Como foi o Desafio Intermodal 2009

 

Desafio Intermodal 2009Os dois destaques do Desafio Intermodal 2009 em São Paulo eram o helicóptero e a cadeira de roda, modelos de transporte usados com freqüência na capital paulista e testados pela primeira vez desde que o evento se iniciou em 2006. Você já sabe – o Heródoto, invejoso, não parou de falar disso nesta sexta-feira – o helicóptero chegou em quarto lugar, após duas bicicletas e uma moto. E a cadeirante foi a penúltima colocada ao ter de usar o sistema de ônibus e metrô para se deslocar da avenida Luis Carlos Berrini, na zona sul, até a sede da prefeitura, ao lado do Viaduto do Chá.

Antes de se iniciar o Desafio, eu conversei com o Roberto Nonato, no Jornal da CBN 2ª edição:

Ouça a conversa com o Roberto Nonato, no Jornal da CBN

Logo que levantei voo, às 6h15, voltei à CBN para registrar o começo da viagem

Ouça como foi o início da viagem de helicóptero

A chegada foi às 6h33 da tarde, e só depois de chegar descobrir que o helicóptero havia perdido a corrida para bicicletas e moto:

Ouça como foi a chegada na prefeitura, após a viagem de helicóptero

O evento ganhou destaque nas comemorações do Dia Mundial Sem Carro que será em 22 de setembro, próxima terça-feira. Eu aproveito para deixar aqui alguns posts de reportagens publicadas no rádio e televisão sobre o tema.

Ouça a reportagem da jornalista Cristina Coghi, que acompanhou o Desafio na CBN

A TV Globo acompanhou a chegada do Desafio Intermodal, veja aqui

Desafio Intermodal: O helicóptero não é mais aquele

 

Desafio Intermodal 2009

Assista ao slideshow com imagens do Desafio Intermodal 2009, em São Paulo

Uma caminhada até o outro lado da rua, dois elevadores e 16 andares acima, eu estava no heliponto de um prédio comercial ao lado da Avenida Eng. Luis Carlos Berrini, na zona sul de São Paulo. Era para mim o início do Desafio Intermodal 2009 e de uma história que surpreendeu a todos os participantes, mesmo os mais otimistas incentivadores da bicicleta.

O helicóptero saiu do Campo de Marte para nos pegar na Berrini. Chegou 10 minutos depois de iniciado o desafio. Por ser um heliponto, o comandante não pode ficar parado esperando o passageiro. Ciclistas, cadeirantes, pedestres e motoristas já seguiam seu caminho. Todos embarcados – eu, cinegrafista e fotógrafo -, ficamos esperando cinco minutos para autorização de voo. O tráfego aéreo, congestionado naquele horário, impedia nossa subida.

Assim que autorizado pela torre de controle do aeroporto de Congonhas, o comandante Murilo levanta voo e em vez de seguir direto para a prefeitura, precisa fazer o retorno pelo Morumbi e acompanhar as marginais, Pinheiro e Tietê. São os corredores aéreos que precisam ser respeitados em nome da segurança.

A cidade que nos incomoda lá embaixo, às seis e 15 da tarde, poluída e travada, é linda vista de cima com sua iluminação rica. Riscos vermelhos e brancos ressaltam o trajeto dos carros pelas grandes avenidas. Difícil para novatos reconhecer os pontos importantes da cidade pelos quais sobrevoamos, mas o comandante está no caminho certo e logo se enxerga o topo do prédio Matarazzo, sede da prefeitura de São Paulo, no centro. Ao lado de um jardim suspenso, o heliponto nos aguarda.

Foram 15 minutos no ar, desde que levantou na Berrini até tocar o chão novamente. Mais algum tempo para o desembarque, espera no elevador da prefeitura e a descida para o largo em frente ao prédio. Tudo somado, completamos o percurso em 33 minutos e 50 segundos.

Surpreendente foi descobrir que três participantes já haviam chegado ao mesmo ponto antes de mim: dois ciclistas e um motoboy que gastaram de 22 a 33 minutos para percorrer o trajeto. A “derrota” do helicóptero encheu os participantes de convicção: a bicicleta, é sim, uma opção para o trânsito de São Paulo.

