Conte Sua História no Rádio de São Paulo: o radinho de levar junto

Sylvia Márcia Belinky

Ouvinte da CBN

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Sou viciada em ouvir rádio! Fazendo um monte de outras coisas, adoro ligar o rádio, ouvir notícias, a previsão do tempo, algum cronista que eu curto… Toda vez que ouço no rádio um jornalista dizendo: “Você pode acompanhar nossas imagens pela Internet ou pelo YouTube – e rádio para mim ainda é sem imagem – eu fico me perguntando se quero saber qual a aparência daquela criatura tão simpática e inteligente que eu ouço diariamente naquele horário.

Será que quero mesmo saber se ela é bonita ou feia? Se se veste bem ou se é cafona? Não. Definitivamente não! 

O rádio não tem nada a ver com imagem, a não ser aquela mental que a gente faz de acordo com a sua voz, o que ela diz, seus comentários, se as julgamos inteligente ou não, informada ou nem tanto, se sua opinião “bate” com a sua ou se, na verdade, é daquelas “nada a ver” – e aí, desculpe, mas o que você está fazendo ouvindo essa “zebra”?

De onde vem essa mania, mais do que vício? 

Lembrei-me da época em que fui morar com meu pai e minha avó, aos 9 anos. Todas as manhãs, grudada nesse pai que, dia a dia eu descobria ser mais e mais interessante, divertido, engenhoso e que fazia a barba “the old style”, ou seja, molhava o pincel, fazia um mundo de espuma e passava o barbeador com gilete, cuidadosamente para não se cortar.

Eu do lado, encostada na pia do banheiro, olhos fixos no ritual e ele com seu radinho de pilha na janela, ouvindo o noticiário e respondendo, pacientemente, “trocentas” perguntas: quem é esse cara chato, pai? Vicente Leporace, papai gostava muito das opiniões desse jornalista bastante ácido da época.

E quando acabar a pilha do radinho? Na época, radinho de pilha era super moderno, “made in Japan” (e não na China, como hoje) sendo que bem pouca gente tinha um portátil e ele explicava pacientemente que não seria assim tão rápido que elas iriam acabar. 

Um dia vou ganhar um radinho também? “Mas você já tem o que está no seu quarto!” Não, quero um desses de “levar junto” retrucava eu, encantada com a ideia!

Um ano depois, no meu aniversário, ganhei um e me senti a dona do mundo, super importante! Já as minhas pilhas acabavam bem mais depressa, uma vez que, quando eu não estava na escola, estava grudada no “radinho de levar junto”…

E esse mesmo radinho me acompanhou por toda a adolescência: os programas de músicas que podiam ser pedidas, tipo Enzo de Almeida Passos.

 E lá ia eu ficar pendurada no telefone, ligando para as rádios e pedindo os meus sucessos preferidos: Paul Anka, Neil Sedaka, Elvis Presley…

A primeira notícia de quando Kennedy foi assassinado, tive-a pelo rádio…

Ouço até hoje meus radialistas preferidos: Vera Magalhães, Milton Jung, Cássia Godoy, Carolina Morand, Carlos Alberto Sardenberg…

Há muito tempo não acompanho mais meu pai fazendo a barba, mas a curtição do rádio permanece até hoje, durante o dia todo, praticamente 

Sylvia Márcia Belinky é personagem do Conte Sua História de São Paulo em homenagem aos 100 anos do rádio. A sonorização é do Cláudio Antonio. Em outrubro, voltaremos à programação normal. Então, aproveite para escrever agora a sua história da nossa cidade e enviar para contesuahistoria@cbn.com.br Para ouvir outros capítulos visite meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História no Rádio de São Paulo: a loja que o rádio anunciou

Salvador B. de Souza

Ouvinte da CBN

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Nasci no estado da Bahia, em uma pequena cidade chamada Irajuba, no vale do Jiquiriçá, sudoeste baiano. Cheguei em São Paulo por Guarulhos, em primeiro de janeiro de 1988, sempre ouvindo meu rádio. Hábito que aprendi na Bahia, quando meu pai levantava bem cedinho e já ligava o rádio de pilha para ouvir o Zé Bétio. E continuei. 

Todos os dias, assim que eu me levanto, já ligo também o meu rádio de pilha, na CBN, para ouvir o Mílton Jung com as melhores notícias. Mas adoro também a Débora Freitas, a Cássia Godoy e o Sardenberg. O rádio pra mim é tudo. 

Os locutores falam as notícias. Fazem as críticas sem rodeios. A informação é mais acurada. 

