Conte Sua História de SP: Zuzu e Darwin

 

No Conte Sua História de São Paulo, Zuleide Oliveira Monteiro de Castro, nascida em 1948, na capital. Aos 12 anos conheceu o amor da sua vida. Eles quase dançaram juntos na festa junina da segunda série, mas alguém se intrometeu no romance, como ela contou ao Museu da Pessoa, em outubro de 2008:

Ouça o texto que foi ao ar no Conte Sua História de São Paulo, sonorizado pelo Cláudio Antonio

Fui da primeira turma da Escola Estadual Wolny de Carvalho Ramos, em 1958, quando da expansão do ensino no estado de São Paulo. O velho Wolny chamava-se Ginásio Estadual de Água Rasa e funcionava à noite no prédio do Grupo Escolar Professor Theodoro de Morais. Naquele tempo a escola era bem diferente. Embora mista, os meninos e as meninas não se comunicavam, ficavam segregados, meninas de um lado e meninos do outro de uma linha imaginária, mas muito respeitada, que dividia o pátio. Na sala de aula? Conversas? Nem pensar.

Com 12 anos eu já estava na segunda série do ginásio e estudava à noite! Havia um loirinho, lindo, de olhos azuis, na minha turma, que por sorte era mista. Eu o achava o máximo! Apesar de só olhar de longe e quase não ouvir a sua voz, pois era tímido e ficava absolutamente calado durante todas as aulas. A distribuição da sala de aula era assim: por ordem alfabética, quase duas fileiras de meninas. Eu lá, na última carteira de meninas, ao lado da Zilda. Atrás de nós sentava o Constantino e isso nos proporcionava a oportunidade de trocar umas palavrinhas e uns bilhetinhos com ele e seu parceiro. As carteiras, antigas, eram duplas.

Constantino, esperto como ele só, logo percebeu o meu interesse pelo Darwin, o loirinho de olhos azuis, e resolveu dar uma de cupido. Tentou marcar um encontro entre nós no Cine Vitória, lá na Álvaro Ramos, mas o cinema era um pouco longe da minha casa, o dinheiro era curto, e papai muito severo. Então, não deu certo.

Começou então a brincadeira. No início das aulas ele passava um bilhetinho: “O Darwin é casado”. No segundo, escrevia: “O Darwin é casado e tem um filho”. No terceiro: “O Darwin é casado e tem dois filhos”. E assim, sucessivamente. Ao final da quinta aula, o meu loirinho já tinha mais de 50 filhos, segundo as notícias do colega casamenteiro. Ríamos como só riem os adolescentes.

Mas, de repente… chega a grande oportunidade. A Professora Cida, de Português, prontificou-se em ensaiar a quadrilha para a Festa Junina. O Constantino seria o sanfoneiro, o que lhe deu um certo prestígio com a nossa mestra.

–- Professora, será que a Zuzu (esse era o meu apelido, como mascotinha da turma) poderia dançar com o Darwin?

Dona Cida, uma mocinha muito “pra frente”, topou na hora. Os ensaios eram aos sábados, no galpão, atrás da escola. Constantino no fole:

((Taratantan-tan-tan-tan. Taratantan-tan-tan-tan… Taratantan-tan-tan-tan, ra-ta-tan-tan-tan… ))
 
O baile na roça foi até o sol raiar… O loirinho, do alto de seu metro e sessenta, dançou o tempo todo calado, olhando por cima da minha cabecinha oca de menina. Não trocamos uma palavra sequer. Mas foi ótimo, não via a hora de chegar o próximo sábado para dançar com aquele garoto tão lindo!

No dia da festa eu estava uma maravilha, vestido estampado de florzinhas vermelhas, chapéu de palha com laço de fita, batom vermelho nos lábios e até uma pintinha feita com carvão na bochecha, para ficar bem catita. Ensaiei o dia inteiro o que iria falar para não perder a última chance de conversar com meu amado. Meus olhos brilhavam mais que a lua de inverno. Não é que a Lúcia, uma coleguinha bem mais velha e, portanto, bem mais alta, chegou na festa toda arrumadinha e sua mamãe foi pedir à professora Cida que ela participasse da quadrilha:

–- Sabe, professora, minha filha não veio aos ensaios porque ela me ajuda no salão. E a senhora sabe como é o movimento no fim de semana…

O pedido viera a calhar. Estava faltando uma dama para o terceiro par da fila, um garoto baixinho, que eu já nem lembro quem era, mas sei que era quase do meu tamanho. Foi quando aconteceu o pior: lá fui eu dançar com o nanico e a Lúcia saiu pelo terreiro nos braços do meu loirinho. Perdi a última oportunidade. Era junho, mas aquele namoro às antigas não conseguiu evoluir até o final do ano. O Darwin repetiu e eu fui para a terceira série.

