Uma agência metropolitana em SP, sugere especialista

 

São Paulo, capital, não vive isolada da região metropolitana e, portanto, há necessidade de que os planos de investimento na área de infra-estrutura sejam coordenados pela autoridade estadual. A afirmação é do professor e doutor em planejamento de transportes e logísticas Paulo Resende, convidado a propor temas para as entrevistas com os nove candidatos ao Governo do Estado, que começam semana que vem, dia 8 de setembro. no CBN São Paulo.

Para ele, é necessária a criação de uma agência que incentive os municípios da Grande São Paulo a dialogar sobre assuntos que estão interligados como o do transporte público. “A capital perde com congestionamentos R$ 30 bilhões”, comentou o doutor da Universidade de Illinois e professor da Fundação Dom Cabral e somente se pode buscar uma solução para este problema se forem levadas em consideração as viagens feitas entre as cidades.

Resende defende que o metrô esteja ligado a um sistema metropolitano de transporte muito mais amplo, assim como o aproveitamento de corredores de ônibus teria de ser compartilhado. Ele lembrou, ainda, que urgentemente deve se encontrar uma saída para interligar os dois principais aeroportos da região: Congonhas e Cumbica.

Ouça a entrevista de Paulo Resende, ao CBN São Paulo

Durante esta semana, nós ouviremos especialistas em áreas importantes para o Estado com o objetivo de incentivar você a também participar deste debate eleitoral, enviando perguntas ou sugestões de assuntos a serem discutidos com os candidatos ao Governo. Desde ontem, uma série de mensagens já foi enviada por ouvintes-internautas para milton@cbn.com.br. Você também pode publicar sua questão aqui no Blog do Mílton Jung.

Copa & Aeroportos

 

Por Carlos Magno Gibrail

Aeroporto de Congonhas por Luis F Gallo

A FIFA, fazendo jus às mais errôneas tipologias de gestão, que a caracteriza, ignora também a Lei de Pareto. Ou, mais grave ainda, aplica-a da forma não indicada. Cuida dos 20% que poderão no máximo solucionar 80% das questões não cruciais à execução da Copa 14 no Brasil. Ao invés de tratar dos 20% que resolveriam 80% das operações mais significativas para um evento bem organizado: Infra-estrutura e estádios inexistentes.

Enquanto foca atenção no estádio do Morumbi, que é dentre os indicados o que menos deveria preocupá-la, pois já existe e o investimento a ser feito será privado, ignora a capacidade urbana das cidades, sem a qual os consumidores nem chegarão para assistir ao espetáculo.

Cabe então à imprensa o alerta, que já começou. A revista Veja de 4 de abril elencou vários tópicos à Infraero com críticas severas , ao que a Infraero contrapôs, alegando ainda que tinha encaminhado dados solicitados pela revista , e que não foram considerados na análise.

Para Veja: Guarulhos, Brasília, Salvador estão com pátios saturados – as companhias aéreas estão anunciando bilhões em investimentos sem contrapartida da Infraero – o que está ruim vai piorar – há corrupção na Infraero – o número de passageiros está dobrando nos principais aeroportos – nos horários de pico é o caos – em Seul com 30 milhões de passageiros/ano há 120 guichês de atendimento da polícia, em Cumbica para 21 milhões de passageiros/ano há 21 guichês – nas salas de embarque a recomendação é ter 1m2 por pessoa, em Congonhas, Confins, Porto Alegre , Brasília e Fortaleza não é o que acontece.

Para a Infraero: Guarulhos, Brasília, Salvador estão com pátios saturados apenas nos picos e as companhias podiam estender os horários – a Infraero vai investir 7 bilhões até a Copa – não haverá caos se considerar os investimentos e a melhoria dos sistemas – a corrupção está sendo combatida – as ampliações atenderão a demanda – pela otimização sugerida pela IATA não há como ter capacidade para o pico e ficar com o aeroporto vazio fora dele – haverá aumento dos guichês da policia federal de 21 para 29 – as causas para as salas de embarque não apresentarem espaços mínimos de 1m2/pessoa deve-se normalmente a condições climáticas e atrasos de vôos, independentemente da atribuição da Infraero.

Acrescentemos a informação publicada na Folha de domingo que Cumbica no primeiro bimestre apresentou aumento de 50% comparativo a 2007. Chegamos a uma situação de risco, se mantida a tendência. Considerou-se o ponto de partida de 20,5milhões de passageiros/ano 2010 para estabelecer a capacidade instalada para 2014 de 30,5 milhões de passageiros para uma estimativa de 29,5 milhões de passageiros. Ora, se em 3 anos, com crise financeira mundial no meio, chegou-se a 50%, em 2014 o fluxo será maior.

Fica evidente que aspectos como os dos aeroportos, que envolvem Governo, Infraero e companhias aéreas que não se entendem, além de variáveis mercadológicas e econômicas, são complexos e merecedores de um acompanhamento amplo e permanente, administrativo e técnico.

Mais uma vez concluímos que o futebol, embora sendo o artigo esportivo mais popular do mundo, continua a demonstrar que as empresas que o oferecem não obedecem as melhores práticas de administração. Quer se trate de organização, de finanças, de operação ou de marketing.

Os sistemas sucessórios são ditatoriais com as piores maneiras de manutenção do poder. As tecnologias são rechaçadas com intenção de manter sob controle o incontrolável, ficando com o poder sob a arbitragem humana.

É por isso que a categoria futebol, mesmo sendo esporte líder mundial e as empresas que o representam tendo marcas de massa, consumidores fidelizados e apaixonados (sonho de qualquer executivo do mundo dos negócios), não tem nenhuma organização no ranking das maiores companhias do planeta.

Carlos Magno Gibrail, doutor em marketing de moda e escritor do Blog do Mílton Jung às quartas-feiras, está publicado hoje devido ao feriado de 21 de abril.