Vinte anos de eleição presidencial

 

Por Antônio Augusto Mayer dos Santos

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A eleição presidencial que completa 20 anos neste mês de novembro foi regulamentada quando o jogo já estava rolando, mais precisamente em junho daquele ano. Já a eleição de 2010, a primeira pós-89 sem uma candidatura Lula da Silva no páreo, terá regras que foram fixadas em outubro passado (Lei nº 12.034/09).

Ou seja: um Impeachment e quatro eleições presidenciais depois, não há possibilidade de casuísmos ou sobreposição de interesses por parte dos que lideram as pesquisas no ano eleitoral. Isto é muito importante.

Relativamente a data, lembra-se ao leitor que o primeiro turno de 1989, marcado pela restauração da plenitude democrática no país, ocorreu no dia 15 de novembro, Dia da República, no ano do seu centenário. O pleito seguinte, de 1994, recaiu em 3 de outubro, Dia do Petróleo Nacional e da última eleição direta para Presidente da República (1960). A contar de 1998, elas ocorrem, em primeiro turno, sempre no primeiro domingo de outubro. Esta data fixa e permanente facilita a organização do processo eleitoral pois a mesma não recai em meio de semana ou feriado.

Quanto à distribuição dos horários gratuitos de rádio e televisão, sabidamente essenciais a qualquer candidatura, especialmente para Presidência da República, os minutos de cada partido ou coligação estavam atrelados às representações no Congresso Nacional (soma dos parlamentares da Câmara e do Senado) daquele momento de 1989 (junho, quando Collor já ostentava significativos 37,7% dentre as intenções de voto). Ou seja: as adesões se incrementavam conforme os percentuais adquiriam musculatura.

No entanto, para 2010, este critério se revela muito mais rigoroso e mesmo coerente porque decorre do resultado eleitoral da eleição parlamentar anterior (2006) e está vinculado apenas à representação da Câmara dos Deputados, excluído o número de Senadores. É importante ter claro que o que vale agora é a vontade eleitoral manifestada no pleito anterior e não o número de Deputados Federais por partido na data da posse ou da elaboração da lei, como ocorria antes.

Outra distinção fundamental a ser relacionada é que em 1989 as entidades ou empresas que realizassem prévias, pesquisas ou testes pré-eleitorais estavam obrigadas a colocar à disposição, sem data específica e apenas dos Partidos Políticos com candidatos registrados ao pleito, os resultados obtidos, assim como as informações sobre os métodos utilizados e a fonte financiadora dos trabalhos. Ou seja: as informações eram rigorosamente restritas, o que praticamente impedia uma providência preliminar apta a impedir algum dano à verdade ou lisura do pleito.

Atualmente é praticamente incomparável. Empresas e entidades estão obrigadas a registrar na Justiça Eleitoral, para cada pesquisa feita a partir de 1o. de janeiro do ano eleitoral, até cinco dias antes da sua divulgação, as referidas informações. Esta exigência, introduzida a partir de 1994, a par de viabilizar o acesso dos dados ao Ministério Público, demais Institutos e candidatos, permite a impugnação da própria pesquisa.

Na prática, isto significa uma garantia de lisura pois se sabe que os eleitores, sobretudo daqueles colégios eleitorais que apresentam elevados índices de analfabetismo, baixa renda e desemprego, sofrem influência emocional dos números.

Admita-se, hipoteticamente, a possibilidade de uma pesquisa de dimensões nacionais viciada ou clandestina na iminência do pleito. Ora, ela pode influenciá-lo decisivamente, determinando a eleição de um candidato que, nesta circunstância, tenha se valido de fraude ou abuso. Daí esta necessidade absoluta de registros e checagens prévias para que ela possa ser amplamente divulgada.

Peculiaridade muito interessante é que em 1989 os outdoors eram livres para uso eleitoral, sendo destituídos de maiores limitações (de espaço, localização, distância, etc). Porém, se nas eleições de 1998 e 2002 eles sofreram algumas limitações, sendo inclusive sorteados pela Justiça Eleitoral, em 2006 os mesmos foram proibidos, o que, sem dúvida, significa um retumbante retrocesso.

Contudo, o que mais impressiona neste período de erros e acertos nas escolhas, é a evolução dos procedimentos relacionados à votação e totalização dos resultados. Em 20 anos, o voto manual em cédula de papel foi substituído pela urna eletrônica. Quanto aos resultados, na eleição presidencial de 1989, a apuração do primeiro turno onde 74.280.909 eleitores votaram, foi encerrada pelo TSE somente quase duas semanas depois.

