Avalanche Tricolor: Grohe é eficiente, humilde e importante

 

Grêmio 6 x 0 Inter SM
Gaúcho – Olímpico Monumental

Foram tantos pênaltis – marcados certos, marcados errados e não marcados – que o destaque da partida tinha de ser um dos protagonistas desta série. E apesar da goleada, escolho alguém que não marcou nenhum, evitou vários e jogou um bolão: Marcelo Grohe, nosso goleiro no jogo desta noite chuvosa, em Porto Alegre.

Ele é daquelas figuras que nunca vão aparecer na foto principal do time, mas todo time precisa dele. Reserva de Vítor, o melhor goleiro do Brasil, sempre que necessário surge com segurança e eficiência. Assim que o titular volta, retoma seu curso, compreende seu lugar e aceita seu papel. Humildade retribuída com o respeito que a torcida tem por ele.

Marcelo nasceu em Campo Bom, tem 24 anos, e hoje completou 80 jogos pelo Grêmio, em seis anos de clube. E foi comemorar a marca defendendo seu primeiro pênalti na equipe profissional.

É preciso explicar este pênalti. Ao contrário do que disse o árbitro, a bola não tocou na mão do Rafael Marques. Não contente com isso, errou mais uma vez, pois se tivesse havido irregularidade, teria sido dentro da área. Sinalizou fora e precisou o auxiliar dar o alerta.

Marcelo Grohe, acostumado a deixar tudo em ordem por onde passa, desfez as trapalhadas do árbitro ao defender a cobrança do pênalti. E revelou mais uma vez sua personalidade. Agradeceu a Renato Gaúcho que indicou para ele o lado em que o atacante chutaria. Completou o serviço, fazendo excelentes intervenções e não tenho dúvida de que foi este desempenho que deu tranquilidade para o time golear seu adversário.

Logo Grohe estará de volta ao banco, colaborando com o grupo, permitindo que a harmonia permaneça, respeitando a autoridade e ciente de que ser um solado deste exército tricolor é muito mais do que qualquer jogador pode sonhar.

Avalanche Tricolor: Futebol de guri

 


Grêmio 3 x 0 Inter SM
Gaúcho – Olímpico Monumental

O Grêmio não convence. Mithyuê, 21, começa a jogada do lado direito e com um passe bonito na bola aciona Jonas, 26, que de primeira recua para Maylson, 21, que enfia a bola entre os zagueiros para que esta chegue mais uma vez a Jonas já na área. O atacante chama atenção da defesa que o segue para a direita e com um só toque deixa o gol vazio diante de Maysol que faz o seu segundo na partida.

Mas o Grêmio não convence. Então Mithyuê, 21, aparece do lado esquerdo, já dentro da área. Tem categoria para driblar e com mais um passe sutil dar a oportunidade de Fernando, 18, fazer o primeiro gol dele entre os profissionais.

E o Grêmio segue sem convencer. Ganhou a Copa Fernando Carvalho, é a melhor campanha da Copa Fábio Koff, tem nove vitórias seguidas e uma invencibilidade histórica em seu estádio e fez 3 a 0 no Inter de Santa Maria – resultado que em alguns manuais esportivos é chamado de goleada.

Nada disso cala os comentaristas esportivos que fazem das críticas ao Grêmio sua ladainha preferida. Esquecem que seis dos jogadores considerados titulares estão afastados por problemas médicos. Dão de ombros à dificuldade de Silas repetir o time dois jogos seguidos. São incapazes de enxergar o que se constrói no estádio Olímpico.

Além dos meninos que participaram diretamente dos três gols desta noite, em Porto Alegre, estavam em campo o indiscutível Mário Fernandes, 19, o atacante Bergson, 19, e o volante Adílson, 23. Gente nova, criada em casa, preparada para jogar futebol de verdade, no qual o toque de calcanhar é regalia dispensável se o bico da chuteira for mais apropriado para o momento. Que nem por isso deixam de tratar a bola com o respeito e o carinho (ou o carrinho) que esta exigir. Jogam um futebol de guri, não de moleque

O Grêmio não convence – repetirão eles amanhã nos jornais. O Grêmio vence !

Avalanche Tricolor: Um time se constrói

 


Grêmio 4 x 1 Inter SM
Gaúcho – Olímpico Monumental

Foram 13 finalizações, quatro gols marcados, somente dois chutes contra e apenas cinco minutos para decidir o jogo e se habilitar a primeira final da temporada, domingo que vem, quando estará em disputa o 1º turno do Campeonato Gaúcho. Estes são os números que resumem a história de mais uma vitória do Imortal Tricolor diante de sua torcida e embaixo de um insuportável calor que fez o time impor ritmo despretensioso no segundo tempo.

Mesmo assim haverá críticas ao fato de, em mais uma partida, termos tomado um gol, o décimo-quarto em 11 disputadas neste ano. Lembrarão que em praticamente todas o time saiu em desvantagem(e virou o placar na maioria, mas isto não parece ser levado em consideração). E, claro, alguém colocará em dúvida a capacidade do técnico Silas comandar o Grêmio (até concordo que ainda terá que mostrar muito mais até convencer a todos).

No jogo dos números se esquece de olhar a alma de uma equipe, o movimento de seus jogadores, o esforço medido de acordo com a necessidade de cada momento e o olhar cúmplice de colegas que estão juntos há pouco mais de um mês. Não aparece o carrinho para buscar a bola que escorrega pela lateral, a dividida com o adversário que arrisca a própria integridade física para não perder a jogada e coloca em risco a sequência no campeonato ou a troca de passe qualificada, com velocidade e para frente.

Foram nessas cenas que apareceram isoladas nos 90 e poucos minutos da partida – a maioria jamais será reprisada na transmissão da televisão – que a história de um time se constrói. E foram elas que me chamaram atenção nesta noite infernal (34º) no estádio Olímpico em que os torcedores cantaram e aplaudiram quase o tempo todo, pois identificaram – assim como eu – que algo de muito bom está para acontecer neste ano.

Os gols de Rafael Marques, Borges (11 em 11 jogos), Fábio Rochemback e Hugo apenas ilustraram o que o Grêmio fez em campo, serviram para abrir os olhos de quem comenta com o preconceito e a desconfiança – estes sentimentos que, historicamente, encaramos e somos obrigados a superar a todo momento.

Domingo que vem – pouco me interessa quem será o adversário – estaremos em campo mais uma vez para mostrar que há um amadurecimento e estamos a caminho de um grande conquista. Que pode ocorrer daqui uma semana ou no decorrer do ano, mas que irá ocorrer. Temos um time.

Avalanche Tricolor: Que preguiça !

Inte-SM 1 x 1 Grêmio

Santa Maria – Gaúcho

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Tá bom ! Sei que começou o Campeonato Gaúcho. Que ganhar o Gauchão é muito legal para tirar um sarro da cara deles. Que é hora de acertar o time para o grande objetivo do ano: o Mundial. Sei, também, que nossa caminhada para a Ásia começava em Santa Maria do Boqueirão, terra de gente boa, lá no interior do Rio Grande do Sul. Mas você há de convir comigo que neste início de ano a turma ainda está de ressaca das férias. As aulas, só semana que vem, aqui em São Paulo. E só depois do Carnaval lá no Sul. A maioria ainda está nas praias. Não dava para esperar muita coisa do Grêmio na partida de estréia.

E eu não esperei, mesmo. Fui conversar sobre o rádio na Era do Blog lá na Campus Party.