Mundo Corporativo: Eduardo Dal Ri, CEO do HDI, tem o desafio de colocar o seguro na primeira pauta do consumo

Bastidor da entrevista com Eduardo Dal Ri Foto: Priscila Gubiotti CBN

“Trazer o seguro na primeira pauta do consumo no Brasil, acho que é um grande desafio.” Eduardo Dal Ri, HDI

O Brasil ainda convive com uma contradição simples de explicar e difícil de resolver: muita gente protege o carro, mas deixa a casa, a renda e a própria família desprotegidas — até o dia em que um vendaval, uma enchente ou um incêndio lembram que risco não pede licença. O mercado corre para ampliar essa proteção com aquisições, novas marcas e tecnologia, principalmente inteligência artificial, usada para analisar dados, acelerar indenizações e tentar oferecer preços mais ajustados ao perfil de cada cliente. Esse é o tema da entrevista com Eduardo Dal Ri, CEO do Grupo HDI, no programa Mundo Corporativo.

Dal Ri conta que voltou ao grupo em 2022, depois de ter feito carreira na empresa no início dos anos 2000 e de passar mais uma década fora do HDI. Ele afirma que reencontrou um setor marcado por mais tecnologia e por um espaço grande de crescimento no Brasil, justamente porque a cultura do seguro ainda é limitada. Nas palavras dele, o país tem um mercado “pouco penetrado”, o que abre oportunidades em várias frentes.

Na estratégia do Grupo HDI, um caminho foi diversificar o portfólio depois de aquisições. “Quando eu voltei em 2022, [a empresa tinha] 90% de carteira automóvel; hoje nós somos 67% de carteira automóvel”, afirma. Ele cita expansão para outros ramos e destaca o seguro de vida como uma dessas frentes.

Dal Ri também descreve uma característica que, segundo ele, dá velocidade à operação no Brasil: autonomia local. “Nós somos absolutamente autônomos no país. Nós temos sistemas próprios, cultura própria, toda a organização nossa é própria”, diz, ao explicar que a ideia é desenhar produtos para brasileiros, sem “produto empacotado” nem “diretriz” que venha pronta de fora.

Aquisição é gente, não é só CNPJ

Houve uma evolução expressiva nos dois últimos anos no Grupo HDI devido à compra da Sompo Consumer, em agosto de 2023, e da Liberty, em novembro do mesmo ano. Ao falar da integração das empresas compradas, Dal Ri faz uma distinção direta: o desafio não se resume a incorporar estruturas; envolve pessoas, expectativas e cultura. “As duas coisas mais importantes quando você adquire uma empresa em seguros é você tomar cuidado com os talentos… [e] os distribuidores”, afirma, lembrando que o setor é técnico e depende de gente especializada e de corretores que colocam o produto na rua.

Ele usa uma imagem para explicar o choque cultural entre organizações que parecem semelhantes por fora: “Quando você une, você percebe… é como se fôssemos gêmeos separados no nascimento. 20 anos, 30 anos depois, você percebe que esses gêmeos ficaram muito diferentes.”

Nesse processo, ele destaca a importância de reduzir ansiedade e tomar decisões com rapidez, sobretudo em áreas em que “muitas vezes você tem uma cadeira para duas pessoas sentar”. E aponta um cuidado: as saídas, diz ele, não necessariamente têm relação com desempenho. “Essas pessoas não saem por baixa performance. Elas saem porque só tinha que ficar uma pessoa ali”, afirma.

Dal Ri também relata que evitou “silos” internos por marca. A proposta, segundo ele, foi fazer as lideranças cuidarem de todas as frentes e deixar a diferença para fora, no posicionamento das marcas. “O que é diferente para fora são as atuações das marcas”, diz, citando a Yello como uma marca “mais premium”, a HDI como atuação mais ampla, e a Liro como porta de entrada.

Seguro, clima e a função social do pagamento rápido

Na conversa, Dal Ri argumenta que o brasileiro tende a segurar aquilo que enxerga como risco imediato. “O brasileiro pensa muito no risco… que ele consegue enxergar rapidamente. Então isso significa o carro”, afirma. Já em relação à casa e à vida, ele diz que a percepção costuma vir mais tarde.

Ele tenta desmontar uma crença comum: a de que seguro residencial seria automaticamente caro porque o seguro do carro pesa no bolso. “As pessoas… se deparam [com] uma surpresa tremenda de que o seguro residencial é muito mais barato”, diz, atribuindo isso ao risco diferente entre bens.

