O texto a seguir, foi enviado por Airton Goes,
coordenador do Fórum Social da Cidade Ademar e Pedreira – uma das organizações que promoveu o 1º Seminário de Educação Infantil da Cidade Ademar e Pedreira, em resposta ao post assinado por Devanir Amâncio, da ONG Educa SP (leia aqui)

Por Airton Goes
Os organizadores do 1º Seminário de Educação Infantil da Cidade Ademar e Pedreira, realizado sábado (26/3), têm uma avaliação muito positiva do evento. Os objetivos do encontro foram atingidos e a sociedade local saiu fortalecida para realizar outras ações e cobrar do poder público a ampliação de vagas em creches e EMEIs na região.
Como ainda não há um movimento por creche e pré-escola que organize e mobilize as mães da região – o que seria ideal –, a estratégia dos promotores da iniciativa foi focar o seminário em três objetivos: realizar um debate qualificado, entender melhor os problemas causados pela falta de vagas no ensino infantil e estimular as organizações e lideranças locais a se envolverem com o tema.
Tendo em vista os objetivos escolhidos, os organizadores optaram por um seminário de dia todo (das 9 às 17 horas) – o que certamente dificulta a participação das mães. Como resultado da estratégia definida, poucas mães compareceram ao evento – duas delas relataram publicamente suas dificuldades perante o ministro da Educação, Fernando Haddad, e o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider.
Por outro lado, a qualidade do debate foi um dos pontos fortes do seminário, que contou com a participação de Ariel de Castro, ex-conselheiro do Conanda (2007/2010) e atual vice-presidente da Comissão Nacional da Criança e do Adolescente da OAB, Maria Stela Graciani, coordenadora do Curso de Pedagogia da PUC-SP, e Samantha Neves, coordenadora do GT Educação da Rede Nossa São Paulo.
Os questionamentos apresentados ao ministro e ao secretário foram debatidos e elaborados pelos participantes de quatro salas temáticas: “Consequências pedagógicas e sociais da falta de vagas em creches e EMEIs”; “Legislação e direito da criança”; “Política de convênios”; e “Como a sociedade se organiza para enfrentar o problema”. Embora as respostas de ambos não atendam as reivindicações da população, o entendimento dos organizadores é que a presença deles no evento foi muito importante.
Para algumas entidades talvez seja comum ter secretários e ministros em seus eventos, mas na periferia da cidade isso é uma raridade. Razão pela qual é perfeitamente compreensível o fato de os participantes terem aplaudido os dois representantes do poder público que vieram ao Jardim Miriam dialogar com a sociedade. O secretário municipal da Educação, inclusive, se comprometeu a retornar à região em 90 dias para ouvir as demandas da população sobre creches e EMEIs, o que contribui para a continuidade do movimento.
O próximo passo será realizar uma reunião – aí, sim, focando o convite a mães de crianças que estão fora do ensino infantil – destinada a discutir e elaborar as reivindicações a serem apresentadas ao secretário. A expectativa é que este encontro possa ser o embrião de um movimento organizado por creches e EMEIs na Cidade Ademar e Pedreira.
Os organizadores do seminário informam, ainda, que 252 pessoas se inscreveram para participar do evento. De acordo com as fichas de inscrição, a grande maioria dos participantes era constituída por estudantes, educadores e integrantes de entidades sociais e movimentos populares da região.
Talvez a estratégia de focar outros objetivos – e não a presença de muitas mães no evento – não tenha sido compreendida ou aceita por quem não conhece a realidade local, mas os promotores da iniciativa têm a convicção de que foi a melhor escolha para que o movimento se fortaleça e tenha continuidade.
Outras informações sobre o seminário estão disponíveis no blog Seminário de Educação Infantil