Mundo Corporativo: Raphael de Lucca, da Iberia, diz que incerteza regulatória impacta investimento de companhias aéreas

Raphael de Lucca em entrevista online Foto: Priscila Gubiotti/CBN


“O Brasil tem poucas companhias ainda, tem um potencial de ter mais companhias trabalhando no Brasil e esse ambiente de insegurança acaba afastando em alguns momentos esses investimentos.”
Raphael de Lucca, Iberia

A expansão das rotas internacionais e o aumento de conexões aéreas passam por um obstáculo central no Brasil: as incertezas regulatórias. Projetos sobre cobrança de bagagens, disputas judiciais frequentes e decisões que fogem do escopo técnico da aviação vêm afetando custos, planejamento e o interesse de empresas estrangeiras em ampliar suas operações no país. A despeito deste cenário, Raphael de Lucca, gerente regional da Iberia no Brasil, entrevistado do Mundo Corporativo, da CBN, diz que enxerga enormes oportunidades para a companhia área espanhola no Brasil.

Regulação técnica e intervenções legislativas

De Lucca afirma que o ambiente regulatório brasileiro se tornou um desafio constante para companhias que operam rotas internacionais. Ele cita, em especial, as discussões no Congresso sobre obrigar empresas a incluírem bagagem despachada e marcação de assento na passagem. “Estamos vivendo uma (discussão) agora que é a Câmara dos Deputados querendo legislar sobre a inclusão de bagagem cortesia e marcação de assento, o que no nosso ponto de vista é uma ameaça até ao livre-mercado”, afirma.

O executivo reforça que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) já possui autoridade técnica para criar regras de tarifa e flexibilizar produtos. “Não é papel do poder legislativo legislar sobre produtos. Isso a ANAC poderia fazer e a ANAC já tem dado autorização para que nós tenhamos produtos mais flexíveis”, diz.

Ele exemplifica com a própria experiência como passageiro. Em viagens curtas, sem necessidade de bagagem, a tarifa menor atende melhor o consumidor. “Eu mesmo posso ir para Madri passar apenas dois dias sozinho e eventualmente eu não preciso levar bagagem. Eu mesmo não levo. Então, para que eu vou precisar comprar uma passagem que já me inclua? Porque, óbvio, esse custo estará lá.”

Além da instabilidade regulatória, De Lucca destaca o peso da judicialização no setor — processos que responsabilizam companhias por situações alheias ao controle operacional. “A companhia aérea é penalizada, às vezes, por efeitos de natureza”, afirma. Ele menciona casos em que empresas foram condenadas por atrasos provocados por mau tempo, situações em que o pouso é tecnicamente inviável.

Segundo ele, esse cenário cria insegurança e desestimula investimentos. “O Brasil tem poucas companhias ainda, tem um potencial de ter mais companhias trabalhando no Brasil e esse ambiente de insegurança acaba afastando em alguns momentos esses investimentos.”

Estratégia de expansão da Iberia

Após tratar dos entraves regulatórios, Raphael de Lucca descreve o movimento de expansão da Iberia no Brasil. A companhia encerra 2025 com o maior número de assentos da sua história no país e mira nova ampliação em 2026.

O plano inclui duas novas rotas diretas para Madri, saindo de Recife e Fortaleza. As operações começam com três voos semanais em cada cidade.

Segundo o executivo, o interesse no Nordeste combina potencial turístico e demanda crescente do passageiro europeu. “O nosso grande objetivo não é só conectar o passageiro brasileiro à Europa, mas também o passageiro europeu ao Brasil. O Nordeste ganha um protagonismo muito interessante”, afirma.

A troca de aeronaves e o que muda para o passageiro

A operação dessas rotas será feita com o Airbus A321 XLR, aeronave de corredor único — o que o setor chama de narrow body —, mas configurada para oferecer o mesmo padrão de conforto dos aviões maiores usados em São Paulo e Rio. De Lucca explica: “Ela é uma aeronave de um corredor só, com capacidade para 182 passageiros. Mantivemos a mesma qualidade que o passageiro encontra em aviões de fuselagem larga, com dois corredores.”

Esses aviões de dois corredores são conhecidos como wide body. A escolha do A321 XLR permite voos mais frequentes, com menor número de passageiros por trecho, e custo operacional mais baixo. Segundo ele, essa eficiência ajuda a manter tarifas mais competitivas.

