Por Carlos Magno Gibrail
Tomando a mobilidade como uma das metas principais a serem alcançadas, autores e apoiadores do Plano Diretor têm usado argumentos fora de conexão com a atualidade.
Uma das premissas é que o Plano possibilitará a criação de moradias e empregos dentro do mesmo bairro, evitando que os moradores cruzem a cidade para ir de casa ao trabalho. Por isso será permitido o adensamento residencial e comercial. Ora, hoje as pessoas mudam de emprego várias vezes no transcurso de seu período de trabalho, e continuam no mesmo endereço.
A outra premissa é que os corredores comerciais propostos ajudarão na diminuição da mobilidade, pois fornecerão produtos aos moradores da região, evitando que se desloquem para fazer compras. Sem contudo interferir na qualidade da região. Premissa tão falsa quanto a primeira, pois está baseada no passado. Hoje, o pequeno varejo de cadernetas de fiado, deu lugar a formatos que irão perturbar as características ambientais, além de não se sustentarem com a clientela de vizinhança. Haja vista, que serão permitidas operações de 500 a 1000m2 de área.
Ao mesmo tempo em que o Plano Diretor considerou o passado para justificar a melhoria da mobilidade, desrespeitou o passado das zonas de preservação, colocando nelas novos corredores comerciais. Estas, embora pequenas em proporção ao tamanho da cidade, pois apenas ocupam 3,8% do território de 1500km2, serão totalmente descaracterizadas. Terão redução na importante função de equilíbrio ecológico que prestam a São Paulo.
Uma simples examinada no mapa proposto dá a dimensão do estrago que os corredores comerciais farão dentro destas áreas preservadas. Em avenidas onde hoje estão localizadas parcialmente áreas comerciais, o Plano abre corredor comercial em toda a extensão. Em outras ruas estritamente residenciais, o Plano permitirá comércio total. Um ataque tão intenso que precisará de “Super-heróis”. Neste caso, urbanistas de méritos.
Por ordem alfabética: Cândido Malta, Heitor Marzagão, Ivan Maglio, Lucila Lacreta, Luiz Carlos Costa, Regina Monteiro, Sergio Reze.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.
