Avalanche Tricolor: o prazer de ver Zé Roberto jogar

 

Grêmio 2 x 0 Caxias
Gaúcho – Arena

 

Imagem reproduzida da edição dominical do jornal O Estado de São Paulo

 

Começo pelo fim, já nos descontos. Começo pelo último lance da partida desse sábado à noite. A terceira vitória em três jogos com o time titular na Taça Farroupilha estava garantida, nada mais mudaria o resultado seja pela vantagem no placar seja pela pouca eficiência do adversário. Isto não impediu que Zé Roberto disparasse em direção ao único jogador que estava impondo algum risco à nossa defesa, desse um carrinho de longa distância, que possibilitou o desarme, e saísse jogando com a bola dominada quase sobre a linha de fundo. Os torcedores aplaudiram com o mesmo entusiasmo que o Zé da Galera demonstra quando veste a camisa do Grêmio em um reconhecimento ao que nosso camisa 10 tem feito em campo, jogo após jogo. Mesmo nos raros instantes em que não tenha havido inspiração, não lhe faltou disposição.

 

Devo ter citado Zé Roberto um sem-número de vezes nesta Avalanche, pelos gols e pelos lances que realizou. E não me canso de escrever sobre ele. É sempre um prazer vê-lo jogar, perceber a qualidade com que conduz a bola, a forma como troca passe e se desloca em campo, a cabeça erguida e o olhar em busca de uma jogada melhor. Mesmo em partidas na qual faltam emoções, Zé Roberto sobra em campo.

 

Neste domingo, ao receber o jornal O Estado de São Paulo, me orgulhei de ver que o jogador gremista era destaque na primeira página da edição e personagem principal no caderno de esportes em reportagem com o título “O Melhor do Brasil”. No texto, assinado pelo jornalista Gonçalo Junior, há o relato sobre a infância de Zé Roberto, em São Paulo, vivida em uma família muito pobre com mais cinco irmãos, a mãe lutadora e o pai bêbado e violento:

 

De dia, os meninos catavam lata, cobre e papelão para vender no ferro-velho e, com a renda, compravam bolachas. O almoço era arroz com ovo, o máximo que a dona Maria Andrezina da Silva conseguia colocar na mesa com os dois empregos.

 

Zé Roberto começou no Pequeninos do Jockey, entidade que lançou um grande número de bons jogadores, foi vice-campeão brasileiro pela Portuguesa, paulista pelo Santos e ganhou uma série de títulos na Alemanha, onde é referência até hoje. Em Porto Alegre, ganhou o coração de todos os gremistas pela vitalidade e talento com que joga e pela inteligência com que fala e se comporta. Semana passada, após mais uma vitória, fez questão de revelar a alegria de estar no Grêmio e a expectativa de selar este casamento com um título. De minha parte, independentemente do que venha a acontecer nesta temporada, ter Zé Roberto no elenco e na história do Grêmio considero uma grande conquista.

 

Depois da Avalanche: outra grande satisfação na noite de sábado foi saber que o Gladiador está de volta.

Avalanche Tricolor: Kleber e Marcelo têm atitude gremista

 

Grêmio 1 x 0 São Luiz
Gaúcho – Olímpico Monumental

 

O Brasil inteiro assistirá na televisão ao toque de calcanhar de Marcelo Moreno que deixou Kleber diante do goleiro para fazer o que mais sabe. Foi muito bonito mesmo, seja pela plástica, seja pela velocidade, seja pela habilidade com que deslocou a defesa adversária e permitiu que seu colega de ataque marcasse o terceiro gol dele com a camisa gremista. Kleber também foi preciso e veloz para superar seu marcador, segurar o tranco do zagueiro e completar a jogada, fazendo dela destaque nos telejornais. O lance permitiu que o Grêmio voltasse a vencer no Campeonato Gaúcho e teve o mérito de chamar atenção para o que esta dupla poderá fazer na temporada. Os dois, assim que estiverem em forma, oferecerão excelentes momentos para o torcedor.

 

Os que estão acostumados a acompanhar esta Avalanche sabem que gosto de perceber nos detalhes, muito mais do que nos lances que enchem os olhos do público e editores de televisão. Agrado-me com atitudes que parecem ser simples, mas transmitem mensagens importantes como no primeiro momento em que Kleber apareceu em campo e cortou um passe do ataque adversário próximo da área do Grêmio ou quando Marcelo Moreno com um carrinho impediu que o zagueiro saísse jogando e mandou a bola pela lateral. Não decidiram a partida mas demonstraram o quanto eles estão envolvidos no espírito que move o time, conquista o torcedor e se faz fundamental para o sucesso nesta temporada – e a vitória no próximo domingo.

 

Obs: aos que perderão tempo falando do pênalti desperdiçado, só tenho a dizer que, além de Gladiador, Kleber é justo, a falta em Leandro foi fora da área, em um raro erro de arbitragem a favorecer o Grêmio.