A expansão tem outro pilar: o uso de Madri como hub, termo que designa um aeroporto-base para distribuição de voos. A Iberia conecta o Brasil a mais de cem destinos europeus a partir da capital espanhola.

Um recurso utilizado para fortalecer essa conexão é o stopover — a possibilidade de o passageiro permanecer alguns dias na cidade de conexão antes de seguir viagem. “A gente tem um programa de stopover de até 9 dias, com benefícios em museus, transporte e hotéis”, explica o gerente regional.

O perfil do turista brasileiro

Raphael de Lucca descreve o passageiro brasileiro como alguém que busca novos destinos e tem altos padrões de expectativa. “O turista brasileiro é muito exigente”, resume. Isso inclui detalhes como cardápios, anúncios e atendimento em português — prática que a Iberia já adota.

Outra peça central na estratégia comercial é o agente de viagens, que deixa de ser apenas vendedor para assumir o papel de consultor. “Ele entender toda essa demanda e criar oportunidades para o passageiro”, diz o executivo. A empresa mantém oito profissionais dedicados a esse relacionamento no Brasil.

A Iberia tem investido em produtos específicos para empresas de diferentes portes e vê no segmento corporativo um motor importante. Parte desse esforço é oferecer conexão de alta velocidade durante o voo. “Nós acabamos de fechar para ter internet de altíssima velocidade em todos os nossos aviões já no próximo ano”, afirma, destacando que o serviço será gratuito até o fim de 2026. Para destinos como Madri, com viagens de dez a onze horas, esse recurso se torna decisivo: “O passageiro corporativo precisa estar conectado.”

Prioridades e novas oportunidades no Brasil

Para os próximos três anos, o foco é consolidar as novas rotas do Nordeste e avaliar a entrada em uma quinta cidade brasileira. Ainda não há definição, mas o mapa de possibilidades existe. O executivo afirma que a decisão vai depender da estabilização da operação em Recife e Fortaleza e da leitura da demanda.

Ele também incentiva os profissionais do turismo a explorarem as oportunidades do setor. “O principal do turismo é a conexão entre pessoas, de culturas distintas”, afirma. Segundo ele, essa convivência é um dos grandes atrativos da carreira. “É um segmento que cresce muito, não só no Brasil, mas na economia global e abre-se muitas oportunidades de crescimento profissional.”

Assista ao Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves, Priscila Gubiotti e Letícia Valente.

Mundo Corporativo: Thaís Nicolau conta como ousadia e IA conectaram Will Smith à Nomad

Thaís no estúdio do Mundo Corporativo. Foto: Priscila Gubiotti/CBN

“Se você só é criativo por ser, quando isso não está linkado aos objetivos de negócio, a criatividade vira legalzice.”

Thaís Souza Nicolau, Nomad

Convencer Will Smith a protagonizar sua primeira campanha publicitária foi apenas o início de uma estratégia que colocou a Nomad, fintech brasileira, no centro das atenções no mercado de finanças. A empresa, fundada há apenas quatro anos, apostou em ousadia, criatividade e inteligência artificial para se destacar em um setor competitivo. Essa abordagem, segundo Thaís Souza Nicolau, diretora de marketing da startup, foi fundamental para consolidar a marca. O tema foi destaque no programa Mundo Corporativo, da CBN.

Criatividade que gera resultados

Para Thaís, a criatividade não é um fim em si mesma, mas um meio para atingir objetivos concretos de negócio. “Você pode utilizar a criatividade para gerar uma emoção nas pessoas, para gerar conversa, mas ela precisa estar alinhada aos desafios e metas da empresa,” afirmou. Essa visão orientou o desenvolvimento da campanha com Will Smith, que não apenas deu visibilidade à marca, mas reforçou sua mensagem central: a Nomad é a maior aliada dos consumidores no uso de contas internacionais e investimentos no exterior.

A campanha se destacou tanto pela escolha do astro de Hollywood quanto pelo uso de inteligência artificial. Em uma iniciativa inovadora, a tecnologia foi usada para fazer Will Smith falar português fluentemente no comercial, além de outros idiomas, como espanhol e japonês. “Queríamos materializar o conceito de que a Nomad rompe barreiras, assim como o dinheiro dos nossos clientes”, explicou Thaís.