Estamos em agosto de 2008, e enquanto digito este texto, o Darwin está dando mamadeira para uma das minhas netinhas gêmeas, de três meses. Ele é meu marido desde 1994. Como isso aconteceu? Isto é uma outra história de São Paulo. Ah, um detalhe: ele já não é tão alto assim ..

Conheça a segunda parte desta história aqui

O depoimento de Zuleide Oliveira Monteiro de Castro está no Museu da Pessoa. Você também pode contar mais um capítulo da sua cidade. Marque uma entrevista ou envie um texto para o site do Museu da Pessoa. Se quiser mande o texto para mim: milton@cbn.com.br, vou ficar bem feliz de conhecer a sua história.

Conte Sua História de SP: Meus cinemas

 

No Conte Sua História de São Paulo, Paulo Ohira. Ele nasceu em Mirandópolis, no interior de São Paulo, em 1938 e, logo depois da Segunda Guerra Mundial, ainda na cidade, descobriu uma das grandes paixões de sua vida: os cinemas. Quando veio para São Paulo, fez questão de conhecer as salas mais importantes, como destaca em texto que transcreve parte do depoimento gravado no Museu da Pessoa, em 2007:


Ouça o texto de Paulo Ohira, sonorizado pelo Cláudio Antonio, que foi ao ar no Conte Sua História de São Paulo

Cinema de família, no centro, só tem Cine Marabá. Então, quando o Cine Marabá, em 2005, completou 60 anos, no dia 13 de maio, eu peguei e telefonei. A menina atendeu:

– Cine Marabá.

Eu falei assim:

– Eu queria falar com o gerente.
– Quem quer falar com ele?”
– Um amante do cinema.
– O quê?”
– Um amante do cinema. Faz o favor, me chama o gerente.

O gerente falou:

– Quem é que está falando?
– Eu sou amante do cinema, eu quero dar os meus parabéns pelo aniversário do meu querido Cinema Marabá, porque eu fui, trabalhei no cinema e a data do aniversário eu não esqueço, dia 13 de maio de 1945, ainda estava em plena guerra, que terminou em agosto de 45. Então, eu estou dando parabéns pelo aniversário.

Aí, ele ficou, acho que meio encucado, ficou assim. Aí, um dia eu passei e falei assim:

– O senhor é o gerente?
– Sou.
– Eu sou o Paulo, o amante do cinema.
– Ah, é o senhor?

Batemos papo. Então, o Cinema Marabá foi inaugurado em 45, no dia 13 de maio. E em 15 de agosto de 58 foi inaugurado o Cine Metro, na avenida São João. O Cine Áurea, que fica na rua Aurora, aquele também, ele foi inaugurado em 1958, em 29 de abril de 58. Todos esses são cinemas que inauguraram na minha época.

Conte você, também, mais um capítulo da sua cidade. Marque uma entrevista ou envie um texto para o site do Museu da Pessoa. Se quiser mande o texto para mim, milton@cbn.com.br.

Museu da Pessoa, há 20 anos registrando história

 

O Museu da Pessoa é parceiro da Rádio CBN no programa Conte Sua História de São Paulo, há dois anos. A instituição que tem o maior acervo de histórias pessoais do país registra depoimentos de cidadãos em áudio e vídeo, além de desenvolver uma série de projetos voltado a memória das pessoas que, em seu conjunto, contam a nossa história. O Museu, assim como a CBN, completa 20 anos de existência.

Para participar do Conte Sua História de São Paulo você pode mandar um texto para milton@cbn.com.br ou agendar uma entrevista em áudio e vídeo no Museu da Pessoa.

Conte Sua História de SP: Nasce Cidade Tiradentes

 

No Conte Sua História de São Paulo, Márcia Cristina de Oliveira. Ela nasceu em 1975 e, nos primeiros anos da década de 1980, se mudou para a Cidade Tiradentes. O hoje famoso bairro da zona leste de São Paulo era, então, apenas um conjunto habitacional em construção, com poucas crianças para Márcia e seu irmão brincarem. Mas logo ela ganhou dois grandes companheiros para a aventura de testemunhar o nascimento de um bairro. História que Márcia contou ao Museu da Pessoa em maio de 2008:

Ouça o texto que foi ao ar no Conte Sua História de São Paulo

Eu tinha 7 anos quando vi um bairro nascer. O bairro em questão é a Cidade Tiradentes, uma Cohab que virou bairro. Mudei-me para a Cidade Tiradentes aos 7 anos. Quando cheguei, não tinha nada. Nenhum tipo de comércio ou escola e até por causa disso eu perdi um ano de estudos.

