#ToDeSacoCheio: aventuras e traições digitais

 

Por Sérgio Mendes

 

Descontente com o serviço da minha atual prestadora, resolvi usar daquela prerrogativa de todo consumidor que se presa e parti rumo a oferta da concorrência, em busca do que todo consumidor que se presa busca, menor preço e serviço. Na minha frente a propaganda de todas as operadoras disponíveis na minha região e suas ofertas. Calma lá, isso aqui é bom demais, e na verdade é mesmo. Nenhuma delas é obrigada a cumprir com 100% do que prometem. Por exemplo: a oferta de 10Mb de acesso na verdade obriga que na maior parte do tempo qualquer operadora entregue apenas 20% disso, salvo alguma mudança que me tenha escapado. Então, aqui estão: pelo mesmo valor dos meus atuais 10Mb, 50Mb numa concorrente que me parecia a mais lustrosa…Embora eu soubesse que a velocidade recebida seria religiosamente a mesma.

 

Dia 19/07 sacramentei o contrato!

 

Dois dias depois, foi feita a instalação. Usaram o mesmo cabeamento da operadora antiga, trocando apenas a conexão fora do meu apartamento, e claro, o aparelho antes do meu roteador. Aí, a minha primeira desdita: O aparelho novo, era também um roteador, e isso obrigava que toda a rede da minha casa (é uma estrutura de pequeno porte, mas significativa) fosse submetido ao roteador da nova empresa. E não tinha jeito. Eu que me adaptasse ao que ela tinha pra me oferecer… Fazer o quê não é?

 

Pois bem, ajusta daqui, fica sem som acolá… no segundo dia o sinal de internet foi embora. Me deixou literalmente na mão.

 

Ligo, acerto uma visita e tais…

 

Quinto dia, nova visita, e pelo mesmo motivo. Tanto da primeira vez quanto agora, o que eu faço é ir até a caixa fora do meu apartamento e trocar o cabo do conector ligando a operadora antiga. Pra arrematar, substituo o roteador ofertado pelo equipamento antigo, reconecto a minha rede e bola pra frente…

 

No Sétimo dia, arrependido da aventura, resolvo ligar para a operadora nova e peço que cancelem o meu contrato. Foram muitas vezes com a pobre telefonista indo e voltando com um discurso mais ou menos assim: “O que impede o senhor de nos dar uma segunda chance?”. A pobre repetiu isso muitas vezes até que eu respondi enfaticamente, que não daria a segunda chance por não ter vontade de fazê-lo. Finalizamos tudo com ela informando que o contrato estava cancelado. Disse um adeus solene, e fui cuidar de resgatar a relação arranhada pela traição com a operadora antiga…( A ligação telefônica eu gravei.)

 

Mês seguinte, para a minha surpresa, chega uma conta cheia, aproximadamente R$ 220,00. Opa, tem alguma coisa errada…

 

Ligo para a operadora da aventura e fico sabendo que não foi feito cancelamento algum. Que o protocolo não existe, e que se eu quisesse cancelar, fariam o pedido corretamente então. Retruquei, toquei o áudio da ligação anterior e fui informado que iriam examinar o caso e entrariam em contato comigo três dias depois. Nada aconteceu.

 

Tornei eu mesmo a entrar em contato, para descobrir que nem da primeira vez nem da segunda fora feito pedido de cancelamento algum. Novamente iriam examinar o caso e tornariam a entrar em contato comigo. Nada aconteceu e resolvi eu mesmo ligar outra vez…

 

Adivinhem, não houve pedido de cancelamento em nenhuma das ligações anteriores e o meu contrato continuava ativo… Quase tive uma síncope. ( Normal)

 

Desta vez, prometeram que examinariam o caso e entrariam em contato comigo, retruquei, e desligaram o telefone na minha linda cara!

 

Fazer o quê não é?

 

Para minha surpresa, realmente entraram mesmo. Disseram que já estava tudo acertado no sistema e que eu poderia ficar tranquilo…Sei….

 

No final daquele mês, recebo uma terceira cobrança e ligo mais uma vez pra tentar entender o que estaria acontecendo.

 

“É uma pro rata senhor”!
Minha nossa! Esse nome de atendente eu nunca anotei…
”Não senhor, estamos lhe cobrando o período entre a assinatura do contrato e o cancelamento…” Aquele mesmo período em que eu tive que re-conectar com a minha pobre operadora antiga de quem ousei pensar tão mal!

