Por Milton Ferretti Jung

A manchete do jornal gaúcho Zero Hora, postada na página 36,exatamente no fim de 2014 e início de 2015,chamou minha atenção:”Peixes bem fora d’água”.Não imaginei que tratasse de um assunto que caberia melhor nas páginas dedicadas a notícias esportivas,essas que são sempre as primeiras que leio, eis que costumo abrir os jornais de trás para a frente. Em um cabeçote ainda se lia, pouco acima da manchete, um texto de três palavras que aumentou a confusão que eu estava fazendo:”Barganha Por Cargos”. Isso não é novidade. Barganhas de todos os tipos,especialmente as do ramo político,são matérias diárias na mídia. Abaixo da notícia que me atrapalhou havia uma foto…de um teólogo e,em seguida,a explicação:”Teólogo comandará o esporte no país”. A conclusão do que li não chegou a me interessar,embora falasse do segundo peixe tão fora d’água quanto o primeiro.

Antes de prosseguir com a leitura que me causou o segundo espanto ao esclarecer que um teólogo comandaria o nosso futebol,tratei de me informar sobre um assunto que me pareceu tão estranho,algo quase fantástico (para não dizer absurdo). Nas inúmeras décadas em que lidei com futebol (que saudade do Ênio Andrade),vi coisas do arco da velha e outras nem tão estranhas. Conheci inúmeros dirigentes. Fui admirador de muitos deles,cujos nomes não vou tirar da cachola para não fazer injustiça àqueles dos quais,por ver a qualidade do seu trabalho,fiquei fã de carteirinha. Depois de 60 anos de labuta em rádio e TV – e bem que poderiam ter sido estendidos ainda mais não fossem dois “teólogos” da mesma religião do novo ministro dos esportes – Geogge Hilton – autor de 97 discursos em dois anos de mandato,sem jamais falar em futebol – surpreendentemente foi escolhido por Dna.Dilma para ocupar um ministério sobre o qual teólogo algum,no decorrer de per omnia saecula,saeculorum,atreveu-se a abrir a boca.

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)