Mundo Corporativo: Isis Abbud, da Qive, defende automatizar a burocracia para evitar desperdícios

Nos bastidores do Mundo Corporativo. Foto: Priscila Gubiotti/CBN

“Muitas vezes a gente tá sofrendo ali para trazer mais receita, trazer mais cliente, e não tá olhando para dentro da nossa operação.”

Isis Abbud, Qive

Mesmo que já seja do conhecimento de todos os gestores que eficiência virou palavra de ordem, muitas empresas brasileiras ainda ignoram um dos maiores potenciais escondidos nos próprios corredores: a gestão inteligente de seus dados fiscais. Esse é o alerta de Isis Abbud, CEO e cofundadora da Qive, que participou do programa Mundo Corporativo para falar sobre como transformar processos burocráticos em estratégia concreta.

Para Isis, “todo mundo já conhece uma empresa extremamente moderna, tecnológica, mas quando olha para dentro da operação financeira, não tem nada de tecnológico, nada de moderno”. Ela destaca que grande parte das organizações continua gastando horas preciosas com tarefas manuais, sem perceber que poderiam ganhar tempo, reduzir custos e evitar multas com automação.

Dados como ferramenta estratégica

A executiva explica que a área fiscal concentra um volume gigantesco de informações valiosas que muitas vezes ficam subutilizadas. “Só numa nota fiscal, a gente já tá falando de mais de 500 campos de dados”, conta. Segundo Isis, quando essas informações são exploradas de forma estratégica, podem evitar, por exemplo, compras desnecessárias ou ajudar a otimizar frotas inteiras, como aconteceu em um caso citado por ela, em que uma empresa evitou a aquisição de um caminhão ao cruzar dados de notas fiscais.

Além da agilidade nos pagamentos — como no caso do iFood, que saltou de 70% para 99% de boletos pagos em dia após automatizar processos —, Isis reforça que o principal ganho está em “transformar a área fiscal de operacional para estratégica”. A empresa Riachuelo, por exemplo, reduziu o tempo de processamento de mil notas fiscais de 16 horas para apenas 3 minutos, um exemplo prático do potencial de otimização.

Outro ponto abordado na entrevista é o impacto da diversidade no ambiente corporativo. Isis contou que 70% da alta liderança da Qive é formada por mulheres e defende que “você precisa olhar para diversidade não para ficar bonito, mas porque ela traz impacto direto no seu negócio”. Ela cita estudos que indicam até 30% mais resultado em empresas que têm equilíbrio de gênero na liderança.

Inteligência artificial como aliada

A Qive também aposta na inteligência artificial para melhorar ainda mais o ciclo de compras e pagamentos. “Uma das soluções é garantir que as empresas estejam comprando melhor e pagando no prazo certo, criando um relacionamento mais saudável com os fornecedores”, explica Isis. Para ela, a inovação não é um departamento ou um momento específico, mas um efeito colateral natural do hábito de resolver problemas continuamente.

Ao final, Isis reforça que o maior desafio é conscientizar as empresas sobre o valor escondido nos dados que elas já possuem. “Tem muita oportunidade ali que muitas vezes não é explorada por falta de tempo ou de organização”, conclui.

Assista ao Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

O que a IA não sabe sobre a linguagem humana

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A linguagem é a morada do ser”, escreveu o filósofo Martin Heidegger, e poucos conceitos me parecem tão essenciais quanto este. Nossa relação com as palavras define o mundo que habitamos. Elas moldam nosso pensamento, aproximam ou afastam, constroem e destroem. São, ao mesmo tempo, ferramenta e espelho de quem somos. Talvez por isso eu tenha ficado tão surpreso ao ler uma reportagem do jornal La Nación, publicada em janeiro, sobre uma análise de inteligência artificial que classificou ‘basicamente’, ‘óbvio’ e ‘simplesmente’ como três das seis palavras usadas por pessoas com menor capacidade intelectual.

