Por Maria Lucia Solla

Ando atrás das palavras, e as encontro fora de forma.
Indispostas.
E me indisponho.
Olho no espelho e me vejo disforme.
Procuro me recompor, me espelhar em mim mesma em dias melhores e me perco correndo atrás de mim, pelos caminhos e descaminhos do tempo.
Passado adentro, futuro afora.
Vasculho o passado e encontro palavras assustadas, descabeladas, despreparadas.
Passo horas sem me encontrar, correndo em disparada atrás de termos que eu mesma temo.
Não tenho medo, mas o medo teima em se agarrar em mim, apertando meu pescoço, sufocando as palavras que me restam.
E que insistem em se calar.
E o resto?
De resto me sobra a vida, que é tudo o que tenho.
E a ela me atenho.
Quando as palavras se cansarem de descansar e decidirem voltar, eu aviso.
“Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias.” Pablo Neruda
Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung