Por Carlos Magno Gibrail
O traço mais evidente entre todos é o poder, que, conscientemente, usam e abusam. Cada um em sua área de atuação. Política, Futebol, Economia e Cinema.
Suspeitos, arrogantes, tiranos e competentes encontram agora o questionamento, embora tardio, bastante oportuno.

Lars Von Trier, o cineasta, em Cannes foi expulso do festival e teve seu filme desclassificado, embora tivesse tentado explicar-se, atribuindo sua declaração de admiração à Hitler pela provocação que tinha recebido.
O presidenciável francês, economista Dominique Strauss Kahn, celebridade do FMI, depois de assédios inclusive a européias esclarecidas, foi encontrar numa camareira imigrante uma denúncia de estupro que o levou à prisão em New York.
Ricardo Teixeira, mandatário longevo da CBF, incólume a CPIs graças à bancada da bola, invulnerável a pesadas acusações de coronelismo e corrupção, se defronta com denúncias sérias de dirigentes do futebol inglês. Dá-se ao luxo de soberanamente se recusar a responder.
Antonio Palocci, médico, ex-coordenador de caixa de campanha política, ex-ministro da Fazenda, atual Chefe da Casa Civil da Presidenta Dilma Rouseff, ganha 20 milhões em 1 ano, dos quais metade em dois meses entre o término da eleição e o inicio do atual cargo, e se recusa a dar explicação. O governo que serve, o serve; e ministros e governadores peso pesados e em peso o defendem:
Ministro da Justiça – José Eduardo Cardozo: “Palavras ao vento”.
O presidente nacional do PT – Rui Falcão, e os governadores petistas Tião Viana, Jacques Wagner, Agnelo Queiroz, Tarso Genro e Marcelo Déda: “O único fato é o faturamento da empresa por um ano”.
Ex-Chefe da Casa Civil – José Dirceu: “Mais uma crise forjada”.
Como podemos verificar, dos quatro citados, apenas os dois brasileiros não foram punidos, embora as suspeitas sejam tão forte quanto aquelas de Kahn e Trier.
Entretanto, o que mais desponta e desaponta é que estamos num sistema em que o brasileiro comum cada vez mais precisa estar dentro da lei, quanto mais distante do poder estiver. A inadimplência mesmo curta pode custar corte de luz, água, telefone, internet e, até mesmo, retenção de carro em estrada à sorte de uma carona. Ou qualquer restrição de crédito pode gerar seqüestro de contas bancárias. As grandes corporações, públicas e privadas, através de eficientes lobbies tem conseguido sistemas de blindagem de seus patrimônios. E justamente este fenômeno contemporâneo que é o lobby é o móvel principal do caso Palocci.
Causa e efeito, preceito e conceito, Palocci bem exemplifica a disfunção lobista. Não temos dúvida, Palocci deve explicação e o lobby a regulamentação.
Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.