O que mais me deixava contente em morar nesta Cohab era a promessa que meu pai fez, a mim e ao meu irmão: assim que tivéssemos nossa casa, ele nos daria um cachorro e duas bicicletas de corrida. Então, morar em um lugar onde não havia muitas criança para brincar, somente mato por todos os lados, me deixava muito contente. Meu pai cumpriu sua palavra e nos deu nosso primeiro cachorro, chamado Buner. Ele era lindo.

Alguns meses depois, ganhamos as duas bicicletas. Já era Natal nessa época. Com o passar do tempo, a Cohab, que começou com poucos moradores, virou um bairro da zona leste de São Paulo. E, por incrível que pareça, tirando minha casa, eu vi cada prédio, cada loja, cada escola ser construída, tijolo por tijolo. É muito emocionante poder dizer que eu vi o nascimento de um novo bairro.

Marcia Cristina de Oliveira, personagem do Conte Sua Historia de SP. A sonorização é do Claudio Antonio. Conte você tambem mais um capitulo da nossa cidade. Vá ao site do Museu Pessoa, http://www.museudapessoa.net, publicque seu texto ou agende uma entrevista. Se você quiser ler e ouvir outras histórias de SP visite o meu Blog, o Blog do Milton Jung, sábado que vem tem mais.

Conte Sua História de SP: Ouvinte faz parte da história

 

No Conte Sua História de São Paulo, a ouvinte-internauta Suely Schraner, assídua colaborada deste quadro, faz homenagem aos 20 anos da CBN:

No dia 1º de outubro, dia em que se comemora o aniversário da CBN, é também consagrado à deusa da Palavra, Fides.

No começo era difícil sintonizar. No meio da notícia, entrava um “aleluião”. Rádio pirata evangélica, se interpunha entre o ouvinte e a “All News”. Sintonia fina, finíssima. Melhor nem triscar no dial 780 AM / 90,5 FM.

Na minha “cozinhoteca” (mistura de cozinha, biblioteca e cdteca) o dia passa em ondas “CBêNicas!. Desde “Jerônimo, o justiceiro do sertão”, novela radiofônica dos anos 60, sou totalmente AM. O radinho de pilha embaixo do travesseiro, presente do pai como compensação por uma grande perda. Hoje, moderno AM/FM, me acompanha o tempo todo. Fiel companheiro interativo. A arte de transformar palavras e ações em imagens na mente do ouvinte.

A trilha sonora dos meus passos é como a de muitos cidadãos desta metrópole. Aliviando o tédio nas manhãs geladas,o trânsito caótico ou redimindo uma insônia pertinaz . A locução liberando o pensamento. Conferindo interesse às palavras alinhavadas.

Contribuindo para o estro, a criatividade, elevando os níveis de oxitocina, o Conte Sua História de São Paulo, cumpriu a função de dar vez e voz ao ouvinte. Suscitou desejos, impulsionou uma constelação de memórias para contar algo e, mais tarde, escutar com emoção indescritível. É a CBN se instalando intensamente nas mentes e corações paulistanos. Dialogando com feijões na pressão, batatas ferventes, arroz soltinho. Por isso, um gosto incomparável, um vício prazeroso, inexplicável. A locução e a sonorização numa harmonia perfeita, seguem seduzindo nesses 20 anos.

Ouça este texto de Suely Schraner sonorizado pelo Claudio Antonio

O Conte Sua História de São Paulo vai ao ar, aos sábados, logo após às 10 e meia da manhã, no CBN SP. Você pode participar enviando uma história por escrito ou agendando uma entrevista em vídeo e áudio no site do Museu da Pessoa.

Conte Sua História de SP: As mamonas da Mooca

 

No Conte Sua História de São Paulo, Argemiro Navarro Ortega, 72 anos, lembra das batalhas de mamonas na rua dos Trilhos, na Mooca, onde foi morar assim que deixou a cidade de Santo Anástico, interior paulista. Ele tinha apenas dois anos quando a família Ortega decidiu se instalar no bairro famoso por ser reduto de italianos. Das brincadeiras de criança, gostava também dos banhos de rio na região. Dos tempos da juventude, se divertia nos bailes de formatura, onde conheceu sua esposa:

Ouça o depoimento de Argemiro Navarro Ortega, gravado pelo Museu da Pessoa, editado pela Juliana Paiva e sonorizado pelo Cláudio Antonio

O Conte Sua História de São Paulo vai ao ar, sábados, logo após às dez e meia da manhã, no CBN SP. Você também pode contar mais um capítulo da nossa cidade, gravando um depoimento ou escrevendo texto para o site do Museu da Pessoa.