Nas eleições de 2006, quando aproximadamente 126 milhões de brasileiros compareceram às urnas para eleger 1.627 candidatos (1 presidente da República, 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais e 1.059 deputados estaduais ou distritais), a votação terminou às 17h e às 21h45 90% dos votos de todo o país já estavam totalizados.

Para 2010 a expectativa do TSE é reduzir ainda mais este tempo.


Antônio Augusto Mayer dos Santos é advogado especialista em direito eleitoral e autor do livro “Reforma Política – inércia e controvérsias” (Editora Age). Às segundas-feiras escreve no Blog do Mílton Jung.

Dia Internacional da Não-Violência.

 

Em 2 de outubro de 1896, nascia Gandhi que pela sua história conquistou o direito de ser chamado Mahtma, A Grande Alma. Da luta pela verdade e libertação do povo indiano, Gandhi nfluenciou a humanidade com o princípio da não-agressão, Satyagraha.    É por ele que a data passou para o calendário internacional como o Dia da Não-Violência. Para lembrar o momento, o publicitário Washington Olivetto criou a “publicidade pela paz” que você assiste clicando aqui.

Senado proíbe propaganda eleitoral em muros

 

De um mal devemos estar livres na eleição do ano que vem. A pintura dos muros e paredes externas está proibida de acordo com o texto aprovado nas comissões de Constituição e Justiça e de Ciência e Tecnologia, do Senado. Porém, faixas e cartazes com até quatro metros quadrados poderão “sujar” as cidades desde que colocados em bens particulares.

A medida – pequena diante dos temas que estão em destaque na imprensa – interessa diretamente à capital paulista, pois garante, em parte, a conquista da última eleição, quando a lei Cidade Limpa prevaleceu.

Para o ano que vem, os vereadores paulistanos, com aval do prefeito Gilberto Kassab, se precipitaram e derrubaram barreira que havia em lei municipal para a publicidade nos muros e fachadas. Alegaram que sofreriam concorrência desleal os candidatos a deputado estadual ou federal com base na capital, já que esta propaganda estaria liberadas nas demais cidades do Estado. Registre-se: parte dos vereadores pretende disputar a eleição, em 2010.

O risco de a cidade se transformar em uma imundice ainda existe pois outras formas de publicidade externa devem ser permitidas como o uso cavaletes, bonecos e cartazes, entre as seis da manhã e às oito da noite.

As medidas que fazem parte do projeto que muda regras para a eleição do ano que vem devem ser votadas em caráter de urgência pelos Senadores. Rosean Kennedy, em Crônica do Planalto, repete há dois dias de que a pressa dos parlamentares é porque novas formas de financiamento de campanha foram criadas (internet e telefone, por exemplo). Em contrapartida, o controle dessas contas permanece frágil e o cidadão desprotegido dos abusos.

Deputada diz que carro com propaganda não é dela

 

Dilma e propaganda eleitoralA deputada estadual Beth Sahão (PT) nega que seja dela o carro que circula em São Paulo com o rosto e nome da parlamentar estampados ao lado da ministra Dilma Roussef. A imagem foi enviada ao Blog do Mílton Jung por um ouvinte-internauta que questionava se este comportamento não se caracterizava propaganda eleitoral ou uso indevido de dinheiro público, fato suficiente para causar irritação em gente incapaz de enxergar o mundo sem a viseira ideológica.

A assessoria de comunicação do gabinete da deputada fez contato, por e-mail, no mesmo dia em que a foto foi publicada, teria enviado a justificativa três dias depois, mas somente hoje, em nova mensagem encaminhada à minha caixa de correio, é que registrei a resposta. Portanto, reproduzo o texto na íntegra para você que acompanha este caso desde seu início:

“A deputada estadual Beth Sahão (PT-SP) informa que o veículo adesivado ao qual as notas publicadas neste blog se referem não pertence a ela. Como parlamentar, sabe de sua responsabilidade diante da população no dever de cumprir a lei. Neste caso específico, pode-se perceber pela própria notícia que as regras para classificar como propaganda antecipada ainda não são claras. Assim, não poderia colocar em risco o trabalho sério desenvolvido pela deputada. O carro adesivado visto circulando pelas ruas de São Paulo é um ato isolado de um simpatizante desse trabalho”.

Leia: Dilma ‘desfila em São Paulo e “Dilma no carro é propaganda, mas não é”

Dilma no carro é propaganda, mas não é

 

Entendeu ? Difícil para nós leigos, sem dúvida.

