Mundo Corporativo: Eduardo Carvalho, da Equinix, prevê mudanças na forma de liderar na Era da Inteligência Artificial

Bastidores da gravação do Mundo Corporativo. Foto: Priscila Gubiotti

“A liderança hoje se faz pela influência, não pelo poder.” 

Eduardo Carvalho, Equinix

O papel dos líderes se destaca por sua profundidade e relevância, nesta era dominada pela tecnologia. Está é uma das reflexões de Eduardo Carvalho, presidente da Equinix para a América Latina, entrevistado no programa Mundo Corporativo, da CBN. Ele compartilha reflexões sobre como a inteligência artificial e o desenvolvimento digital estão remodelando o mundo e as relações, transformando a essência da liderança.

Eduardo Carvalho ilumina o cenário atual dos negócios, onde os data centers e a interconexão desempenham papéis cruciais. Ele destaca a importância da hospedagem dos principais players do mercado pela Equinix, a maior empresa global do setor: 

“Tudo que está no seu celular, todos os aplicativos, eles rodam, direta ou indiretamente, dentro da Equinix”

Esta capacidade tecnológica, segundo ele, tem um impacto direto na experiência do usuário final, colocando em perspectiva a responsabilidade e a influência das decisões empresariais.

O novo papel dos líderes

No coração da discussão, Eduardo enfoca o papel evolutivo dos líderes em um ambiente influenciado pela IA. Com o declínio do poder monocrático, surge uma nova forma de liderança baseada na negociação, colaboração e, acima de tudo, influência. 

“O líder moderno não toma mais decisões isoladamente. As decisões precisam do consenso e da colaboração das diversas áreas da empresa.” 

Essa mudança de paradigma reflete a necessidade de adaptar-se, não apenas às demandas tecnológicas, mas também às humanas, promovendo um ambiente onde o capital humano e a tecnologia coexistam harmoniosamente.

Inteligência Artificial e Liderança

A influência da IA na liderança é um tema central na visão do CEO da Equinix. Ele argumenta que a inteligência artificial oferece uma base de dados e análises profundas que podem auxiliar os líderes em suas decisões. 

“A inteligência artificial tem uma colaboração fundamental em tornar os processos mais eficientes e em fornecer insights que anteriormente poderiam não ser evidentes.” 

No entanto, Carvalho enfatiza que a IA não substitui a necessidade de uma liderança humana empática, intuitiva e adaptável. Pelo contrário, ela serve como um complemento que potencializa a capacidade de liderar com mais informação e precisão.

A importância da requalificação

Outro ponto crítico abordado por Eduardo Carvalho é a requalificação dos colaboradores em face das mudanças tecnológicas. Ele destaca a importância de preparar as equipes para trabalhar com novas ferramentas e processos, um desafio que os líderes devem enfrentar. 

“A requalificação é essencial não apenas para a eficiência operacional, mas também para a satisfação e o engajamento dos colaboradores.” 

Essa perspectiva sublinha a visão de Eduardo de que os líderes devem ser facilitadores da adaptação e do crescimento, tanto tecnológico quanto pessoal.

“A inteligência artificial tem uma colaboração fundamental, mas o futuro é híbrido e diverso.”

Ouça o Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quintas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN e também fica disponível em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

Esta entrevista com Eduardo Carvalho não apenas ilumina o caminho para o futuro dos negócios digitais e a importância do capital humano nesse processo, mas também reitera a necessidade de uma liderança que abrace a diversidade, a inclusão e a inovação. À medida que o mundo corporativo continua a evoluir, as palavras de Eduardo servem como um lembrete da força que reside na combinação da tecnologia com uma gestão humana e inovadora.

Mundo Corporativo: Glauter Januzzi, da Regra 7, apresenta a jornada da liderança humana

foto de Priscila Gubiotti

“O líder precisa saber negociar, precisa saber comunicar, precisa saber colaborar”.