Sempre que viajo, levo comigo um pequeno rádio de pilha para ouvir as notícias locais. Pois no rádio, tudo é anunciado, desde a farmácia do seu Zé até o pequeno negociante de bijuterias. Assim, fico conhecendo toda a cidade em que eu estou passeando, mesmo ainda sem ter andado por ela. O rádio já me contou. 

Vou vendo as lojas ou quaisquer comércios anunciados pelo rádio e comentando com minha esposa: olha aquela loja que o rádio anunciou, o açougue, a padaria na frente da praça. É muito bacana! 

O meu desejo é que o sinal do rádio seja como o GPS que pega em todos os ermos deste país. Ou quem sabe, tão breve, se torne digital para melhorar ainda mais.

Desejo que os profissionais deste meio de comunicação sejam sempre nossos amigos, nossos companheiros, nossos familiares.

Salvador Borges de Souza é personagem do Conte Sua História de São Paulo, especial 100 anos de rádio. A sonorização é do Cláudio Antonio. A partir de outubro, voltamos a nossa programação normal. Então, aproveite e escreva agora mais um capitulo da nossa cidade. Envie seu texto para contesuahistoria@cbn.com.br 

Conte Sua História no Rádio de São Paulo: uma herança de pai para filho

Jairo Brandão

Ouvinte da CBN

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O rádio é um meio de comunicação incrível, pois embora de origem antiga, acredito ser de 1896, venceu e seu deu bem com todas as novas tecnologias que surgiram. Não foi engolido pela internet, streaming, celulares, nem pelo grande avanço dos canais de televisão. Habilmente , o rádio funciona integrado com todas essas plataformas e cresceu em audiência. Eu até pensei que com a entrada de tevês digitais e a popularização da internet e dos celulares, o rádio perderia prestígio. Que nada! É tão forte na vida das pessoas que venceu todas essas tecnologias. 

Na minha vida, o rádio começou por volta de 1970. Eu tinha oito anos, quando meu pai, o Senhor Geremias, ouvia o rádio durante seus trabalhos domésticos. Lembro também de minha saudosa mãe, Judite, que ouvia o rádio durante seu trabalho de costura e bordados. Com isso, cresci ouvindo rádio durante o trabalho de meus pais no lar. 

O rádio é uma herança de pai para filho. Depois de aprender com o Seu Geremias, influenciei o meu filho, Gustavo, de 22 anos. Ou seja, passou de geração em geração.

Agora escutamos rádio enquanto trabalhamos com o computador, durante as viagens de carro, nas atividades físicas …  

O rádio resume toda a informação que está nos sites, tevês, jornais e shows ao vivo. Antes tínhamos que ter um aparelho, que chamávamos de rádio para ouvir as transmissões. Hoje, usamos computador, celular e até a TV  para escutar a rádio.     

Um hábito desde jovem é ouvir o rádio enquanto tomo banho: é um momento de relaxar e ao mesmo tempo ficar atualizado. Porém, o melhor momento para eu ouvir rádio é na cama, na hora de dormir. Escuto cerca de uma hora, até que o sono toma conta. Dai, no dia seguinte ele me desperta já com as notícias do dia. 

Das grandes vozes que marcaram minha vida e de meus pais, lembro de  Zé Béttio, Gil Gomes, Afanásio, José Paulo de Andrade, Enia , Eli Corrêa,  e o grande nomes atuais, como Mílton Jung e equipes CBN

Parabéns a todos vocês que fazem da rádio nosso maior e melhor meio de comunicação.

Jairo Brandão  é personagem do Conte Sua História de São Paulo, especial 100 anos de rádio. A sonorização é do Cláudio Antonio. A partir de outubro, voltamos a nossa programação normal. Então, aproveite e escreva agora mais um capitulo da nossa cidade. Envie seu texto para contesuahistoria@cbn.com.br 

Conte Sua História do Rádio em São Paulo: a disputa entre Roberto Carlos e Paulo Sérgio no rádio

Odnides Pereira

Ouvinte da CBN

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Em 1959, quando nasci na Maternidade de Vila Maria, zona norte, a maioria das pessoas não tinha como comprar uma televisão. As notícias, histórias, músicas eram pelo rádio.

Morávamos em um cortiço na Vista Alegre, onde também viviam minhas tias. Quase todos os dias, elas se reuniam em volta do rádio para ouvir a Nacional. Gostavam do programa “História que o povo conta”, interpretadas por Silvio Santos. Éramos pequenos e morríamos de medo com o programa.

Mantivemos o hábito quando nos mudamos para uma casa na Vila Sabrina. No rádio, também havia uma disputa entre os cantores Roberto Carlos e Paulo Sérgio. O programa levava ao ar a música de um e de outro e os ouvintes escolhiam  a melhor. 

