
“Eu não preciso ter e nem quero ter a cara de 30, porque eu já tive essa cara. Eu quero ter cara de saúde.”
Cláudia Franco, Envelheça com Saúde e Propósito
A sociedade brasileira está envelhecendo em ritmo acelerado, e um fenômeno demográfico notável aponta para a feminilização da velhice: as mulheres representam a maior parte da população idosa, com 72% dos centenários sendo do sexo feminino. A tendência, no entanto, vem acompanhada de desafios como sobrecarga de trabalho, responsabilidade como cuidadora familiar e, muitas vezes, menor renda. Esse panorama do envelhecimento e a importância das escolhas individuais para uma vida longeva com qualidade são o foco da entrevista com Cláudia Franco, criadora de conteúdo digital, atleta, mentora, modelo 60+ e empresária, no programa Dez Por Cento Mais, no YouTube, apresentado pela psicóloga e jornalista Abigail Costa.
O confronto com o “Anti-Envelhecimento”
Cláudia Franco, que começou a compartilhar suas reflexões no Instagram ao se aproximar dos 60 anos, confronta a resistência social em aceitar a velhice, muitas vezes mascarada em elogios como “você não parece a idade que tem”. Para ela, essa mentalidade reflete um preconceito incutido na sociedade:
“Eu nunca vi o envelhecer como algo ruim. É o que eu estou me tornando, eu estou me transformando, o ser humano está em transformação desde quando nasce.”
A especialista defende o movimento pró-envelhecimento (pro-aging), em oposição ao termo anti-aging (anti-envelhecimento) frequentemente usado pela indústria.
“Eu sou avessa a esse termo, porque a gente tem que combater aquilo que é ruim, por exemplo, uma doença. Quando a gente fala anti-aging, a gente está combatendo o nosso envelhecimento, um processo natural do ser humano.”
O objetivo do autocuidado, explica, não deve ser o de esconder ou eliminar as marcas da idade, mas sim de garantir a saúde e a preservação da característica individual. A motivação por trás das escolhas de aparência é o ponto central. Por exemplo, cada um define se quer pintar o cabelo ou não, o importante é o seu propósito: “Essa corrida para permanecer com a cara de jovem, isso me incomoda, porque eu acho que é sofrimento. Não tem pior coisa na vida do que você estar desconfortável dentro da própria pele“, afirma.
A lição de casa da maturidade
A maturidade, segundo Cláudia Franco, traz consigo uma grande liberdade por desvincular o indivíduo da necessidade de se adequar a padrões.
“Eu não preciso estar ali encaixada em nenhum padrão, isso é a maior liberdade que uma mulher pode ter. Sabe, você ser feliz e segura com o que você é.”
No entanto, essa liberdade exige um compromisso ativo com a própria longevidade. A entrevistada destaca a importância de o indivíduo buscar autonomia — física, mental e financeira — para evitar a dependência de terceiros. Esse preparo é fundamental, visto que a fase da velhice pode ser a mais longa da vida.
“Eu posso ser longeva, mas não significa que eu vou ser saudável, eu posso ser longeva e estar na cama. Eu quero viver esses meus 20, 30, quem sabe, 40 anos, mas eu quero viver com saúde.”
Cláudia Franco, ao relatar sua própria mudança de vida de São Paulo para o litoral, exemplifica a “faxina” necessária: simplificar a vida, desapegar-se e se preparar financeiramente. Ela ressalta que a maturidade não é uma fase de descanso, mas sim de troca de demandas, mantendo-se em atividade constante.
“Não é uma fase que a gente vai parar e descansar, a gente vai trocar as demandas. A gente não pode parar, porque eu vejo que tem alguém que fala: ‘ah, se parar enferruja’. E é verdade, se você para seu corpo recente.”
A menção do envelhecimento como tema de redação na mais recente edição do ENEM trouxe a discussão para perto de gerações mais jovens, reforçando a urgência em pensar o futuro. Contudo, Cláudia Franco observa que grande parte dos jovens não está ativamente se preparando para envelhecer, enquanto uma parcela dos 50+ já despertou para a necessidade de manter o “veículo funcionando” por décadas à frente. Ao final, ela deixou uma mensagem sobre empatia e acolhimento:
“Quando a gente acolhe o envelhecimento do outro, consegue entender o nosso próprio. Envelhecer está na moda.”
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