outro, sem tempo de construir sua paixão, são estes guris que nasceram ali na redondeza do Olímpico Monumental é que conseguem revelar quanto pode ser sincero o beijo no escudo de seu time. Eles sabem o valor de uma vitória sobre o rival de sempre.
Jovens que há pouco brincavam de futebol na várzea, batiam bola no meio da rua e narravam suas próprias jogadas, são estes que comemoram como sempre comemorei os títulos de meu time. Sem esperar nada em troca, sem imaginar para onde aquela conquista me levará. Apenas, única e exclusivamente, pelo prazer de gritar:
“O meu Grêmio é campeão !”







