Por Adamo Bazani
Experiência em Indaiatuba, motor de ônibus é abastecido com biodiesel desenvolvido a partir do óleo de cozinha. O combustível também é usado em veículos na Europa.

O que aquele fast food, nem sempre muito saudável tem a ver com o transporte de passageiros ? Além de o fato de muita gente ter de comer rápido na rua para não perder o ônibus, pouca coisa. Dentre as poucas, porém, uma delas tem objetivo bastante nobre: preservar o meio ambiente.
Depois de três anos de pesquisas, uma parceria entre a Unicamp (Universidade de Campinas) e a prefeitura de Indaiatuba-SP transformou em combustível a sobra do óleo de cozinha. A iniciativa faz com que se tenha uma nova opção para substituir os veículos movidos a diesel como, também, protege o córrego Barnabé. O afluente do Rio Jundiaí recebe boa parte do óleo descartado pelas cozinhas residenciais e industriais.
De acordo com os estudos da Unicamp, um litro de óleo de cozinha lançado no rio pode contaminar cerca de 1 milhão de litros de água.
Todo processo para transformar o óleo da batatinha, do hambúrguer ou do pastel da feira em fonte de energia para os ônibus, começa em postos de coleta, onde os moradores depositam o óleo e em doações de restaurantes de Jundiaí.
O óleo de cozinha recolhido vai para um galpão e passa por um processo chamado de transesterificação, que nada mais é que transformar o óleo em biodiesel. Nesta etapa, o óleo é filtrado, limpo, depois misturado a álcool e solventes, purificado mais uma vez e pronto, já pode mover um ônibus.
Os técnicos da Unicamp garantem que o desempenho do ônibus é o mesmo que o alcançado com o diesel comum e não há necessidade de mistura, ou seja, é possível abastecer o ônibus 100 % com o biodiesel feito de óleo de cozinha. Não precisa sequer mudanças drásticas no motor do ônibus. Além do meio ambiente, os cofres públicos agradecem, pois a economia com a redução do uso do diesel cobre os custos para produção de biosiesel, calculam os técnicos.
Indaiatuba é uma das pioneiras no Brasil neste processo, tendo alcançado resultados práticos. E o mundo já volta os olhos para o óleo – sem trocadilho.
Em Bristol, na Inglaterra, o Bus Chipper, prepara serviços de transportes comerciais. O veículo de porte convencional roda as ruas da cidade e os técnicos dizem que o veículo não cheira a fritura, pois o combustível é limpo antes de ser produzido. Eles avaliam o desempenho quanto a velocidade e consumo dos veículos e se for positivo a prefeitura financiará mais unidades.
“Ônibus fast food” devem percorrer o mundo. Ativistas ambientais europeus também desenvolveram um micro-ônibus movido a óleo de cozinha. Mas a ambição deles é maior: percorrer o mundo com o veículo. O micro-ônibus funciona após o óleo passar pelo processo de transesterificação, aos mesmos moldes de Indaiatuba.
A expedição “Biotruck” é liderada pelo ativista Andy Pág e partiu de Londres no dia 19 de setembro, percorrendo vários países europeus. O grupo quer chegar a América após parte do trajeto ser feita num navio. A ideia é provar a resistência de um veículo ecologicamente correto. As adaptações foram realizadas num micro-ônibus Mercedes Benz. Até agora não foram detectados problemas graves de funcionamento no ônibus que é totalmente ecológico, já que até seu sistema elétrico é abastecido por captadores de energia solar.
Para acompanhar a expedição você pode acessar o site oficial da Biotruck.
Adamo Bazani é jornalista da CBN, busólogo e não dispensa uma batata frita, ainda mais agora que o óleo da fritura pode mover ônibus. Ele escreve toda terça no Blog do Milton Jung