Observações de um sesamóide quebrado

Foto: Pexels

Um fratura nos minúsculos sesamóides, dois ossinhos tão ridículos quanto necessários do dedão, me proporcionou uma série de experiências baseadas em observações e agitou a semana que prometia ser de pasmaceira no noticiário e entediada no cotidiano. A começar pela prova de quanto o corpo humano pode ser frágil e o ser humano, dependente. 

Com a necessária imobilização do local fraturado, perde-se o movimento de uma das mãos e se restringe uma série de atividades para as quais damos pouca importância mas que podem se transformar em desafios que exigem malabarismo e súplicas de solidariedade. Tente amarrar o cadarço do sapato com uma só mão ou abotoar o punho da manga da camisa sem a mão do lado oposto – sim, eu sei, a humanidade tem coisas mais importantes com que se preocupar. 

Eu também, tenho. Trabalhar, por exemplo.

Por isso me espantaram dois dos profissionais de saúde que me atenderam nesses dias. O primeiro insistia que eu aceitasse o atestado médico me dispensando por uma semana. O outro, depois de saber que eu seguia dando expediente, concluiu: “então você é o dono”. Nem do meu nariz! Que, aliás, tentei coçar à noite e arranhei com a órtese de mão que estou “vestindo” em substituição ao gesso desproporcional que o hospital me obrigou a colocar por ser o procedimento mais barato.

Observei também a reação dos amigos e parentes diante do incidente. Foi reveladora de como temos dificuldades de encontrar a forma mais apropriada de solidariedade. Um, antes de eu terminar minha triste história – e eu só queria ter o direito de externalizar minha dor -, começou a falar dos acidentes que ele sofreu. Todos muito piores do que o meu. Sai da conversa arrasado: os casos dele eram insuperáveis. 

Teve o que exercitou a empatia, sempre recomendável nas relações humanas. Ao explicar que havia quebrado o sesamóide, ele logo se uniu a mim para dizer que é a “pior coisa que podia acontecer”. Ao deixar a conversa passei a cogitar a morte no próximo tombo que levar.

Um terceiro lamentou meu azar de ter caído quando faltavam apenas três degraus para chegar ao chão. Teria sido melhor que eu caísse da parte mais alta, então? 

Experiência pior foi o que os exames laboratoriais me proporcionaram. Nem tanto pelo exame em si, nem pelo atendimento recebido – todos os funcionários eram muito simpáticos. Enquanto esperava as imagens da tomografia computadorizada feita em equipamentos ultramodernos, me vi na posição de observador de um diálogo do período jurássico, protagonizado por dois clientes na sala de espera. 

Após a TV anunciar que o governo reduziria o tempo para a terceira dose da vacina contra Covid, o senhor, que parecia mais velho do que eu,  balbuciou algo para a moça, que parecia mais jovem do que eu. Foi a senha para o início de uma conversa que me faz saber que ambos tinham contraído a doença e tomado as duas doses da vacina. Daí pra frente foi uma sequência de absurdos. Ela reclamou que ninguém sabe o que está fazendo porque a orientação sobre número de doses e tempo de intervalo muda a todo momento: “eu vou esperar uns sete meses antes da terceira dose pra ver o que vai acontecer com quem tomou”. Ele contra-atacou: “conheço uma monte de gente que passou mal, eu não vou tomar o reforço. Até já peguei Covid!”.

No segundo episódio da conversa, os dois passaram a relatar sequelas deixadas pela doença. E o senhor, do alto de sua sabedoria, recomendou a ela um chá sei-lá-do-que que tem o mesmo “princípio ativo” de um remédio que está sendo desenvolvido na Alemanha para conter os males deixados pela Covid-19. A moça que havia revelado descrença na ciência que desenvolve vacinas, arregalou os olhos e, antes de se despedir, comentou: “se esse chá funciona mesmo, será uma revolução”. Pegou os exames, despediu-se e foi embora batendo firme os saltos no piso, levando a tiracolo a crença na sabedoria popular e o negacionismo à ciência.

Confesso meu desejo de ter intervindo na conversa ao menos para saber o nome do chá milagroso que resolve o que conhecemos por Covid longa. Preferi resguardar-me em minha própria ignorância. E resignei-me ao papel de observador, apesar de estar convencido de que se eu prestasse mais atenção na minha vida do que na dos outros, talvez tivesse percebido que havia um degrau no meio do caminho. E meus sesamóides estariam intactos.

