Avalanche Tricolor: forjado no drama de uma enchente, o Grêmio saiu gigante da tempestade de Talcahuano

Huachipato 0x2 Grêmio

Libertadores – Talcahuano, Chile

O reconhecimento do time a performance de Marchesín. Foto:Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Há cerca de um mês, Diego Costa resgatava pessoas atingidas pelas enchentes do Rio Grande do Sul, e Caíque comandava um barco a remo em meio ao temporal, em busca de famílias ilhadas em suas casas. Assim como eles, outros jogadores gremistas se envolviam diretamente na ajuda de amigos, vizinhos, parentes e de toda gente que pudessem alcançar. Muitos deles se mobilizaram para arrecadar dinheiro e doações, atendendo às primeiras necessidades da população sofrida.

Na noite desta terça-feira, lá estavam todos embaixo de um temporal que não deu trégua ao longo de boa parte de um jogo que, por sua importância para nosso destino na Libertadores, já havia sido batizado de Batalha de Talcahuano, cidade da província de Concepción, no Chile. Não imaginávamos que seria no cenário que encontramos, só atenuado graças ao gigantismo do Grêmio.

Foi a dimensão de nossa história que mais uma vez nos levou à vitória e à classificação para as oitavas de final da Libertadores. Considerando os maus resultados nas duas primeiras partidas desta fase, os desafios fora de casa e, especialmente, a tragédia no Rio Grande do Sul, muitos de nós nos contentaríamos com o retorno às atividades. O Grêmio, não! O Grêmio sempre quer provar que é possível ir além.

Fomos além! Vencemos o Estudiantes fora de casa (às vésperas da parada pelas enchentes), goleamos o The Strongest no estádio emprestado do Couto Pereira e, ontem, superamos o Huachipato, em um gramado impraticável para o futebol.

Foi gigante Diego Costa ao superar o zagueiro dentro da área, após a cobrança de escanteio, ainda nos primeiros minutos da partida, para marcar seu gol de cabeça quando ainda era possível jogar futebol.

Foi gigante Marchesín, que fez uma sequência de defesas no segundo tempo, impedindo o empate e contendo a pressão do adversário quando só jogar futebol não bastava. Era necessário enfrentar poças d’água, lamaçal e bola desorientada pelo peso da chuva.

Foi gigante Kannemann, com a bravura eterna que marca sua trajetória com a camisa gremista. Não perdeu uma só bola jogada para dentro de nossa área. Desta vez, teve Rodrigo Ely à sua altura, zagueiro que tem revelado valentia e precisão no desarme, conquistando a confiança de um torcedor que se sente órfão diante da ausência de Geromel.

Foram enormes todos os demais que entraram em campo e garantiram a presença do Grêmio na Libertadores com uma rodada de antecedência, a despeito de tudo que estamos passando nestas últimas semanas.

Mesmo aqueles que, da casamata, inspiraram os colegas no gramado merecem nosso louvor. E aqui destaco o goleiro reserva Caíque — sim, aquele mesmo do barco a remo —, que vibrava, apoiava, dividia opinião com o técnico, e se fez presente em um jogo no qual estaria reservado a ele apenas um lugar entre os suplentes. Mas Caíque, assim como o Grêmio, não aceita ser coadjuvante, vai além!

Forjado no drama de uma enchente, o Grêmio saiu gigante e venceu a tempestade de Talcahuano.

Avalanche Tricolor: acredite se quiser!

Grêmio 0x2 Huachipato

Libertadores — Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)

O primeiro lance em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

A primeira bola do jogo explodindo no poste e, no rebote, estufando a rede pelo lado de fora dava a entender que seria uma noite vitoriosa. De um time disposto a amassar o adversário, impor sua superioridade e prevalecer o fator local. Ledo engano.

Fomos ludibriados por aquele momento. Pois mesmo que outras bolas encontrassem o travessão e a que chegasse às redes tivesse sido anulada pelo árbitro, o que assistimos foi um desempenho abaixo da crítica em que sequer a sorte foi capaz de jogar ao nosso lado.

Os supersticiosos lembrarão do fato de o time chileno ter sido o primeiro estrangeiro a nos vencer na Arena, em 2013. Como se isso se tornasse uma verdade para o resto de nossos dias.  E contra a  qual não haveria o que fazer. Apenas aceitar.

Não aceitamos! Nem jamais aceitaremos! E por intolerantes que somos ao que o destino tenta nos impor é que precisamos estar prontos para reagir diante do improvável. 

Nosso próximo compromisso se transformará em mais uma Batalha de La Plata. Vencer será obrigatório. E com a vitória, iniciaremos uma virada histórica nessa Libertadores. 

É no que acredito! É no que me resta acreditar!

Avalanche Tricolor: isto é jogo de Libertadores

 

Huachipato 1 x 1 Grêmio
Libertadores – Talcahuano (Chile)

 

Huachipato x Gremio

 

Isto é jogo de Libertadores! Luta-se com as habilidades que se tem, supera-se as que carecem com coragem e nada pode ser tão difícil que não sejamos capazes de enfrentar.

 

Fez-se um gol para enaltecer os craques Zé Roberto, nosso melhor jogador nesta primeira fase, e Barcos, um atacante que impressiona mesmo sem marcar. Um golaço de “meia-bicicleta” que teve a participação desta dupla no início, quando a bola foi tomada na intermerdiária, e na conclusão da jogada. O que revela disposição e talento.

 

Ganhou-se um herói. O herói de uma perna só. Manquitolando, Werley vestiu a camisa tricolor com orgulho até o seu final, mesmo com dor. Nada lhe impediria de lutar até o fim (e mesmo depois do fim)

 

Sofreu-se com a pressão adversária e o empate. Chutões para despachar a bola foram necessários. Carrinho na bola, bola prensada e até mão na bola, também, fizeram parte do nosso repertório nessa noite no Chile.

 

E diante de tudo que se enfrentou dentro de campo e no jogo, por que fugir da luta (agora me refiro a campal)? Enfrentamos a violência, injustificável, após a partida, com a mesma garra e determinação que nos levaram a conquista da vaga.

 

Uma noite de Libertadores!