Rádio, João Fonseca e um capítulo para guardar

O rádio ao vivo é uma paixão antiga, dessas que o tempo só faz crescer. Em quase 40 anos de jornalismo, já vivi de tudo: tensão, tragédia e êxtase. Cada transmissão é como uma corda bamba, e o equilíbrio depende do improviso, da escuta e da alma. Planejar? Quase sempre é apenas um desejo.

Foi assim na manhã desta terça-feira, 14 de janeiro de 2025 — guarde essa data. Enquanto apresentava o Jornal da CBN, algo especial aconteceu. Eu compartilhava com os ouvintes os momentos decisivos de uma partida de tênis. Mas não era uma partida qualquer. Era a estreia de João Fonseca, uma promessa de 18 anos, no Aberto da Austrália, um dos torneios mais importantes do circuito internacional.

João enfrentava Andrey Rublev, o número 9 do mundo. E, no instante do match point, bem no momento em que falávamos sobre economia e a fake news da taxação do PIX (não haverá taxação, que fique claro), pedi licença à Cássia Godoy e à Marcella Lourenzetto. Não dava para deixar aquele momento escapar.

Ali, com o microfone em mãos, vivi algo que só o rádio pode proporcionar. Era como se estivéssemos todos na beira da quadra, testemunhando um jovem brasileiro escrevendo sua primeira página em um Grand Slam. A vitória veio: 3 sets a 0. João Fonseca, que muitos já apontam como a grande revelação do tênis internacional, deu um passo gigante para cravar seu nome na história.

Em meio a tudo isso, chegou uma mensagem de Ribeirão Preto. Um ouvinte dizia que, ao ouvir sobre João, sentiu-se transportado para os tempos de Gustavo Kuerten, quando o Guga surgia como um furacão no tênis mundial. “Revivi a emoção de acompanhar a CBN nos anos 90”, escreveu ele.

Por sugestão do Paschoal Junior, nosso mestre das operações de áudio, decidi guardar no meu arquivo pessoal o anúncio dessa vitória. Não é sempre que temos o privilégio de contar, ao vivo, o começo de algo que pode se tornar histórico.

E, como bem sabe quem ama o rádio, o histórico começa sempre com uma voz.