
Por Carlos Magno Gibrail
O caso dos passaportes diplomáticos para os parentes de Lula contribui para uma oportuna discussão sobre liberalismo e socialismo na área pública. Silogismo que leva ao nosso velho e conhecido nepotismo. Universal, nacional, público e privado.
Tecnicamente, capitalismo e liberalismo se opõem a socialismo e igualitarismo, donde poderíamos concluir que os regimes socialistas estariam menos propensos ao nepotismo.
Sabemos, entretanto que a experiência não comprova e socialismo não é condição necessária e suficiente para que haja o tratamento igual para todos.
O jornalista Hélio Schwartsman na Folha de sábado dá uma aula sobre o tema, ao lembrar os estudos do psicólogo de Harvard, Steven Pinker.
Pinker, partindo da origem do homem sob o aspecto animal e considerando o instinto do mamífero protetor da prole, estabelece o paradoxo da política:
O ambiente da sociedade moderna que exige justiça, diante desta faceta animal, que leva ao protecionismo dos entes consaguineos.
E, quanto maior o poder, mais suscetível o desequilíbrio e a injustiça.
Além disso, é preciso considerar os genes, que os deterministas insistem em respeitá-los a tal ponto que poderemos criar uma sociedade de inculpáveis.
É o caso do desequilibrado mental que ao cometer um crime, sua defesa se abriga na questão do gene defeituoso que o levou ao delito.
A tal ponto que chegamos à charge da New Yorker : “ O meu marido me batia porque teve problemas na infância. Eu o matei porque também tive problemas na infância”.
O paradoxo da política e o determinismo explicam o nepotismo, fenômeno endêmico de nossa sociedade, pois se alastra em todas as corporações e sistemas onde existem seres humanos. Nos poderes públicos, não escapa nenhum (executivo, legislativo, judiciário), nas empresas privadas (pequenas, médias, grandes) também.
O desafio para a mudança e equilíbrio aponta para a evolução dos genes, que certamente só virá diante de transformações no ambiente.
Ou seja, será preciso estabelecer normas e controles para impedir a tendência natural protecionista que o homem tem demonstrado.
Luiz Inácio da Silva ao transferir aos herdeiros o “Lula da Silva” em seus nomes já sinalizou a proteção e a transferência de poder.
É justo que os herdeiros que nada fizeram recebam as benesses?
Provavelmente uma parte dos mamíferos faria o mesmo.
Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas no Blog do Mílton Jung