Uma obra “grávida de pintura”

 

Por Julio Tannus

 

Tenho me referido aqui a questões institucionais, políticas, sociais e artísticas. E também a vivências pessoais. Não poderia deixar de me referir ao trabalho artístico da Camila.

 

 

Gianni Nappa, crítico italiano, assim escreveu sobre o trabalho de Camila Tannus, para uma exposição na cidade de Roma/Itália:

L’emotivo segno di un ricordo filtrato dal tempo si evidenzia in forma reale come segni di una natura incontaminata, una pittura istintiva che segue l’eco di un sogno evocativo e pieno di suggestioni. Essenza cromatica espressa per toni e colori primordiali con labili segni di una vita tutta da ricostruire, rifondare su basi più pure, non aggredite da un reale sconosciuto. La natura e il sogno di una pittrice che richiama a se le forze di una purezza formale che sappia dialogare con la purezza dei cuori.

Tradução livre:

O emotivo aceno de uma lembrança filtrada pelo tempo se evidencia como sinal de uma natureza não contaminada, uma pintura instintiva que segue o eco de um sonho evocativo e pleno de sugestões. Essência cromática expressa por tons e cores primordiais com delicados sinais de uma vida toda a reconstruir, refundar sobre bases mais puras, não agredidas por um real desconhecido. A natureza e o sonho de uma pintora que reclama a si as forças de uma pureza formal que saiba dialogar com a pureza dos corações.

 

João Frayze, membro da Associação Brasileira de Críticos da Arte (ABCA) e da Association Internationale des Critiques d’Art (AICA), assim se refere a ela:

 

Camila Tannus é uma pintora talentosa. No contexto da arte contemporânea, sua produção pode ser vista como bastante corajosa, sobretudo se pensarmos que na arte dessas últimas décadas tem se tornado um lugar comum trabalhos que tematizam questões relacionadas ao feio e à morte.

 

Bastaria lembrar que a noção psicanalítica de trauma, segundo alguns críticos influentes, tornou-se significativa para interpretar tal tendência artística contemporânea que apresenta ao espectador objetos não-simbolizados, imagens que envolvem violência e abjeção.

 

Nas quatro últimas décadas do século XX, com efeito, pode-se verificar que o imaginário artístico exacerbou essa tendência cruel para denunciar as formas sinistras da finitude humana.

 

Representariam tais manifestações um indicativo da perda do sentido do belo numa época desesperada em que a existência humana tornou-se cada vez mais marcada pelo horror?

 

Essa é uma interpretação possível. No entanto, é bom lembrar que, desde o segundo pós-guerra, alguns artistas circulam pelo mundo, trabalhando plasticamente também em outras direções.

 

A pintura de Camila Tannus situa-se, precisamente, no campo contrário ao dessa tendência mortífera.

 

São construções plásticas que emocionam a visão, mas que, ao mesmo tempo, encantam o pensamento e transmitem certa inquietação.

 


Para conhecer o trabalho da artista, visite o site de Camilla Tannus


Julio Tannus é consultor em Estudos e Pesquisa Aplicada e co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier). Às terças-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung.

Muros de São Paulo pintados em defesa da natureza

 

Greenpincel de Eduardo Kobra

“Denunciar e combater artisticamente as várias formas de agressão do Homem à natureza”. Assim Eduardo Kobra, artista e grafiteiro, explica o primeiro de uma série de trabalhos que realizará nos muros e paredes da cidade de São Paulo. Na Domingos de Morais, em frente a estação do metrô, no bairro de Vila Mariana, zona sul da capital, o artista de renome internacional inicia a série “Greenpincel” alertando para a matança de baleias.

Na imagem acima, Kobra se distancia para enxergar melhor parte do trabalho que será entregue nessa quinta-feira, dia 17: “É uma obra crua e forte, baseada em uma cena da caça de uma baleia pelo navio Yushin Maru. Todas as tragédias naturais que têm acontecido em nosso planeta mostram que proteger os animais e a natureza como um todo é também uma forma de protegermos o ser humano. Particularmente, sou um apaixonado por plantas e animais. São temas que namoro há muito tempo e, por isso, decidi que já era hora de colocá-los também dentro do meu trabalho como artista”

Um dia na Favela do Moinho

 

A Favela do Moinho é como todas as outras que estão no imaginário paulistano. Tem cerca de 900 famílias, 4.500 moradores, sem rede de água e esgoto, e a energia elétrica é garantida pelos “gatos” que dão luz e perigo de vida. Apenas não se pode dizer que ali se tem uma vida típica do paulistano despejado na periferia porque a favela está esmagada entre as linhas de trem da CPTM, no centro da cidade, a três quilômetros da Praça da Sé.

No Dia das Crianças, um grupo de grafiteiros e fotógrafos foi até lá, pintou paredes, interagiu com as crianças, distribui brinquedos e doces, e saiu convencido de que a cidadania é um direito ainda a ser conquistado por comunidades paulistanas.

O Massao Uehara, que integra o Adote um Vereador, levou sua versão fotógrafo para o evento batizado de “A vida é um moinho” e compartilha com os leitores do blog sua experiência.