Por isso, fomos buscar a palavra de um das pessoas que mais entendem do tema, a assessora de comunicação do TRE de São Paulo Eliana Passarelli. Ela explicou para o jornalista Paulo Rodolfo de Lima, da CBN, que no entendimento do TSE não há irregularidade na atitude da deputada estadual Beth Sahão (PT-SP) ao “envelopar’ o carro com a imagem dela e da ministra-candidata Dilma Russef. A propaganda seria ilegal se houvesse mensagem explícita à candidatura como “Dilma – 2010” ou “Os Amigos de Dilma em 2010”.

Por muito tempo, o Tribunal Regional Eleitoral considerou ilegal ações como a da deputada e condenou candidatos à perda do mandato ou multa, mas quando o processo chegava no Tribunal Superior Eleitoral eles eram absolvidos.

Assim também aqueles cartões de Natal e Páscoa que você recebe do seu “deputado preferido” não podem ser caracterizados como propaganda eleitoral antecipada. Para o TSE a punição ocorre apenas se a mensagem for explícita.

Ou seja, todos sabem que é propaganda, mas frente ao rigor da lei não é propaganda.

Está chegando a hora do consumidor

Por Carlos Magno Gibrail

Pelo menos é o que se pode deduzir da 98th NRF Convention, realizada em New York e, que há anos recebe os brasileiros como a maior delegação estrangeira presente. E da força do varejo americano, terceiro PIB do mundo, e da agressividade brasileira, realmente há potencial para mudanças a partir desta 98ª Convenção cuja proposição central –“Inspiration starts here” – levou a resultante, que o foco agora deve ser a “Centralidade no Consumidor”. Que significa esquecer o concorrente e acompanhar o consumidor permanentemente na sua relação com a loja, quantitativa e qualitativamente. Para este consumidor o que interessa é a identificação da loja com ele.

É sair do “o que” comprar e ir para “quem” comprar, “por que” comprar, “quando” comprar.

O maior desafio será conseguir essas informações com segurança, mantendo a individualidade dos clientes. Traçando perfis para seu público alvo, que segmentado e identificado estará pronto para ser trabalhado. A partir daí a marca estará “centrada no cliente”.

Anúncio da Best BuyFoi o que o segundo maior varejista americano a Best Buy fez. Foi além, escolheu dentre seus consumidores cinco pessoas reais e conectou-se com elas. Um deles declinou que sempre procurou produtos que possibilitassem o armazenamento de imagens para reprodução, sem especificação do equipamento. Ou seja, as seções de máquinas fotográficas, filmadoras, computadores deveriam estar juntas e não separadas.

Ao seguir a sugestão, a Best Buy teve significativo crescimento.

O início é começar respeitando os 20% que resolvem os 80% e ir até os clientes de uma só compra que é a maior parte que a loja perde. A retenção se torna mais eficaz quando se consegue fazer ofertas personalizadas para os clientes fiéis.

Algumas empresas estreitaram de tal forma os laços com consumidores padrão que estão levando-os para dentro e mostrando fases da elaboração do negócio. Tanto para ouvir opiniões como para mostrar eficiência ou qualidade.

Precursores talvez do discurso já existente que as marcas não mais pertencem às empresas. São os consumidores os donos das marcas.

Se duvidar disto tudo, o trabalho de Martin Lindstrom, o homem dos cinco sentidos, que colocou Neurologistas em sua pesquisa “Why we Buy”, vai cobrar ainda mais da sua capacidade de adaptação as novidades. Vem aí o Neuromarketing.

Mulheres para vender (?) cervejaTalvez por isso, alguns dos principais executivos e consultores das maiores e mais importantes empresas do varejo americano, tenham defendido o momento Darwinista em que o comércio está vivendo.  Sobreviverão não os maiores nem os mais fortes, mas sim, os que mais rapidamente se adaptarem às mudanças.

“Com a massificação da propaganda, ela agora não é mais processada no nível da consciência. Ela vai diretamente para o subconsciente: As carteiras de cigarro mostram imagens horrorosas do que ocorre no organismo dos fumantes. Mas ao invés de fazer com que as pessoas parem de fumar, essas propagandas parecem mexer com as partes do cérebro que aumentam a vontade de fumar”. Lindstrom em seu livro “Buyology”.

Daí a mostrar que sexo não vende nem cerveja, muito menos carro, é o previsível.

“Centralidade no consumidor” e “Subliminaridade do consumidor” só poderiam surgir num ambiente tenso e propenso a ruptura como foi esta ultima Convenção da NRF National Retail Federation. Mas todos sabem que das guerras a única vantagem é o surgimento de novos caminhos.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda. Toda quarta-feira, escreve aqui no blog sempre centrado no leitor