Um passo além na comunicação

Para alcançar relevância no mercado, especialmente com recursos limitados, a estratégia da Nomad focou em campanhas potentes que gerassem conversa. Thaís relembra sua experiência no Burger King, onde aprendeu que ousadia e criatividade podem compensar um orçamento limitado. “Não ter a maior verba de mídia do mercado exige conceitos criativos que reverberem e atraiam a atenção do público de forma consistente.”

Outro destaque na estratégia de Thaís foi o engajamento interno. Antes do lançamento da campanha, a equipe da Nomad foi a primeira a conhecê-la, garantindo alinhamento e entusiasmo entre os colaboradores. “Esse tipo de co-criação ajuda a refinar o conceito, com base em diferentes perspectivas, sem perder a essência original”, disse.

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Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves, Letícia Valente e Priscila Gubiotti.

Mundo Corporativo: Marcella Ungaretti, da XP, diz que a agenda ESG reflete no valor da empresa

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“…talvez a primeira coisa que nos vêm em mente seja um pouco dos desafios que as companhias eventualmente possam ter nessa agenda, mas a grande verdade é que também tem muita oportunidade a ser capturada por essas companhias que estão bem posicionadas”. 

Marcella Ungaretti, XP Investimento

Impactada com a tragédia causada pelo rompimento de uma barragem da empresa Samarco, em Mariana MG, em 2015, a então estudante Marcella Ungaretti foi a campo para entender o preço que empresas envolvidas em crises ambientais pagam —- especialmente, ter resposta para a pergunta que veio à sua mente: quanto tempo essas empresas levam para se recuperar? 

“Noventa dias para mais”, foi o que descobriu ao pesquisar uma série de casos ocorridos nas mais diversas partes do mundo. Há situações ainda mais drásticas em que essa recuperação tende a não acontecer, como nos contou no Mundo Corporativo ESG. Formada em Administração de Empresas pela FEA-USP e vencedora do prêmio Ruy Leme de Excelência Acadêmica da USP, Marcella atualmente é sócia da XP Investimentos e ocupa o cargo de ‘head de research ESG” — ou seja, é responsável por analisar o compromisso das empresas com a pauta da sustentabilidade:

“Esse estudo conclui que a agenda ambiental, social e de governança não anda em separado da agenda financeira da companhia. Muitas pessoas tendem a ver a temática ESG como uma coisa, a temática de investimento como outra. Não! Na nossa percepção, aqui, na XP é que a companhia é uma só e, consequentemente, as ações que tiver no que tange o meio ambiente, a sociedade e a governança vão refletir diretamente nos resultados e no valor de mercado dela, no quanto que ela vale”.

Em entrevista à CBN, Marcella destacou que as empresas estão conscientes da relevância do tema ESG, mesmo que muitas ainda não tenham encontrado o melhor caminho da sustentabilidade. Para ela, essa é uma agenda que já passou do ponto de “não retorno”. As empresas que não olharem para essa questão provavelmente ficarão para trás, perderão mercado e serão desvalorizadas. 

“O mercado de capitais no Brasil tem evoluído de forma significativa, de forma que a gente tem mais players atuando no mesmo mercado, e isso significa para o consumidor uma opção de escolha, e nessa nessa decisão de escolha, a geração mais recente traz cada vez mais os critérios socioambientais como parte desse processo”

Marcella identificou três razões que tornam a agenda ESG fundamental para as empresas: há um interesse maior de investidores e de cidadãos de uma maneira geral; há uma regulação que vai exigir cada vez mais que essas regras sejam cumpridas; e, finalmente, o retorno que se tem no mercado tem sido alto. A partir disso, se impõe um desafio às empresas:

“Parece simples pelo fato de serem três letras, mas a grande verdade é que é tanto no E, na questão ambiental, isso se desdobra em uma série de fatores; no S a gente sempre diz que tem uma agenda interna, mas também uma agenda externa; e há a  frente de governança que é de extrema importância … A abrangência dessa temática se coloca como um desafio”.

Um segundo desafio às empresas, identificado pela executiva da XP Investimento, é a divulgação das companhias das ações adotadas e resultados obtidos nos relatórios enviados aos investidores. Apenas 24% das bolas de valores no mundo impõem a divulgação de relatórios de sustentabilidade — na B3, em São Paulo, por exemplo, a publicação desses dados não é obrigatória.

