Conte Sua História de SP: o apito dos afiadores de faca

 

 

Por Wagner Nobrega Gimenez

 

Nasci no bairro do Brás, na Almirante Barroso, 838, em junho de 1954 – ano do IV Centenário de São Paulo. Essa casa não existe mais. Pertence a uma igreja evangélica. Naquela época se fazia partos em casa, como o meu. Dona Cândida, a parteira portuguesa, assistiu minha mãe, dona Luzia, em sete partos, um infelizmente de um natimorto, dois anos após o meu nascimento. Eu, filho temporão, o caçulinha,  brincava só com os moleques na rua: era jogo de bola, figurinha, cowboy, pega-pega, taco – brincadeirinhas que não acontecem mais.

 

Fiz o primário no Grupo Escolar Eduardo Prado, acho que ainda está lá; o ginásio no Colégio São João (que foi demolido; é sede de outra igreja evangélica). Cursei o Senai e me formei Técnico Têxtil em fiação, profissão e indústrias quase em extinção no Brasil.

 

Minhas recordações do centro de São Paulo, quando pequeno e jovem, incluem, entre outras, o Mappin, as Lojas Americanas – que bauru gostoso se fazia ali, será que ainda tem hoje? – a Pirani, na Av. Celso Garcia, onde no terraço havia um parquinho de diversões no qual eu brincava quando pequeno, levado pela Cida, minha irmã.

 

As recordações desses locais hoje inexistentes fazem às vezes eu me sentir como se tudo aquilo tivesse se passado em outro século, que de verdade foi, não é mesmo.

 

Se não vejamos:  tempo em que a TV era em branco e preto e existia o televizinho; que a vitrola, nos bailinhos aos sábados, tocava músicas gravadas em LPs; que existia namoro, noivado e casamento; que a minissaia e o biquíni eram novidades; que o Brasil tinha o melhor futebol do mundo, tinha o rei Pelé. Tempo em que passavam homens pelas ruas vendendo bijous e afiadores de facas e tesouras – ambos faziam barulhos para chamar a atenção dos moradores: os primeiros com uma matraca;os outros com um apito característico. Lembram desse som?

 

Poderia ficar recordando outras tantas cenas desta cidade, mas, não se engane, não sou saudosista. Emociono-me toda vez que recorda daqueles velhos tempos, mas sou muito feliz vivendo na São Paulo atual.

 

Para participar do Conte Sua História de São Pauo, envie seu texto para milton@cbn.com.br. O quadro vai ao ar aos sábados, logo após às 10h30, no CBN SP. A sonorização é do Cláudio Antonio.

Conte Sua História de SP: Estrela que me guia

 

No Conte Sua História de São Paulo, Euro Ribeiro da Silva, natural de Igaraçu, Pernambuco, onde nasceu em 1945, de onde saiu 16 anos depois. Deixou os pais, seu Severino e dona Raimunda, e dez irmãos em busca de um objetivo: trabalhar na capital paulista.

No depoimento gravado pelo Museu da Pessoa, Euro Ribeiro conta que a expectativa da família dele se continuase vivendo na terra natal era ser policial militar, como o pai, ou político. Não queria nem acreditava neste destino. Através de cartas enviadas às tias, conseguiu uma casa para ser recebido na capital paulista, no início dos anos de 1960.

Pra viajar até São Paulo, contou com a ajuda de um amigo da família, policial que nas horas vagas fazia carreto em um caminhão. Foram seis dias de viagem até chegar na cidade e desembarcar diante das lojas Pirani, no centro. Foi a partir desta região que passou a desbravar a capital, onde contou com a ajuda de uma estrela guia.


Para conhecer melhor esta história, ouça o depoimento de Euro Ribeiro

Você também pode participar deste quadro no CBN São Paulo. Agende uma entrevista pelo telefone 2144-7150 ou no site do Museu da Pessoa e Conte Sua História de São Paulo.