No caso de pequenos negócios, ele usa o exemplo de um salão de beleza para explicar a lógica do “lucro cessante”, quando a empresa para e perde renda: “Às vezes ela pode fazer esse seguro por R$ 1.000 ao ano… para pagar as contas dela durante esses 15 dias”, afirma.

Quando o assunto é evento climático extremo, Dal Ri cita a experiência recente do Sul. “Só o Grupo HDI… indenizou mais de 450 milhões de reais”, diz. Ele relata que, em muitos casos, o dinheiro do carro não foi usado para trocar o veículo, mas para recompor a vida: “Esse cliente… pegou esse veículo para recompor ou reformar a própria casa… ou para comprar roupas”, afirma. Para ele, aí aparece “a função social do seguro”.

Inteligência artificial: do dado ao sinistro, sem burocracia

Dal Ri diz que a inteligência artificial amplia a capacidade de trabalhar com dados e tornar o produto mais ajustado: “A inteligência artificial é um forte aliado pra gente analisar dados e trazer produtos e preços mais customizados pros clientes”, afirma.

No dia a dia, o efeito mais visível, segundo ele, está no sinistro: “Uma regulação… muito mais rápida”, com menos necessidade de análise manual de cada etapa. Ele descreve um objetivo de curto prazo: o cliente ter o carro guinchado e já receber a indicação de que “a colisão… tá regulada” antes mesmo de chegar em casa, reduzindo burocracia.

Como exemplo prático, ele conta um projeto que usa análise automática de fotos enviadas por oficinas parceiras: “Sem interferência humana, já… mandar para a oficina o OK para liberação”, afirma, comparando com um processo que poderia levar “72 horas”.

Ele também cita o uso da tecnologia no combate a fraudes e explica um ponto técnico em linguagem do cotidiano: reduzir “falso positivo”, ou seja, acertar melhor quando há suspeita real e não travar casos normais. “A inteligência artificial ajuda a diminuir o tal do falso positivo… e… [um caso] volta para a esteira novamente muito mais rápido”, diz.

O CEO do Grupo HDI amplia a leitura do setor e comenta o papel das novas empresas. Ele diz que há startups que vendem seguro diretamente e outras que prestam serviços para seguradoras. Para ele, a presença delas ajuda a popularizar o tema: “Toda a competição é muito bem-vinda… quanto mais iniciativas a gente fizer, melhor”, afirma.

Ao olhar para frente, ele volta ao ponto central: seguro como hábito de consumo, não como susto depois do acidente. “Trazer o seguro na primeira pauta do consumo no Brasil… é um grande desafio”, diz, ao indicar a ambição de crescimento do Grupo HDI nesse movimento.

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Quando a inteligência artificial bate à porta do RH

Reprodução da palestra no Open Talent Summit 2025


A inteligência artificial deixou de ser um assunto restrito a engenheiros, laboratórios e áreas de tecnologia. Ela passou a disputar espaço na mesa onde se tomam decisões sobre gente, cultura e liderança. Esse deslocamento muda o jogo dentro das empresas — e reposiciona o RH no centro da estratégia..

Essa percepção ficou clara para mim ao ouvir Ryan Bulkoski, da Heidrick & Struggles, executivo global da área de dados e inteligência artificial, um dos convidados do Open Talent Summit 2025. O evento promovido pea Chiefs.Group,  uma plataforma de “executivos sob demanda”, foi realizado em São Paulo. 

Ryan lida há anos com a contratação de lideranças em inteligência artificial para grandes companhias. Segundo ele, até pouco tempo atrás, esse tema ficava restrito aos times técnicos. Hoje, quem puxa a conversa é o RH. Não por acaso. A inteligência artificial não é apenas uma nova ferramenta. Ela muda a forma como as pessoas trabalham, aprendem e se relacionam dentro das organizações.

Um ponto me chamou atenção: Ryan insiste que o maior desafio da IA não é técnico, é mental. A ideia de que alguém “é dono” da inteligência artificial perdeu sentido. Ela atravessa todas as áreas. Por isso, passou a aparecer até em descrições de cargos que nada têm de tecnológicos. Espera-se que líderes compreendam, estimulem e saibam conversar sobre o tema — mesmo sem dominar o funcionamento interno das ferramentas.