Avalanche Tricolor: Prazer conhecê-los

 

Canoas 1 x 3 Grêmio
Gaúcho – Olímpico Monumental

 


 

O feriado era apenas em São Paulo e mesmo que o clima tenha sido esse, para mim a quarta-feira foi de muito trabalho, pois comecei logo cedo no Jornal da CBN e depois tive o privilégio de ser convidado a participar do CBN SP especial, em homenagem aos 458 anos da cidade. Foi lá que ouvi mais uma vez de um dos muitos “comentaristas esportivos” – aspas pois são apenas amigos admiradores do esporte – que a contratação de Kleber pelo Grêmio foi uma loucura: “gastaram muito dinheiro e não vai dar certo”. O Gladiador – é esta a marca que o acompanha – é bastante conhecido pelas confusões que se envolve e gols que marca, e dizem que costuma estar mais nelas do que neles. Tenho a tendência a acreditar que os jogadores irão corrigir seus defeitos e desenvolver suas qualidades assim que vestirem a camisa tricolor, principalmente se entre estas está o espírito guerreiro que sempre contamina a torcida – ou é contaminado por ela. Kleber tem este espírito e às vezes confunde um pouco as coisas, mas foi muito bem-vindo desde que anunciado ano passado. No início da noite de hoje, a partida do Grêmio começou às sete e meia da noite, ainda com muito sol na cidade de Canoas, na Grande Porto Alegre, o atacante marcou seu primeiro gol em partida oficial. Não foi um golaço, daqueles de driblar dois zagueiros, limpar a jogada e encher as redes; nem foi um gol decisivo, capaz de ficar marcado na memória dos gremistas; mas foi um gol de quem entende do riscado – como diriam os mais antigos -, tinha o olho na bola no momento em que foi cruzada para outro colega de ataque que estava na área, se deslocou por trás dos marcadores para o lugar onde ela deveria sobrar na jogada seguinte e apareceu sozinho ao lado da trave tendo apenas o trabalho de empurrar a bola para dentro do gol – não leia este “apenas’ com desprezo, está aqui para mostrar que a simplicidade é um mérito, neste caso. Kleber se apresentou e marcou. E mesmo que seja apenas o início, é um prazer conhecê-lo com a camisa do Grêmio. Assim como foi conhecer Marcelo Moreno, que chegou sem a mesma “má-fama” do colega de ataque, pelo contrário, é visto como um dos prováveis destaques da temporada, e, hoje, ao fazer sua estreia já marcou o primeiro gol (e de cabeça). Moreno e Kleber vão mesmo causar muita confusão em campo. Para o adversário, é lógico

Clubes fingem ser ricos e jogadores, craques

 

Por Milton Ferretti Jung

Hoje vou entrar em uma área que, se não me engano, ainda não tinha sido objeto destas bem traçadas linhas: futebol. Afinal, não poderia usar a velha “mal traçadas linhas”, comum nas cartas de antanho, principalmente nas enviadas por pessoas apaixonadas, porque o computador colocou esta expressão em desuso. Creio que, mesmo nas missivas manuscritas, ela saiu de moda. Já quanto à qualidade do texto, deixo o julgamento para os leitores, se é que os possua. Aviso ao responsável por este blog, meu filho, que não pretendo concorrer com a Avalanche Tricolor, postada por ele após cada jogo do Grêmio. Tenho certeza de que, ultimamente, o Mílton faz das tripas coração para não dizer o que pensa não apenas do nosso time, mas da sua direção.

Talvez no ano que vem a Avalanche Tricolor volte a tratar de vitórias, caso o Grêmio confirme, por exemplo, a contratação de Kleber. Estou escrevendo na terça-feira, 15 de novembro. Não sei, por isso, se este será gremista em 2012. Seja lá como for, a proposta gremista a este centroavante é do nível das que os grandes clubes europeus costumam fazer, algo inimaginável por aqui não faz muito. Quem seria capaz de acreditar que um clube, até agora obrigado a vender suas revelações para a Europa, teria condições de pagar a um atacante 500 mil reais por mês e 5 milhões em luvas? De onde sai todo este dinheiro? Não consigo entender como alguns clubes que não possuem patrocinadores com cacife para ajudá-los na composição de altíssimos salários tanto para jogadores quanto para técnicos e estas novas espécies de dirigentes remunerados, obtém as verbas necessárias para cobrir as suas extraordinárias despesas, sem ir à bancarrota.

Tostão, um dos nossos craques do passado, cujas opiniões são sempre preciosas e bem-vindas, escreveu, na sua coluna na Folha de São Paulo, o que faço questão de reproduzir: “Parece até que o Brasil é campeão do mundo, que tem vários jogadores entre os melhores do planeta e que o Brasileirão está repleto de craques. Confundem bom jogador com craque. A fortuna oferecida ao Kleber, apenas um bom jogador, além de encrenqueiro, representa bem essa distorção. Os clubes fingem que são ricos e os bons jogadores, com a aprovação de parte da imprensa, fingem que são craques”. Eu, data venia do Tostão, me atrevo a acrescentar que, até para se fingirem de ricos, certos clubes gastam o que não possuem.