A saúde das mãos e as unhas caviar

 

Por Dora Estevam

 

 

Um dos assuntos mais comentados em salões, revistas e blogs de moda são as unhas de caviar. A inspiração veio da diretora criativa da Ciaté, marca inglesa da manicure deluxe, Charlotte Knight. Ela quis mostrar um look tridimensional nas capas de revistas e deixar as mãos femininas, ao mesmo tempo, delicadas e extravagantes. No site da marca você encontra todos os apetrechos para montar a sua unha de caviar. Basta ter em mãos: esmalte e micro miçangas. Veja neste vídeo como é a produção:

 

 

Aqui no Brasil quem está fazendo é o Nail Bar Cosmopolish. As donas tratam as unhas como se fossem acessórios de moda. Elas fazem todos os estilos: francesinha, ombré, filha única. Tem serviço atém para quem está com pressa: limpeza e hidratação.

 

No Cosmopolish você vai encontrar cerca de 700 esmaltes entre nacionais e importados. Tudo para facilitar a sua vida, pois procurar esmalte na internet para comprar, às vezes, é perder tempo. Na Ciaté, por exemplo, estes que compõem a caviar estão esgotados. Na Amazon tem os esmaltes e miçangas da Martha Stewart. Fora isso, não sei se já chegou na popular 25 de Março, em SP. Se a correria for grande, melhor ir a um lugar que já tem tudo preparado.

 

Outra mania também em arte de unhas é a colorida Louboutin (solado vermelho) com isso as meninas brincam à vontade. Até a cantora Adele tem usado. Veja na foto.

 

 

Interessante é que nas unhas das outras eu acho bonito, não sei como ficaria na minha. Eu gosto muito de variar cor de esmalte, mas, no quesito decoração, deixo para as meninas e celebridades. O importante é sempre tratar as unhas com cuidados especiais pra ter uma saúde perfeita. Veja os cinco mandamentos da especialista Daniele Honorato, editora do blog Unha Bonita:

 

1 – Cuidarás MUITO bem de suas cutículas

 

Antes de usar qualquer esmalte baphônico o essencial é ter a “moldura do quadro” bem cuidada. As cutículas são aliadas no bom acabamento da manicure e precisam ter atenção especial diariamente. Ainda mais agora com a chegada do inverno, a pele pede muita hidratação e cuidados. Hidrate todos os dias (e várias vezes) suas cutículas e para qualquer sinal de “pelinha” rebelde ou ressecamento, hidratação nelas!

 

2 – Nunca deixarás seu esmalte lascado

 

Não existe coisa pior do que unhas com esmalte lascado. O visual pode estar totalmente fashionista, com o cabelo bonito e peças de roupas elegantes…mas se ao olhar para as mãos e encontrar lascas de esmalte a impressão de desleixo é praticamente imediata. É muito mais bacana tirar todo o esmalte (andar com lencinhos removedores de esmaltes na bolsa é uma ótima pedida!) e deixar as unhas “naked” do que andar com esmalte descascado por aí.

 

3 – Não cortarás as cutículas

 

Cortar as cutículas é um hábito brasileiro e muito prejudicial à saúde das unhas. Além de ser uma porta de entrada à bactérias, a pele da cutícula só tende a crescer cada vez mais toda vez que ela for retirada – sinal esse natural do organismo por entender que a pele necessita de proteção. Portanto, quanto mais você cortar as cutículas, maiores elas ficarão! A dica então é abolir o alicate aos poucos e tirar estritamente a pele morta, bem superficialmente. Durante o processo de abolição, o segredo é hidratar muito e sempre.

 

4 – Usarás apenas removedor sem acetona

 

Muita gente reclama de unhas fracas mas poucas sabem que a acetona é uma das grandes inimigas para o enfraquecimento delas. Usar removedores oleosos e sem a substância é uma ótima mudança de hábito! Além de agredir muito menos, removedores assim não deixam pele e unhas esbranquiçadas..

 

5 – Não tirarás o esmalte com os dentes

 

Levante a mão quem nunca fez isso. O esmalte lascou, não tem removedor por perto e a primeira ferramenta que se tem são os dentes. Puxa aqui, puxa ali e lá se vão lasquinhas por todos os lados…A praticidade do “removedor bucal” é perigosa: quando o esmalte é puxado a unha é descamada causando então enfraquecimento da mesma.

 

Meninas (e meninos que me leem), espero que tenham gostado das novidades. Se você experimentar algumas dessas unhas, escreva nos contando, será um prazer dividir este momento com você.

 

Aproveite bem o Dia das Mães!

 


Dora Estevam é jornalisa e escreve sobre moda e estilo de vida no Blog do Mílton Jung, aos sábados

Sobre a vida e as mãos

 

http://www.flickr.com/photos/imaginarios/

Christian Jung
Blog MacFuca

Olhando pela janela e assistindo ao movimento das pessoas circulando pelas praças. Ver uma família passeando de mãos dadas me trouxe mais uma vez reflexões sobre momentos bons e maus desta nossa vida. Na verdade, a vida não existe sem esses dois momentos. De qualquer forma tenho esse jeito emotivo alegre ou depressivo interpretativo com as coisas que me cercam. Como esta união familiar pelo contato da “Mão”.

