Por Milton Ferretti Jung
Sempre gostei de andar de bicicleta. Antes de ganhar a minha, que já apareceu até em ilustração usada pelo Mílton no topo de texto blogado por mim não faz muito, pedia aos amigos que me emprestassem as suas e, confesso, invejava-os por possuí-las. Na minha casa, hoje, embora nela moremos apenas eu e minha mulher, há três bicicletas. Eu uso uma delas para acompanhar Maria Helena em suas caminhadas pela beira do Guaíba (que deram para chamar de lago, com o que jamais vou concordar). Apeio, volta e meia, e empurro-a sempre que se faz necessário atravessar uma rua. Acontece que não me atrevo a pedalar fora das calçadas. Apavora-me saber que, nas ruas, sempre haverá carros surgindo pelas minhas costas. Nem sempre fui medroso. Houve uma época da minha infância na qual, embora morando em bairro afastado, não temia visitar o centro da cidade de Porto Alegre. Não existiam vias superlotadas de automóveis, caminhonetes e caminhões. Sei de ciclistas que foram atropelados naqueles bons tempos, mas esse tipo de acidente era raríssimo.
Bem mais corajoso do que seu pai foi o responsável por eu estar escrevendo neste blog. Participou do Desafio Intermodal em que, pedalando sua bicicleta, enfrentou Heródoto Barbeiro. Esse seria transportado de helicóptero até a Prefeitura paulistana, mas não saiu do lugar por culpa do mau tempo. Não bastasse isso, foi à CBN e voltou da Rádio após fazer o seu programa, também pedalando. Fez mais uma que, aqui, chamaríamos de gauchada, mas deixa para lá. Fiquei sabendo das proezas quando já não existia mais motivos para preocupação. Preocupação e polêmica provocou, na capital gaúcha, o movimento denominado de Massa Crítica. Por mais que eu goste de bicicleta, não posso aprovar as pretensões dos seus integrantes. O fato de pretenderem sair às ruas em grande número sem avisar com antecedência as autoridades, isto é, EPTC e Brigada Militar. Arriscam-se e complicam o trânsito das outras espécies de veículos. Andar de bicicleta em pequenos grupos é uma coisa, em massa, outra bem diferente. Seria o mesmo que permitir manifestações populares ambulantes. O pessoal da Massa Crítica que me desculpe, mas trate de se acertar com as autoridades na reunião marcada o próximo dia 12. Suas bicicletadas só serão legais se não infringirem os regulamentos de trânsito. E, oxalá, chamem a atenção para a carência de ciclovias “utilizáveis” em nossa cidade.
Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)