Nos 70 anos do Ibirapuera, uma lembrança do Ouvinte da CBN

(Texto publicado originalmente no dia 1 de dezembro de 2023)

Por José Carlos Vertematti

Ouvinte da CBN

Imagem de arquivo da “Aspiral”, de Oscar Niemeyer

Eram 21 de Agosto de 1954. Eu tinha apenas cinco anos de idade mas me lembro muito bem deste dia maravilhoso! Meus pais, José e Vicentina, levaram minha irmã Rosinha e eu a uma grande festa: a inauguração do Parque do Ibirapuera, em comemoração ao IV Centenário da cidade de São Paulo.

Uma área verde imensa, gramada, arborizada, com lagos, aves, chafarizes e vários prédios culturais que, para um garotinho como eu, parecia ser o mundo todo!

Passeamos muito a pé e o que mais me intrigou foi o sistema de som do parque: podia-se ouvir claramente as mensagens e as músicas, em qualquer lugar e com o mesmo volume. Eu, ainda pequenino, não entendia como isso era possível, mas hoje imagino a complexidade de se instalar um sistema de alto-falantes em árvores e prédios, ao longo de todo o parque, e garantir um som perfeito e equilibrado, naquela época!

Durante o passeio vimos um monumento lindo que tinha uns 17 metros de altura e que é difícil de descrever: algo como uma espiral com as extremidades unidas entre si por uma reta, fundeado no chão com uma inclinação de cerca de 60 graus.

Soubemos que era uma obra de arte criada pelo magnífico arquiteto Oscar Niemeyer. a “Aspiral” ou “Voluta Ascendente” era um desenho que representava o crescimento e o progresso paulista. Estava instalada próxima à entrada principal do parque. Era para ser a imagem da cidade de São Paulo, assim como o Cristo Redentor é do Rio de Janeiro.

Infelizmente, por motivos estruturais, este monumento não resistiu às forças da natureza e, em pouco tempo, veio abaixo e foi destruído! Hoje, só o vemos impresso na embalagem dos Dadinhos, aqueles chocolates com sabor de amendoim, que existem desde 1954. Aparece também na fachada de algumas casas que resistiram ao tempo. 

Outra atração marcante foi a intensa chuva de prata, feita através de triângulos de papel metalizado que refletiam a luz criando um clima mágico. Após uma longa caminhada, maravilhados com a imensidão e beleza do novo parque, descansamos e fizemos um merecido piquenique no Ibirapuera.

Conheça aqui a história da Aspiral, a estátua que desabou no parque

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

José Carlos Vertematti é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Claudio Antonio. Seja você também uma personagem da nossa cidade. Escreva seu texto agora e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos visite o meu blog miltonjung.com.br ou ouça o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: o passeio na inauguração do Ibirapuera e o monumento que não resistiu ao tempo

Por José Carlos Vertematti

Ouvinte da CBN

Imagem de arquivo da “Aspiral”, de Oscar Niemeyer

Eram 21 de Agosto de 1954. Eu tinha apenas cinco anos de idade mas me lembro muito bem deste dia maravilhoso! Meus pais, José e Vicentina, levaram minha irmã Rosinha e eu a uma grande festa: a inauguração do Parque do Ibirapuera, em comemoração ao IV Centenário da cidade de São Paulo.

Uma área verde imensa, gramada, arborizada, com lagos, aves, chafarizes e vários prédios culturais que, para um garotinho como eu, parecia ser o mundo todo!

Passeamos muito a pé e o que mais me intrigou foi o sistema de som do parque: podia-se ouvir claramente as mensagens e as músicas, em qualquer lugar e com o mesmo volume. Eu, ainda pequenino, não entendia como isso era possível, mas hoje imagino a complexidade de se instalar um sistema de alto-falantes em árvores e prédios, ao longo de todo o parque, e garantir um som perfeito e equilibrado, naquela época!

Durante o passeio vimos um monumento lindo que tinha uns 17 metros de altura e que é difícil de descrever: algo como uma espiral com as extremidades unidas entre si por uma reta, fundeado no chão com uma inclinação de cerca de 60 graus.

Soubemos que era uma obra de arte criada pelo magnífico arquiteto Oscar Niemeyer. a “Aspiral” ou “Voluta Ascendente” era um desenho que representava o crescimento e o progresso paulista. Estava instalada próxima à entrada principal do parque. Era para ser a imagem da cidade de São Paulo, assim como o Cristo Redentor é do Rio de Janeiro.

Infelizmente, por motivos estruturais, este monumento não resistiu às forças da natureza e, em pouco tempo, veio abaixo e foi destruído! Hoje, só o vemos impresso na embalagem dos Dadinhos, aqueles chocolates com sabor de amendoim, que existem desde 1954. Aparece também na fachada de algumas casas que resistiram ao tempo. 