Eu e meu irmão, adolescentes, tirávamos sarro com as duas filhas de um dos nossos vizinhos. Toda vez que Paulo Sérgio ganhava a disputa. subíamos no muro e gritávamos para elas: “Paulo Sérgio é o melhor”, Tadinha, fãs do Roberto, elas até choravam. O troco vinha no dia seguinte quando Roberto Carlos era o vencedor. Só que a gente não chorava …

Nos anos de 1970, acordávamos com o Zé Béttio, na Rádio Record, que produzia o ruído de uma bacia d’água sendo despejada sobre os dorminhocos.  “Olha à hora, gente, olha à hora”, “joga água nele”, “acorda, gordo!” Entre uma fala e outra, havia burro zurrando, galo cantando e boi mugindo.

Não abandonamos o rádio nem mesmo quando meu pai conseguiu comprar uma televisão preto e branco. 

Depois que casei, em 1978, passei a levantar da cama com o rádio relógio ligado na Excelsior. E mais tarde, nos anos 90, conheci a querida CBN. 

Hoje, aposentado, com dois netos morando em casa, mantenho o hábito. Acordo às seis horas com as notícias do dia. No caminho da escola, levo os dois com o rádio na CBN, que também é minha companhia nas caminhadas diárias de seis quilômetros. Não desligo meu radinho de pilha nem mesmo na hora do banho ou nos fins de semana. Só mesmo quando quero ouvir música busco a Alpha FM, mas volto em seguida para me atualizar na CBN.

O certo é que aqui em casa não sabemos viver sem ouvir os programas de rádio.  

Odnides Pereira é personagem do Conte Sua História de São Paulo, especial 100 anos de rádio. A sonorização é do Cláudio Antonio. A partir de outubro, voltamos a nossa programação normal. Então, aproveite e escreva agora mais um capitulo da nossa cidade. Envie seu texto para contesuahistoria@cbn.com.br 

Conte Sua História do Rádio em São Paulo: as luzes das válvulas do rádio

Giuseppe Nardelli

Ouvinte CBN

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Bom, o rádio sempre fez parte da minha vida. Lembro que ainda pequeno, tinha uns seis anos, morava no Largo do Arouche. Minha avó, no apartamento da frente, eu, meu pai e minha mãe no do lado. 

Todas as manhãs, eu ia dar um beijo e desejar bom dia pra minha avó, e ela estava ouvido o rádio valvulado. Era lindo: tinha a frente toda decorada; o “dial” era redondo e tinha um ponteiro, feito um relógio.

Ela ouvia às seis horas da manhã, o programa do grande Vicente Leporace. Voz firme e trazendo as notícias do dia.

Ainda estava escuro no quarto dela, mas as luzes das válvulas do rádio projetavam uns pontos lindos através da tampa traseira do rádio, cheia de furinhos. Eu ficava encantado com aquela voz que vinha daquele simples aparelho.

E assim foi… anos depois, meu pai sempre fazia a barba ouvindo a concorrente, Jovem Pan. Todas as manhãs, eu acordava com aquele som do “repita”. Era mágico!

E assim fui tendo o gosto e o vício de ouvir rádio. Mas não é só isso.!

O rádio esteve tão presente na minha vida que, quando minha avó ia para a Itália, o único meio de ter notícias dela era falar pelo rádio amador, o PY. Minha avó tinha um sobrinho que usava rádio amador potente na Itália e ele nos indicou um PY aqui de São Paulo. Pronto! Era só ir na casa dele, com poderosas antenas, e fazer contato com a Itália. Falávamos toda a semana com minha avó através das ondas do rádio. Como você pode ver, caro Milton, o rádio nunca saiu da minha vida. Nem o AM, nem o PY.

Pra encerrar, ganhei o primeiro rádio Philco Transglobe, em 1979. Pegava as ondas curtas. Era um deleite ouvir várias línguas e várias notícias naquele chiado das pequenas e potentes ondas. Tenho ele até hoje, intacto e funcionando!

Na década de 1980, fui fazer rádio na Bandeirantes. Tinha um programa sobre eventos artísticos. Entrevistei muitos artistas e cheguei a fazer rádio ao vivo. Quero dizer que amo rádio e desejo um feliz dia do rádio a todos que, como eu, usam e abusam dessas ondas mágicas!

Giuseppe Nardello é personagem do Conte Sua História de São Paulo, especial 100 anos de rádio. A sonorização é do Cláudio Antonio. A partir de outubro, voltamos a nossa programação normal. Então, aproveite e escreva agora mais um capitulo da nossa cidade. Envie seu texto para contesuahistoria@cbn.com.br