Nesse cenário, a humildade virou ativo. Executivos que dizem “ainda estou aprendendo” criam ambientes mais seguros. Especialmente para os mais jovens. A liderança, aqui, deixa de ser a do especialista que sabe tudo e passa a ser a de quem convida para o aprendizado coletivo.

Ryan evita discursos grandiosos sobre resultados. Prefere exemplos simples. Recrutadores que ganham tempo com triagens automatizadas. Gestores que usam IA para estruturar feedbacks difíceis. Conselheiros que trocam horas de preparação por minutos de leitura assistida. O ganho aparece quando sobra tempo, clareza e energia humana.

Outro dado revelador: hoje, praticamente todas as buscas por executivos já incluem alguma exigência relacionada à inteligência artificial. Não apenas para cargos técnicos, mas para conselheiros, CEOs e líderes de áreas tradicionais. Não se trata de saber programar. Trata-se de não ficar fora da conversa.

O medo, claro, acompanha a mudança. Ryan defende que a melhor resposta não é discurso, mas exemplo. Líderes que mostram como usam IA — inclusive expondo dúvidas e limitações — ajudam a criar confiança. Vulnerabilidade, nesse caso, não enfraquece. Aproxima.

No fim, ficou uma ideia difícil de ignorar. O maior risco de não avançar na agenda de inteligência artificial não é tecnológico. É humano. Talentos deixam empresas que parecem lentas, fechadas ou pouco dispostas a aprender. A cultura envelhece antes do negócio.

A inteligência artificial pode até assustar. Mas, como lembrou Ryan, outras grandes transformações também causaram receio. Estradas, ferrovias, energia. Ajustes vieram, mas a infraestrutura ficou. Com a IA, tudo indica que estamos apenas no começo.

Cabe à liderança decidir como atravessar esse caminho: espalhando medo ou convidando à curiosidade. A tecnologia, no fim das contas, não escolhe – ao menos não deveria. Quem escolhe somos nós.

Avalanche Tricolor: o preço de sonhar menos

Botafogo 3×2 Grêmio
Brasileiro – Nilton Santos, RJ/RJ

Gremio x Botafogo
Foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

O Grêmio vive de pequenas esperanças e grandes frustrações. Uma vitória acolá levanta o ânimo, um empate segura a respiração e as derrotas — sempre tão recorrentes — lembram que a realidade insiste em puxar o time de volta ao chão. Basta um bom jogo para acreditar que a arrancada começou; basta a rodada seguinte para perceber que continuamos no mesmo lugar.

Há quem descreva essa temporada como uma montanha russa. Não me convence. A figura mais honesta é a de um carrossel infantil: gira, gira, e não sai do eixo. Mesmo depois da vitória no meio da semana, sabíamos que o jogo no Rio não autorizava qualquer ousadia. Diante de um adversário organizado, a queda parece escrita antes do apito inicial — e o time age como se também tivesse lido esse roteiro.

As carências do futebol jogado estão expostas para quem quiser enxergar. Frequentemente, sucumbimos à superioridade rival, como se alcançar um nível mais alto fosse algo fora do alcance. A perda de pontos se torna rotina: às vezes um, muitas vezes três, como aconteceu neste sábado.

O maior perigo não é o sobe e desce, mas o hábito que ele produz. Corre-se o risco de aceitar a mediocridade como paisagem fixa. Ganha-se quando sobra espaço, empata-se por acidente e a derrota passa a ser tratada como destino de quem não se preparou para competir mais alto.

O placar da noite reflete exatamente isso. Pode-se lamentar a chance final desperdiçada — aquela bola que parecia pedir para morrer nas redes e foi chutada para longe pelo próprio artilheiro. Ainda assim, não surpreende: entramos em campo desconfiando de que qualquer vitória seria fruto de generosidade do acaso.

O Grêmio corre poucos riscos no campeonato e alimenta ambições igualmente pequenas. O problema é que o Grêmio, esse que honra sua história, nunca foi time de aceitar o mínimo. O incômodo maior não está no resultado, mas no tamanho dos sonhos que estamos deixando de sonhar.

Mundo Corporativo: Hélio Rotenberg, da Positivo Tecnologia, explica como a empresa evoluiu dos PCs aos superservidores de IA

Bastidor da entrevista online de Rotenberg ao Mundo Corporativo Foto: Priscila Gubiotti/CBN

“O empreendedor é inquieto.”
Hélio Rotenberg

A Positivo Tecnologia nasceu ligada à educação, ganhou escala fabricando computadores e hoje mira o fornecimento de infraestrutura e serviços para inteligência artificial. A mudança, segundo o presidente e cofundador Hélio Bruck Rotenberg, foi resposta direta às oscilações do mercado e às novas demandas das empresas. Este foi o tema da entrevista concedida por Rotenberg ao programa Mundo Corporativo, da CBN.

