De novembro

 


Por Maria Lucia Solla

 

 

Leveza foi o que me veio à cabeça quando pensei na palavra novembro. De onde tirei isso? perguntei e respondi. Sei lá, acordei em Novembro sorrindo, leve e contente, e isso me intriga porque à primeira vista o mês começa com o número nove, que abre as muralhas para que o velho saia com o mesmo impulso com que entrou, sem ficar empatando, é sair saindo, para dar lugar ao novo que está pronto para entrar. O número nove não pede licença; chega chegando e mudando os móveis de lugar, sem consultar.

 

Novembro convida para um desapegar-se corajoso e libertador, que objetiva a simplicidade na medida de cada um, em cada fase da vida de cada um. Sempre. Só que em novembro é vai, ou vai, solta ou solta. Via de mão única. É ir em frente que atrás vem gente.

 

Novembro tem mero e tem mono, mas sem nem um pingo de monotonia, porque tem o novo, esqueceu? Mas o novo que chega é simples: é o boné, no lugar do chapéu.

 

Novembro é bom, se você se move. Ele convida com a palavra vem, estampada no nome, e com verbo e mover. Tudo soletrado.

 

Novembro tem bom e bem.
Quer mais?

 

Tem nero, o que me preocupa, já que a sandice tem imperado, a ganância e a prepotência têm abundado, mas roubo perdeu o ‘u’ para dar lugar a robô. Meno male. Um convite para mergulhar na tecnologia.

 

Tem voo e o convite: voe, no singular, e tem voem também, para não ficar ninguém de fora.

 

Tem room, que em inglês quer dizer espaço. Assim, não será por falta dele, ora.

 

E novembro sugere postura nobre; que não nos vendamos por meio cobre, nem por cobre e meio

 

E então, como vão as coisas?

 

estão boas
então
dá pra melhorar

 

não têm como estar pior

dá pra melhorar

 

melhor estraga
tolinho

 

Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung