De palestras

 

Por Maria Lucia Solla

 

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Eu não sei você, mas do ponto onde estou vejo um número estratosférico de pessoas cada dia mais tristes, mais abatidas no âmago de sua essência humana, desesperançadas, e muitas, mas muitas outras, enfrentando situações inomináveis.

 

Vivemos tempos difíceis, e acredito que a causa disso tudo tem sido a falta de higiene social, moral e cívica (que deveria voltar ao programa de ensino em nossas…, como dizer, ah, escolas).

 

A falta de higiene nessas áreas cultivou, em nossa sociedade, um enorme furúnculo de proporções jamais vistas desde a Idade Média, e que está prestes a  se romper para expulsar suas entranhas apodrecidas, para serem amorosamente consumidas e transformadas pela mãe terra.

 

Esse e outros temas foram tratados em duas palestras animadíssimas das quais participei, ontem à tarde.

 

Conversas acaloradas, pendiam para o mesmo lado. Sem oposição. Na mesma sintonia, na mesma vibração. Discutimos a redução da maioridade dos seres humanos, para fins punitivos, e passamos longo tempo analisando o funcionamento básico de nossas prisões. Fomos unânimes quanto à obrigatoriedade do trabalho a todos os presidiários, para que possam arcar, provando o gostinho da dignidade humana, com o próprio sustento e o da sua família.

 

Imprescindíveis os cursos profissionalizantes a quem não tiver qualificação profissional. Nesse ponto eu pulei dizendo que propunha parcerias com Senai, Sesi, Sesc e quem mais quisesse participar, entre aqueles que já estão carecas de saber como e o quê fazer.

 

Hoje, a polícia prende o vagabundo, forma um delinquente e dá diploma, mestrado e tempo livre para que o facínora possa se aperfeiçoar, ao longo da vida. E nós pagamos por isso, dobrado, quando não com a própria vida, com a vida de um ser amado.

 

Educação foi outro tema acalorado que dividiu o pódio com a obrigatoriedade do trabalho em todas as prisões, tenham elas a nomenclatura que tiverem. Éramos um grupo de diferentes classes sociais, diferentes níveis de escolaridade, pretos, brancos e amarelos. Faltou um representante dos vermelhos. Quem sabe um dia destes. Havia empregados e desempregados, na faixa etária entre 20 e 75 anos, e alcançamos unanimidade em todos os pontos discutidos.

 

‘O esquadrão da educação tem que entrar em ação, antes que seja tarde demais’, foi a sentença de consenso, formulada antes que eu deixasse o recinto. Nessa área houve uma enxurrada de depoimentos que fortaleceram nossa crença. Cada um discorreu sobre a forma de educação, liberdade e repressão, adotada por sua família. Rimos muito, lembrando de chinelada, tapa no traseiro, e da história de uma senhora cuja mãe tinha uma varinha de marmelo atrás da porta da cozinha. Sim, ela ama e admira sua mãe.

 

Chegada a hora de deixar o grupo, coração e mente satisfeitos, com um largo sorriso e um aceno aos meus companheiros que ainda tinham um bom percurso a seguir, desci do ônibus, com o dia já se vestindo de noite.

 

No trecho de caminhada que ainda tinha pela frente, dei passos largos e decididos, senti o vento no rosto e vim sorrindo, pensando nos projetos desenhados por mim e meus companheiros de viagem, e dizendo para mim mesma: É possível!

 

Não é?

 

Pense nisso, ou não, bom domingo, e que a semana seja repleta de esperança, de vontade de agir, onde e como pudermos, para melhorarmos o que for possível.

 


Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Escreve no Blog do Mílton Jung

Mundo Corporativo: Rosângela Souza fala de pensamento estratégico

 

 

Para desenvolver um pensamento estratégico, é preciso identificar o que importa na sua empresa, a sua missão, a sua visão e o seu posicionamento. Em resumo, a empresária Rosângela Souza recomenda: “é preciso saber o que você é”. Professora de estratégia da FGV e especialista em gestão, Rosângela Souza foi entrevistada pelo jornalista Mílton Jung, no programa Mundo Corporativo, da rádio CBN. Com base na experiência desenvolvida no comando da Companhia do Idioma, empresa da qual é sócia-diretora, ela fala sobre gestão de desempenho e sistemas de remuneração.

 

O Mundo Corporativo vai ao ar às 11 da manhã e pode ser assistido, ao vivo, pelo site da Rádio CBN. A participação dos ouvintes é pelo e-mail mundocorporativo@cbn.com.br ou pelo Twitter @jornaldacbn e @miltonjung (#MundoCorpCBN). O programa é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN, e tem a participação de Paulo Rodolfo, Douglas Matos e Ernesto Foschi.

De livros e desafios

 

Por do Sol por Solla

Maria Lucia Solla lançou De Bem Com a Vida Mesmo Que Doa (Ed. Libratrês) em 2002. O texto estava pronto bem antes, mas o deixou adormecido ou amadurecendo até a decisão de transformá-lo em livro de capa e papel. Sete anos depois resolve encarar uma tarefa das mais complicadas: se intrometer nos próprios pensamentos e se debater com as certezas que tinha uma década atrás. Não que ela seja mulher de fugir de suas responsabilidades, mas para enfrentar este desafio quer contar com a sua cumplicidade.