“… consequentemente parte das empresas brasileiras ainda não tem esse documento público; ao mesmo tempo que, por parte do investidor, a demanda por esse documento é bastante clara. A gente fica menos tangível para o investidor poder ter qualquer compreensão de como essa companhia está evoluindo nessa agenda”. 

Assista ao vídeo completo da entrevista do Mundo Corporativo ESG com Marcella Ungaretti, da XP Investimentos:

O Mundo Corporativo tem a colaboração do Renato Barcellos, do Bruno Teixeira, da Débora Gonçalves e do Rafael Furugen. O programa é gravado às quartas-feiras, às 11 horas, e pode ser assistido pelo canal da CBN no Youtube.

Mundo Corporativo: “empresas sustentáveis, são mais rentáveis:”, diz Fabio Alperowitch, da Fama, pioneiro na agenda ESG

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“Muitas empresas acham que mudar o logotipo no mês de junho para um arco-íris ou se posicionar em relação a um ou outro tema, já seja o suficiente. Quando na verdade, a gente está longe disso. Então, vejo muito bons exemplos, sim; mas ainda muito circunscritos a determinadas empresas”.

Fabio Alperowitch, Fama Investimentos

O que sua empresa estava fazendo em 1993? Sustentabilidade já era assunto na roda de conversa da diretoria? As ações, produtos e serviços consideravam o impacto que causavam no meio-ambiente? Ok, ok! Você pode dizer que naquela época — se é que a sua empresa já existia —- ainda era “tudo mato” no que se refere ao tema da preservação, escassez de recursos e responsabilidade ambiental, social e corporativa. Não dá pra negar, porém, que muita gente já estava preocupada com o futuro do planeta.,

Para refrescar a sua memória, o país acabara de sair da Eco 92, a primeira  Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que reuniu 178 chefes de governo, uma quantidade incrível de estudiosos e curiosos, divulgou pesquisas e metodologias de preservação e teve uma cobertura jornalística internacional —- ou seja, todos nós havíamos sido alertados de forma contundente sobre o que se avizinhava, os perigos que estávamos causando ao planeta, a necessidade de revisão no modo de produção e os impactos na qualidade de vida (na nossa qualidade de vida). Quem teve ouvido e coração, entendeu o recado.

Fabio Alperowitch e mais 19 amigos, parece, foram sensibilizados por esse debate. Em 1993, com cada um colocando sobre a mesa US$ 500, formaram um fundo de investimento para ser gerenciado por ele e Mauricio Levi, que tinham acabado de fundar a Fama Investimentos. Quando os dois criaram a empresa, assinaram um compromisso com 10 mandamentos, dentre os quais, o de não investir em empresas que ferissem seus princípios.

“Eu acho que a gente precisa desconstruir a imagem de que o ESG seja algo novo. Os fundamentos e pilares do ESG já existem há muito tempo. A primeira vez que foi utilizada a palavra sustentabilidade, e de uma maneira formal, foi no século XVIII, mas o mundo corporativo e o mercado financeiros tiveram muito distantes dessa pauta até muito pouco tempo”.

Na entrevista ao programa Mundo Corporativo ESG, Fabio Alperowitch revelou uma certa ambiguidade de sentimentos diante do assunto da governança ambiental, social e corporativa. Assim como revela entusiasmo pela trabalho que desenvolve — até hoje, se mantém à frente da Fama, fiel a seus princípios e promotor da causa —, também se faz reticente quanto ao envolvimento das empresas no assunto:

“No Brasil, ainda predomina uma dicotomia falaciosa de que empresas e investidores entendem que existem dois caminhos antagônicos, no sentido de, ou você é responsável ou você é rentável — o que não é verdadeiro. É exatamente o contrário: as empresas mais rentáveis, também são as mais responsáveis. Então, o caminho da responsabilidade traz também rentabilidade”.