Outra atração marcante foi a intensa chuva de prata, feita através de triângulos de papel metalizado que refletiam a luz criando um clima mágico. Após uma longa caminhada, maravilhados com a imensidão e beleza do novo parque, descansamos e fizemos um merecido piquenique no Ibirapuera.

Conheça aqui a história da Aspiral, a estátua que desabou no parque

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

José Carlos Vertematti é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Claudio Antonio. Seja você também uma personagem da nossa cidade. Escreva seu texto agora e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos visite o meu blog miltonjung.com.br ou ouça o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: o Pedro, o Lobo e os meus amiguinhos de corrida

Paulo Mayr Cerqueira

Ouvinte da CBN

Foto de Caique Araujo

Mil anos atrás, mesmo não sendo próximo a minha casa, costumava correr na Pista de Cooper do Parque do Ibirapuera. Estacionava o carro em uma travessa da 4º Centenário e caminhava um pouco.

Dois dias seguidos, um menino de uns três, quatro anos, que estava com a empregada no jardim de casa puxou conversa:

– Quem é você?

– Sou o corredor do Parque.

Parei e continuamos o bate-papo.

Na semana seguinte, ao me ver, chamou o irmão, um pouco maior, para me apresentar.

Meu já amigo, o Pefeli, e o novo, o Nirani.*

E assim foi indo. Com frequência, eles estavam por ali e conversávamos.

Então, no começo de dezembro, fiz uma fita K7 com a História do Pedro e o Lobo do músico russo ProKofiev, narrada por Roberto Carlos, no início do início da carreira do ídolo.

A ideia do autor era introduzir, de maneira lúdica, crianças no mundo da música erudita. Assim, cada personagem da história era representada por um instrumento de orquestra.

Em um envelope natalino, além da fita, o histórico, que xeroquei da contracapa, e um cartão meu de Feliz Natal. Eles não estavam em casa. Deixei com a empregada, já minha conhecida.

Dia 25 de dezembro, por volta de meio dia, antes de ir para o Almoço da família, passei por lá. Toquei a campainha. A avó, pelo interfone, perguntou quem era. Disse que havia deixado uma fita K7 para as crianças.

Ela:

– Não vai embora, não vai embora.

E veio correndo para o portão.

Novamente, os meninos não estavam. Ela contou que todos haviam se encantado comigo; e insistiu para eu tomar uma bebida com eles. Agradeci, mas não aceitei.

Hoje Pefeli e Nirani são homens feitos e talvez tenham um toca-fitas de museu só para, de vez em quando, ouvir com chiados a lembrança que o Corredor do Parque lhes deu.

Paulo Mayr Cerqueira e seus amigos, Pefeli e Nirani, são personagens do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Seja você também um personagem da nossa cidade: escreva seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite o meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: Rita Lee desbravou a floresta do Ibirapuera

No Conte Sua Historia de São Paulo, uma homenagem a Rita Lee, nascida em 1947 e vivida, boa parte de seu tempo, na Vila Mariana. Morta na segunda-feira, dia 8 de maio, aos 75 anos. Rita era apaixonada pela cidade. Selecionamos um dos capítulos do livro RITA LEE: UMA AUTOBIOGRAFIA para expressar essa relação dela com a capital paulista, quando escreve sobre as visitas que a família dela, a familia Jones, fazia ao parque do Ibirapuera:

Floresta encantada 

Antes de virar parque, a floresta do Ibirapuera era o lugar perfeito para os piqueniques dos Jones, domingo sim, domingo não. 

Socadas no Jeep com Charles pilotando, as seis mulheres equilibravam cestas de comidas e ferramentas de jardinagem. 

Estacionávamos em frente ao Instituto Biológico e de lá seguíamos a pé dois quarteirões até a entrada da floresta. 

A imensidão do lugar nos convidava a abrir pequenas clareiras em pontos diferentes, onde montávamos um pequeno acampamento. 

Cada um de nós escolhia uma árvore ou planta para “tomar conta”, limpando ervas daninhas, juntando folhas mortas e batizando as plantas, por exemplo: pela exuberância, samambaias eram doñas Mercedes; eucaliptos eram Horácios, um primo nosso alto e magro com pele descascada; Carmens Mirandas eram as bromélias. Flores levavam nossos nomes por “usucapião estético”; e Ritas, claro, eram as marias-sem-vergonha. 

A família Buscapé plantava milho, cana, melancia, café, banana, verduras, legumes. Podia-se dizer que vários cantinhos do Ibirapuera viraram uma feirinha para chamar de nossa. 

O sonho acabou no quarto centenário de São Paulo, quando grande parte da floresta virou asfalto, cimento e construções de gosto duvidoso. Charles, inconsolável, se recusou a comparecer à festa de abertura. O harém foi, ficamos encantadas com as flâmulas prateadas que os aviões despejavam sobre o povo e tristes de ver nossas hortinhas destruídas.