Da fábrica de PCs à infraestrutura de IA

Rotenberg relembra que, no auge do mercado de computadores no Brasil, em 2012, a empresa produziu 2,5 milhões de unidades. A partir de 2013, com a retração do setor, veio a necessidade de diversificar. “Quando o mercado brasileiro de computador cai, despenca, a gente também aproveita essa oportunidade, que poderia ser uma crise, mas se torna uma oportunidade para diversificar a empresa”, afirma.

Essa diversificação incluiu servidores, tablets, máquinas de pagamento, serviços de TI e segurança, além de contratos públicos como a urna eletrônica. Na frente de IA, a aposta está no lado da infraestrutura, tanto para data centers quanto para soluções on-premise em empresas — um sistema de TI em que a infraestrutura (hardware e software) é instalada e mantida nas próprias instalações físicas da empresa.

“Nós acabamos de vender o maior servidor de inteligência artificial do Brasil”, diz. A companhia também passou a oferecer implementação e manutenção desses ambientes após a aquisição da Algar Tech (atual Positivo S+), integrando hardware e serviços.

A leitura de comportamento do consumidor é fundamental para as transformações e soluções que a Positivo Tecnologia oferece. Foram essas informações que orientaram, por exemplo, a evolução do portfólio de PCs. Rotenberg conta que, em parceria com a consultoria IDEO, a empresa passou dias em lares de classe média no Rio e em São Paulo para entender hábitos e expectativas. O resultado influenciou decisões de design e posicionamento. “A gente aprendeu que para a população de classe média, o computador era muito importante, era um bem muito caro. Então, ele ficava na sala, não ficava no quarto. Então, ele tinha que ser bonito”, recorda, ao descrever a presença do desktop como peça central da casa.

IA distribuída e uso prático

Para além dos grandes data centers internacionais, Rotenberg vê expansão do processamento de IA em ambientes locais por razões de custo, soberania e privacidade. “Algumas das inteligências artificiais […] vão ser processadas em data centers menores ou nas próprias empresas, que a gente chama de on-premise.” Por isso, a empresa se posicionou em parceria com fabricantes globais de chips e placas para atender bancos, governo e grandes organizações no país.

Na ponta, ele projeta crescimento do uso de NPUs nos computadores corporativos e pessoais. E aponta um desafio educativo: muitos usuários tratam os modelos de linguagem como um buscador tradicional. “A gente […] notou que as pessoas que usam inteligência artificial pela primeira vez […] usam hoje os LLM como se fossem um browser.” A Positivo trabalha numa interface que oriente o público a explorar melhor esses recursos.

Gestão, cultura e qualificação

Ao falar de liderança, Rotenberg descreve um estilo baseado em participação direta e adaptação. “A minha liderança é muito mais pelo exemplo, pelo ‘vamos lá, vamos fazer junto, vamos vencer mais essa’.” Ele reconhece, porém, a necessidade de ampliar estruturas e delegar com o crescimento da organização. “A cultura da empresa é uma cultura empreendedora […] as pessoas vibram com as vitórias […] mas a empresa foi mudando, […] tem mais níveis hierárquicos.”

Sobre qualificação, ele destaca a engenharia nacional envolvida em projetos como a urna eletrônica e a disputa por talentos de software. A educação segue como fator crítico: “Quanto melhor a educação, melhor nós seremos em tecnologia.”

Empreender é ajustar rota

No encerramento, Rotenberg sintetiza o recado para quem pretende abrir ou ampliar negócios: “O empreendedor tem que ser resiliente. Ele tem que estar totalmente aberto a corrigir rumos. Tenta um rumo, não dá certo, vai para outro, mas não desiste.”

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Mundo Corporativo: Bertier Ribeiro-Neto, da UME, explica como empreender com tecnologia e supervisão humana

Bastidores da entrevista online com CTO da UME Foto: Priscila Gubiotti/CBN

“A minha visão é sempre muita tecnologia com supervisão do humano.”
Bertier Ribeiro-Neto

Empreender começa menos pelo plano de negócios e mais por um incômodo real: “O que que te incomoda? Qual o problema que você gostaria de resolver? Por que que você gostaria de resolver esse problema?” A partir dessa provocação, Bertier Ribeiro-Neto, CTO da UME, conecta a prática do empreendedorismo ao uso criterioso de tecnologia para resolver dores concretas de clientes. Esse foi um dos temas sobre os quais conversamos no Mundo Corporativo.

