O Ministério das Cidades não sai do noticiário, desde que Mário Negromonte foi acusado de oferecer R$ 30 mil a políticos do seu partido para que estes retirassem assinatura de apoio a abertura da CPI da Corrupção. Além disso, há suspeitas de liberação de pagamentos irregulares para empreiteiras que doaram mais de R$ 15 milhões ao PP, partido que comanda a pasta, nas eleições de 2010. Em um caso e noutro os dados ainda não são consistentes, mas expõem uma mudança clara de prioridades dentro da pasta responsável pelo Orçamento de R$ 6,21 bilhões.
Ao surgir no início do Governo Lula, tendo o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra como ministro, a expectativa era de que, pela primeira vez, os municípios brasileiros teriam dedicação especial do Governo Federal. Justo, dado o fato de que mais de 80% da população vive, hoje, no ambiente urbano. Na época, formou-se uma equipe com alguns nomes de trabalho reconhecido internacionalmente, como o da urbanista Raquel Rolnik.
Um ano e meio depois, o Ministério foi oferecido para o PP, partido do então presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti. O nome indicado foi o de Márcio Fortes de Almeida que permaneceu até o fim do segundo mandato de Lula e apenas não seguiu com Dilma Roussef por pressão de uma das alas do PP que defendia a nomeação de Mário Negromonte.
O Ministério das Cidades não passou para as mãos do PP de graça. A pasta se transformou em carro-chefe do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e responsável pelo programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Um filão e tanto, político e financeiro.
Criado para o desenvolvimento urbano, hoje o Ministério é um mero tocador de obras sem planejamento. Um desperdício de ideia, oportunidade e dinheiro. Muito dinheiro.