Não dá para negar que o envolvimento das empresas na agenda ESG —- pelo amor ou pela dor — aumentou. Os números da Fama mostram isso: hoje R$ 2,8 bilhões estão sob gestão num fundo de ações, em que apenas empresas que passam pela rigidez dos critérios de governança são aceitas. Ainda é pouco e a maioria do aporte financeiro que está no fundo vem do exterior, de investidores que confiam na seleção de ativos feita pelos gestores. A despeito desse interesse, nem sempre genuíno, Alperowitch lamenta a pouca evolução alcançada:

“Os grandes indicadores ambientais e sociais, apesar de tudo que a gente tem ouvido sobre ESG, não estão melhorando … e os poucos que melhoram são a passos bastante tímidos. O mundo não está emitindo menos gases de efeito estufa; a diversidade está melhorando de forma muito periférica; a gente não está reduzindo a desigualdade social;  não está melhorando o nível de acidentes do trabalho”

Aos que ainda não perceberam que o mundo mudou e as exigências e necessidades são outras —- sendo a gestão sustentável em todas as suas dimensões o único caminho viável —-, Alperowitch alerta para a transformação que está por vir com a chegada da Geração Z no mercado de consumo. Há tendência de uma redução e uma revisão na maneira de consumir, com compras sendo feitas baseadas nos valores que pautam esses jovens:

“Ela (Geração Z) não vai comprar produtos de empresas que estejam na cadeia do desmatamento ou que, na sua cadeia de suprimentos, tenham empresas que violam direitos humanos, como trabalho análogo à escravidão ou trabalho infantil; ou que façam testes em animais e, assim, excessivamente; ou que sejam de combustíveis fósseis”. 

Ao não olhar de maneira estratégica e de longo prazo, as empresas também perderão em engajamento e produtividade, diz Alperowitch. Colaboradores de talento serão desperdiçados, porque não estão interessados apenas no salário que cai na conta. Querem saber se a empresa é antirracista, se combate a homofobia, se investe na diversidade e se está lutando contra os efeitos da mudança climática. Para ilustrar essa verdade, recomenda-se que se olhe com carinho para estudo desenvolvido por  Robert Eccler, ex-professor da Universidade de Harvard, que aos 70 anos é uma referência mundial no tema. Ao analisar por 18 anos, 180 empresas de 90 subsetores da economia, nos Estados Unidos, a conclusão foi de que as empresas sustentáveis tiveram performance muito melhor do que as outras:

“Esse estudo foi feito entre 1993 e 2009 quando não se falava em ESG, não se precificava as externalidades, por exemplo as empresas não tinham que pagar a taxa de carbono, a Geração Z ainda não existia e etc. Então, eventualmente se a gente repetir esse mesmo estudo daqui pra frente, eu imagino que o resultado seja ainda mais favorável para as empresas responsáveis”.

Antes de você assistir ao vídeo com a entrevista completa do Fabio Alperowitch, no Mundo Corporativo ESG: você lembra onde estava sua empresa em 1993? Eu, já estava por aqui, em São Paulo; trabalhava na TV Cultura e, por curiosidade, a pauta da sustentabilidade era frequente em especial pelo trabalho do conceito de jornalismo público que desenvolvíamos na redação. E, sim, naquela época não falávamos de ESG ainda.

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas, 11 horas da manhã, no canal da CBN no Youtube, no Facebook e no site da CBN. Colaboram com o programa: Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Débora Gonçalves e Vinícius Passarelli.

Mundo Corporativo: na incerteza, seu comportamento não pode ser incerto, ensina Carlos Vaz, da Conti

Foto: Reprodução

“Eu acredito que excelência é aquilo que você faz diariamente, uma dedicação de ser uma pessoa melhor, seja pessoalmente, seja profissionalmente” Carlos Vaz, Conti Real Estate Investments

Diante de tantas incertezas, o que não pode ser incerto é o seu comportamento diante delas. Essa é uma das lições aprendidas pelo empresário Carlos Vaz que, há 21 anos, desembarcou nos Estados Unidos, para um estágio não remunerado, em um escritório de advocacia, em Boston. Na época tinha algo em torno de US$ 300,00 no bolso e um aluguel a pagar de US$ 350, segundo conta. Até hoje, a Conti Real Estate Investments, empresa que criou e batizou com o sobrenome da mãe, há 11 anos, já registrou mais de US$ 1 bilhão em transações imobiliárias.