Compre aqui o livro “Conte Sua História de São Paulo” lançado pela Editora Globo.

Conte Sua História de SP: Os Mulheres Negras

 

Maurício Gallacci Pereira

No Conte Sua História de São Paulo, o músico, ator e jornalista Maurício Galati Pereira. Com destaque no cenário cultural, principalmente na época em que integrou a banda “Os Mulheres Negras”, Maurício volta no tempo ao descrever o ar rural da Vila Olímpia, nos anos de 1960, e o ar pesado deixado pela Ditadura Militar.

Corintiano, ele lembra do título de 1977 e a reação dos intelectuais da Escola de Comunicação e Arte da USP devido a comemoração por uma vitória em esporte por muitos deles chamado de “ópio do povo”. Maurício foi participante ativo da ebulição que surgiu em São Paulo, nos anos 80. O novo rock, os movimentos alternativos, a vida noturna efervescente – ingredientes de um caldeirão importante para a cultura brasileira. No depoimento gravado pelo Museu da Pessoa retoma, também, a história do grupo musical que formou ao lado de André Abujamra.

Ouça as história de Maurício Galati Pereira, editado pelo Julio César e sonorizado pelo Cláudio Antonio.

Conte, você, mais um capítulo da nossa cidade. Mande um texto para milton@cbn.com.br ou agende uma entrevista, em aúdio e vídeo, no Museu da Pessoa. O Conte Sua História de São Paulo vai ao ar, aos sábados, a partir das 10 e meia da manhã, no CBN São Paulo.

Conte Sua História de SP: Cunha Lima e a cultura

 

No Conte Sua História de São Paulo, o poeta, jornalista e escritor Jorge da Cunha Lima fala de sua íntima relação com a cidade. A família sempre lidou com fazendas de café no interior. Mais tarde, o avô trouxe todos para morarem em São Paulo, na Aclimação, bairro que na época concentrava funcionários públicos graduados e alguns milionários. Lá, o garoto teve o gosto pela arte e pela cultura despertado ao acompanhar a avó ao piano.

Neste depoimento gravado pelo Museu da Pessoa, Cunha Lima, ex-secretário de Cultura do Estado de São Paulo, lembra como foi a educação no colégio São Bento e curiosidades do Largo São Francisco.

Ouça o depoimento de Jorge da Cunha Lima, sonorizado pelo Cláudio Antonio, que foi ao ar no Conte Sua História de São Paulo

Conte você, também, mais um capítulo da nossa cidade. Envie um texto ou agende uma entrevista em áudio e vídeo no site do Museu da Pessoa. O Conte Sua História de São Paulo vai ao ar, aos sábados, logo após às 10 e meia da manhã, no CBN SP.

Conte Sua História de SP: Skowa e o talento da madrinha

 

No Conte Sua História de São Paulo, o cantor e compositor Marco Antonio Gonçalves dos Santos, Skowa fala da madrinha que influenciou sua carreira e lembra momentos de sua infância na casa dela, no Jardim Europa. Hoje, Skowa tem 56 anos e nome ligado a história cultural paulistana com os trabalhos realizados nas bandas Skowa e Máfia.

Ouça o depoimento de Skowa, gravado pelo Museu da Pessoa, e sonorizado pelo Cláudio Antonio.

Conte você, também, mais um capítulo da nossa cidade. Envie um texto ou agende uma entrevista em áudio e vídeo no site do Museu da Pessoa. Sábado que vem tem mais.

Conte Sua História: Uma cidade educada

 

No Conte Sua História de São Paulo, Mário Rubens Gatica, nascido em 1966, na capital paulista. Ele morou em várias regiões da cidade, mas o bairro de Santa Cecília ocupa um lugar especial em sua vida. No depoimento gravado pelo Museu da Pessoa, Mário conta que sua brincadeira preferida era tomar banho de chuva em meio aos prédios e casarões do bairro. E relembra que, antigamente, o conceito de civilidade era ensinado nas escolas, por isso São Paulo era uma cidade muito mais educada.

Ouça o texto de Mário Rubens Gatica sonorizado pelo Cláudio Antonio

Conte você, também, mais um capítulo da nossa cidade. Envie um texto ou agende uma entrevista em áudio e vídeo no site do Museu da Pessoa.O Conte sua História de São Paulo vai ao ar aos sábados, logo após às dez e meia da manhã, no CBN SP.