Sua Marca: nerds deixaram de ser uma figura oculta e foram absorvidos pela cultura do espetáculo

 

 

“É como se a sociedade tivesse olhado para o nerd na sua polaridade positiva, o cara que estuda, que cria, que tem ideia, que está lá fuçando nas coisas e não mais aquele que fica fechado, fica isolado” — Cecília Russo

 

A CCXP-2018, feira de games, quadrinhos, séries e filmes, realizada em São Paulo, recebeu 262 mil pessoas e movimentou cerca de R$ 50 milhões, segundo os organizadores. Recordes que ratificam a forte presença do mundo geek na sociedade, em uma reviravolta no olhar que a sociedade e as marcas tinham em relação aos nerds. A ressignificação do papel do nerd foi tema do quadro Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, com Jaime Troiano e Cecília Russo, que foi ao ar sábado, dia 8 de dezembro.

 

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O físico Stephen Hawking, que morreu em março deste ano, foi uma das figuras que mais colaboraram para essa ressignificação, ao mostrar com seu trabalho e conhecimento que o nerd tinha, sim, um papel fundamental na transformação e evolução da sociedade, na opinião de Jaime Troiano:

 

“(O nerd) deixou de ser a figura oculta e passou a ser absorvido pela cultura do espetáculo”.

 

Outra figura importante nessa mudança, lembra Cecília Russo, é o personagem Sheldon Cooper, protagonizado pelo ator Jim Parsons, na série The Big Bang Theory, que aproximou a personalidade dos nerds ao público em geral. As marcas perceberam essa mudança e têm lançado produtos voltados ao cenário geek, como é o caso da Riachuelo, Imaginarium e Chilli Beans.

 

Pegando a mesma onda dos nerds, é evidente o investimento crescente das marcas e empresas no segmento de esportes eletrônicos ou eSports. A cultura dos games tem movimentado milhões de dólares e fãs por todo o mundo, com a criação, inclusive, de novas oportunidades no mercado de trabalho.

 

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, às 7h55, no Jornal da CBN, tem a apresentação de Mílton Jung e a participação de Jaime Troiano e Cecília Russo.

Um manual para os pais da geração gamer

 

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foto divulgação da Riot Games

 

Comecei brincando no Atari, na casa de dois amigos de adolescência. E só voltei ao videogame muitos anos depois, já em São Paulo. Foi presente do pai que era viciado em Tetris. Eu preferia o cartucho com jogos de basquete. Foi nesse mesmo SuperNintendo que os meninos começaram a praticar sua paixão pelos jogos eletrônicos. Não me perdoam até hoje por eu ter doado o console e todos os cartuchos para alguém que sequer merecia a confiança da família.

 

Jogamos juntos e nos divertimos por anos a fio. Levei-os a todo tipo de campeonato e em qualquer lugar que se realizasse na cidade: Mário Kart, Super Mario Striker, Mario Tennis … Se não me engano cheguei a competir em equipe com o mais novo: naquela época, ninguém apostava muito nele. Se soubessem no que ia dar, estariam arrependidos. Fui me afastando dos “games” a medida que evoluíam (os filhos e os jogos). Preferi deixar a coisa nas mãos dos profissionais aqui de casa.

 

De jogador amador transformei-me em assistente, um torcedor. Já meus dois filhos avançaram nos consoles, desenvolveram-se nos jogos mobile e, de repente, estavam envolvidos até o pescoço nos esportes eletrônicos. Um foi escrever sobre o assunto e o outro se profissionalizou. Hoje é técnico de uma das equipes de esports no cenário nacional.

 

Nunca me assustei com a inserção deles nesse mundo virtual, mesmo com a pressão de parentes, amigos e “especialistas” que vislumbravam um futuro nebuloso para esses guris que não saíam da frente do computador. Cuidado! Isso não pode dar boa coisa, alertavam os mais próximos. Sabe aquele menino americano que matou os coleguinhas? Ele jogava computador! – alardeavam. É claro que jogava. Todos eles jogam computador: os que matam, os que morrem e os que vivem firme e forte. É da geração deles.