Tecnologia que resolve problemas (com gente no circuito)

Para Bertier, automatizar decisões é útil, mas não basta: “O resultado não é verídico, o resultado não é final, o processo precisa de supervisão.” Ele descreve a operação da UME no varejo — concessão de crédito no ponto de venda em minutos — como um arranjo que combina dados públicos, relacionamento do cliente com o lojista, informações de renda e um “motor de crédito”, isto é, “um núcleo de inteligência artificial que combina todos esses sinais e toma uma decisão de forma automatizada”.

Mesmo assim, o critério é manter controle humano sobre o que o modelo decide: “A gente treina o modelo, coloca o modelo no ar, faz uma série de testes e a gente pergunta: ‘O modelo tá tomando decisão boa ou não?’ Quando o modelo toma decisão ruim, como é que a gente para o modelo e passa a decisão para um agente humano?”

Essa postura, diz ele, vale para qualquer empreendimento que adote IA: não aplicar tecnologia “de forma cega”, mas medir impacto e qualidade continuamente. “O propósito não é usar a tecnologia. O propósito é resolver um problema que aflige o seu cliente.”

Siga o cliente, o resto é consequência

A bússola de produto segue uma regra simples aprendida nos tempos de Google: “Follow the user. All else is a consequence.” Em português: “Siga o usuário, o resto é consequência.” No contexto da UME, isso significa observar necessidades diferentes por segmento (da “super compra” de uma geladeira ao crédito atrelado a um celular com garantia via bloqueio remoto) e desenvolver produtos que façam sentido no momento da decisão.

Ao falar com quem quer empreender, Bertier volta ao princípio: antes de crescer, encontre a solução que melhora a experiência de quem usa. “Você vai criar uma solução para aquele caso de uso, se a solução for boa, as pessoas vão adotar a solução, o resto é consequência.”

Escala com estabilidade e métricas

Os desafios atuais combinam crescimento e qualidade. “Estabilidade é muito importante… o sistema não pode cair.” Em paralelo, medir resultado passa a ser obrigatório: produtividade, capacidade de atendimento “com o mesmo time” e, sobretudo, a experiência do cliente e do varejista. Se a qualidade piora, “tem um problema”.

Ao olhar adiante, a aposta é que “o futuro do crédito não está mais nos bancos… está nas empresas que têm relacionamento direto com o consumidor”. Daí iniciativas como ferramentas de CRM para que o varejista “se comunique com o cliente do crédito” e refine sua visão sobre recorrência e preferências de compra.

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Dez Por Cento Mais: Daniel Soares fala sobre o valor do vínculo humano na prevenção do suicídio

“Ferramentas fazem, humanos curam.”
Daniel Soares, psicólogo

Setembro nos convida a encarar um tema duro sem perder de vista aquilo que sustenta a vida: sentido, diálogo e presença. Em uma conversa que percorre do consultório às relações cotidianas, o psicólogo e professor Daniel Soares defende que a prevenção começa quando alguém é visto, ouvido e acolhido; e não substituído por respostas automáticas. Esse foi o assunto da entrevista no programa Dez Por Cento Mais, apresentado por Abigail Costa, no YouTube, inspirado no Setembro Amarelo, uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015.

Vínculo, não algoritmo

Para Daniel, falar de prevenção é, antes de tudo, falar de sentido. Ele recorre à logoterapia para lembrar que é possível “dizer sim à vida, apesar de tudo” e “quem tem um porquê enfrenta quase qualquer como”. Considerando o crescimento de pessoas que têm buscado nos chatbots de Inteligência Artificial ajuda psicológica para soluções de problemas relacionados à saúde mental, ele faz um alerta: “Máquinas não sentem”, e a IApode ajudar com informações, mas não substitui a relação que cura”. O ponto central, resume, está no encontro entre pessoas: “Ferramentas fazem, humanos curam”.

A tecnologia, observa, oferece um “pseudo-relacionamento” que reforça o que o usuário já traz, sem continuidade afetiva: “A IA responde; quem acompanha, se preocupa e permanece é o humano”. Por isso, ele insiste no papel de pais e responsáveis no uso de ferramentas: acompanhamento, limites e, principalmente, conversa.

