Prefeitura quer combater bullying pagando cirurgia para orelha de abano

 

Por Milton Ferretti Jung

 

O jornal Zero Hora,em reportagem divulgada no dia 13 de março,refere-se a uma controvérsia provocada por decisão da prefeitura de São José,cidade catarinense:a de custear operações plásticas em crianças que sofrem deboche porque possuem o que,popularmente,é chamado de orelhas de abano. Adeliana Dal Pont,prefeita do município e autora da ideia,afirma que a ortoplastia – esse é o nome da cirurgia destinada a corrigir o que não chega a ser um defeito congênito,mas talvez crie problemas para o desenvolvimento escolar de crianças sensíveis aos debochadores existentes,especialmente,em colégios que não lidem com o necessário rigor visando a evitar tal tipo de abusos.A opinião contrária à da prefeita Adeliana,ouvida pelo jornal gaúcho,psicóloga Carolina Lisboa,professora da PUC,especialista no tema,do alto de sua sabedoria,afirma que a cirurgia não acaba com o “bulling” . Escrevo essa palavra inglesa,me desculpem,com reservas,talvez porque, no meu tempo, os termos estrangeiros eram grafados com aspas e,hoje,inúmeros deles são tratados como coisa nossa. Aliás,fico mais danado com a maneira híbrida adotada pela maioria da mídia para postar o nome de uma das principais cidades dos Estados Unidos: “Nova York”. Por que não Nova Iorque ou New York. Mas o meu assunto neste texto é o que prefiro chamar de deboche.

 

Retorno a ele por achar necessário opinar sobre a controvérsia causada pela prefeita de São José. Tenho lá minhas dúvidas a respeito,também,do que pensa outra especialista na questão.Débora Dalbosco Dell´Aglio,professora do Instituto de Psicologia da UFRGS,entende que o procedimento não combate de maneira efetiva a agressão e,pelo contrário,chama muita atenção para essa espécie de situação.

 

Acho que é bem mais fácil pagar a cirurgia de crianças com orelhas de abano,que sofram nas mãos dos debochados,do que os dicionaristas brasileiros descobrirem um substituto para “bulling”(do inglês Bulli + valentão). Essa,vá lá,refere-se a todas as formas de atitudes agressivas,verbais ou físicas,intencionais ou repetitivas,que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos,causando dor e angústias,com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoas incapazes de se defender. Eu cheguei a imaginar que “bulling” viesse de “Bull” (touro,em inglês),eis que,em geral,os seus contumazes praticantes são mais fortes do que as suas vítimas.

 

Em BH, sete em cada 10 já abandonaram sacola plástica

 

As sacolas plásticas estão saindo aos poucos da vida dos mineiros, uma mudança de hábito provocada pela lei que proibiu o uso deste material no comércio de Belo Horizonte, em vigor há um mês. De cada dez moradores da capital, sete não usam mais as sacolinhas para levar as compras para casa, de acordo com a prefeitura.

Puxando o traça e fazendo as contas, deixaram de ser usados 13,5 milhões de sacolinhas e de ser jogado no meio ambiente 60 toneladas de plástico. Por outro lado, alguns funcionários perderam o emprego e uma parcela da produção da indústria do setor está parada.

Hoje, somente 15% dos consumidores estão levando para casa as sacolas de plástico, nos supermercados. Estas são feitas de amido do milho ou recicladas e custam R$ 0,19 cada uma. Os demais usam sacolas retornáveis , carrinhos de feira ou caixa de papelão.

A lei em vigor na cidade de Belo Horizonte havia sido apresentada em 2008 quando foi aprovada e sancionada pela prefeitura, mas jamais regulamentada. O prefeito Márcio Lacerda resolveu por ordem na casa – ou no lixo -, assinou dois decretos, um proibindo o uso da sacola plástica comum e o outro permitindo o uso das recicladas e oxiobiodegradáveis por até 120 dias.

Os fabricantes protestam contra a medida e alegam que tiveram de demitir funcionários devido a queda de 30% da produção provocada pela entrada em vigor da lei.

É importante verificar como os mineiros estão se comportando a medida que foi a primeira capital a adotar esta medida por lei. Na cidade de São Paulo a proibição se inicia em janeiro de 2012, tempo durante o qual o mercado terá de se adaptar.

A restrição às sacolas plásticas deve aumentar ainda mais, pois a proibição está em discussão na Assembleia Legislativa de São Paulo com o projeto de lei 226/201, de autoria da deputada Célia Leão (PSDB). O tema está agora nas comissões de Constituição e Justiça e de Meio Ambiente devendo ser realizadas, em breve, audiências públicas. Se for aprovado, o uso dessas sacolas estará probido nas 645 cidades paulistanas.

Rosângela Giembinsky, do Movimento Voto Consciente, chama atenção para a importância da presença do cidadão no debate: “Por ser projeto de grande abrangência com consequência de curto e longo prazos, o cidadão tem de dar sua contribuição. Vale o debate pois existem vários lados com interesse, as empresas que fabricam as sacolas, os supermercados que deixam de ter as despesas, o meio ambiente e o cidadão”