O radinho de pilha ainda está sobre o balcão, mas no escritório foi abduzido pelo computador. O ouvinte-internauta navega nas novas mídias, mas ainda ouve no rádio o mesmo que ‘antigamente’ e nas mesmas emissoras que no passado (entenda por antigo e passado qualquer coisa que tenha acontecido mais de um ano atrás). São algumas das informações que podemos encontrar na pesquisa realizada pelo Grupo de Profissionais do Rádio, com a participação de 2.580 pessoas convidadas a entrar na internet e a responder ao questionário, em setembro.
Dos que responderam, 79% disseram que ouvem rádio em casa, 64% no carro e 46% no trabalho. Antes que você me cobre, a somatória ultrapassa os 100% porque as pessoas ouvem rádio de diferentes maneiras, dependendo a necessidade e a possibilidade. E a pesquisa permitia em algumas questões múltiplas respostas.
Para constatar a mudança de hábito na mesa de trabalho, onde provavelmente está o seu computador, tomei como base a questão “você costuma ouvir rádio através de …”. Apesar do aparelho de rádio ter sido citado por 74%, ouvir rádio na internet pelo computador alcançou a marca de 63%, superando, inclusive, o rádio do carro, 61%. Destaco ainda aqueles acostumados a sintonizar o rádio no celular (37%) ou no Ipod (21%).
É curioso ver que apesar da enorme quantidade de ouvintes-internautas, a maioria ainda busca as emissoras que estava acostumada no off-line. Somando as respostas, 88% ouvem na internet, emissoras que estão no AM e/ou FM. E o que ouvem ou buscam nos canais de rádio na internet ? O mesmo que ouviam no aparelho de rádio: a programação que está no ar, disseram 83% dos entrevistados, com destaque para o binômio música (66%) e notícia (60%)
Isto não quer dizer que o novo ouvinte não dá valor para os demais serviços oferecidos pelas emissoras que estão rede. Cresce o interesse a medida que ele passa a navegar no site da rádio. Mais da metade (51%), por exemplo, vai atrás dos blogs dos comentaristas/locutores (de minha parte, obrigado); e parte do público (28%) ouve podcast.
Por enquanto, a maioria dos ouvintes-internautas apenas trocou a forma de propagação do som, das ondas criadas pelo alemão Heinrich Rudolf Hertz pelas do britânico Tim Berners Lee. Não se engane, porém: estamos trabalhando com uma audiência de ‘migrantes digitais’ que aprende como boa parte de nós a navegar neste novo mundo, mas a audiência que dará vida ao rádio está nos ‘nativos digitais’ que nasceram na década de 80 e aprendem que tem o poder de controlar o consumo de mídia, ouvindo o que querem, na hora que podem ou quando precisam.