 

Mas espera aí: a qual dos cancelamentos vc se refere?
“Do único que valeu senhor”, óbvio, não foi do primeiro que eu fiz…

 

Retruquei, toquei o áudio da ligação anterior e fui informado que iriam examinar o caso e entrariam em contato comigo três dias depois. Nada aconteceu, resolvi eu mesmo ligar outra vez pra descobrir que o cancelamento não havia sido feito, mesmo agora com o valor reduzido a apenas uma pro rata.

 

Pega na incongruência, resolveram examinar o caso, e entrariam em contato comigo três dias depois…. Haja!

 

Pra encurtar, foram outras seis chamadas no espaço de pouco mais de 30 dias.

 

Final: tudo certo, não haveria mais cobrança de pro rata ou cobrança cheia. Que dia mais feliz! Vivo! Digo, Viva!!!

 

Anteontem, quase 90 dias da minha escapadela extra-conjugal (as teles no Brasil são um casamento, não sabiam?), recebi uma carta de cobrança e ligam para os dois telefones celulares daqui de casa com aquela mensagem eletrônica ao menos quatro vezes por dia, avisando que eu preciso quitar o meu débito para poder continuar usufruindo dos benefícios dos serviços de internet…

 

Ontem liguei mais uma vez para tentar entender o que estaria acontecendo, e descobri que o contrato foi realmente cancelado, mas existia a pendência de uma pro rata…. Ainda bem que me disseram que eu não preciso me preocupar… vão examinar o caso e entrarão em contato comigo para me informar como decidiram o resto da minha vida…

 

PS: Tenho os números de protocolo. Só não sei realmente para que servem. Tenho também a gravação dos áudios das ligações.

 

PS2: Por conta do ocorrido, resolvi migrar meu telefone fixo que era da ex-atual-que-nunca-foi, para a operadora antiga, ruim, velha de guerra.

 

Vieram fazer a instalação, e o único jeito era trocar meu modem por um roteador, o que mataria a estrutura da minha rede outra vez… Mais alguns dias de luta inglória até descobrir que fazendo a assinatura de tv a cabo e o modem antigo voltaria.

 

Estou atualmente pagando mais caro, assinei a tv… o aparelho da tv está desligado e guardado debaixo da pia da cozinha, parece uma caixa de sapatos tamanho 52. Não assistimos canais abertos nem a cabo. Usamos apenas a tv por internet.

 

O preço a mais me lembra o custo da traição. Me resignei.

 

PS3: Funciona bem, jogo de vez em quando.

 

PS4: Não vou comprar, é muito caro e tenho medo do que pode acontecer com o que já tenho aqui e funciona bem. Ótimo por sinal.

Tô de saco cheio: TIM cobra dívida que não existe

 

Há dois meses, talvez um pouco mais, a TIM liga para o telefone fixo da minha casa todos os dias, inclusive aos sábados e domingos, cobrando dívida que jamais contraí.

 

De acordo com a mensagem automática que VOCÊ PODE OUVIR CLICANDO AQUI é “um comunicado de extrema importância” no qual sou informado que tenho pendência financeira que pode ser resolvida se eu ligar para o número 0800-8882373.

 

(Quer ouvir a mensagem de novo?)

 

No início imaginei que fosse algum golpe, desses que tentam copiar seus dados, tais como nome completo, número de telefone, CPF e endereço residencial. Antes de retornar a ligação, reclamei pelo Twitter ao @TIM_AJUDA que, um dia após, me respondeu pedindo um telefone de contato. Uma funcionária da empresa me procurou, mas não conseguiu explicar o motivo da cobrança.

 


(Quem sabe você ouve a mensagem mais uma vez?)

 

Algumas mensagens automáticas depois, decidi retornar para o 0800-8882373 porém novamente o problema não foi resolvido. A informação que recebi é que o meu telefone fixo está registrado em nome de algum caloteiro da TIM e, por isso, estou sendo cobrado. Passei meus dados, mostrei que sou o proprietário da linha, que não devo nada para a empresa mas isso não foi suficiente. A TIM informa que, apesar de mandar recados de cobrança, não encontra o meu telefone fixo nos seus registros. Ou seja, tem meu número para cobrar, mas não sabe de quem está cobrando. Legal, não?

 

(Já não aguenta mais ouvir esta mensagem? Eu também não)

 

Quer mais uma curiosidade nesta história: eu não sou cliente da TIM.

 

A coluna #ToDeSacoCheio é publicada às segundas-feiras, aqui no Blog, e funciona como uma espécie de divã do consumidor, onde a gente descarrega a raiva das empresas que desrespeitam seus clientes (e seus não-clientes, também)