Avalanche Tricolor: Jeg er allerede illuderet!

Cuiabá 1×3 Grêmio

Brasileiro – Arena Pantanal, Cuiabá MT

Martin Braithwaite comemora gol, em foto de LUCAS UEBEL/GRÊMIOFBPA

Diga o que você quiser! Lembre-me que o adversário não vencia há sete jogos em casa. Diga que enfrentamos um time que está naquela zona-que-você-sabe-qual-é. Grite que eles nunca ganharam da gente em toda a história do futebol e, no máximo, tinham arrancado um só empate contra nós em sete partidas disputadas. 

Eu já estou apaixonado! 

Nada do que você disser mudará minha percepção. O que assisti na Arena Pantanal, no início da noite deste sábado, me deslumbrou. A corrida em direção à bola, o tranco no zagueiro, a tomada de frente na jogada, o toque para o companheiro concluir a gol, aos 14 minutos de jogo, bastaram para eu acreditar que estava diante de um jogador que chegou para fazer história no Grêmio.

Claro que estou falando do dinamarquês Martin Braithwaite, que estreou  com a nossa camisa, neste 10 de agosto de 2024. O lance que descrevi foi o primeiro protagonizado por ele em campo. Depois disso, só maravilhas. Eu sei que teve o gol contra dele. Este, porém, além de uma fatalidade, serviu para escrever com perfeição sua primeira jornada do herói no Imortal Tricolor.

Aos 33 anos, o atacante saciou a fome de gol anunciada em sua primeira entrevista coletiva ao chegar ao clube. Antes de marcar, foi o responsável pela jogada que deu início à vitória. Tabelou com Edenílson e chutou na trave. No rebote, Gustavo Nunes conclui de cabeça.

Quando a partida estava empatada, no segundo tempo, e o adversário pressionava de forma preocupante, Braithwaite foi preciso no toque da bola em direção às redes, que colocou o Grêmio na frente mais uma vez. Que se faça justiça: o autor intelectual da jogada foi Miguel Monsalve. O colombiano driblou todos seus marcadores, entrou na área e deu o gol de presente para o centroavante. 

O terceiro gol gremista e o segundo de Braithwaite, porém, foi todo mérito dele. Após mais uma assistência de Cristaldo, primeiro venceu os defensores no jogo aéreo. Diante da defesa do goleiro, não se fez de rogado: de bate-pronto e com a perna esquerda, pegou o rebote e fulminou as redes. 

Forte, preciso, talentoso, insaciável e inteligente! Adjetivos que acompanharam Braithwaite do primeiro ao último ato nesta estreia, inspirando meu otimismo com tudo que vi em campo. Tenho certeza que a maior parte do torcedor gremista comunga deste mesmo sentimento neste instante. 

Sim, eu sei que é apenas o começo. Sei o que você está pensando, caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche. Sei que vai repetir todos os argumentos descritos no primeiro parágrafo deste texto. Pode lembrar, falar e gritar. Diga o que quiser, mas eu já estou iludido ou, como se diz na língua de nosso craque, “jeg er allerede illuderet!”

Avalanche Tricolor: Salve, salve, Monsalve!

Athletico PR 0x2 Grêmio

Brasileiro – Ligga Arena, Curitiba/PR

Gremio x Athletico
Miguel Monsalve comemora o gol na estreia em foto de LucasUebel/GrêmioFBPA

A falta que abriu caminho para o primeiro gol foi em Miguel Monsalve, e o segundo gol, que definiu o placar, foi dele. O meio-campista colombiano, recém-contratado, chegou a marcar um segundo gol, com um belo chute de fora da área, que foi anulado porque cometeu falta na tentativa de se proteger da forte marcação do zagueiro. 

O jovem de 20 anos fez uma estreia que talvez nem ele próprio imaginasse. Mesmo ao lado de um time alternativo e contra um adversário que costuma ser forte em sua casa, Monsalve teve personalidade para aparecer em um ataque pouco acionado, considerando as circunstâncias do jogo. 

De tão bem posicionado, enganou até os comentaristas da televisão, que o identificaram como o centroavante que o Grêmio busca para compor o ataque. Monsalve não é camisa 9 como disseram. É camisa 10, número que vestia no Independiente de Medellín, onde surgiu, e na seleção colombiana Sub-20, onde disputou o Mundial. No Grêmio, nesta tarde de domingo, vestiu a 11 e mostrou que sabe jogar centralizado e atacar a defesa adversária. Também apareceu pelo lado do campo. 

Independentemente da camisa que veste deu sinais de que chega para ser protagonista, sempre que as oportunidades surgirem. Havia surpreendido logo que se apresentou ao clube, ao pedir orientação para melhorar sua performance física com treinos extras  e demonstrar interesse em conhecer as características do time adversário que enfrentaria. Comportamento que condiz com as informações de que ele era um líder dentro da seleção de seu país e um jogador inteligente.

Se Monsalve confirmará toda a expectativa que criou no torcedor somente o tempo dirá. Certeza é que a presença dele no gramado sintético, em Curitiba, fez toda a diferença para o Grêmio vencer o seu adversário com gols marcados em um período de apenas três minutos. O dele foi aos 20 minutos, resultado da marcação alta que o time fazia e da pressão sobre o goleiro adversário. 

O placar havia sido aberto três minutos antes: Gustavo Martins, que está às vésperas de completar 22 anos, foi oportunista ao aproveitar duas vezes o rebote do goleiro, depois da cobrança de falta de Edenilson. O zagueiro apareceu bem na frente e apresentou-se melhor ainda lá atrás. Demonstrou segurança na marcação ao lado de outro garoto, Natã Felipe, que recém-completou 23 anos. Os dois, reforçados por laterais  mais fixos, e um meio de campo recuado, impediram que o adversário transformasse o domínio da bola em riscos de gol,

Mesmo tendo aceitado a pressão, quando deveria ter tentado ficar um pouco mais com a bola e talvez até ampliado o placar, no contra-ataque, o Grêmio demonstrou maturidade para controlar a partida e sair com a vitória importantíssima para nos afastar daquela zona-que-você-sabe-qual-é. Resultado que oferece tranquilidade para a decisão que teremos no meio da semana pela Copa do Brasil, também em Curitiba. 

Em tempo: ao contrário do que estão escrevendo por aí, esta não foi a primeira vitória do Grêmio fora de casa, no Campeonato Brasileiro. Esquecem os cronistas — e o próprio Gustavo Martins como se ouviu na entrevista ao fim da partida — que o Grêmio desde abril só joga fora de casa. E apesar dessa condição que persistirá por mais algumas semanas, havíamos vencido Fluminense, Vitória e Vasco, antes do Athletico.