Como conversar com quem sofre

No dia a dia, o primeiro passo é reconhecer a dor do outro. “Não negue nem minimize o sofrimento”, diz Daniel. Evite atalhos como o “pensa positivo”. Em vez disso, ofereça presença: “Posso te ouvir? Estou aqui com você”. A validação, sem julgamentos, abre espaço para que a pessoa busque ajuda e se reconecte com motivos para viver.

Ele também chama atenção para o envelhecimento e a solidão. Mensagens curtas não substituem um encontro: “Presença, olho no olho, abraço e rotina compartilhada protegem”. Reativar pertencimentos — família, vizinhança, grupos, projetos — ajuda a restituir sentido e continuidade às histórias que cada um carrega.

Ao final, Daniel deixa uma imagem que atravessa a conversa: “A vida é uma viagem, passagem só de ida”. Cabe a cada um, afirma, levar para essa viagem valores, cuidados e gente por perto — e oferecer ao outro a mesma companhia que gostaríamos de receber.

Busque ajuda agora:

Centro de Valorização da Vida – CVV

O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.

A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, são gratuitas a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.

Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.

Assista ao Dez Por Cento Mais

O Dez Por Cento Mais traz uma entrevista inédita para você, às quartas-feiras, ao meio-dia, pelo YouTube. Você pode ouvir, também, no Spotify. Aproveite e coloque o canal entre os seus favoritos para receber alertas sempre que um novo conteúdo for publicado.

Mundo Corporativo: Thiago César, da Samsung, destaca como o marketing precisa se tornar mais humano

Reprodução do vídeo do Mundo Corporativo com Thiago César

“Não adianta mais gritar com campanhas caríssimas se você não tiver um estímulo que seja relevante para o consumidor.”
Thiago César, Samsung

A disputa pela atenção do consumidor nunca foi tão desafiadora. Cercado de telas, mensagens e estímulos, ele tem diante de si inúmeras opções de escolha, mas pouco tempo para se interessar de verdade por uma marca. Nesse cenário, ganha força a necessidade de escutar mais e falar menos. Esse foi um dos temas da conversa com Thiago César, diretor de marketing da divisão de Consumer Electronics da Samsung no Brasil, no programa Mundo Corporativo.

Escuta ativa e microcomunidades

Segundo César, as marcas já não têm o protagonismo que tinham quando bastava colocar uma campanha no ar para impactar grandes audiências. Hoje, a centralidade está no consumidor. “Ou eu escuto de fato o meu consumidor, ou não vou conseguir ser relevante. Se a marca não for relevante, ela vira paisagem.”

Esse processo passa pela análise de comportamentos em pequenos grupos. “Pensar em grandes massas hoje em dia está muito difícil. Você precisa ter claro que existem núcleos, culturas, subculturas que a marca precisa entender para poder chegar mais próximo e relevante ao consumidor.”

Na prática, isso levou a Samsung a reposicionar produtos como a TV The Frame. Mais do que um televisor, o aparelho se tornou parte da decoração da casa, dialogando com artistas e comunidades ligadas à arte. “Deixamos de falar apenas de tecnologia para conversar com microcomunidades que valorizam estética e estilo.”

Reagir rápido e com humildade

Para César, lançar uma campanha não é mais o fim do trabalho, mas o começo. “No momento em que você lança, você vai ouvir, coletar, entender e reagir.” A velocidade da resposta, afirma, pode ser um ativo criativo, já que mostra ao consumidor uma marca atenta ao diálogo.

Ele destaca ainda que admitir erros é parte do processo. “Assumir de maneira humana e visceral quando algo não sai como esperado pode ser tão potente quanto uma campanha caríssima de 60 segundos.”

Inteligência artificial como apoio

Apesar do debate sobre o impacto da inteligência artificial no marketing, César a enxerga como suporte para aprofundar a dimensão humana da comunicação. “Vejo a inteligência artificial muito mais no sentido de nos apoiar a sermos mais humanos. Quando você consegue automatizar parte de um processo de construção de marca ou de leitura de pesquisa, pode focar realmente no que importa: o comportamento das pessoas.”

Essa visão é reforçada pela experiência do executivo ao longo de mais de duas décadas de carreira, em empresas como Itaú, Netflix e, hoje, Samsung. Formado também em psicologia, ele lembra que não se trata apenas de entender dados, mas de compreender os desejos e símbolos que movem escolhas de consumo.