Quando chegamos em casa, Charles disse: “Vocês por acaso sabem o que significa a palavra Ibirapuera em guarani? Ibirá = árvore, puera = lugar onde havia. Ou seja: lugar onde havia árvore. Os índios previram essa catástrofe e vocês foram lá aplaudir”. Um minuto de silêncio vergonhoso.

RITA LEE é nossa personagem no Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Claudio Antonio. Seja você também uma personagem da nossa cidade. Escreva seu texto e envie agora para contesuahistoria@cbn.com.br Para ouvir outros capitulos da nossa cidade visite o meu blog miltonjung.com.br e o podcast do Conte Sua Historia de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: o Ibirapuera é um dos privilégios de quem mora no Paraíso

Bete Marun

Ouvinte da CBN

Parque do Ibirapuera em foto aérea de Renata Carvalho, feita do helicóptero da rádio CBN

Passei minha infância no bairro do Paraíso. Estudava no Grupo Escolar Rodrigues Alves, na avenida Paulista. Minha mãe exercia o magistério na escola e alfabetizava os filhos de emigrantes chineses, húngaros, japoneses e todos que chegavam ao Brasil fugindo da guerra na Europa.

Naquele tempo, era um guarda municipal que apitava fazendo os carros pararem para os alunos atravessassem a avenida. Além do pipoqueiro, sempre esperando a saída dos alunos, havia o algodão doce e o homem da “machadinha” — um doce que de tão duro era cortado com a dita machada.

Morávamos na rua Sampaio Viana num conjunto de casas construídas para funcionários de bancos (antigo IAPB) e todos se conheciam. Éramos uma família.

O privilégio de ter minha infância no Paraíso foi a proximidade do parque do Ibirapuera onde fazíamos piquenique pelo menos uma vez por mês.

Nos anos 1940 só a vegetação nativa e os eucaliptos faziam sombra para nossas brincadeiras.

Nas noites de verão, juntávamos a turma e subíamos até a rua Cubatão para ir tomar sorvete no Alaska. Na rua Tutoia, uma padaria fazia pizza, que naquele tempo só poderia ser de aliche ou mussarela.

Lembranças de uma São Paulo onde nasci e a vi crescer vertiginosamente. Tenho orgulho da força dos que nela viveram e vivem.

Maria Elisabete Fonseca Marun é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte você também mais um capítulo da nossa cidade: escreva seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Ouça outras histórias no podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: o relógio perdido no Parque do Ibirapuera

 

Por Marina Zarvos Ramos de Oliveira
Ouvinte da CBN

 

 

Minhas mais remotas memórias confundem-se com dois marcos de São Paulo: o Parque Ibirapuera e a Avenida Paulista.

 

O Parque e eu: ambos nascemos em 1954. Ele em agosto, eu em maio. Eu no interior, ele no coração da capital paulista. Nos encontramos em nossa primeira primavera. Eu, bebê de colo, não ousava ainda os primeiros passos; ele, verdinho em folha, ostentava já as primeiras flores.

 

À época, conta-se que as senhoras vestiam suas melhores roupas para circular no recém-inaugurado espaço paulistano, onde Niemeyer se apresentava em todo seu esplendor em cada linha, em cada curva do trajeto… e no qual o lago completava o ar bucólico.

 

O relógio marca o tempo que passa. Um relógio nos une.

 

Cresci ouvindo a história do passeio com minha mãe numa manhã de dezembro de 1954. Ela — quem sabe atenta comigo, quem sabe distraída com a beleza do parque — perde seu relógio de pulso, ganho dias antes. Uma das muitas histórias ao longo desses 63 anos.

 

Anualmente, minha família vinha à capital e o passeio pelo Parque era obrigatório. Obrigatória também era a visita ao nosso tio e patriarca da família. Tio reverenciado por ter vencido os desafios da imigração — da leva de imigrantes do início do século 20 — e “feito a América”, literalmente. Tio Nicolau trabalhou na estrada de ferro Noroeste; vendeu jornal; comercializou café e algodão. Acabou se tornando um dos mais respeitados e influentes homens da República e conhecido como ”Rei do Café”, nas décadas de 1930/1940, conquistando o direito de privar da amizade e da vizinhança de outro imigrante célebre: Francisco Matarazzo.

 

Pois bem, lá íamos nós, vestidos com nossas melhores roupas, percorrer a elegante Avenida Paulista, com seus casarões dos livros de histórias da nossa infância. Programa repetido por uma década.

 

Nos anos de 1960, mudamo-nos para a capital e o anual virou habitual. Passamos a frequentar o parque e a avenida.