Glauter Januzzi

A liderança eficaz é a chave para promover uma cultura de trabalho saudável e produtiva. É o que pensa Glauter Januzzi, executivo, empreendedor e mentor, entrevistado no programa Mundo Corporativo. CEO da “Regra 7”, Glauter compartilhou ideias valiosas sobre a importância da liderança autêntica e os desafios enfrentados pelos líderes no mundo corporativo pós-pandemia. Ele é autor de uma série de livros sobre liderança, comunidades e engajamento. Recentemente, lançou “O lado humano da liderança — sete habilidades de um líder de verdade” e “Humans kills – habilidades e capital humano para uma carreira de sucesso”

Desenvolvendo Líderes de Verdade

Uma das questões fundamentais discutidas na entrevista foi a diferença entre ser um líder de verdade e ocupar um cargo de liderança. Glauter Januzzi enfatizou que a liderança genuína vai além da autoridade imposta pelo cargo; é sobre habilidades interpessoais, comunicação eficaz e conexões verdadeiras com a equipe. Ele destacou que muitos profissionais ocupam posições de liderança sem as habilidades necessárias para liderar efetivamente, o que pode levar a ambientes de trabalho tóxicos e desmotivação entre os colaboradores.

“Vamos parar de falar líder de verdade. Vou falar de líder porque para ser líder você tem que saber lidar com pessoas, e liderança não é uma posição, não é um cargo, é a atitude como a gente faz uma provocação, também”

Desafios no Mundo Corporativo Pós-Pandemia

A pandemia trouxe desafios significativos para o mundo corporativo, incluindo a transição para o trabalho remoto. Glauter Januzzi observou que, embora o trabalho remoto tenha suas vantagens, a perda da conexão humana e do senso de pertencimento pode afetar negativamente as equipes. Ele enfatizou a importância de líderes manterem o contato humano e estarem atentos ao bem-estar de seus colaboradores.

Tecnologia e Liderança

Outro tópico relevante discutido foi o uso da inteligência artificial na gestão de pessoas. Glauter reconheceu o potencial da tecnologia como uma ferramenta útil, mas ressaltou que ela não pode substituir o papel do líder em desenvolver suas equipes. A tecnologia pode oferecer ideias valiosas mas a empatia e a compreensão humana são essenciais para a liderança eficaz.

Mentoria como Ferramenta de Desenvolvimento

Glauter também destacou a importância da mentoria na liderança. Ele enfatizou que os bons líderes atuam como mentores, ajudando a desenvolver suas equipes e apoiando seu crescimento profissional. A mentoria cria um ambiente de aprendizado contínuo e fortalece os laços entre líderes e colaboradores.

Ética e Diversidade

Na entrevista, também foi abordada a importância da ética no ambiente de trabalho e como os líderes podem equilibrar o uso da tecnologia, como a inteligência artificial, com relações humanas autênticas e éticas. Glauter enfatizou a necessidade de líderes serem aliados em causas como diversidade e inclusão, promovendo um ambiente de trabalho justo e igualitário.

“O líder precisa ser um aliado de várias causas para os grupos vulneráveis. E aprender até a nomenclatura que você usa. Então, não cabe mais um líder, hoje, que coloca a autoridade como poder e ‘eu sou assim e a minha equipe tem que se adequar a minha liderança’. Não é bem assim. O líder de fato, o líder humano, o bom líder inspira e ele é servidor. Então, ele precisa aprender sobre diversidade”.

Em resumo, a conversa com Glauter Januzzi revelou que a liderança autêntica é essencial para promover uma cultura de trabalho saudável e produtiva. Os líderes que desenvolvem habilidades interpessoais, mantêm o contato humano e apoiam o crescimento de suas equipes estão bem posicionados para enfrentar os desafios do mundo corporativo em constante evolução.

As sete habilidades do líder

Em dos livros recém lançados, Glauter Januzzi lista as sete habilidades do líder:

  1. fazer o que fala
  2. ter credibilidade
  3. criar conexão verdadeira
  4. coragem de ser um agente de mudança
  5. atitude para mudar
  6. comunicar com clareza
  7. reconhecer e ter gratidão

Assista ao Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas, no canal da CBN no YouTube e no site www.cbn.com.br. O programa vai ao ar aos sábados, às 8h10 da manhã, no Jornal da CBN, às dez da noite de domingo, em horário alternativo, ou a qualquer momento em podcast. Participam do Mundo Corporativo: Renato Barcellos, Letícia Veloso, Rafael Furugen e Priscila Gubiotti:

Mundo Corporativo: Rosângela Angonese vê nas mulheres o antídoto para os líderes tóxicos

Rosângela Angonese. Foto: Priscila Gubiotti

“O líder precisa saber fazer essa escuta e buscar formar um trabalho colaborativo com as pessoas da sua equipe, eu acho que essa é a essência”

Preste atenção como seus colegas chegam ao escritório. Observe o olhar deles e o ânimo que demonstram para iniciar o trabalho. Ouça como se cumprimentam, os comentários que fazem e os diálogos que travam. Aliás, perceba a si mesmo, entenda qual é o seu comportamento no ambiente de trabalho ou meça a sua disposição em sair da cama para iniciar o expediente.  Todos esses aspectos dizem muito sobre como são os líderes da sua empresa, porque é nos colaboradores e profissionais que a forma deles agirem se reflete. Se houver tristeza, olhares sem brilho, baixa autoestima, burburinho de corredor e reclamações na sala do café, tenha certeza, você está diante de uma empresa comandada por líderes tóxicos.