Basicamente, fiquei perplexo.

Óbvio que fui conferir se havia algum fundamento na pesquisa.

Simplesmente, não encontrei.

A reportagem afirma que essas palavras são usadas por pessoas ‘menos inteligentes’ ou que tendem a fazer generalizações constantes sobre tópicos que não conhecem.

Fiquei imaginando um escritor, um professor ou até um grande cientista sendo julgado por um algoritmo por ousar resumir uma ideia com um ‘basicamente’. Será que Stephen Hawking jamais teria usado um ‘simplesmente’ para tornar uma explicação mais acessível? Ou será que Einstein, entre suas reflexões sobre espaço e tempo, nunca disse que algo era ‘óbvio’?

Intrigado, e nada convencido, busquei nos textos de meu poeta preferido argumentos para derrubar essa “tese artificial”.  Abri o arquivo com as poesias completas de Mário Quintana, um mestre das palavras simples e profundas. Passei os olhos pelas páginas (de verdade, usei o recurso de busca de meu computador) e lá estava ela: ‘simplesmente’. Não uma, nem duas, mas 59 vezes. E em um de seus versos, a palavra surge duas vezes, com uma força que só a poesia é capaz de dar:

A arte de viver
É simplesmente a arte de conviver…
Simplesmente, disse eu?
Mas como é difícil! …

Se ‘simplesmente’ fosse um indicador de menor capacidade cognitiva, teríamos que reavaliar a genialidade de Quintana. Mas a verdade é que vivemos uma época em que dados são tratados como verdades absolutas e, pior, quando esses dados vêm de uma inteligência artificial, a tendência é aceitar sem questionar. Se a IA afirma, deve ser real. Se uma análise estatística sugere um padrão, deve haver um significado profundo. Mas, na pressa de transformar palavras em evidências de QI, esquecemos que a linguagem não é uma equação. Ela é viva, mutável, cheia de nuances que nenhum algoritmo consegue capturar por completo.

E, por favor, não me entendam mal. O avanço da inteligência artificial é fascinante. Mas precisamos lembrar que, no fim das contas, a máquina só reflete aquilo que ensinamos a ela. Se dermos a ela um dicionário reduzido, ela nos devolverá uma visão limitada. Se programarmos para que encontre padrões onde eles não existem, ela os criará.

As palavras, todas elas, são bem-vindas. Desde que usadas apropriadamente, não há expressão inútil, insignificante ou indigna. O segredo não está em proibi-las, mas em saber quando e como utilizá-las. Porque o que define nossa inteligência não é a palavra que escolhemos, mas o pensamento que conseguimos expressar com ela. 

O poder da comunicação verbal

Na certificação internacional de comunicação estratégica, que apresento em parceria com a WCES, a importância da palavra bem dita é um dos destaques quando falamos dos três recursos da comunicação: o verbal, o não verbal e o vocal. 

Participe do nosso curso, on-line; faça agora sua inscrição e se surpreenda com o potencial da sua comunicação.

O impacto da IA na comunicação

Na edição revista e ampliada de “Escute, expresse e fale – domine a comunicação e seja um líder poderoso”, analisamos o impacto que a IA tem na comunicação e na forma como os líderes fazem a gestão de suas equipes nas empresas. A nova versão do livro escrito por mim, António Sacavém, Leny Kyrillos e Thomas Brieu está disponível no site da editora Rocco.

Mundo Corporativo: perdão é um ato de inteligência que vai curar a sua vida, diz Heloísa Capelas

 

 

“Todas as pessoas valem a pena, todas as pessoas tem talento e luz, só que elas não sabem. E se eles não sabem, elas não usam”. A afirmação é de Heloísa Capelas, do Centro Hoffman no Brasil, especialista em mudança de comportamento. O conselho dele se volta aos líderes e gestores de empresas que têm a responsabilidade de descobrir os talentos que existem no seu negócio. Em entrevista ao jornalista Mílton Jung, no programa Mundo Corporativo, da rádio CBN, Capelas diz “você precisa olhar para as pessoas que estão à sua volta; e olhar significa dar para elas atenção, olha no olho e presta atenção no que elas estão falando, isso é liderança”.