 

Parque e eu em fase de adolescência. Barquinhos deslizavam no lago, pessoas remavam em divertidos passeios, num cenário que se transformava ao cair da tarde… carros ao redor do lago, casais apaixonados e… polícia rondando.

 

A Avenida Paulista, adulta imponente vinda lá do século 19, já aprendia, àquela altura, a ser mais democrática. A São Silvestre, a Fundação Casper Líbero, o MASP são testemunhas de tal transformação.

 

Avancemos o relógio do tempo: década de 1970/80 /90.

 

No Parque, carros circulam livremente, disputando espaço com as bicicletas — a maioria alugada do Maisena. A sede da prefeitura é transferida para o Palácio do Comércio, dando mais espaço aos frequentadores, entre eles meus filhos, que cresceram nesse agradável quintal, próximo de casa. O lago vai, pouco a pouco, perdendo a alegria. Somem os peixes. Desaparecem os barquinhos. O perfume da grama e das flores começa a se misturar com um odor desagradável.

 

Na Avenida-símbolo, brotam os conhecidos “espigões da Paulista”, que se alastram regados pela fúria do progresso e passam a compor o “high line” da cidade.

 

Avançando… virada do novo século. Virada de fase.

 

O povo ocupa o espaço, outrora privilégio da minoria aristocrática. A Paulista ganha metrô, vira palco das grandes festas, comemorações, manifestações políticas, paradas Gay… acolhendo a diversidade de povos e pessoas, de causas e ideais. É a centenária e aristocrática avenida abraçando, definitivamente, a democracia. E assim se une ao meu contemporâneo e sempre democrático Ibirapuera, que se faz, hoje, ponto de encontro para as muitas caminhadas cívicas até a Paulista.

 

O Ibirapuera continua seu destino de espaço aberto a atletas e personal trainers, bebês e babás, famílias e pets, idosos e seus cuidadores. Idosos com suas lembranças recentes se desvanecendo… as memórias remotas vivas, vivíssimas… assim como as de minha mãe que até o fim insistia em encontrar o relógio ali perdido.

 

O relógio e seu tiquetaquear incessante.

 

Marca do tempo que passa, marca de lembranças que não passam, marca do progresso que transforma nossas vidas e a cidade.

 

Marina Zarvos Ramos de Oliveira é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte mais um capitulo da nossa cidade: escreva para milton@cbn.com.br. Para ouvir outras histórias de São Paulo, viste agora o meu blog miltonjung.com.br

Conte Sua História de São Paulo: o leão de bronze amigo da família

 

Por Isabel Rubio Vazquez Conde

 

 

Faço parte de uma família de imigrantes espanhóis e tenho muitas histórias para contar mas esta que conto agora acho especialmente interessante:

 

Viemos da Espanha, meu pai, minha mãe e eu, em julho de 1949 — eu com um ano e meio de idade. Inicialmente, ficamos em Rio Claro, interior de São Paulo, onde meu pai tinha uns primos. Alguns meses depois viemos para São Paulo, onde meu pai foi trabalhar na Cia. de Gás, na Rua do Gasômetro, no Brás. Fomo morar próximo da fábrica.

 

Lembro-me do meu pai me levar para brincar no Parque Dom Pedro II, onde tinha uma estátua de bronze de um leão —- era a reprodução de uma obra do artista francês Prospér Lecourtier, especialista em construir estátuas com imagens de animal. Como bom imigrante, tudo que meu pai registrava em foto, ele enviava para a família na Espanha. Era para acompanharem meu crescimento. Isso deve ter sido no início dos anos de 1950.

 

Com as mudanças no Parque Dom Pedro II, a estátua do leão foi transferida para o Parque do Ibirapuera, nos anos de 1960. E havia perdido o contato com ela. Eis qual foi minha surpresa, muitos anos depois, passeando com meu marido e meus filhos, dou de cara com o leão —- e foi aquela festa, contei a história da estátua para meus filhos, lembrei da minha infância …

 

Os anos se passaram e o leão continuou a me acompanhar. Em 2011, visitei a família na Espanha. Minha prima Isa pegou uma foto toda amassadinha na qual aparecia eu, com mais ou menos cinco anos, montada no leão de bronze. Isa me contou que quando recebeu a foto, tinha uns quatro anos e levava a imagem na escola para mostrar para as amiguinhas e contar que tinha um prima que morava no Brasil e montava em uma leão. Era a sensação das meninas. Achei aquilo incrível.

 

Dois anos depois, essa mesma prima esteve no Brasil. E eu não tive dúvida: levei-a ao Parque do Ibirapuera, sem dizer nada, e a apresentei, ao vivo, ao leão mais famoso da nossa infância. Tudo, como aprendi com meu pai, registrado em foto.

 


Isabel Rubio Vazquez Conde é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Envie seu texto para milton@cbn.com.br