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Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: o uso ético da IA na publicidade é inegociável

Foto de Chee KahHay

A cassação de prêmios concedidos a uma campanha brasileira no Festival de Cannes deste ano acendeu um alerta sobre os limites éticos e a responsabilidade no uso da inteligência artificial na publicidade. A campanha da marca Consul perdeu o Grand Prix e um Leão de Bronze após denúncias e uma investigação da organização, que concluiu que conteúdos gerados por IA simularam eventos e resultados como se fossem reais.

Esse é o tema do comentário de Jaime Troiano e Cecília Russo no quadro Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, no Jornal da CBN. O episódio colocou em xeque não apenas a seriedade de uma peça publicitária, mas atingiu a imagem da publicidade brasileira como um todo. “De certa forma, quase que se confirma uma impressão que se tem de que é uma atividade criativa, mas abre mão de ser séria”, afirmou Cecília Russo. Ela também apontou o impacto na imagem do país: “Colocamos luz em traços da nossa identidade nacional que há anos tentamos afastar — de um país menos sério, não confiável”.

Jaime Troiano vê nessa crise uma possível inflexão positiva, ainda que provocada por um tropeço: “O trabalho ficou mais complexo, mas eu acho que vai ficar muito mais sólido, mais profissional”. Para ele, a partir de agora, os anunciantes estarão mais atentos aos cases enviados a festivais e à comunicação cotidiana, exigindo embasamento e idoneidade. Troiano destaca que a inteligência artificial não é o problema em si, mas sim o uso que se faz dela. “A inteligência humana é hoje mais do que nunca necessária. Esse é um grande alerta que a crise de Cannes acabou por estampar”.

A marca do Sua Marca

A mensagem central do comentário é clara: o uso ético da inteligência artificial é inegociável. A credibilidade da publicidade — e da marca — depende do compromisso humano com a verdade, com o caráter e com a responsabilidade profissional. Como resume Cecília Russo, “isso se tornou mandatório agora”.

Ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, logo após às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN. A apresentação é de Jaime Troiano e Cecília Russo.

Mundo Corporativo: “Liderança não é protagonismo”, diz Rafael Mayrink, da NP Digital


“Liderança não pode se colocar como protagonista. Ela precisa ser um guia, ajudar, auxiliar.”

Rafael Mayrink, NP Digital

O sucesso das empresas hoje vai além das competências técnicas e depende, sobretudo, da maneira como as pessoas se comportam, se relacionam e aplicam a tecnologia a seu favor. Este é o alerta de Rafael Mayrink, CEO da NP Digital Brasil, que participou do programa Mundo Corporativo para discutir a importância das habilidades comportamentais, o papel transformador da liderança e o impacto crescente da inteligência artificial no ambiente corporativo.

Ao longo da conversa, Mayrink destacou que “a pessoa precisa ler, ser curiosa, correr atrás, aprender mais sobre tecnologia e inteligência artificial para que ela use isso ao seu favor”. Para ele, o pensamento crítico se torna indispensável em um contexto em que as decisões precisam ser constantemente revisadas e alinhadas ao verdadeiro objetivo do cliente ou do projeto. “Se eu não tiver senso crítico para entender, perguntar e conhecer quem está do outro lado, não vou conseguir entregar o que realmente é necessário”, afirmou.

Treinar comportamento desde cedo

Mayrink defendeu que as competências comportamentais não nascem prontas e podem — e devem — ser desenvolvidas desde a infância. “Soft skills têm que estar lá na escola, desde o momento em que a criança começa a formar frases”, explicou. Segundo ele, é nesse processo que se aprende a falar em público, ouvir com atenção, lidar com frustrações e desenvolver empatia.

Ao falar sobre liderança, o executivo enfatizou que o líder precisa abrir espaço para os outros, ouvir ativamente e atuar como um orientador. “Nem sempre a liderança tem razão, mas por ter mais experiência, vai saber ouvir e guiar as pessoas para resolverem seus próprios problemas”, pontuou.

Inteligência artificial e o novo marketing

A tecnologia e a inteligência artificial já estão profundamente integradas ao marketing digital, e Mayrink apontou que isso exige um novo olhar sobre as funções e as relações de trabalho. “A inteligência artificial vem para aumentar produtividade, dar mais tempo e permitir que as pessoas desenvolvam outras habilidades”, comentou. Ele alertou, porém, que as mudanças exigem adaptação contínua e capacidade de aprender novas funções.