 

Autora do livro “Perdão, a revolução que falta – o ato de inteligência que vai curar a sua vida” (Editora Gente), Caldeiras apresenta sugestões para quem tem acumulado desavenças no local de trabalho e na família: “o perdão nos traz auto responsabilidade; a vida é minha, a vida é problema meu, não é problema de ninguém, então se eu fracasso e se eu tenho sucesso, o problema é meu”.

 

O programa Mundo Corporativo pode ser assistido ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, no site e na página da CBN no Facebook. Colaboram com o programa Juliana Causin, Rafael Furugem e Débora Gonçalves.

Avalanche Tricolor: gols cedo e inteligência para jogar

 

Grêmio 4×1 Brasil-Pelotas
Gaúcho – Arena Grêmio

 

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Festa em mais um gol  na foto de Richard Ducker/Framephoto/Divulgação

 

Em dois minutos de jogo, Geromel já havia marcado o primeiro gol. Fizemos outros depois com Bobô, Giuliano e Pedro Rocha; tomamos um, também. Mas quero focar nossa conversa, agora, nesse gol inicial. Pois, para mim, sinaliza um padrão de comportamento.

 

Com forte intensidade e marcação na saída de bola, o Grêmio tem feito gols logo cedo. Sem forçar a memória, em todas as últimas partidas deste campeonato começamos a construir o resultado antes dos primeiros 15 minutos.

 

Contra o Juventude, marcamos aos 3; contra o Passo Fundo, aos 6; e contra o Lajeadense, aos 13 minutos. Se você pesquisar um pouco talvez encontre outras partidas em que os gols saíram no início do jogo.

 

Verdade que nem sempre isso significou vida fácil, haja vista o que assistimos no fim de semana passado. Mas, certamente, o Grêmio de Roger tem demonstrado um jeito interessante de ser em campo.

 

E neste futebol qualificado, outro aspecto me chama atenção: a inteligência na forma de jogar. A maneira com que se cadenciou o jogo, logo após o susto no início do segundo tempo, mantendo o domínio da bola e trocando passes na tentativa de se livrar da marcação adversária, foi um dos sinais dessa inteligência.

 

Na partida desta quarta-feira, outros lances ratificam esta minha percepção: no segundo gol, o drible de Giuliano e a calma para permitir a chegada de Bobô; no terceiro, o passe incrível de Lincoln no que, antigamente, chamamos de ponto futuro, muito bem aproveitado por Marcelo Hermes; no quarto, a visão de Luan fez com que Pedro Rocha surgisse livre diante do goleiro, e o próprio Pedro Rocha foi inteligente o suficiente para apenas “dar um tapa” na bola.

 

Com intensidade, gols marcados cedo e inteligência, o Grêmio segue em frente no Campeonato Gaúcho, onde já está na semifinal, e arruma as malas para mais uma decisão na Libertadores.

Mundo Corporativo: Homero Reis ensina a desenvolver sua inteligência relacional

 

 

Seu chefe olhou torto para você? Calma lá, pode não ser nada daquilo que você está pensando. É preciso entender o que está acontecendo com você e com ele, exercitando um conceito bastante útil para tornar o ambiente da organização mais saudável: a inteligência relacional. De acordo com o psicólogo Homero Reis, em entrevista ao jornalista Mílton Jung, no Mundo Corporativo, da rádio CBN, este tipo de inteligência surge para que se possa conversar sobre os relacionamentos – profissional ou pessoal – e extrair aprendizagens que nos levem ao alto desempenho. Reis, autor do livro “Gente inteligente sabe se relacionar”, foi entrevistado pelo jornalista Mílton Jung, no quadro Mundo Corporativo, da rádio CBN.

