Conte Sua História de São Paulo: na cidade e na arte, encontrei acolhimento e inclusão

Márcia de Castro Sá

Concerto do Bem Foto: Instituo Olga Kos

Nasci prematuramente, em 7 de outubro de 1984, no Brooklin, em São Paulo— (minha mãe deu à luz quando completou sete meses de gestação. O meu pai, que trabalhava como assessor econômico em uma fabricante de automóveis; minha mãe, totalmente empenhada com os cuidados do lar e da família, assim como os meus irmãos mais velhos, acolheram-me com muito carinho. 

Nos anos 1980, durante um passeio em um clube paulistano, acompanhada de meus pais, uma prima paterna, fisioterapeuta, notou que eu não reagia a determinados movimentos como normalmente ocorrem em bebês. Logo, fui encaminhada para uma consulta médica, onde foi constatado o diagnóstico de paralisia cerebral.

Em um primeiro momento, aquela notícia surpreendeu a todos. Os cuidados para comigo passaram a ser redobrados. Adiante, recebi mais um diagnóstico: o de baixa visão no olho esquerdo; e miopia no olho direito, o único ainda com capacidade de visão. Digo isso, pois recentemente fui diagnosticada com catarata no olho direito e terei que me submeter a uma cirurgia. Isso sem contar que há mais de 20 anos aguardo uma vaga de uma cirurgia para sanar uma escoliose severa.

Empenhada em superar barreiras em função de minhas deficiências e contando com o apoio familiar total, segui e sigo adiante, em busca de encontrar vias que ajudem a me motivar.

Em 2009, entre minhas sessões de reabilitação, uma fisioterapeuta me apresentou o Instituto Olga Kos. Um momento marcante, pois me abriu portas e ajudou a ressignificar o meu cotidiano, fazendo aflorar algumas aptidões artísticas, como a minha identificação com música, canto e pintura sobre telas.

Recordo que por meio do Instituto, participei de projetos como o “Pintou a Síndrome do Respeito”, que abriu a oportunidade de eu produzir releituras de artistas renomados da pintura nacional.

Desde então, fui sendo inserida em outros projetos, como o “Cor e Ritmo – Arte Inclusiva”, que, além das artes, fez-me notar como música e canto regam minha vida positivamente.

Mais recentemente, outros registros inclusivos são as minhas participações no “Concerto do Bem”, que já teve três edições, sendo a última no Memorial da América Latina, um dos cartões postais de São Paulo, com recorde de público.

Faço questão de observar que todas as atividades que participo ocorrem em locações na cidade de São Paulo, um berço cultural. Não consigo imaginar viver em outra cidade.

Quanto ao Instituto Olga Kos, agradeço pelo acolhimento e por todas as oportunidades que me deram e, certamente, darão. O Olga, como é carinhosamente chamado, desenvolve projetos artísticos e esportivos, além de pesquisas pela inclusão de pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade social. A minha história espelha, inclusive, a alma desse instituto, que é trabalhar por um mundo mais inclusivo.

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Márcia de Castro Sá é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Escreva o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade você visita agora o meu blog miltonjung.com.br ou vai lá no Spotify e coloca entre os seus favoritos o podcast do Conte Sua História de São Paulo. 

Mundo Corporativo: Marco Crespo, do Instituto Ayrton Senna, convida você a construir carreira no terceiro setor

 

 

“A gente quer trazer cada vez mais pessoas talentosas que possa dedicar o seu tempo e ser remunerada por isso para fazer o bem para a sociedade”. A afirmação é de Marco Crespo, diretor de negócios do Instituto Ayrton Senna, que defende a ideia dos profissionais construírem carreira no terceiro setor. Em entrevista ao jornalista Mílton Jung, no programa Mundo Corporativo, Crespo fala da experiência de mais de 20 anos da organização que hoje alcança cerca de 1 milhão de pessoas através de ações na área de educação. O executivo faz recomendações para quem pretende atuar neste segmento e trata das estratégias de negócio necessárias para a implantação de projetos no terceiro setor.

 

O Mundo Corporativo é apresentado às quartas-feiras, 11 horas, ao vivo, pelo site http://www.cbn.com.br. Os ouvintes podem participar com perguntas pelo e-mail mundocorporativo@cbn.com.br e pelos Twitters @jornaldacbn e @miltonjung (#MundoCorpCBN). O programa é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN, e tem a participação de Paulo Rodolfo, Douglas Mattos e Ernesto Fosci.

