Por Armando Italo

Imagem do Campo de Marte feita por Samuel kassapian Junior
Aviadores e apaixonados, passageiros e empresas, foram todos surpreendidos com a notícia de que em cinco anos o Campo de Marte, marco e berço da aviação brasileira, inaugurada na década de 20, pai de Congonhas, será desativado – ao menos parcialmente. O aeródromo dará lugar a estação do trem-bala, Trem de Alta Velocidade, levando passageiros para a cidade de Campinas, no interior do Estado de São Paulo, e ao Rio de Janeiro. A pista de pouso será usada para operações do TAV. Há ainda a possibilidade de ampliar o centro de convenções do Anhembi e implantar um parque público.
Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), explica que as aeronaves de asas fixas, os aviões, serão retiradas, sendo mantidas apenas as de asas rotativas, os helicópteros.
O projeto é do Governo Federal e a negociação teve envolvimento da prefeitura de São Paulo e do Governo do Estado.
Tudo em favor da população !
Questionamos:
O que fazer com as 280 operações por dia que se realizam no Campo de Marte, este aeródromo extremamente bem localizado ?
As autoridades ainda não notaram o caos que esta medida pode gerar, o risco de colapso devido a falta de estrutura diante de uma demanda enorme dos serviços de táxi aéreo dentre tantos outros prestados por lá.
Há a possiblidade de o movimento dos aviões, do aeroclube, entre outros, irem para o pequeno e saturado aeroporto de Jundiaí, com estrutura bem menor do que a do aeroporto de Marte. Determinadas aeronaves que pousam e decolam de Marte não terão condições de realizar as suas operações em Jundiaí SDJD.
O Aeroporto de Campinas Viracopos SBKP é um aeroporto com características de cargueiro e com pátio ainda inadequado para aviação geral e executiva.
O Aeroporto de Guarulhos Cumbica SBGR também está saturado e ainda recebe aeronaves executivas que não podem mais pousar em Congonhas SBSP.
Em Congonhas, existem inúmeras restrições impostas a aeronaves de pequeno porte, da aviação geral e executiva. Os slots simplesmente sumiram. Sem esquecer ainda que toda esta polêmica aeroportuária ganhou dimensão com o acidente com o A320 TAM 3054.
Os Aeroportos de Bragança Paulista, Sorocaba, Atibaia, Santos, Itanhanhém, são inviáveis para atender o tráfego de Marte.
Pistas curtas, infra-estutura a desejar, sem esquecer de mencionar, caso decidam por Sorocaba, os problemas com o trânsito pesado nas Rodovias Castelo Branco que passa ao lado da cidade.
Depois de Congonhas, o culpado agora parece ser o Campo de Marte.
Com a desativação e descaracterização deste histórico aeródromo paulistano, a cidade também perderá uma grande parte do acervo e patrimônio históricos, dentre muitas que já se foram. Cederá lugar e história para contribuir “para o desenvolvimento e modernização” da cidade de São Paulo.
Até o nosso próximo vôo! Se tivermos ainda um aeroporto para decolar e pousar, obviamente.
Armando Ítalo Nardi é comandante e colabora com o Blog do Mílton Jung