Carlos Vaz foi o entrevistado do programa Mundo Corporativo quando falou da trajetória dele, das oportunidades de negócios para brasileiros que querem investir nos Estados Unidos ou que planejam montar empresas por lá:

“O profissionalismo não tem nacionalidade. A coisa mais importante para nós como brasileiros é suar a camiseta todo o dia ..… Nós temos capacidade de competir com o americano, com o japonês, com o europeu ..… Essa gana de fazer o seu melhor, de querer ajudar as pessoas ao seu redor e sempre buscar o profissionalismo …”

O negócio da Conti é captar recursos com investidores, comprar imóveis, que serão alugados, e fazer a gestão financeira e condomininal. Segundo Carlos, a companhia tem atualmente 9 mil apartamentos sendo administrados e cerca de 300 pessoas trabalhando diretamente. Está localizada em Dallas, no Texas, e, em plena pandemia, abriu dois escritórios, em Miami e Rio de Janeiro:

“A pandemia acelerou, facilmente, de cinco a dez anos os negócios. Você percebeu que aquilo tudo que você faz hoje — não é só a sua inteligência, mas também a sua capacidade de se adaptar e sua capacidade de executar. A pandemia nos forcou a fazer as coisas diferentes, a fazer uma adaptação porque aquilo que levou você aqui não levará você lá”.

Filho número 8 de nove irmãos, Carlos diz que a educação oferecida pelos pais e os valores que ensinaram a ele, ainda na época em que viveu em Viçosa, Minas Gerais, foram fundamentais para vencer nos negócios. Mesmo tendo abandonado o curso de direito que iniciou no Brasil, o empresário lembra que, ao chegar nos Estados Unidos, tinha a convicção de que precisaria continuar estudando e realizando cursos, de preferência nas melhores escolas possíveis, pois também seria uma oportunidade para criar relacionamentos.

Para os brasileiros que querem iniciar negócio nos Estados Unidos, uma das recomendações de Carlos é que procure as câmeras de comércio, onde vão encontrar informações relevantes e assistência nas mais diversas áreas. Recomenda que se busque estados e cidades que estejam em crescimento e cita, como exemplo, o Texas. 

Sobre as habilidades para liderar uma empresa, o empresário identifica cinco aspectos que devem ser considerados:  

  1. Integridade
  2. Excelência
  3. Crescer e aprender
  4. Fazer a diferença
  5. Ter gana e paixão pelo que faz
     

E conclui:

”Nesse momento de desespero, fé é fundamental. Nosso comportamento não pode ser incerto. Procure sempre estar aprendendo; ouça bastante porque você vai pegar opiniões diferentes; veja o que você quer; não deixe de aprender; de olhar para você mesmo para tentar fazer melhor; e imagine: quando eu chegar a algum lugar, quem eu quero ajudar?”

O Mundo Corporativo pode ser assistido ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas, no canal do Youtube, na página do Facebook e no site da CBN. O programa vai ao ar, aos sábados, às 8h10 da manhã. E está disponível, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Izabela Ares, Bruno Teixeira, Matheus Meirelles e Priscila Gubiotti.

Mundo Corporativo: Felipe Mansano diz o que é preciso para sua startup ser descoberta por investidores

“Normalmente, os investimentos em startup têm esta característica: quem investe está procurando empresas que podem escalar, e, geralmente, a maneira mais eficaz é uma solução que é ancorada em um aspecto relevante de tecnologia”  — Felipe Mansano, Equitas VC

Mudar a maneira como profissionais de tecnologia são recrutados, migrar uma escola de programação para o cenário online e desenvolver conteúdo para provas de residência médica. Essas são algumas das ideias surgidas em startups que tiveram seus negócios alavancados com a participação de fundos de venture capital ou de investimento de risco. Todos esses projetos foram desenvolvidos no Brasil, país que tem assistido ao longo da última década um crescimento acentuado no número de empreendedores que se pautam em negócios digitais. Para Felipe Mansano, da Equitas VC, é importante ter esse ecossistema, do qual fazem parte  fundos, empresas e pessoas dispostas a investir em startups.

Em entrevista ao Mundo Corporativo, Felipe falou de oportunidades que existem atualmente no Brasil para quem cria e para quem investe:

“Na hora de fazer negócio é muito importante que as duas partes, tanto a gente como o empreendedor, além do dinheiro, avalie como esse investidor vai me ajudar a fazer para que o meu negócio alcance seu potencial. Nós acreditamos que é neste aspecto que mora a oportunidade, porque no Brasil tem mais escassez de conhecimento e de execução do que de capital — especialmente no cenário agora de juros muito baixo”

Os fundos de venture capital buscam empresas com foco na tecnologia porque são negócios que podem crescer em escala, o que atrai investidores dispostos a colocar o seu dinheiro em empreendimentos que estão em estágio inicial e a aguardar de sete a dez anos para terem o retorno financeiro: 

“É um jogo de longo prazo, mas para a empresa que dá certo, o retorno é 50 a 70 vezes o investido”.