 

O Mundo Corporativo pode ser assistido ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, pelo site CBN.com.br. E o quadro é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN.

Mundo Corporativo: Eduardo Pacheco, da Park Idiomas, fala da vontade de fazer e do ensino de idiomas

 

 

“Hoje apenas de 2 a 2,5% da população brasileira estuda idiomas, enquanto em mercados mais avançados, como a Alemanha e o Japão, o ensino de línguas chega a cerca de 5 a 7%”.Esses números mostram o potencial de crescimento que existe no setor, segundo avaliação de Eduardo Pacheco,presidente da Park Idiomas, em entrevista ao jornalista Mílton Jung, no programa Mundo Corporativo, da rádio CBN. A Park funciona no sistema de franquia e tem cerca de 40 unidades no Brasil. Além das oportunidades de negócio e carreira no mercado de idiomas, Pacheco defende a ideia da necessidade dos profissionais desenvolverem a inteligência volitiva, que está relacionada ao poder de realizar e seria uma das marcas dos grandes empreendedores.

 

O Mundo Corporativo é apresentado às quartas-feiras, 11 horas, no site http://www.cbn.com.br e o programa é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN. Participam do Mundo Corporativo: Paulo Rodolfo, Douglas Mattos e Ernesto Fosci.

Cometeu o crime da ambição

 

Por Milton Ferretti Jung

 

Ambição exacerbada de ganho é apenas um dos significados, entre vários outros, de ganância. Ocorreu-me essa palavra ao procurar assunto para o texto de hoje, o primeiro que cometo depois de gozar o que as pessoas costumam chamar de merecidas férias. Não sei se repercutiu em todo o Brasil, tanto quanto aqui, a notícia de milionária fraude praticada por um gaúcho e que resultou no maior rombo dado na Receita Estadual nas últimas duas décadas. Não é com frequência que se ouve falar de esquema ilícito capaz de, ao fim e ao cabo, desviar recursos, que chegam a R$150 milhões, do Tesouro do Rio Grande do Sul. O autor do artifício, cujo patrimônio está avaliado em R$10 milhões ,chama-se Luís Adriano Chagas Buchor.

 

Em 1990,Buchor estagiou na Secretaria Estadual da Fazenda e começou a ganhar a experiência que, aprimorada depois ao conseguir emprego em uma consultoria financeira, lhe permitiram os ensinamentos necessários para aplicar o golpe milionário. Não vou seguir enumerando suas rendosas falcatruas porque não foi este o meu propósito ao abordar o assunto escolhido para esta quinta-feira. É evidente que Luis Adriano é um cara inteligente. Afinal, não é qualquer um que consegue idealizar o tipo de fraudes que ele utilizou em suas carreira criminosa. Sua inteligência, porém, não impediu que Buchor, cometesse erros que lhe foram fatais. O moço se achava tão esperto que se atreveu a fazer esta frase: – Eu não sou Deus, sou melhor do que ele. Esqueceu-se, provavelmente, de uma frase bem mais antiga e indesmentível: o crime não compensa. Se a sua presunção fosse menor, teria sido cuidadoso no trato com as aparências. Muito pelo contrário, escancarou o seu suposto sucesso ao veranear em uma cobertura na praia de Jurerê, ter adquirido uma lancha de R$ 2,8 milhões, possuía um loft na Padre Chagas, mais três apartamentos e automóveis de provocar inveja mesmo em ricaços, isto é, uma Maserati Gran Turismo, duas caminhonetes Porsche Cayenne,uma das SUV mais luxuosas do mundo.

 

De que servirá tudo isso para Luís Adriano Vargas Buchor tendo de morar em um presídio? Encerro com uma fase de Mahatma Gandhi:

 

– A terra provê o bastante para satisfazer a necessidade de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)