Desde o momento que nascemos, que sentimos a claridade bater em nossos olhos, somos socorridos e recebidos pelas “mãos” de alguém, no caso um especialista (geralmente), que nos acolhe com as “mãos” de quem estudou o suficiente para estar ali pronto para nos agarrar firme.

Logo em seguida vem as “mãos” da Mãe e com elas sentimos a segurança que pro resto de nossas vidas nunca iremos esquecer.
E assim por diante uma série de “mãos” vão se seguindo e em cada fase elas se apresentam de uma forma, ainda que nunca deixem de ter o mesmo sentido para nossas vidas.

Quando crianças a mesma “mão” que acaricia, corta o bife, serve o leite com achocolatado, segura a bicicleta até que ela se equilibre no meio de nossas pernas. A “mão” que agarra firme e, as vezes, bate para ensinar. (Dizem que bater é errado, mas não me arrependo de algumas chineladas estilo bumerangue da minha mãe. Aquela chinelada que arremessada no corredor pega o sujeito lá na curva da escada. Na minha casa tinha esse corredor e a escada. Eu era um especialista em fazer a curva sem a chinelada! As vezes pegava!) Enfim, a “mão” que sustenta a nossa infância até que nos tornemos capazes de comprar o pão na padaria e, claro, devolver o troco.

Já na adolescência a “mão” que compreende a explosão hormonal. Essa que absorve os critérios da inteligência de achar que os pais nasceram ontem e que são incapazes de se tornarem “modernos“. A “mão” que pune mas não com o intuito de agredir ou de diminuir, mas a “mão” que prepara para um futuro independente onde tornará as nossas “mãos” capazes de ajudar a quem estiver mais perto. E assim vamos criando corpo, nos achando e firmando pensamentos e atitudes, criando a nossa própria história.

Ainda assim a “mão” de alguém se faz presente. Vem a fase adulta e com ela a gama de alegrias de “mãos” que se somam em nossa história como também as tristezas daquelas “mãos” que não estão mais ali.

Vem o casamento, os filhos, e aí temos as pequeninas “mãos” se esticando para crescer no nosso colo por mais baixos que possamos ser. Como é o meu caso, 1 e 60 e poucos não é lá um grande colo, mas como Pai me sinto grandão. De qualquer forma somos doutores de mãos fortes e agregadoras, reflexo das mãos que até então nos acolheram.

De mais a mais a velha “mãozinha” não deixa de aparecer. Aquela “mão” amiga na hora de empurrar o carro quando embestou de não pegar, pra trocar o pneu bem na hora da chuva, pra juntar as frutas que caíram da sacola na saída do supermercado, pra pagar uma conta. Enfim, “mãos” que estão sempre presentes em todas as horas no dia a dia.

Quando se vê…

(agora me lembrei do poema de Mário Quintana)

O Tempo!

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê já são seis horas!
Quando se vê já é sexta-feira…
Quando se vê já é natal…
Quando se vê já terminou o ano…
Quando se vê já se passaram 50 anos!
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Agora, é tarde de mais para ser reprovado,
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente, e iria jogando pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Seguraria o amor que esta na minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Voltando ao meu texto…

Quando se vê, nos damos conta que envelhecemos e o corpo cansado, muitas vezes desgastado por alguma doença que insiste em se instalar, nos traz a impressão que não existirão “mãos” suficientes para suprir toda a nossa fraqueza que se espalha sem pedir licença.
Porém, mesmo assim por mais capazes que pensemos que possamos ser, contamos com a nossa história para que as “mãos” se estendam.

Diretamente ligada a nossa vida,  milhares delas surgem. Reflexo do carisma, do respeito, do caráter, da compreensão, da satisfação de momentos juntos e do sorriso sempre acolhedor que aprendemos a valorizar, rostos que se tornaram felizes pela alegria que lhes ensinamos em viver.

E nos sentimos humilhados, deprimidos, fracos perante as “mãos” que nos vem acolher. Talvez por que seja muito difícil para o ser humano entender que, quem um dia criou e cuidou, nesse momento precise ser cuidado.

Mas as “mãos” estarão sempre ali para nos dar conforto.

E por mais que o nosso jeito paternal nos habite, elas se estenderão, com certeza,  firmes para nos sustentar, até que nosso espírito se sinta livre para voar e desta forma ter condições de esticar a “mão” para este Ser maior que nos criou e nunca deixou de nos observar.

Christian Jung é mestre de cerimônia, autor do Blog MacFuca – onde este texto foi publicado, originalmente – e já me deu muitas mãos na vida.

Imagem do álbum digital no Flickr de Daniel Pádua