Algumas dicas de Felipe Mansano que facilitam a atração de investidores para o seu negócio:

Como a maioria dos negócios está se iniciando, boa parte da aposta do investidor é na qualidade do time que está envolvido no projeto, portanto atenção na equipe de trabalho.

Identifique o diferencial competitivo deste time em relação ao desafio que a empresa está disposta a resolver,

Não adianta ser o maior peixe em um aquário pequeno, ou seja, é importante que você tenha solução para um problema grande; lembre-se, o investidor quer empresas com potencial de crescimento em escala.

—  Tenha clareza da concorrência; se houver muitas empresas oferecendo solução para aquele problema que você se propõe a resolver a chance de se destacar é menor

—  Mostre como a receita da empresa vem crescendo mês a mês; essa informação permite que o investidor avalie a adesão do mercado ao seu negócio, o quanto o mercado está vendo de valor na sua ideia.

Erros que podem atrapalhar o seu negócio:

Os fundadores da empresa terem apenas uma parcela do negócio: quanto menor a participação, menor é a disposição para enfrentar os desafios 

Não ter clareza do tamanho do seu mercado: o investidor precisa desta informação.

Ter empresas que não têm potencial de crescer em escala, geralmente não estão inseridas em tecnologia, uma característica que permite que o negócio se desenvolva de maneira rápida.

O Mundo Corporativo pode ser assistido às quartas-feiras, 11 horas da manhã, no site, no Facebook e no canal da CBN no Youtube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e pode ser ouvido em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo Juliana Prado, Guilherme Dogo, Rafael Furugen e Débora Gonçalves.

Mundo Corporativo: Luciano Gurgel, da Yunus, mostra caminhos para viabilizar um empreendimento social

 

 

“O empreendimento … é um grande quebra cabeça. Então, você tem de ter lá uma inteligência jurídica, uma inteligência de marketing, uma inteligência financeira; e quando tudo isso para de pé, você tem um negócio. E a função da aceleração é exatamente isso: prover essas várias habilidades entorno do empreendedor para que o negócio dele possa prosperar” —- Luciano Gurgel, Yunus Negócios Sociais

O empreendedorismo social é aquela atividade econômica que visa impactar positivamente a sociedade e se diferencia de uma ONG, pois tem a necessidade de gerar receita e dar lucro. Hoje, é possível encontrar as mais diversas iniciativas com esse perfil que estão beneficiando milhares de pessoas pelo mundo. Aqui no Brasil, não é diferente. Tem-se desde empreendedores que realizam projetos no setor de moradia até os que se dedicam a melhorar a performance de estudantes de baixa renda nas provas de redação do Enem.

 

O programa Mundo Corporativo foi descobrir como é possível tornar viável um empreendimento social e entrevistou Luciano Gurgel, gestor da área de investimento da Yunus Negócios Sociais. A empresa tem inúmeros programas de apoio a esses empreendedores que podem receber mentoria, informações sobre planos de negócios, criar conexões com fornecedores, parceiros e clientes, além de receber investimento com baixas taxas de juros e prazos mais longos de pagamento:

“O empreendimento se dá dessas várias pecinhas. É um grande quebra cabeça. Então, você tem de ter lá uma inteligência jurídica, uma inteligência de marketing, uma inteligência financeira; e quando tudo isso para de pé, você tem um negócio. E a função da aceleração é exatamente isso: prover essas várias habilidades entorno do empreendedor para que o negócio dele possa prosperar”.

O Mundo Corporativo pode ser assistido ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, com transmissão pelo perfil @CBNOficial do Twitter ou na página da rádio no Facebook. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN. Colaboraram com o Mundo Corporativo Guilherme Dogo, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Izabela Ares.