Apostar que os dias desses líderes estão contados é ter muita esperança na sensibilidade dos principais executivos das empresas — aqueles que têm o poder em contratar e demitir. A despeito disso, Rosângela Angonese, especialista em comportamento organizacional, se esforça para demonstrar às empresas o quão deletério é esse modelo de liderança. No programa Mundo Corporativo da CBN, a executiva apresentou algumas das ideias que ela e seu colega Ricardo Neves defendem no livro “O fim da liderança tóxica nas organizações” (Editora Neo21).

Rosângela tem estudado o tema a partir dos movimentos que ocorrem no ambiente organizacional, e quando eu perguntei para ela se já havia sido uma líder tóxica, não titubeou na resposta: sim! E explicou:

“A gente precisa demonstrar as nossas fragilidades e dizer “poxa, eu às vezes ainda sou tóxica assim”, “às vezes ainda eu piso na bola”, “às vezes eu ultrapasso o limite”, mas o o mais legal é quando a gente se dá conta disso, refazer a conversa. Eu acho que isso é uma coisa muito importante”.

Como você leu no primeiro parágrafo, os sinais do tipo de liderança que atua na sua empresa estão expressos no escritório em que você trabalha. O chefe persiste no formato comando e controle e os funcionários absorvem a tese do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Os mais talentosos e corajosos tendem a ir embora e os que ficam carregam no mau humor e desânimo, o que impacta em sua produtividade. Se tudo isso acontece porque esses líderes não mudam suas características ou são mudados pela a empresa? 

“A meu ver, a liderança tóxica, que é aquela que não ouve, também é aquela que não ouve não só as palavras mas não ouve os sinais que estão acontecendo ao seu redor, por exemplo, como que as pessoas estão chegando no trabalho, elas estão trazendo algum problema particular, alguma questão que pode estar interferindo na sua satisfação de estar ali?”.

Os tóxicos não enxergam os sinais nos seus colaboradores nem em si mesmo. Muitos, segundo Rosângela, são incapazes de se perceber dessa forma, de entender que suas emoções estão influenciando na dinâmica e no rendimento da empresa. Apesar disso, a autora acredita que o espaço para esse modelo de liderança está se reduzindo. A começar pela fuga de talentos que tem levado às empresas a abrirem os olhos para a dificuldade em reter esses profissionais mais qualificados. Depois, aqueles que assumem os postos de comando, chegam já entendendo que há um novo comportamento sendo exigido pelas equipes de trabalho. E, finalmente, Rosângela credita às mulheres outro ponto de resistência:

“Um elemento que começa a transformar (o ambiente de trabalho) é a presença de mulheres em postos de liderança. Ela pode vir para o ambiente corporativo liderando, sendo feminina, tendo esse modelo feminino. Eu acho que isso seria um grande ganho para as organizações e para toda essa discussão da transformação do modelo da liderança”.

Aos que tem interesse genuíno de mudar sua forma de agir quando ocupam cargos de chefia, Rosângela sugere que inicie por criar um ambiente colaborativo e entenda que a era do chefe sabe tudo acabou. Ninguém mais consegue ter respostas para todas as questões que surgem ou dominar o conhecimento por completo. Para promover a inovação, as empresas precisam de múltiplos conhecimentos e isto vem de diferentes ideias e pensamentos: 

“O papel do novo líder é cuidar de gente, apoiar as pessoas, mandar menos e ouvir mais, e buscar criar um ambiente de colaboração”.

Para saber mais sobre o livro “O fim das lideranças tóxicas nas empresas” e entender as novas expectativas para as relações de trabalho, assista à entrevista completa com Rosângela Angonese, no Mundo Corporativo:

O Mundo Corporativo tem as participações de Rafael Furugen, Priscila Gubiotti, Letícia Valente e Renato Barcellos.