Leio que Rafael Greca será candidato do PMDB para prefeitura de Curitiba e me lembro de ideia inusitada defendida por ele em entrevista que fiz na época em que apresentava o CBN São Paulo. Em 1998, o País assistiu às denúncias de envolvimento de funcionários da prefeitura de São Paulo em casos de corrupção, durante a gestão Celso Pitta, que levaram a Câmara Municipal a instalar a CPI da Máfia dos Fiscais. Foi um marco na luta contra a corrupção, definiu o promotor Roberto Porto, do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), pois pela primeira vez na história da cidade um vereador foi condenado à prisão. Vicente Viscome, denunciado em 1999, foi para a cadeia por fazer parte do esquema de cobrança de propina.
Greca em mais uma de suas ideias mirabolantes propôs que São Paulo criasse uma espécie de roteiro turístico da corrupção que passaria pela sede do Ministério Público, onde as investigações eram feitas, pela Câmara Municipal, que havia instalado a CPI e de onde saíram parlamentares envolvidos no caso, pelos prédios que teriam sido beneficiados com o pagamento da propina, e, claro, pela cadeia onde Viscome estava preso. O ex-vereador seria apresentado como um troféu no combate à corrupção. Imagino que este roteiro ganharia novos rumos, incluindo, hoje, os shoppings centers que pagaram para construir além do permitido por lei ou criaram vagas invisíveis de estacionamento.
A ideia, lógico, não prosperou. Tempos depois, Rafael Greca acabou deixando o Ministério do Turismo acusado de envolvimento com casas de bingo e máquinas caça-níquel (incrível, Carlinhos Cachoeira já tinha seu dedo nesta história). Nada ficou provado contra ele, mas as denúncias marcaram sua carreira política. A propósito: Vicente Cândido condenado a 16 anos de prisão já está em liberdade e chegou a pensar em voltar para a política. Não conseguiu (até agora).