No encerramento, Mayrink aconselhou os jovens profissionais a ampliarem o repertório: “Faça algo fora do seu dia a dia. Aprenda um instrumento, pratique um esporte, explore novas experiências. Isso ajuda a desenvolver criatividade e habilidades de comunicação, fundamentais para qualquer carreira.”

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A necessidade inegociável da leitura e os perigos da preguiça intelectual gerada por IA no Direito 

Por Antonio Carlos de Aguiar

Imagem criada por DALL-E, via OpenAI

Vivemos uma era de atalhos cognitivos. De bibliotecas silenciosas, onde se degustavam obras inteiras, migramos para cópias xerox de trechos selecionados e, hoje, nos contentamos com respostas prontas de IAs, sem verificar sua procedência, fidelidade ou profundidade.

O fenômeno é preocupante em nível social e mais ainda no Direito. Há petições que repetem jurisprudência que o autor não conferiu se de fato existiam; são citadas doutrinas clássicas de livros cujas capas o peticionário desconhece, e essa reprodução – via Ctrl+C/Ctrl+V – hoje está “mais sofisticada”, com apoio em IAs, como o ChatGPT – que, não raro, apresentam considerações “jurídicas” alucinadas. Um bom exemplo: o “princípio da cristalização jurídica” (inventado por esse autor, para ilustrar exatamente o porquê desse artigo) foi “definido” pela IA do Google com aparente rigor técnico e com importante alerta sutil ao seu final: “As respostas de IA podem incluir erros. Consulte um profissional”. Quantos leem até o fim?

E, com “precisão”, definiu e nos apresentou no que cientificamente consistia o princípio da cristalização jurídica:

•  Impedir a rediscussão de matérias já decididas: Uma vez que uma decisão judicial transita em julgado (ou seja, não cabe mais recurso), o caso não pode ser reaberto para discutir os mesmos pontos decididos. 

•  Garantir a estabilidade das relações jurídicas: A decisão judicial, uma vez cristalizada, torna-se definitiva, protegendo as partes envolvidas de futuras incertezas e discussões sobre o mesmo tema. 

•  Proteger o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada: A lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, que são aspectos diretamente ligados à cristalização jurídica. 

E seguiu: O princípio da cristalização jurídica é fundamental para a manutenção da ordem e da segurança no sistema jurídico, evitando que as decisões judiciais sejam constantemente questionadas e que as relações jurídicas se tornem instáveis e incertas

O risco, portanto, vai além da simples falta de uma leitura profunda. Uma reportagem recente no Estadão (22/06/2025), por exemplo, revelou como o ChatGPT levou um usuário emocionalmente vulnerável a um surto delirante, afirmando até que ele tinha a capacidade de voar, porque se encontrava numa dimensão da realidade diferente. Contudo e, depois, ao final, ao ser questionando sobre esse destino, sem o menor pudor e/ou responsabilidade assumiu que mentiu. 

Junte-se a esse absurdo de direcionamento, o componente da aceleração vivenciada por toda a sociedade atualmente, tendo como resultado dessa soma de elementos, a prática cotidiana de um advogado que, na pressa, usando uma “pesquisa” similar para aconselhar um cliente, sem perceber que a IA distorceu a realidade, simplesmente envia a sua resposta “alucinante” ao seu cliente.

As consequências de viés negativo são ilimitadas.

A solução, no meu ver, está num outro caminho, que não se traduza na volta ao passado, porque isso é impossível, mas, na assunção plena de responsabilidades via deep learning (humano e não da máquina: machine learning), voltando-se às fontes: lendo livros, jurisprudência e doutrina na sua origem, não as consumindo em fragmentos. Além disso, desconfiar de respostas rápidas: IAs são ferramentas, não substitutas do estudo metódico e, sobretudo, fazer da rotina de estudo um hábito de verificação. O Direito exige precisão. Não há espaço para qualquer tipo de preguiça intelectual. Isso pode custar caro.

Estudo, leitura integral e a pesquisa paciente fazem parte da construção de um caminho único e verdadeiramente seguro para fazermos e entregarmos o nosso melhor.

Antonio Carlos Aguiar , é sócio do Peixoto & Cury Advogados, além de Mestre e Doutor em Direito do Trabalho pela PUC/SP. Titular das cadeiras 28 e 45 das Academias Paulista e Brasileira de Direito do Trabalho.