Os interesses público e partidário na decisão sobre o Instituto Lula

 

Vereadores da CCJ aprovam cessão de terreno para Instituto Lula

 

A concessão de terreno da Cracolândia, centro de São Paulo, para construção do Instituto Lula, como já era de se esperar, tem provocado brigas entre o PT e o PSDB. Este contra e aquele a favor, obviamente, apresentam argumentos jurídicos e históricos para defenderem suas posições e tentar influenciar os vereadores dos demais partidos na votação de projeto assinado pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) que pretende ceder área na Rua dos Protestantes, próximo à Estação da Luz, por 99 anos, onde deverá ser erguido o Memorial da Democracia. Após ouvir declarações de lado a lado minha dúvida, levada ao ao durante o Jornal da CBN, é como seria a postura desses mesmos vereadores se a cessão fosse para o Instituto FHC. Petistas aceitariam a ideia de que seria uma forma de “honrar o legado de todos os presidentes que lutaram pela democracia no Brasil” ? Tucanos votariam contra sob a justificativa de que o instituto “não oferece as contrapartidas exigidas por lei de atividades gratuítas e nas áreas de educação e cultura” ? Du-vi-de-o-do

 

O líder do PSDB na Câmara Municipal, Floriano Pesaro, enviou-me resposta na qual nega que a ótica do partidarismo não influencia sua opinião contrária a concessão do terreno para o Instituto Lula: “Trata-se de concessão onerosa. A Nova Luz tem necessidades mais prioritárias do que um museu supostamente democrático – que certamente irá mitificar a figura de Luis Inácio da Silva. O debate aqui limita-se, portanto, ao interesse público” – está escrito em trecho da mensagem que traz informações, também, sobre a constitutição do Instituto Fernando Henrique, criado em 2004 apenas com recursos privados.

 

Com todo respeito a Pesaro, que teve o cuidado de apresentar sua opinião sobre o tema – até agora não recebi nenhuma mensagem da bancada petista na Casa -, a postura dos dois partidos quando expostos em situações contrárias não respalda seus argumentos. Haja vista o que ocorre quando se debate a criação de CPIs em qualquer uma das casas legislativas, independentemente do tema ou das provas. Se a CPI pretende investigar atos do Governo, quem está nele a chama de oportunista e descabida, entendendo que são suficientes as investigações feitas pela polícia, Ministério Público ou a própria Justiça. Quem está na oposição, de oportuna e eleitoreira, para na sequência acusar os adversários de estarem usando a máquina do Estado para impedir a apuração das denúncias. O interesse partidário, historicamente, está acima dos interesses públicos – ao menos é o que assistimos até aqui. Se alguém pretende provar que age diferente, que prove com suas atitudes no cotidiano da política. E tenha paciência até que a minha percepção mude – a minha e de toda a torcida do Flamengo (apesar de, neste caso, ser mais apropriado usar a do Corinthians).

E se Collor e Sarney quiserem um pedaço da Cracolância

 

A discussão sobre a concessão de terreno na Cracolândia para o Instituto Lula deixou os ânimos acirrados na sessão da Comissão de Constituição e Justiça, quarta-feira, conforme relata a coordenadora do Movimento Voto Consciente na Câmara Municipal de São Paulo, Sonia Barboza. Reproduzo aqui a mensagem enviada por ela ao Blog:

 

O projeto 29/2012 do executivo, que concede por 99 anos um terreno de 2,204 mil metros quadrados em área nobre da cidade para o Instituto Lula, tem provocado uma polêmica muito grande na Câmara. Conseguiu até que vereadores pedissem desculpas uns aos outros pelas discussões grosseiras que aconteceram nesta última quarta feira na comissão de Justiça. O vereador José Américo arrancou aplausos da platéia ao retribuir o pedido de desculpas do vereador Floriano Pesaro pelas palavras grosseiras que dirigiu ao colega.

 

Tudo porque os vereadores Arselino Tatto, presidente da Comissão, e Roberto Trípoli, líder do governo, insistiam em votar o projeto sem submetê-lo a discussão. O Vereador Aurélio Miguel quase quebrou o microfone do presidente da comissão.

 

O vereador Celso Jatene questionou e pediu explicação de multa descrita no projeto que é calculada sobre um percentual do valor do terreno. “Como pode calcular um percentual se o terreno é de graça?” Não houve resposta.

 

O vereador Pesaro fez um parecer em separado no qual defende a opinião de que o projeto é inconstitucional e ilegal.

 

Por três semanas seguidas este projeto vem perturbando a comissão de Constituição e Justiça. Provavelmente será aprovado, o Prefeito Kassab tem maioria. Haverá ainda muita discórdia e processos abertos na justiça por causa desta doação.

 

Já pensaram se os Collors, Sarneys e outros mais quiserem também um pedacinho?