 

Dos meus cuido eu (e minha mulher), pensava cá com os meus teclados. E cuidava mesmo. Desde pequeno sempre estivemos ao lado deles. Em casa, mantivemos até hoje os computadores em uma mesma sala. O que eu faço, eles sabem. O que eles fazem, eu aprendi. Logo percebi que ao contrário das previsões pessimistas, eles não ficavam o dia inteiro no computador jogando “joguinhos”. Eles ficavam o dia inteiro no computador jogando “joguinhos”, assistindo a videos, lendo notícias, compartilhando conteúdo, pesquisando assuntos de seu interesse e outros nem tão interessantes assim, mas obrigatórios na escola. Eles jogavam “joguinhos”, mas também se informavam, aprendiam e conversavam com amigos, colegas de escola e professores. Viviam em frente ao computador.

 

Por conhecer o mundo em que vivem, ou me esforçar para entender, é que aceitei com mais facilidade – e uma tremenda dor no coração – a escolha do meu mais novo: ele trocou nossa casa pela imersão em uma game house quando ainda estava com 17 anos. Foi comandar uma equipe de Lol. Abriu mão da faculdade pela realização de um sonho – e enquanto sonha ainda fatura uma grana.

 

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Restou-me associar-me ao Fã Clube de Pais Sonhadores de Sonhos de Filho, como bem definiu Thereza Rodrigues, autora do “Manual de sobrevivência para pais da geração gamer”. Livro que escreveu com propriedade e criatividade. Ela é mãe do MicaO, um dos maiores jogadores profissionais de League of Legend do Brasil. Sofreu pela desinformação, aprendeu pela convivência, escutou reclamações, entrou em contradições, mas soube compreender a realidade desta garotada que vive em um mundo virtual. E com o “Manual” pretende quebrar parte do preconceito que ainda causa desavenças familiares.

 

Senti-me muito bem representado nos relatos de Thereza Rodrigues, a quem conhecia apenas como a mãe do MicaO e agora sei que é professora e escritora. Em livro, ela traduz boa parte das coisas que penso sobre essa geração e as barreiras que precisam superar em casa, na família e na escola. Põe no papel – força do hábito, pois o “Manual” foi publicado apenas em e-book – o que tenho dito a muitos pais que encontro em meu cotidiano. Uma turma assustada com o fato de seus filhos estarem sendo dominados pela tela do computador, por campeões virtuais e por disputas em cenários irreais.

 

Digo sempre e repito aqui: ficamos assustados diante do desconhecido e como esse mundo explorado por nossos filhos não nos pertence, em lugar de nos aproximarmos deles, queremos que eles se voltem para o nosso passado. Batalha perdida. Game over.

 

Aliás, preciso confessar mais uma coisa que o livro me ajudou a refletir: sempre espalhei por aí que ao decidirmos por deixar os computadores em uma mesma sala e compartilharmos nossas atividades aqui em casa, estávamos protegendo nossos filhos. Ledo engano. Estávamos protegendo os pais deles do pior de todos os males: a ignorância. GG.

 

Leia também: “O que aprendi com os meninos que não saem da frente do computador”

“O Contador”: aproveite que ainda é Carnaval e assista a este ótimo filme

 

Por Biba Mello

 

 

FILME DA SEMANA:
“O Contador”
Um filme de Gavin OConnor
Gênero: Ação/Suspense
País:USA

 

Christian é autista e desde criança sofre as agruras desta condição. Essa mesma condição o faz ter uma habilidade incomum com números, e em seu escritório de contabilidade acaba ajudando organizações criminosas. Em determinado momento, é contratado para checar os livros contábeis de uma empresa de próteses, pois uma contadora jr. descobre que há algo de errado… Chris revela uma fraude que coloca em risco sua vida, mas vocês verão, que, além de contador, ele é uma máquina de guerra…

 

Por que ver:

 

Esse tipo de filme acaba colocando em cheque nosso julgamento moral, pois o Crhis é aquele personagem que você não consegue definir se é bom ou mal… te faz perceber que nem tudo é assim tão preto no branco…

 

Se segura na cadeira pois as cenas de luta e ação são fantásticas e violentas.

 

Roteiro instigante, que é revelado aos poucos, e bastante coerente apesar da estranheza que o personagem, que parece um nerd, é capaz de causar. A história explica como ele virou aquela super máquina de combate, mas, mesmo assim, se a gente pensar bem, é estranho.

 

Um filme que vale a pena ser visto!

 

Como ver:

 

Amigos, família… Mas lembre-se: tem muita violência e mortes.

 

Quando não ver:

 

Com os menorzinhos…. Vai roalr muitos pesadelos…

 

Biba Mello, diretora de cinema, blogger e apaixonada por assuntos femininos. Dá dicas de filmes e séries aqui no Blog do Mílton Jung