Fundo árabe deverá dinamizar a SPFW de Paulo Borges

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

Osklen

 

As transformações de tecnologia, de comunicação e de comportamento pressionam mudanças nos desfiles de moda dos grandes centros lançadores de tendências. Enquanto isso, a SPFW recebe o capital árabe de Abu Dhabi, através da compra de 50,5% das ações da Luminosidade, braço da INBRANDS, pelo IMM participações, de propriedade do fundo de investimentos Mubadala Development Company.

 

 

Em tese esta capitalização deverá contribuir para que Paulo Borges, a estrela criativa do Morumbi Fashion, que acompanhou as mudanças para chegar até aqui com a SPFW45, desenvolva um modelo que responda aos desejos de consumo atuais — de acionistas, patrocinadores e consumidores.

 

 

A nova acionista possui 25% do Rock World S.A., dona da “Rock in Rio”, organiza o “Rio Open Tennis”, o “Cirque du Soleil” no Brasil e eventos de UFC.

 

 

Tudo indica que a espetacularização da Moda será levada em consideração. Cogita-se de expansão geográfica e de calendário, de venda de ingressos para atividades paralelas, e da convergência com espetáculos de música, esporte, arte e gastronomia.

 

 

São hipóteses relevantes.

 

 

O desfile de moda tem uma função importante dentro do setor. É um canal de comunicação e glamourização das marcas e produtos. Entretanto o ritmo padronizado que vinha sendo exercido passou a ser contestado em várias facetas.

 

 

Desde a dicotomia entre apresentar conceitos ou práticas — ou seja, roupas de passarela ou moda usável. Até as questões de hoje, entre o ver e o ver e comprar.

 

 

A distância entre o consumidor e o espetáculo, criando uma elitização em nome da profissionalização ainda é um ponto a ser resolvido.

 

 

Por essas arestas, acreditamos que sócios familiarizados com o espetáculo possam equacionar as questões que possibilitem maior relação e participação do consumidor com a moda.

 

 

Vamos aguardar.

 

 

Até a próxima SPFW.

 

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung

Mundo Corporativo: Marco Gorini diz como conseguir dinheiro para a sua ideia

 

 

“Você precisa saber que risco você quer tomar, que risco você pode tomar e, principalmente, o risco que você deve tomar”. A sugestão é do economista Marco Gorini aos empreendedores que pretendem ir ao mercado em busca de investimento para seus negócios, produtos e serviços. Em entrevista ao jornalista Mílton Jung, no Mundo Corporativo, da CBN, Gorini alerta que muitos projetos deixam de existir antes mesmo de chegarem ao seu ponto de equilíbrio por não conseguirem os recursos adicionais que podem sustentar o negócio. Gorini escreveu com Haroldo da Gama Torres o livro “Captação de recursos para startups e empresas de impacto – guia prático” (Alta Books) no qual oferece uma série de dicas que podem ajudar você a tornar seu negócio sustentável.

 

O Mundo Corporativo pode ser assistido ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas, no site http://www.cbn.com.br. O quadro é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN, e tem a colaboração de Alessandra Dias, Douglas Matos e Débora Gonçalves.

“Em lugar de estádio, zerar creches”, diz Nossa São Paulo

 

O paulistano está consciente de que a cidade não pode entrar em uma aventura para sediar jogos e abertura da Copa 2014. A opinião é do coordenador geral do Movimento Nossa São Paulo, empresário Oded Grajew, que considera este comportamento um avanço importante da sociedade. Ele lembra que fosse há alguns anos estaríamos defendendo o Mundial a qualquer custo.

Para realizar quatro ou cinco jogos que se faça no Morumbi reformado, comentou. Sugere que em lugar de se colocar dinheiro público na construção de estádios, a prefeitura invista, por exemplo, nas metas com as quais se comprometeu através da criação da Agenda 2012.

“Em lugar de estádio, melhor zerar creches”, citou ao lembrar a promessa da prefeitura de atender 100% das crianças de até 3 anos cadastradas para vagas em creches municipais, até o fim da atual administração. Estariam faltando 40 mil vagas ainda.

Quanto aos investimentos que a capital paulista poderia obter em função da Copa, Oded Grajew entende que a cidade não teria prejuízos. Para ele, o dinheiro a ser aplicado em obras de infra-estrutura terá de vir independentemente dos eventos que São Paulo sediar. Ampliação de aeroportos, sistema de transporte melhor, crescimento dos serviços de saneamento e extensão das redes de comunicação são fundamentais para o desenvolvimento da cidade.