Outras curiosidades

1. O automóvel – vilão da data – gastou 82 minutos entre os dois pontos, menos do que no ano passado e o dobro de 2007; ficou em 11º lugar, custou R$ 15 e jogou no ar 2,5kg de CO2.

2. O corredor a pé chegou antes do carro ao percorrer o trajeto em 66 minutos; ficou em 6º, não custou nada nem prejudicou o meio ambiente, além de ter queimado alguns gramas de gordura.

3. Quem usou ônibus, chegou em 71 minutos e melhorou a marca do ano passado que foi de 111 minutos.

4. A cadeirante que usou trem e metrô para se deslocar até a prefeitura completou o percurso em 108 minutos, foi o 16º pior resultado, mas mesmo assim ficou a frente do participante que usou ônibus e metrô (109 min.)

Veja todos os resultados na página do Instituto Ciclo BR

Marte, sai o avião entra o trem


Por Armando Italo

Imagem do Campo de Marte feita por Samuel kassapian Junior

Imagem do Campo de Marte feita por Samuel kassapian Junior

Aviadores e apaixonados, passageiros e empresas, foram todos surpreendidos com a notícia de que em cinco anos o Campo de Marte, marco e berço da aviação brasileira, inaugurada na década de 20, pai de Congonhas, será desativado – ao menos parcialmente. O aeródromo dará lugar a estação do trem-bala, Trem de Alta Velocidade, levando passageiros para a cidade de Campinas, no interior do Estado de São Paulo, e ao Rio de Janeiro. A pista de pouso será usada para operações do TAV. Há ainda a possibilidade de ampliar o centro de convenções do Anhembi e implantar um parque público.

Bernardo Figueiredo, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), explica que as aeronaves de asas fixas, os aviões, serão retiradas, sendo mantidas apenas as de asas rotativas, os helicópteros.

O projeto é do Governo Federal e a negociação teve envolvimento da prefeitura de São Paulo e do Governo do Estado.

Tudo em favor da população !

Questionamos:

O que fazer com as 280 operações por dia que se realizam no Campo de Marte, este aeródromo extremamente bem localizado ?

As autoridades ainda não notaram o caos que esta medida pode gerar, o risco de colapso devido a falta de estrutura diante de uma demanda enorme dos serviços de táxi aéreo dentre tantos outros prestados por lá.

Há a possiblidade de o movimento dos aviões, do aeroclube, entre outros, irem para o pequeno e saturado aeroporto de Jundiaí, com estrutura bem menor do que a do aeroporto de Marte. Determinadas aeronaves que pousam e decolam de Marte não terão condições de realizar as suas operações em Jundiaí SDJD.

O Aeroporto de Campinas Viracopos SBKP é um aeroporto com características de cargueiro e com pátio ainda inadequado para aviação geral e executiva.

O Aeroporto de Guarulhos Cumbica SBGR também está saturado e ainda recebe aeronaves executivas que não podem mais pousar em Congonhas SBSP.

Em Congonhas, existem inúmeras restrições impostas a aeronaves de pequeno porte, da aviação geral e executiva. Os slots simplesmente sumiram. Sem esquecer ainda que toda esta polêmica aeroportuária ganhou dimensão com o acidente com o A320 TAM 3054.

Os Aeroportos de Bragança Paulista, Sorocaba, Atibaia, Santos, Itanhanhém, são inviáveis para atender o tráfego de Marte.

Pistas curtas, infra-estutura a desejar, sem esquecer de mencionar, caso decidam por Sorocaba, os problemas com o trânsito pesado nas Rodovias Castelo Branco que passa ao lado da cidade.

Depois de Congonhas, o culpado agora parece ser o Campo de Marte.

Com a desativação e descaracterização deste histórico aeródromo paulistano, a cidade também perderá uma grande parte do acervo e patrimônio históricos, dentre muitas que já se foram. Cederá lugar e história para contribuir “para o desenvolvimento e modernização” da cidade de São Paulo.

Até o nosso próximo vôo! Se tivermos ainda um aeroporto para decolar e pousar, obviamente.

Armando Ítalo Nardi é comandante e colabora com o Blog do Mílton Jung