A partir deste domingo, e sempre aos domingos, você terá aqui no Blog a construção de um novo livro ou do mesmo, dependendo o resultado final. Seus comentários serão fundamentais para traçar os caminhos que Maria Lucia irá percorrer. Lembre-se, cada vez que você publicar uma ideia, um conceito ou uma frase por mais simples que seja a respeito do que está escrito aqui, poderá mudar o destino de uma história ou confirmar um pensamento.

Seja bem-vindo !

Mílton Jung

Reescrevendo de Bem Com a Vida Mesmo Que Doa

Por Maria Lucia Solla

Agradecimentos

Na minha jornada, nesta vida, a consciência começou a despertar cedo, em mim. Fui uma menina de olhar profundamente triste, solitária e fechada, mas transbordava de curiosidade, expectativa, ansiedade e de mais e mais curiosidade.

Meu ser assim me levou a buscar nos livros, nos idiomas, no estudo e no comportamento das pessoas à minha volta, o que minhas pernas ainda não podiam alcançar. Meu caminho de busca deixou, muito cedo, de ser singular e eu aceitei, como ainda aceito de braços abertos, a sua pluralidade.

Assim construo minha história pessoal.

Há muita gente envolvida no processo. Gente que entra na minha vida através de livro, aula, música, sorriso, embate, encontro e desencontro. Mesmo aqueles que nunca encontrei contribuem com o despertar da minha consciência. Cada um acende ao menos uma luz no caminho da minha vida, que é uma rota de eterna surpresa.

A todas essas pessoas, ofereço minha mais sincera gratidão.

Há quem chegue tocando a campainha e há quem meta o pé na porta. Tanto uns quanto outros instalam-se por algum tempo, interagem comigo e me modificam. Para sempre.
Imprimem-se em mim.
Amigo, parente, professor, aluno, conhecido, colega de trabalho; amor.

Todos mestres

Todos importantes na construção do que sou e do que ainda serei. Durante a convivência, provocam em mim todo tipo de emoção; mas acima de tudo, me ajudam a ver.

Entre os que entraram na minha vida, há dois que têm cadeira cativa no meu coração. Meus filhos. Chegaram através do meu próprio corpo e têm sido os que mais me ensinam. A eles, sempre quis dar o melhor de mim. A eles, sempre quis oferecer o que tenho de mais bonito e de mais leve; o que tenho de mais perfumado e gentil, de mais claro e brilhante. E tudo isso vai no pacote do meu pedido de perdão pelas vezes em que não fui capaz de dar nada além de tristeza, lágrima, insegurança e dor.

Proposta

Nada é por acaso.

Um livro não chega às nossas mãos, por acaso. Ele tem uma missão a cumprir, e nós temos missões a cumprir, através de suas mensagens. Todo livro tem uma missão a cumprir; a de guardar uma das missões de quem o escreveu.

Comecei a escrever De bem com a vida mesmo que doa, num impulso incontrolável. Comecei a escrevê-lo porque o que tinha a dizer, transbordou. Usei um notebook, meu intelecto, corpo, memórias e experiências. No entanto o mais importante no processo foi o coração, que tem sido, sempre, meu aliado.

Para você que recebe agora o resultado do meu trabalho, vou fazer uma proposta. Mas antes dela, vou mencionar uma das Leis do Universo que você seguramente conhece. Ela diz que quando você recebe algo – uma idéia ou uma informação, por exemplo -, isso vai ser processado em você. Você filtra o que recebe e mistura com todas as outras idéias, informações e crenças que já existem em você, e que fazem de você o que você é. Então processa tudo, faz um coquetel, e é vital que devolva o resultado desse processo, ao Universo.

Abrindo espaço para o novo

Agindo assim, você abre espaço para que o novo entre na sua vida, mas se continua a armazenar e colecionar idéias e crenças, corre o risco de sufocar e até, eventualmente, implodir. Idéias acumuladas vão envelhecendo, perdendo a validade, e você se transformando num depósito de quinquilharias. Vai ficando endurecido, engessado; um poço de artrite física, mental e emocional. O novo procura, procura e não encontra brecha para entrar na sua vida. E assim, acaba não entrando.

Você perde oportunidades de evoluir, e breca o movimento natural, que é sinônimo de vida. Impede o processo de renovação e de evolução que é responsável pela manutenção da juventude, e que mantêm você vivo, sentindo que vale a pena viver.

Um ciclo perfeito de renovação

Um ciclo perfeito de renovação, crescimento e evolução, acontece mais ou menos assim:

➛ você se vê frente a frente com uma ideia nova
➛ ela desperta o teu interesse
➛ ele abre as portas e permite que ela percorra o seu caminho em você.
➛ depois de cumprir sua missão, ela precisa sair
➛ entra por uma porta, sai pela outra, e você se prepara para ainda uma outra.

Se reconhecer a oportunidade, você a recebe, permite o seu percurso, filtra o que quer manter e devolve o resultado ao Universo, de onde ela veio.

Como?
Faz isso através da tua voz, das tuas palavras, pensamentos, gestos, olhares, atitudes, conversas, e-mails, na arte da cozinha, no escritório, no palco. Enfim, em toda e qualquer comunicação que você venha a produzir.

E você, que ideias têm despertado o teu interesse?
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem.

Ouça “Reescrevendo” na voz da autora

Maria Lucia Solla é terapeuta e professora de língua estrangeira e está ansiosa pela sua participação para se reescrever sem punir seu passado.